Pode anotar, caro leitor. A história de São Cristovão, a quarta cidade mais antiga do Brasil, será outra depois do que aconteceu neste domingo, 01 com o reconhecimento pelo comitê da Unesco da Praça São Francisco, como patrimônio mundial da humanidade. Foi acatada por unanimidade uma emenda pela inscrição da praça São Francisco, com 17 assinaturas.

Foi a vitória de um trabalho desenvolvido nos últimos anos com muito esforço. É preciso destacar o trabalho árduo do governo estadual, com o respaldo do governo federal através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Ministério das Relações Exteriores que teve um papel decisivo na fase final, quando da reunião do comitê. Sem falar da mobilização dos sergipanos, em especial a população de São Cristovão e a administração municipal. A defesa feita por Luiz Fernando, presidente do IPHAN, na reunião do comitê da Unesco foi considerada extraordinária.

Mas toda a ajuda não teria efeito sem o trabalho técnico e de resgate da documentação histórica da praça. Foi um conjunto de atividades e ações bem executadas, sem pressa, mas com direcionamento, que levaram ao triunfo final, com o reconhecimento da Unesco. Um dos pontos da proposta de 41 páginas: “O caso da cidade de São Cristovão (Praça São Francisco) representa um registro íntegro e autêntico de um fenômeno urbano singular no Brasil, que tem como contexto um período representativo da sua história: a aliança das coroas portuguesa e espanhola sobre o domínio do reinado de Felipe II (1500-1640). A pluralidade de valores culturais do local: “os cânones da arquitetura religiosa franciscana – transitada entre suas origens medievais e os albores das luzes barrocas – representam consistentemente a universalidade pretendida pelo catolicismo (e de certa força alcançada nas Américas Central e do Sul), ao mesmo tempo em que, em cada igreja e convento, as adaptações criam e consolidam configurações e espaços arquitetônicos e urbanos únicos…” relata a proposta.

Em todo país, são apenas 18 “sítios” como patrimônio da humanidade. E Sergipe agora faz parte deste seleto grupo e vai atrair nos próximos anos para São Cristovão milhares de turistas do mundo inteiro. A Praça São Francisco é agora um patrimônio comum da humanidade.

No mundo globalizado este reconhecimento é algo importante, não só para os sergipanos, mas para consolidação da preservação histórica de São Cristovão, que tem hoje seu passado reconhecido mundialmente, num presente em constante mutação para um futuro cada vez mais incerto, onde a preservação, quase sempre, é deixada de lado.