Permissivos, graças a Deus!

(baseado em fatos reais).

Combinaram o seguinte: assim que atracassem no Rio de Janeiro esqueceriam nomes, filhos e famílias. Planejaram celebrar os sete anos de casamento com direito a sexo grupal, drogas e pit stop em todos os points cariocas mais quentes. Dinheiro não era problema. Ela trabalhando no Judiciário e ele num super-cargo Militar. Casal que se preze tem que ter uns dois ou três segredinhos sujos.

Embarcaram em Salvador e poucos dias depois já estavam enturmados no cruzeiro só pra casal. Ali, ainda tiveram algum pudor, não queriam exposição, notinhas em coluna social, nada de nada. Às vezes, o anonimato vale mais que uma mala cheia de grana. Basta ver a quantidade de político que saí do Brasil pra “dá pinta” no exterior, fazendo e acontecendo com dinheiro público, bancando garotões e afins. Mas enfim…

Na primeira noite carioca, ela sugeriu um clube privê de pegação generalizada. Ele não poderia dizer não, pois combinaram que nos próximos cinco dias só poderiam dizer sins e sins às propostas um do outro. Uma louca brincadeira, mas salutar nos dias de hoje.  Ela se enfiou num justo preto, perfume importado, enquanto ele resolveu ousar com uma calça de couro. Se algum conhecido olhasse o casal, naquela situação, diria que estavam ensaiando para a Odonto Fantasy. Não era o caso. Queriam viver aqueles dias de forma diferente, sendo outras pessoas.

Antes de se enfiarem no táxi, mudaram os nomes. Ela seria Grazi, enquanto ele seria Tom. Nomes simples, pequenos, fáceis de gravar depois de um monte de bebida. Assim partiram para o endereço da tal casa noturna em Jacarepaguá. Local simples, fachada simples, porém, com estacionamento enorme e quase lotado. As pessoas desmaiariam se soubessem a quantidade de Grazis e Tons que existem no mundo, e muitos estão dentro de nossas próprias casas, em forma de pais, mães, tios e tias, às vezes até avós e avôs (graças a Deus).

Os dois foram recepcionados pelo segurança da casa, que automaticamente lançou uma olhada no decote dela. Ela percebeu e segurou forte a mão do esposo, que também percebeu a investida light e cumprimentou o recepcionista com um olhar safadinho. Claro que no fim da noite, os seguranças, além de manterem a ordem local, também chegavam junto dos casais realizando fantasias conjuntas. Tudo era permitido ali.

A primeira felicidade do casal foi descobrir que a bebida era free, embutida no ingresso caríssimo que compraram antecipadamente pela Internet. Ele escolheu uma vodca e ela um drink de nome sonoro. O platinado do cabelo de Grazi chamava a atenção de algumas pessoas sem ofuscar o “Sorriso Global” de Tom (todo mundo mexe na boca, hoje em dia). Eles formam um casal bacana, desta nova geração que tem filho, casa, hipoteca, etc, mas, que jamais renegará o passado safado de transar com quem desejasse. Se conheceram assim, e assim vêm cultivando essa história. E cá entre nós, nenhum casal brasileiro-classe-média (alta) terá um biógrafo ali ao lado para registrar tudo em seus detalhes. O que vale é fazer, guardar a lembrança e acabou, tá falado!

No palco, apesar de ser uma casa dita heterossexual, um casal formado por duas mulheres (uma sendo trans) recepcionava o pessoal transando numa performance que mais parecia abertura de novela dos anos 90. Meio fake, meio sei lá como definir. Mas valia pelo agito todo. Ela resolveu tocar no abdômen de um garçom, e perguntar onde ficava o banheiro. Foi sozinha. O marido (o Tom) ficou sentado no bar, de olho em outro jovem casal que também curtia uma possível vida semelhante.

Poucos copos vazios depois…

Os dois casais já estavam alternando as conversas em cenas de forte intimidade. Tom e a esposa do novo amigo resolveram dançar e assim partiram para a pista. Grazi ficou punhetando o marido da nova amiga (por debaixo da mesa). Coisa mais que natural ali. Todo mundo queria algo a mais naquela noite e ninguém estava pra perder tempo com moralismo tolo. Quem pagaria 300 pilas (a individual) num ingresso pra ficar pontuando moralidade? Risos e mais risos, champanhe e outras bebidas para os casais, e mais pegação.

Opa, um seio escapulindo ali. Alguém ajoelhado acolá. Um vestido levantado até a cintura do outro lado da sala e numa espécie de quarto em degradê de púrpura, Tom e Grazi deitaram na mesma cama, mas em lados separados. Distantes por uns quatro casais que se curtiam sutilmente. Tom viu de longe a esposa sendo segurada por duas outras mulheres enquanto um rapaz encaixava seu corpo no dela. Era possível ver, pelos gestos, que Grazi gemia baixinho, mas era impossível ouvir a voz dela, pois o som do lugar abafava tudo. Ele, paralisado no canto direito da cama também estava sendo penetrado por outro cara. Nada demais, visto que para a esposa (e longe do olhar de conhecidos) ele era assumidamente bissexual ou na melhor das desculpas, um homem livre de amarras (poderia dar em qualquer lugar longe do estado de nascença). E por falar em amarras… no quarto existia uma espécie de fileira de ganchos para que as pessoas pudessem explorar sexo com dor consentida.

Todo mundo que se preze, um dia precisa transar amarrado em alguma coisa. Nada impõe tamanha aflição (e excitação) do que um fio preto de nylon apertando braços e pernas até marcar a pele, quase machucando-a. Tudo em concordância, óbvio. Nesse auê, Grazi quis experimentar ter um dos braços laçado e assim conseguiu ganhar um chupão no peito esquerdo que lhe causou uma singela indignação. Repercutiu a dor, com um tapa na cara do lindo agressor. O tal mordedor descontrolado curtiu apanhar (pois já tinha levado tapinhas de várias pessoas naquela noite).
(É preciso saber o que significa um tapa de violência e um tapa de excitação, mas isto é assunto para outro texto).

Ele vendo a mulher segurando o peito soltou suas entranhas do pênis alheio e foi conversar com ela:

Tom: Algum problema?

Grazi: só um machucado extra, mas direi que foi nosso filho que me mordeu na hora em que fui amamentá-lo. Pode ir curtir, vou ficar ensinando a este mordedor como se causa um pouco mais de dor. E automaticamente, Grazi se virou e tascou um beijo forte no pescoço do rapaz, que antes tinha apanhado dela.

Tom saiu para o banheiro da suíte, de um vão de uns dez metros quadrados, emergia da banheira verde-piscina, quase na cor da Tiffany & Co., a trans que estava se apresentando no palco no início da noite. Ninguém tocava nela, apenas uma breve tormenta de água morna molhava seu corpo perfeito. Seios fartos, boca-trans-super-feita de um rosa bebê indescritível. Tom a viu e a desejou pela segunda vez. Se aproximou e quis puxar conversa. Ela só o olhou e apontou para uma outra área mais reservada. Ele foi. Ela ficou no banho. Ao entrar na salinha que encerrava o banheiro, Tom viu dois homens sem pênis. Não quis se chocar e se aproximou. Ali, aquele cômodo, era um ambiente trans. Ele foi voyeur por alguns instantes, mas queria ser tocado de novo, comido, comer, queria gozar (essa era a verdade). Não demorou muito e partiu para o andar de cima da boite. Subiu as escadas devagar, olhando ao redor toda aquela loucura de um instante sublime para a sua eternidade.

Na parte superior, nada de camas, apenas almofadas alternando entre pessoas e pessoas. Ninguém era absolutamente de ninguém. Tom colocou uma camisinha e se preparava para fuder uma mulata de ar sério, quando notou o esposo da moça atrás dele. Mais uma vez ele permitiu ser comido, mas desta vez, comeu também. Enquanto isto, Grazi alternava entre punhetar dois gays e um hétero liberal. O sonho dela, desde a juventude, era ser a mulher de vários homens e ali era seu momento. Pediu que um garçom chamasse o segurança que estava na entrada da boite. Ali mesmo clamou por ele e mais seus três outros amigos (seguranças). Ternos caídos de um lado, um vestido preto pendurado na cabeceira da cama e ela sendo aberta em todas as regiões de seu corpo. Tudo sutilmente feito com desejo.

Se na primeira noite, Tom e Grazi já tinham chegado naquele ponto…
(continua)
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