Para além do óbvio?

Era segunda-feira e saí de casa vestindo uma composição absurdamente previsível. Dessas que não são necessariamente clássicas, mas que parecem ter saído de alguma espécie de fórmula. Fiquei pensando nisso à noite, quando já tinha passado o dia inteiro na rua meio insatisfeita, meio inconsolada. Drama à parte, o episódio me fez pensar nesse lance de vestir e em todas as suas inconstâncias.

Heidi e suas seis escolhas (foto: reprodução)

Diariamente, nos vemos diante do desafio de encontrar no guarda-roupa as peças ideais. Um dos agravantes é que cada manhã traz uma necessidade diversa que, vale ressaltar, deve ser suprida com as mesmas roupas de ontem, de hoje e de sempre. Parece difícil. Algumas vezes é realmente muito difícil e haja disposição – e tempo – para evitar o previsível todos os dias.

Para driblar as eventuais adversidades dessa escolha inevitável, consultores de estilo recomendam um armário mais funcional, entusiastas garantem que o segredo está nos acessórios e pessoas, por todo o mundo, inventam projetos e propõem desafios que, se não facilitam as coisas, deixam tudo um pouco mais interessante – ou menos complicado.

Um dos meus projetos preferidos, e que há tempos venho reunindo coragem para por em prática, é o Six Items or Less (Seis Itens ou Menos) criado, em Londres, pelas publicitárias e amigas Tamsin Davies e Heidi Hackemer em 2010. Como o próprio nome sugere, o desafio previa que, durante um mês, o participante usasse o mínimo de roupas possível para, em seguida, relatar a experiência no site do projeto.

Vestido do The Uniform Project é super versátil (foto: reprodução)

Os motivos que levaram pessoas do mundo inteiro a entrar na brincadeira foram os mais variados. Uns pretendiam estimular a criatividade, outros buscavam menos consumismo em suas vidas. Houve também quem quisesse apenas mais tempo livre de manhã – com menos opções, todo o processo de seleção é bem menor – e ainda há quem pense em tentar o projeto só para ver qual é. Gracinhas a parte, não tem como negar que é um exercício, no mínimo, interessante.  Alguém aí toparia?

Outro, muito mais radical e de motivações altruístas, é o The Uniform Project (Projeto Uniforme) criado, em 2009, na índia. A proposta é usar o mesmo modelo de vestido o ano inteiro e fazer com que a cada dia ele pareça único. O projeto, além de funcionar como um incentivo a moda sustentável, também é fonte de arrecadação de fundos para ajudar crianças de favelas indianas a continuarem na escola. Nem tenho a ousadia de me propor a uma coisa dessas, mas não seria nada mau pensar em, por exemplo, sete combinações diferentes e, relativamente, improváveis para uma mesma peça do armário, não é?

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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