As campanhas políticas perderam a emoção. A forma de divulgação dos candidatos para conquistar votos, acontece de forma fria, em contatos direto com lideranças política e um certo corpo-a-corpo sem muita graça. Há um claro fastio dos eleitores em relação ao próximo pleito, em razão dos acontecimentos que abalaram – e ainda abalam – a dignidade da Câmara e Senado. Ninguém imagine que, por mais que pareça alheio ao que acontece nos meios políticos, boa parte do eleitorado jamais deixou de observar e condenar o “strep-tease” moral que se cometeu, esbanjando enriquecimentos ilícitos, recebimentos de mensalões, dólares nas cuecas, questão dos sanguessugas e o lamaçal em que se envolveu um grande número de parlamentares, ministros, empresários, enfim, um grupo que vivia para bolar estratégia de se fazer através da corrupção, indiferente dos graves problemas do país. Evidente que tudo isso tira o tesão mesmo do eleitorado que se vende ou de quem está pouco se lixando para quem tira da “viúva”. Mas, não se pode negar o clima eleitoral apático, ainda não envolveu o povo nessa disputa, tanto na capital quanto no interior. Talvez a rigidez nas regras de gastos de campanha seja responsável por esse certo marasmo, em uma época que geralmente existe uma boa movimentação. Até agora não se realizaram comícios. É possível que esse tipo de aproximação com o eleitorado tenha chegado ao fim, com a proibição dos showmícios. Fala-se, inclusive, que o fim da apresentação de atrações artísticas nas campanhas foi uma idéia de candidatos, porque se gastava muito dinheiro. É que um comício animado por bandas e artistas conhecidos não se dava para avaliar a capacidade de atrair eleitores dos que disputavam mandato. A atração maior – que eram os artistas – é que dava volume às concentrações que se faziam para ouvir determinado candidato ao Governo ou Senado. Na realidade, o povo ia ao evento para participar do show, independente da coligação que promovesse o comício. Outro fato que também está descaracterizando a campanha é a vigilância dos Tribunais Regionais Eleitorais quanto o abuso do poder econômico. Há um certo receio em expor gastos, embora os partidos de aluguéis continuam atuando abertamente e estão recebendo a parte que lhes cabe no momento. Não se pode desconhecer que a compra de votos, com aquisição de lideranças e boas ofertas para que se opte por outro candidato – como está acontecendo agora em uma região do Estado – está ocorrendo com freqüência, mas com excesso de cuidado para que não se caracterize a comercialização descarada de consciência, com a freqüência que acontecia em anos anteriores. Não é possível, também, algum ingênuo imaginar que as noites não são movimentadas nas estradas que levam a todas as cidades do interior. A qualquer hora da madrugada tem gente sendo recebida para a compra de currais eleitorais, que garante um percentual de votos que possa colocá-lo na pole position da disputa. Evidente que a indiferença da população com a disputa eleitoral se dá mais na classe média e na elite, que usufrui poder. O financiamento de campanha foi reduzido por receio da divulgação das doações, pelas quais têm que ser respondidas. Evidente que não é bom a empresas que procuram ajudar candidatos de forma irregular, porque podem ser flagradas e punidas, mas ainda preferem esse método, porque evitam problemas de maior porte. As tesourarias das coligações dão um tom de seriedade à contabilidade, mas não há como oficializar tudo o que entra e nem de declarar as coisas que gastam. Mas, de qualquer forma, está havendo um cuidado maior para o controle financeiro, até porque há um esforço grande de se evitar vulgarizar o caixa dois, como declarou o presidente Lula, numa forjada entrevista em Paris. Apesar do esforço de reduzir gastos de campanha, as coligações apresentaram orçamentos superiores aos do ano passado, sinal de que a disputa política só é possível pela força financeira. Mas, fora à movimentação que se assiste nas estradas e povoados, nos centros urbanos a campanha está pálida, numa demonstração de que a sociedade está emocionalmente preparada para fazer valer a sua vontade, para tentar mudar um país envergonhado. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) disse que foi comunicado ontem do indiciamento, mas que no dia anterior toda a imprensa já publicava “que fomos citados pelo empresário da Planam”. Diante de toda essa divulgação, “não tem mais jeito: para a sociedade já sou culpado”, lamentou o parlamentar. AVALIAR Heleno Silva disse ainda que essa divulgação atinge diretamente as pessoas e todo um trabalho realizado há quatro ano pode não valer nada: “fica comprometido”. O deputado acrescentou que “isso faz a gente reavaliar: será que vale a pena”? E ele próprio respondeu: “não sei…” NELA Slogan que começou a correr de boca em boca no Rio de Janeiro, mas já está tomando as capitais de todo o país: – Não vote nulo. Vote nela. No caso ela é a senadora Heloisa Helena (Psol), que disputa a Presidência da República. TRÁFICO As gravações da Operação Fox estão assustando muita gente que ainda não foi chamada, mas sabe que prestará depoimento na Polícia Federal. Nos contatos telefônicos, que vem sendo feitos há mais de dois anos, ouve-se muita coisa além de transações relacionadas a licitações. Não é uma coisa simples… ZÉ DE HELENA O produtor artístico Zé de Heleno também será ouvido pelo pessoal da Polícia Federal para esclarecer diversos espetáculos que trouxe para Aracaju. Abrange várias prefeituras do interior onde ele trabalhou e não está batendo na contabilidade dos municípios, cujo prefeitos já foram indiciados. SUSANA A deputada Susana Azevedo (PSC) apoia, neste momento, o projeto de lei que isenta a taxa do pagamento de carteira dos motoristas auxiliares de táxi de Aracaju. Apesar do projeto de lei está tramitando na Câmara Municipal, a deputado tem conversado com vereadores amigos para votarem a favor. CALHEIROS O foragido Floro Calheiros já desapareceu da cidade em que se encontrava próximo à Bolívia, mas está na região, em uma das fazendas. O local onde Floro se encontra só se chega de barco ou avião, o que dificulta a sua prisão. Mas o pessoal está atento. CUIDADO Um candidato a deputado federal da coligação PFL/PSDB que passe em revista o seu eleitorado e reveja um forte dano em seu grupo de apoio. Há oferta boa para mudança de votação em outro nome, que pode causar constrangimento e perda de um percentual razoável de votos. VALADARES Como ocorre sempre, logo após a procissão em Simão Dias, o grupo ao qual pertence o senador Valadares (PSB) reúne-se em casa de sua mãe. Avaliam o resultado da procissão e conversam muito. Ontem, o candidato a governador Marcelo Déda (PT) teve um papo reservado com o deputado federal Bosco Costa (sem partido). CORRENDO Bosco Costa declarou que está correndo muito para tentar eleger o sobrinho Vander Costa (PTB) para deputado estadual. Revelou que havia liberado os seus amigos para deputado estadual e agora não tem coragem de pedir que desfaçam seus compromissos: “o jeito é correr atrás”. JOÃO ALVES O governador João Alves Filho (PFL) – candidato à reeleição – também acompanhou a procissão ao lado de aliados de sua coligação, entre eles Albano Franco (PSDB), candidato a Federal. O grupo vinha um pouco atrás dos adversários, mas fazia um bloco que sempre participou da festa e acompanhou a procissão. Também estava lá Pedrinho Valadares. RECURSOS O candidato Marcelo Déda, em reunião com os proporcionais, disse que o PT só poderia dar cartazes e “santinhos”. Nada, além disso… Já tem gente reclamando que até o momento não receberam nada e que há muita dificuldade em conversar como o comando da campanha. BOUTIQUE O PSDB também está com excesso de cuidado nos gastos e está fazendo um pouco de tudo para arrecadar alguns recursos. Vai abrir uma boutique para a venda de produtos para a campanha. Pode ser um risco, porque pode confundir as normas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Notas SOS ELEITOR Eleitores de cinco estados brasileiros deverão ter em breve um site com informações sobre candidatos a deputados federais que respondem processos na Justiça ou que são investigados pela PF. O nome da página será “SOS Eleitor” e será mantido pelas organizações Transparência Brasil e Contas Abertas. TARIFAS MOTO-TÁXI A Câmara analisa o Projeto de Lei, do deputado Vadinho Baião (PT-MG), que regulamenta a profissão de moto-taxista. Será o profissional condutor de passageiros e entregador de mercadorias por meio de motocicletas. O exercício da profissão está condicionado a concessão emitidas pelo órgão público competente. O projeto determina punições para quem exercer a profissão sem atender às exigências previstas. Conforme gravidade e natureza da falta, o infrator pode receber multa de R$ 600, dobrada em caso de reincidência. É fogo A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem mais uma megaoperação de combate à corrupção em licitações de diversos órgãos públicos de Brasília. A PF informou que três pessoas foram presas e que estão sendo cumpridos 30 mandados de busca e apreensão de documentos inclusive na Abin e no Senado. Os bancários preparam Campanha Salarial 2006. Será nacional e acontece depois da realização da VIII Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, em São Paulo. O governador João Alves Filho (PFL) está começando a despachar em Secretarias de Estado e manter a sua administração. O deputado federal José Carlos Machado (PFL) fez palestra para membros do rotary Clube Aracaju-Norte. O prefeito da Barra dos Coqueiros, Airton Martins (PT), está em Brasília tentando conseguir a liberação de recursos em diversos setores. O prefeito de Estância, Ivan Leite (PSDB), firmou parcerias com o Sebrae, Sesi, Senai, Governos Federal e Estadual para qualificar mão de obra. Chega hoje a Aracaju o presidente nacional da OAB, Roberto Busato, para participar da reunião do Colégio de Presidentes doas OABs nos Estados.
“Nosso objetivo é que o eleitor possa ter informações sobre quem está se recandidatando e também sobre os que pretendem ter um mandato de deputado federal”, disse Fernando Antunes, da organização não governamental Transparência Brasil.
A Câmara analisa o Projeto de Lei do Senado, que concede isenção de tarifas bancárias aos aposentados com mais de 60 anos que recebam até um salário mínimo e aos maiores de 70 anos, independentemente do valor da aposentadoria ou de qualquer outra forma de remuneração de que disponham. A proposta altera o Estatuto do Idoso.
O autor do projeto, senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), defende a necessidade de obrigar os bancos a colaborar para a melhoria da situação econômica dos aposentados, que recebem até um salário mínimo e não dar para se manter.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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