Semana passada o governo anunciou um plano que chamou de Política de Desenvolvimento Produtivo. Não chega a ser uma revolução que permitirá tornar o Brasil uma potencia mundial na área de TI, mas é um passo na direção certa.
Já falei aqui diversas vezes que o setor de TI é uma fonte de bons empregos. O mercado global passa de U$ 1.3 trilhão por ano, estimasse que desse total U$ 600 bilhões são de outsoursing (serviços feitos fora da empresa) e U$ 60 bilhões são de offshoring (serviços feitos fora do país). É muito dinheiro.
A Índia lidera todo esse mercado e dois são os principais motivos: possuem uma população com inglês fluente já que foi colônia inglesa e paga apenas 12% de encargos trabalhistas. A carga trabalhista no Brasil é de 103%. É um absurdo. Para um setor onde 70% dos custos são gastos com pessoal, a competitividade vai lá para baixo. O que fez o governo? Desonerou em 50% a contribuição do INSS das empresas do setor de TI que vão exportar software. Isto não vai resolver o problema, mas é um passo importante. Só espero que não seja o único. Só não entendi como é que vai saber diferenciar as pessoas que fazem software para o mercado interno e externo.
Outro ponto que o governo precisa ficar de olho é que não temos massa crítica para atender a demanda atual e muito menos a demanda que está por vir. Estimasse que no Brasil, para 2011, o setor de TI vai precisar de 320 mil novos profissionais. Todas as nossas faculdades juntas formarão apenas 170 mil técnicos. Se não esqueci como faz conta, acho que vai faltar um bocado de gente para preencher as vagas necessárias. O que fazer? O setor de tecnologia de informação se resume unicamente a gente bem educada. Quando melhor a educação oferecida melhores profissionais serão formados. O que precisa ser feito é incentivar a educação do segmento de TI. O governo bem que podia fazer a sua parte, dando incentivos como bolsas de estudo, aumentando o número de vagas oferecidas nas universidades públicas, seguindo exemplos vencedores como o do Porto Digital de Pernambuco, entre várias outras.
A nossa vizinha Argentina criou um plano que chamou de Plan de Accion 2008-2011, Buenos Aires: Camara de Empresas de Software. É um plano que tem como objetivo a capacitação de profissionais de para o setor de TI. Acho que boas idéias devem ser seguidas e o Governo Federal poderia fazer alguma coisa semelhante aqui. Hoje, por exemplo, temos deficiência no idioma nativo da informática – o inglês. Esse ponto é fundamental para o crescimento do Brasil como potência na indústria de software. Sem saber inglês, o nosso país também fica menos competitivo no mercado internacional. O aprendizado da segunda língua é tratado de forma individualizada, ou seja, o governo se omite deixando que cada um tenha que aprender por conta própria. Nada custaria para o governo permitir, pelo menos, dedução de imposto de renda para gastos com cursos de inglês.
Como disse no início, a Política de Desenvolvimento Produtivo não vai resolver todos os problemas do setor de TI, mas se o governo fizer a sua parte, com certeza as empresas (e seus funcionários) farão a sua.
Até a próxima semana!