Os nerds de “ontem” e os nerds de hoje

Raquel Anne Lima de Assis
Graduanda em História pela UFS
Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Bolsista PIBIC do projeto Clio em cliques: a internet nos livros didáticos de História
Email: raquel@getempo.org
Orientador: Dr. Dilton Cândido S. Maynard (UFS/DHI)

Sabe aquela pessoa isolada, que não participa de grupos e que são viciados em tecnologias? Talvez o leitor seja um destes ou conheça alguém assim. Muitos os chamam de “nerds”, como aquele retratado pela banda de rock Rush com a música Subdivision, em 1982. Neste período era assim que se caracterizavam esses jovens.

Conforme a canção o mundo é ordenado, tudo parece já definido ou padronizado. Mas aqueles que não se encaixam neste universo vivem no escuro, são os desconhecidos, os isolados. Desta forma, há uma divisão, ou melhor, uma subdivisão. Nesta massa os excluídos ou solitários são sonhadores e que apesar de serem isolados, estão em todos os lugares. Ou seja, “nos corredores do colegial, nos shoppings, nos porões dos bares, nas traseiras dos carros, ajuste-se ou fique de fora”. “Seja bacana ou fique de fora”.

Esses “nerds” procuram um modo para suavizar sua realidade como forma de fuga de sua verdade por meio das tecnologias. Pois, essa “verdade não é atraente”. Tentam satisfazer seus sonhos, procuram ação e querem se sentir vivos. Prazeres esses que lhes são negados por não fazerem parte da “ordem geométrica”. Por isso, através de pequenas coisas querem sonhar, relaxar e se satisfazer longe de sua realidade. Essa fuga será para o “mundo digital”, por meio da interatividade, encontrarão o prazer.

Essa é a descrição dos “nerds” na década de 1980 na canção Subdivisions. Um retrato dos excluídos, que procuravam na interação proporcionada pelas tecnologias o seu prazer e sua fuga da realidade nada agradável. Ou seja, a interatividade proporcionava a ação que tanto buscavam. Mas hoje o universo cibernético não é apenas uma “válvula de escape” da realidade. Mesmo na década de 1980 o virtual já estava entrelaçado ao real por terem seres humanos participando. Porém, era um ambiente isolado para aqueles que se sentenciam também como tal. Já atualmente a cibercultura tornou-se um espaço de sociabilidade.

Sejam os “nerd” ou “populares”, eles encontraram nestas novas tecnologias um espaço que proporciona manter relações sociais.  Desta forma, uma nova cultura surgiu e como fruto temos o que Marc Prensky chama de “nativos digitais”. Isto é, são pessoas que vivem imersos em uma cultura digital. Ou seja, a “ordem geométrica”, o padrão, a massa hoje é cibernética. Não é mais um ambiente de “fronteira isolada”, e sim, está em todos os lugares. O Ciberespaço agora está populoso.

Portanto, os “nerd” de ontem eram aqueles solitários que se satisfaziam nos ambientes digitais. Já os “nerd” de hoje mantem relações sociais até com aqueles que não entendem este ambiente virtual. Ou seja, a cibercultura e a interatividade proporcionam sociabilidade, pois agora pertencem às massas.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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