Pausa na sucessão

Não é normal o país cair no mais profundo marasmo político. Esse período de recessão não foi igual a tantos outros que passaram. Mesma em época mais distante dos pleitos, os acontecimentos políticos afloravam fatos variados. Politicamente o país parou! Não fosse a vergonhosa ausência dos parlamentares da área federal na convocação do Congresso, não haveria outro assunto em pauta. A entrevista de Lula ao programa “Fantástico”, da TV-Globo, levado ao ar no primeiro dia do ano, preencheu esse vácuo de fatos que mereçam análise e divulgação. Lula não trouxe nada de novo e não somou um único ponto na avaliação pública em relação à popularidade e inocência nos escândalos que atingiram diretamente o Partido dos Trabalhadores e provocou uma gosma nojenta no seu Governo. Insistiu na tese de que não sabia de nada e fez comparativos pueris, até medíocres, para tentar provar que um cidadão trancado em um gabinete é incapaz de saber o que vem acontecendo no outro lado da parede.

Isso, aliás, é até possível, desde que o tal cidadão não seja presidente da República e responsável pelo que acontece no país.

 

O presidente Lula sente que não consegue convencer a ninguém que não sabia do mensalão, ou dos empréstimos que o PT fazia, ou da corrupção que grassava em setores importantes do governo. É bom lembrar que, teoricamente, tudo foi feito para ele, como o caixa-2 que o elegeu, a distribuição de dinheiro a deputados para apoiá-lo, os empréstimos para fortalecer a legenda em todo o país e o relacionamento direto do governo com o PT. O “nosso” Delúbio – é assim que Lula o trata – jamais faria alguma coisa sem consultar os setores hierarquicamente superiores a ele. Não há como se tomar uma decisão isolada dentro de um projeto de poder. Por tudo isso, é difícil acreditar que o presidente Lula se mantenha virgem neste lupanar, quando tudo era feito para o fortalecimento de um grupo que lutou pelo poder durante muitos anos. Depois de conquistá-lo criou um projeto de poder insano, ao mandar todos os pruridos às favas.

 

O presidente Lula não mentiu – nem descobriu a pólvora – quando declarou que o caixa-2 é uma prática de todos os partidos nas eleições que ocorreram até hoje. Políticos de todas as estirpes sabem disso. Mas quando Lula banalizou esse crime, para tentar justificar o mesmo modelo adotado pelo Partido dos Trabalhadores, fez cair por terra a máscara de seriedade. Insistiu com isso na entrevista do “Fantástico”, como se fosse apenas um crime praticado pela legenda. Só que tem uma diferença: o caixa-2 foi utilizado para elegê-lo, fugindo já na campanha – em todas elas – do que pregava o partido em relação aos concorrentes. É impossível imaginar que o então candidato Lula não tinha conhecimento do financiamento “não contabilizado de campanha”, como classificou o nosso Delúbio, cujo objetivo era elegê-lo. É por coisas até simples assim e por outras mais graves, que o povo brasileiro não acredita nessa farsa do “não sabia”.

 

As eleições de outubro podem ser diferentes. É claro que não será um processo eleitoral absolutamente honesto, como talvez deseje a sociedade brasileira, mas certamente terá um mínimo de receio das práticas escusas. A compra descarada de votos não vai acontecer, embora não se possa impedir, nem fiscalizar, o que acontece por baixo dos lençóis. Os candidatos, a qualquer mandato, terão maior cautela, um pouco de medo até, porque com certeza alguns serão punidos pela Justiça, caso flagrados com a mão na massa, para mostrar serviço e moralidade, embora seja difícil o controle total por todos esses rincões que promovem campanhas à base do dinheiro sujo. Quem financiar campanha será mais prudente. Hoje tem até empresários que viajam nos períodos eleitorais para se verem livres do assédio de candidatos e tesoureiros de campanha. Só que antes de deixar o país “melam” as mãos de quem pretende ajudar. O próximo pleito também vai exigir uma maior bagagem do candidato, uma postura ética correta e, principalmente, folha corrida absolutamente limpa. Com esse zelo forçado é natural que o pleito seja mais igual e ofereça melhores condições para quem tem um bom projeto, um excepcional currículo e os bolsos vazios.

 

 

CONVOCAÇÃO

Os deputados estaduais devem estar retornando à Assembléia Legislativa até domingo para a convocação extraordinária, que se inicia segunda-feira.

Vários projetos estão em pauta para discussão…

O presidente da Casa, deputado Antônio Passos (PFL), está viajando e retorna no domingo para abrir o período de sessões extraordinárias.

 

D. MARIA

A senadora Maria do Carmo (PFL) disse ontem que tudo está andando pelos subterfúgios da vida, que faz o momento político.

Acha que todas as composições têm que ser analisadas e bem feitas: “as vezes imagina-se que o povo concorda e não é assim”, disse.

 

CANDIDATURA

Maria do Carmo confirmou sua candidatura à reeleição e admitiu que todo político precisa de um projeto para se manter na vida pública.

Reafirma que discorda de uma aliança com o ex-governador Albano Franco (PSDB) e não acha deselegância dizer que não aceita composição política com algum grupo.

 

RAZÕES

A senadora Maria do Carmo diz que tem razões de sobra para não querer essa aliança e alegou questão de confiança.

Caso a maioria do PFL concorde em fazer a aliança não terá problema, mas a senadora revela que continuará com o mesmo pensamento sobre o ex-governador.

 

JOSÉ ALVES

O secretário José Alves Neto (PFL) disse que jamais tratou com o ex-governador Albano Franco sobre composição com o PSDB: “não tenho autorização do PFL para isso”.

José Alves mantém uma relação cordial com Albano Franco e lembra que o governo é cliente de uma empresa dele, a TV-Sergipe: “tratamos de assuntos empresariais”, disse.

 

MINISTRO

O Conselho Federal da OAB abre, dia 2 de fevereiro, as inscrições para preenchimento da vaga de ministro do STJ, deixada com a aposentadoria do sergipano José Arnaldo Fonseca.

Seis advogados de Sergipe estão prontos para se inscrever: Manoel Cacho, Clóvis Barbosa, Eduardo Ribeiro e Luiz Teixeira.

 

ITABAIANA

O secretário de Comunicação de Itabaiana, Marcos Aurélio, confirma que a prefeita Maria Mendonça tem compromisso em votar em Eduardo Amorim para deputado federal. Segundo ele, em relação ao deputado federal Jackson Barreto a prefeita tem profunda gratidão pela ação do parlamentar em garantir recursos para Itabaiana.

 

DETRAN

Quanto a ocupar o Detran, o assessor diz que a família Mendonça não se “deixa corromper por cargos oferecidos de última hora para fazer arranjos eleitorais”.

E pergunta: “qual o avanço social que este cargo proporcionaria aos itabaianenses e ao povo de Sergipe”?

 

SERGIPE

O deputado Ivan Paixão (PPS/SE) conseguiu liberar mis recursos para Sergipe no apagar das luzes de 2005.

No total foram 22 milhões e 400 mil reais.

As ordens bancárias já foram entregues ao governador João Alves Filho: “terminei o ano com o gosto do dever cumprido”, disse Ivan.

 

CONVERSA

O vereador Elber Filho e o deputado João Fontes (PDT) estão conversando para formar um grupo independente e disputar as eleições do próximo ano.

Elber é pré-candidato pelo PDT a governador e quer tentar uma composição com PV, PPS, PSL, PTN. Já está certo: o PDT, a nível nacional, não apoia o presidente Lula.

 

DOAÇÃO

O deputado federal João Fontes (PDT) disse que vai receber pela convocação extraordinária R$ 18.600,00 líquidos. Não passará disso.

O parlamentar já está fazendo a relação das entidades que pretende doar esse dinheiro. Duas delas estão certas: um asilo em Boquim e a rádio Cultura.

 

ENTREVISTA

O deputado Marcos Franco (PMDB) concedeu entrevista. Falou de candidatura, da recepção a Marcelo Déda (PT) e de integrar o bloco de apoio a João Alves Filho (PFL).

Em nenhum momento, entretanto, o parlamentar se referiu ao senador Almeida Lima como opção para disputar o governo pelo seu partido.

 

ALMEIDA

Já outra ala do PMDB defende a candidatura de José Almeida Lima para o governo do estado, como uma outra opção. Almeida vem fazendo a sua parte, conversando com lideranças políticas, mantendo contatos com outros partidos, para ser a opção do PMDB ao governo.

 

Notas

 

CONVOCAÇÃO

Pela convocação extraordinária, a Câmara desembolsará cerca de R$ 50 milhões: R$ 13 milhões em salários de deputados, R$ 35 milhões para pagamento de servidores e outros R$ 2 milhões, para gastos gerais, como xerox.

O Senado deve gastar cerca de R$ 45 milhões para trabalhar até o dia 14 de fevereiro. A convocação, na verdade, começou há duas semanas. Mas as presenças só vão ser cobradas a partir do próximo dia 16.

 

ELEIÇÕES

O anúncio do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que a Polícia Federal deverá ser acionada para monitorar as eleições de 2006 gerou reações no Congresso. Para o deputado Gustavo Fruet (PMDB-PR), a competência para investigar crimes eleitorais não é do Poder Executivo, mas do Judiciário.

“Toda vez que o governo aciona a polícia, em um processo eleitoral no qual estará em jogo a disputa presidencial, há sempre o risco de desvios. Temos que dar apoio para que a Justiça Eleitoral desempenhe esse papel.”, disse.


CAMPANHA

A partir do dia primeiro de julho, segundo determina a lei 9.504/97, é vedada aos candidatos a presidente, vice-presidente, governadores e vice-governadores a participação em inauguração de obras públicas, para evitar que se transforme em propaganda eleitoral mesmo que esse não seja o motivo.

A propaganda eleitoral gratuita começará a ser veiculada pelas emissoras de rádio e televisão a partir do dia 15 de agosto. Ficará no ar até três dias antes do primeiro turno da votação, em primeiro de outubro.

 

É fogo

 

Nenhum parlamentar sergipano recusou o salário da convocação extraordinária, mesmo que não estejam trabalhando.

 

Todos os parlamentares de Sergipe só vão desembarcar em Brasília no dia 16, para participar da convocação extraordinária.

 

O ex-deputado Gilton Garcia (PTN) pretende disputar um mandato parlamentar em 2006 e tudo caminha para a Assembléia Legislativa.

 

O governador João Alves Filho viaja para uns dias de descanso. Ficará mesmo pelo Brasil e retorna té o dia 15.

 

Setores vinculados ao ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, já se movimentam para que ele seja o companheiro de chapa de Marcelo Déda como candidato ao Senado.

 

O sertão sergipano começa a receber as primeiras chuvas, mas ainda muito poucas para garantir um bom inverno.

 

O deputado Augusto Bezerra (PFL) não dará trégua ao ex-deputado Gilmar Carvalho e diz que vai levar algumas provas fortes contra ele.

 

O deputado federal Jackson Barreto (PTB) fez uma grande festa de rèveillon na Barra dos Coqueiros. 

 

O vereador Daniel Fortes (PSC) ainda não decidiu se disputará uma vaga na Assembléia Legislativa, na tentativa de ser o representante dos evangélicos no parlamento estadual.

 

O empresários Walter Franco está deixando os amigos na expectativa de uma candidatura à Câmara dos Deputados.

 

Já há uma visível agitação na cidade em razão do Pré-Caju e das férias de final de ano. A armação dos camarotes já está na fase de cobertura.

 

O país começará a entrar no eixo um pouco mais tarde este ano. É que o carnaval termina dia 28 de fevereiro.

 

brayner@infonet.com.br

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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