Os números da Internet

Semana passada foram divulgadas pelo IBGE algumas estatísticas referentes ao uso da Internet no Brasil. Embora a pesquisa seja do final de 2005, os dados refletem o que parecia ser de senso comum. Ficam claras as diferenças de perfil de quem usa e quem não usa a grande rede, levando em consideração os aspectos de idade, grau de instrução e renda. Além disso, nas áreas metropolitanas das capitais o percentual da população com acesso à rede é consideravelmente maior do que nas outras cidades do Estado.

As regiões Norte e Nordeste têm percentuais de acesso muito menores (12,0% e 11,9%) se comparadas com as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (26,3%, 25,6% e 23,4%). Será necessário muito mais do que os programas PAC e computador para todos, do Governo Federal, para diminuir essa diferença. Entretanto, dois pontos me chamaram a atenção, o Estado do Amapá está num nível muito acima de todos os outros Estados do Norte-Nordeste, com 20,0%, e Pernambuco (13,6%) ocupa a primeira posição do Nordeste. Sergipe ocupa a modesta quinta colocação, com 12,6%.

Sei que esse ponto percentual de diferença para Pernambuco, que nos deixaria em primeiro lugar do Nordeste, representa muito em termos absolutos (pouco mais de 16.000 pessoas). Entretanto, não seria pedir demais que nosso atual governo tenha como uma de suas metas a inclusão digital da sua população. Embora existam organizações não-governamentais, como a CDI, a responsabilidade maior cabe mesmo aos nossos governantes. Este relatório deveria ser cuidadosamente analizado para poder atacar aqueles grupos que estão mais excluídos. Um exemplo disso é quando analisamos (em Sergipe) o acesso por parte de estudantes (21,9%) e não-estudantes (9,0%). Será que vale a pena o governo continuar investindo pesado na inclusão de digital através das escolas? Não seria melhor tentar chegar aos não-estudantes? Sinceramente não sei a resposta. Tenho argumentos válidos para os dois lados.

De qualquer forma, medidas devem ser tomadas no sentido de dar condições para que possamos diminuir o número de excluídos. Existem vários programas de inclusão digital bem sucedidos em outros estados. As cidades de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, e Sud Menucci, em São Paulo, são exemplos disso. Não precisamos reinventar a roda, basta aplicarmos bem os recursos e colher os frutos daqui a alguns anos. Quais são os frutos? Poderia colocar aqui uma infinidade deles, mas vou colocar apenas o índice refente a renda média mensal domiciliar: R$ 1.000,00 para os incluídos e R$ 333,00 para os excluídos. Nem preciso de outros argumentos, preciso?

Sei que muitas pessoas não gostam de números, por isso fica mais fácil ver o gráfico abaixo. Veja que quanto maior o grau de escolaridade maior é o percentual dos que tem acesso a rede. O que podemos concluir com estes dados? A “causa” estudo resultou no “efeito” maior percentual de acesso. Como já temos uma relação, também do IBGE, entre escolaridade e renda, ou seja, quando mais você estuda (estatisticamente) maior será seu salário, a conclusão é simples: vamos acessar a Internet que acabaremos ganhando mais dinheiro!!!

 

Percentual de pessoas que utilizaram a Internet, no período de referência, na população com mais de 10 anos de idade, por grupo de estudos

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, 2005

 

O relatório completo pode ser acessado aqui.

em tempo: O que fazem os outros 23,8%, da faixa acima dos 15 anos de estudo, que não acessam a Internet?

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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