PANTEÃO DOS HERÓIS DE CURAR

 

 O projeto foi criado pelo inesquecível Júlio Sanderson, cirurgião emérito, grande orador e pesquisador entusiasta da história da Medicina brasileira. Entretanto, não foi além de uma maquete criada pela mente iluminada do seu amigo, o arquiteto Oscar Niemeyer. O sonho de Sanderson era simples: em cada capital brasileira seria erguido um monumento aos “Heróis de Curar”. Justificava ele sua proposta fazendo um analogia com os monumentos existentes em todo o país, onde pelo menos uma praça em cada cidade possuía um monumento dedicado aos heróis de guerra, chamados por ele “Heróis de Matar”.

         
Charles Chaplin dizia: “Se matamos uma só pessoa, somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis. Felicitam-se os que inventam bombas para matar mulheres e crianças. Só se consegue êxito neste mundo fazendo as coisas em grande escala”.

        
Antonio Celso Nunes Nassif, que presidiu a Associação Médica Brasileira, tentou levar adiante o sonho de Sanderson. Distribuiu maquetes com todas as suas federadas e estimulou o sistema a procurar o poder público em cada local para tentar viabilizar o projeto. Em Sergipe, na década de 80, José Hamilton Maciel era o presidente da Sociedade Médica e juntos fomos ao Prefeito Wellington Paixão, que gostou do projeto a acenou com a possibilidade de instalar o panteão na praça situada na rótula da Av.Tancredo Neves, onde hoje está sendo construído um viaduto. O local ficaria à disposição da classe médica para a construção do monumento com o apoio da iniciativa privada. Aos nossos olhos da época, o local não era dos melhores, muito distante do centro. Mas aceitamos a idéia e aguardamos o momento certo. Ele não veio. Se tivesse evoluído teria, entretanto, vida breve.

        
Precisamos retomar o sonho de Sanderson e o idealismo de Nassif.

        
Nos dias de hoje, nem mesmo os estudantes de Medicina sabem quem foram os médicos que contribuíram para o desenvolvimento das ciências médicas em nosso Estado e no Brasil, que dedicaram suas vidas à profissão, na árdua batalha de curar os males das pessoas, apesar dos esforços do professor Antonio Samarone, titular da cátedra de História da Medicina na nossa Faculdade. Erguer o Panteão dos Heróis de Curar em Aracaju, portanto, é uma necessidade, para que todos possam conhecê-los e reverenciá-los.

        
Quem por exemplo sabe que William Roentgen inventou o Raio-X, que Edward Jenner foi o criador da vacina anti-variólica no ano de 1796 e Pasteur, o criador da vacina anti-rábica, em 1878 ? Apesar de não ser médico por formação, Pasteur era químico e foi recebido com distinção pela Academia de Medicina da França em 1878. E os brasileiros Osvaldo Cruz, Carlos Chagas, quanta importância tiveram para o desenvolvimento da Medicina Brasileira! E os sergipanos, alguns deles mais reverenciados em outras cidades que no seu próprio Estado, como Enjolras Vampré, Rodrigues Dória, Abreu Fialho, Augusto Leite, Garcia Moreno, entre tantos outros. Quem já viu alguma praça com uma estátua ou um busto de um deles?

        
Poderíamos citar centenas de “heróis de curar”. Não é esse entretanto o escopo desse artigo. O que queremos mesmo é sensibilizar as autoridades municipais para a justeza desse reconhecimento àqueles que dedicaram suas vidas em prol da ciência, do saber e da cura das doenças. Aracaju bem que poderia sair na frente, graças à sensibilidade do atual prefeito, Edvaldo Nogueira, que tem mostrado à frente da administração municipal uma forte preocupação com as ações de natureza social, focadas no cidadão e na qualidade de vida da população. Exemplo disso são as recentes iniciativas para o controle da velocidade no limite dos 60 km, da calçada livre e da faixa do pedestre, todas elas desencadeadas em defesa da vida, sob os aplausos da população.

        
Fica pois, lançada a idéia.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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