Igreja de Nossa Senhora das Correntes |
Há registros de que Sua Majestade se hospedou em Penedo (AL) no período de 13 a 15 de outubro de 1855, visitou seis igrejas, entre elas, a igreja do Convento de São Francisco, e a suntuosa capela Nossa Senhora da Corrente, participou de beija-mão no Paço imperial, fez visitas à Santa Casa de Misericórdia, além de fábricas e prédios públicos, tudo isso de passagem para se chegar à cachoeira de Paulo Afonso.
Os registros também apontam que foi em Penedo onde o imperador Dom Pedro II sentiu-se mais à vontade em sua viagem às Alagoas em 1859, há 158 anos. Ele registrou em seu diário: “O local é muito bonito e creio que deverá estar aqui a capital da província”.
Naquela época, o lugar era um centro movimentado, porto de muitas riquezas e região de desenvolvimento. Sobre às águas do rio São Francisco transitavam embarcações que escoavam prosperidade.
Vista panorâmica de Penedo |
Os prédios históricos e os registros comprovam o apogeu desta época, e graças a eles, hoje se pode percorrer o Caminho do Imperado, oficializado pelo Turismo de Alagoas em 2009 e que abrange um tour envolvendo 12 municípios alagoanos, mais Propriá (SE), Jatobá (PE) e Paulo Afonso (BA), baseado na viagem descrita por Sua majestade através de diário, fotos e desenhos.
O Tô no Mundo revisita a cidade alagoana à beira do rio São Francisco de pouco mais de 60 mil habitantes e traz dicas do que conhecer.
Vista panorâmica de Penedo |
Conta o historiador, médico e antropólogo alagoana Abelardo Duarte, em seu livro “Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina nas Alagoas", que o imperador e sua comitiva aportou em Penedo no dia 13 de outubro de 1859, pernoitando dias 14 e 15, sendo recebido, primeiramente, por autoridades das províncias de Sergipe e Alagoas, quando em visita a várias cidades do Baixo São Francisco e que tinha a direção de chegar até a cachoeira de Paulo Afonso, propaganda no reinado a época como uma das mais belas do mundo.
Turisticamente, a dica é iniciar a visita à cidade a pé, na avenida Beira-Rio, ponto de partida para seguir os passos do Imperador. Observe o complexo de construções e veja a pujança econômica, arquitetônica e cultural de uma época, mais precisamente do século XVIII, e que essas construções documentam o apogeu no presente.
Roteiro Caminhos do Imperador |
Seguindo à direita pela avenida, a primeira parada é na igreja de São Gonçalo Garcia, que existe desde 1758 e abre todos os dias. Sobre ela, Dom Pedro afirmou em seus registros e publicados no livro do historiador alagoano que se comparada com outros templos católicos da cidade, trata-se de uma construção escura. “Não deixa de ser elegante e tem relevos em pedras grés, o interior não é feio e pena é que esteja arruinada”.
Ruas da secular Penedo |
A segunda parada que deverá fazer é mais à direita, na praça 12 de Abril, na suntuosa capela de Nossa Senhora da Corrente (iniciada em 1764 e concluída em 1790), tombada pelo Iphan por seus detalhes arquitetônicos do barroco, rococó e neoclássico, decorada com azulejos portugueses do Império e piso de cerâmica inglês.
Construída pela Família Lemos que era contra a escravidão, a igreja possui uma passagem secreta para esconder os escravos fugitivos. Lá D. Pedro II assistiu a uma missa e dedicou uma lauda de descrições sobre a igreja.
Quase que à frente da capela, um casarão amarelo, em estilo colonial, moradia da família Lemos, hospedou a comitiva composta por mais de 40 pessoas. Hoje o casarão Sede do Governo Imperial à época abriga o Museu do Paço Imperial, pertencente à Fundação Raimundo Marinho, guardiã de muitas das imagens da família real. É imprescindível uma visita ao paço aberto todos os dias, com exceção da segunda-feira.
Percorrendo a avenida 7 de Setembro, o visitante observará os casarões e a praça do Barão de Penedo, o Oratório da Forca (onde os prisioneiros rezavam antes da forca), parte do Forte Maurício de Nassau (Forte da Rocheira), a catedral de Nossa Senhora do Rosário, todos os prédios merecedores de uma visita detalhada.
Forte da Rocheira |
Ao final da rua, chega-se ao complexo arquitetônico são-franciscano fundado em 1739, onde em uma de suas paradas o Imperador participou do Te-Déum. Merece a visita, principalmente, a igreja de Nossa Senhora dos Anjos, descrita pelo imperador como “dourada com pinturas no teto e capela funda”, além de ser registrar por seus morcegos e também do junco, que, segundo ele, parecia capim e cobria o chão em dias de festa.
Na praça do convento fica o obelisco centenário da Independência e, mais a frente, na travessa João Pessoal, a igreja de Nossa Senhora dos Rosários dos Pretos, como em outras cidades coloniais, menos rebuscada e sutil, erguida no século XVII pelos negros. Abre de domingo a domingo, das 8h às 18h.
Vista do Forte da Rocheira |
Na Casa do Penedo, pertinho dali, uma das personagens do diário de Sua Alteza continua intacta: a piranha embalsamada. Ele ficou tão encantado com o peixe que o reproduziu de próprio punho. A tal piranha permanece lá. “Tem 12 dentes em cima e outros tantos em baixo, se não me enganei na conta, e estes últimos maiores, sendo todos muito agudos e de base larga; as escamas parecem douradas em muitos pontos; hei de vê-la de dia”. Hoje, pode ser vista por qualquer um em visitar a fundação Casa de Penedo.
Praça do Barão de Penedo |
Para finalizar os caminhos, não deixe de percorrer a avenida Floriano Peixoto, com o hotel São Francisco, o prédio do Teatro 7 de Setembro, entre outros. O passeio de barco pelo rio São Francisco é mais uma opção para documentar essa história de beleza que resguarda a realidade, os mitos, as tradições. Até porque, o Caminho do Imperador não é só feito de realidade. O rio São Francisco e seu imaginário fazem parte dessa história e é mais um caminho a contar.
Dicas de viagem
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Penedo fica a 170km de Maceió e 122km de Aracaju via BR 101. Há também uma opção partindo da capital sergipano partindo pela BR 101, sentido Neópolis e através de balsa o rio São Francisco para a cidade. É a melhor opção.
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Oratório da Forca Penedo foi fundada no século 16, às margens do Rio São Francisco, foi o primeiro povoado de Alagoas e considerada por muitos a “Ouro Preto do Nordeste” pelo conjunto arquitetônico e pela pujança econômica da época.
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Por muitos anos, os prédios históricos de Penedo estavam bastantes depredados, mas com um conjunto de ações envolvendo o poder público municipal, estadual, federal e institutos, Penedo se revigora turisticamente e patrimonialmente.
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Convento de São Francisco O forte da Rocheira é uma boa pedida para ter uma visão panorâmica do rio São Francisco. Construído durante a invasão holandesa na região, abriga guaritas, muralha e um restaurante.
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Uma das atrações também é o passeio de barco até a foz do Velho Chico. Observe o horário em uma das agências e viagem e una à viagem também atrativos naturais e ecológicos.
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Avenida Floriano Peixoto O hotel São Francisco funciona em um prédio antigo, mas que completa a atmosfera histórica da cidade, com diárias que giram em torno dos R$ 250. A pousada Colonial fica em um prédio de mais de 300 anos, vizinho ao convento dos franciscanos. Há também outras dicas de hospedagem, até mesmo na próxima praia do Peba e de Cururipe, para quem quer se hospedar a beira-mar. Em Piaçabuçu, à beira-mar a pousada Chez Julie é uma boa opção.
Gastroterapia
Sem sombra de dúvida, a gastronomia regional se baseia nos pratos à base dos frutos do rio São Francisco e litorâneo alagoano, a exemplo de pescados e camarões. Há também opções em um dos restaurantes onde se pode apreciar de pratos “de caça” como jacaré. Não deixe de degustar do peixe surubim, escasso e raro na mesa dos ribeirinhos, mas ainda presente. Ensopado ou frito é uma boa pedida para se ter a noção dos peixes de água doce do Velho Chico. Também há o pitu, um camarão graúdo servido ensopado ou somente cozido em água e sal. Seguindo mais para a direção do litoral, nas praias de Piaçabuçu, cidade vizinha a Penedo, a dica é comer o siri, um crustáceo parente do caranguejo, presente em áreas litorâneas da região.
Fontes: Fontes de consulta: Agência Sebrae de Notícias, Gazeta de Alagoas, Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina nas Alagoas: A viagem realizada ao Penedo e outras cidades sanfranciscanas, à cachoeira de Paulo Afonso, Maceió, Zona Lacustre e região norte da província – Abelardo Duarte – Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
Siri |
Ensopado de surubim |
Teatro 7 de Setembro |
Fotos: Silvio Oliveira