OS VALORES E OS CICLOS DA VIDA: traçamos nossas vidas ..

OS VALORES E OS CICLOS DA VIDA: traçamos nossas vidas pelo poder das nossas escolhas.

Quando eu era criança morava na cidade de Campina Grande, PB e, desse tempo, uma das maiores lembranças da minha vida foi de um comício político que meus pais foram ver de longe e eu fui junto. Muita gente, muitos gritos, muita música e até – naquela época – uma famosa cantora animava o comício cantando a música “Mambo Jambo”, lembro disto até hoje.
Mas, o que eu guardo na memória, até hoje, é que de um momento para outro começaram os tiros, as pessoas a correr e meus pais me baixam dentro do carro e eu curioso me levantei e de longe vi a multidão correndo alucinada e uma pessoa estendida no chão. Ainda hoje lembro disso e se passaram tantos anos.
Não lembro dos partidos, mas lembro das suas cores um era representado pela cor branca e outro pelo amarelo. E, as chamadas “passeatas” na época das campanhas políticas eram tumultuadas e, o pior, tinham que fazer caminhos diferentes, pois os grupos não podiam se encontrar, senão o “quebra pau seria grande”. Lembro que um dia perguntei ao meu pai em quem ele votava ele me respondeu e logo em seguida disse: “Olha, você não pode falar a ninguém em quem votamos. Se as pessoas sabem aquelas que votam no nosso partido não irão mais comprar em nossas lojas”. Meu pai e minha mãe eram comerciantes. Em suma, nossa cidade era dividia em verde e amarelo.
Os anos passaram, mas de certa forma em pleno Século XXI percebo que as coisas estão se repetindo e parece que até que, como mais ódio, raiva, rancor, mentira e tudo o que pudermos imaginar. Em suma, não evoluímos muito dos anos cinquenta, até porque muitas das lideranças políticas continuam presentes até hoje, seja por eles mesmos, seja por seus filhos, seja por seus netos. Portanto, continuamos os mesmos como na época dos nossos pais.
A diferença que percebo em relação ao passado e em relação a hoje é que, naquela época a palavra, os valores, as crenças ainda valiam. Hoje não! Lamento afirmar isto, mas é o que sinto.
Fico impressionado como as pessoas mentem, inventam, contam mentiras e plantam notícias falsas na imprensa. Esquecemos tanto os valores que a palavra dos bandidos termina por ter mais valor do que a palavra das pessoas honestas.
Se me engano na minha declaração de imposto de renda, sou crucificado e tratado como um bandido. Mas, os bandidos sonegam milhões, recorrem à justiça e ficam anos a fio postergando pagar o que devem. O que aconteceu conosco?
E como no passado, continuamos sem saber como escolher os nossos representantes. E, a grande maioria deles vive no país do faz de conta, achando que podem fazer tudo, que a lei não foi feita para eles.
Continuamos apontando os dedos para os outros porque não percebemos que tudo chegou onde chegou por culpa da cada um de nós. Por culpa de cada um de nós porque não observamos em quem votamos, não observamos as leis que eles criam, não lhes cobramos postura em defesa da saúde, da educação e da moral.
Então por não desenvolvermos e usarmos verdadeiramente a nossa cidadania, como fazem as pessoas nos chamados países civilizados, esquecemos de que tudo o que acontece no nosso país, seja bom, seja ruim eu sou – como cidadão – corresponsável por isto.
Se “furo” filas, uso o prestígio pessoal da minha amizade, ou o poder das relações da minha família para obter vantagens, se escolhos maus políticos para me representar, se acho normal dizer “rouba mas faz”, se sonego imposto, se busco “notas frias” para colocar na minha declaração anual de rendimentos, por mais que eu queria culpar os vereadores, os prefeitos, os governadores, os deputados, os senadores, o presidente ou os empresários, lamentavelmente, sou tão corrupto quanto eles. Esse é o que chamamos de o famoso “jeitinho” brasileiro: fazemos o que sabemos que estamos errados ao fazer, mas consideramos que somos “espertos” por fazer.
E finalmente, não adianta achar que os culpados são os outros, porque tudo que ai está foi preparado por nós temos, pois: traçamos nossas vidas pelo poder das nossas escolhas. Só e apenas isto!

Fernando Viana

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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