Passeando de tototó

Saindo da “Confraria do Cajueiro” no Inácio Barbosa, a lancha logo alcança a ponte sobre o Rio Poxim e dobra à esquerda. A cidade se descortina!


Dali o verde parece engolir os edifícios da zona sul, numa imagem que sintetiza bem a força da natureza diante das agressões do homem ao meio ambiente.Não fosse por isso, a paisagem seria como a de tantas outras capitais. Edifícios, vidros, asfalto, trânsito e concreto. Vista assim, Aracaju não tem nada de original. Mas é quando vai tomando o rumo do centro, que a cidade se mostra de verdade. 


A praia que não existe mais, o velho Iate Clube que resiste bravamente, os casarões da Rua da Frente onde moravam as famílias mais abastadas; são tantas histórias numa rápida passagem, que daria pra escrever um monte de livros.


A lancha passa em frente à Ponte do Imperador. Ali então é que a cidade tem muito o que contar. A procissão de Bom Jesus dos Navegantes, por exemplo é, por si só, um marco fundamental na história da cidade.


Nascida como pagamento de promessa feita pelos primeiros habitantes de Aracaju a festa nasceu em 1857, dois anos depois da fundação da cidade. Àquela época a nova capital vivia constantemente ameaça por epidemias. A população temerosa, pedia ao santo e pagava com a procissão. Era a chamada “desobriga” (não esqueçamos que, por ironia do destino, o próprio fundador da cidade morreu vítima do cólera).


A Procissão de Bom Jesus está (ou deveria estar) para Aracaju como a Procissão de Iemanjá está para Salvador, mas isso é história para uma próxima coluna. Voltemos ao passeio. A lancha desce o rio, passando pela antiga Rua da Aurora. Ali nasceu o comércio da cidade. Era gente do interior que vinha vender alimentos e itens de grande utilidade para a época como funilarias, fumos de rolo, moringas, potes de barro e tantas outras coisas, hoje já tão distantes do nosso dia a dia. 


Dali para o Mercado e o Bairro Industrial, dois capítulos à parte na história desta encantadora cidade. Damos a volta por baixo da ponte Zé Peixe e rumamos para a Barra dos Coqueiros. O sol se pondo por sobre a cidade em festa. Outro momento de pura poesia.


Uma cerveja para brindar a volta à Confraria, onde nos espera o som de Erivaldo de Carira e Edgar do Acordeon, dois sanfoneiros dos bons, para coroar essa tarde de sábado, 17 de março, aniversário de Aracaju.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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