Política do ódio e ditadura das minorias

Data Vênia

(*) Fausto Leite

Os tempos não são os mesmos! Definitivamente não. Vivemos momentos em que é preciso flexibilizarmos e ampliarmos continuamente nossa visão de mundo, sem deixar de lado nosso filtro crítico, tão caro em terra de sem noção. Conceitos e expressões são introduzidos ou ressuscitados em nosso vocabulário de forma corriqueira e imponderada, logo tornando-se modismos, bordões e clichês. Ultimamente ouvimos falar com frequência na expressão “política do ódio”, de forma associada aos grupos políticos de direita, responsabilizando-lhes por atos de intolerância.

Exemplo clássico dessa tal política intransigente tem sido a postura firme do Presidente da República contra possível fraude eleitoral. O discurso presidenciável tem sido encarado como incitador ao ódio e à divisão de poder, quando na verdade trata-se de uma manifestação garantidora da democracia e da soberania popular. Entrementes, o receio quanto à violabilidade das urnas eletrônicas agora é considerado discurso de ódio e descredencia seus defensores ou quem se atreva a questionar seu sistema de segurança.

A violência eleitoral é um tipo de violência política, fenômeno enraizado e disseminado na política brasileira, variando suas manifestações conforme o nível de acirramento político local e a classe econômica dos envolvidos na disputa pelo controle dos espaços de poder. Atualmente há um componente ainda muito mais pernicioso e violento no processo eleitoral: as redes sociais. Através delas, um instagrammer, por exemplo, pode emitir, sem qualquer controle ou compromisso com a verdade, seu honorífico ponto de vista, distorcendo fatos, denegrindo imagens ou idolatrando vulgaridades. Em todo o canto vemos ilustres desconhecidos fomentando divisões e cancelamentos, enaltecendo as minorias, subvertendo valores sem qualquer ânimo debatedor ou democrático. São tiranos travestidos de intelectuais que pulverizam a mente dos seus seguidores com falsas verdades, a ponto de formar opiniões e inverter toda uma lógica de valores. Estes sim tem propagado com sucesso o discurso de ódio e da intolerância. Uma realidade muito mais repugnante do que a plataforma política da direita e que pode vir a desenhar um cenário de violência pós-eleitoral com ares de caos social.

Sobre a ditadura das minorias, prefiro aprofundar-me em outro momento. Adianto que não nutro qualquer espécie de preconceito, mas me preocupa o fato de não poder mais defender valores convencionais com receio de ser execrado virtualmente. Em época de modinhas e tendências, chamo atenção para a inadiável e urgente necessidade de alimentarmos nosso senso crítico, de sermos justos, questionadores e coerentes com nossos propósitos e não meros propagadores de discursos viralizados, ideologias frívolas e escusas. Temos uma geração por formar, não sejamos lembrados como uma legião de zumbis sociais.

Voltando às classificações modernas sobre plataformas políticas, devemos lembrar que o fascismo, outro conceito que se popularizou no Brasil atual, é uma vertente da direita, mas nem toda direita é fascista. Para o historiador Demian Melo, professor da Universidade Federal Fluminense, é um erro a tendência de uma parte da esquerda hoje caracterizar qualquer manifestação conservadora como fascismo, além de ser um desserviço ao enfrentamento desse movimento. O fascismo foi um movimento contrarrevolucionário, que, historicamente, nasce num contexto em que se viam explosões revolucionárias em vários países europeus, na esteira da Revolução Russa. Era um momento em que a esquerda crescia no continente, tanto nas organizações de base quanto eleitoralmente. “O crescimento do movimento comunista na Itália era concreto, não era paranoia da direita”, exemplificou o professor. O fascismo, portanto, veio como reação. O bolsonarismo é um fenômeno que surge como resposta da classe dominante a alguns fatores: o antipetismo direitista, o medo e a reação à insurgência esquerdista de 2013, assim como as crises econômicas de 2008 e 2014. Apesar de suas fortes características militaristas não pode ser associada à ideia fascista, típica de países com nacionalismo extremado.

Todas essas novas verdades partem de um movimento sorrateiro, oculto e covarde que promove rótulos e divisões e fragiliza nossa sociedade. Estes sim me preocupam, porque são capitaneados por gente fina, elegante mas nada sincera. Gente que sabe fazer mídia social, manipuladores de opinião, de quem não se exige currículo ou formação, apenas seguidores. Aos poucos, o branco se torna amarelo e o azul se torna preto, numa política sutil e perversa de desconstrução e segmentação.

E assim, familiares se tornam inimigos, amigos rompem laços, festas e confraternizações terminam em delegacias quando não em hospitais. Chega a ser infantil colocar todo esse fenômeno global e concatenado na conta de Bolsonaro ou de qualquer outro político. Se é para responsabilizar alguém, que sejam os criadores das redes sociais, esses pequenos nichos de verdades absolutas, que se alimentam de egos e tretas.

Além de rever e questionar esse nossos novos hábitos, precisamos parar de enxergar adversários políticos como inimigos mortais, adotarmos uma postura mais amistosa, cívica e aberta ao debate. Combater a política de ódio e adotar um discurso intolerante nos mantém no mesmo quadrante e só quem perde é o país.

Aterrizando em Sergipe, pequeno laboratório do nosso país, vemos igualmente ditaduras ideológicas e judiciais decidindo nosso placar eleitoral, quem fica ou não no páreo. O itabaianense Valmir de Francisquinho lidera todas as pesquisas locais, com possibilidade real de ganhar em primeiro turno, mas seu futuro depende mais do Judiciário do que dos seus eleitores.

Esse novo modelo político pode até tirar Valmir de Francisquinho da disputa eleitoral mas não da vontade popular. A decisão do TSE, através do ministro Alexandre Moraes, que não concedeu o efeito suspensivo ao processo de Valmir, mostra o arbítrio e a incoerência deste poder, sendo que foi o próprio Alexandre que deu o voto favorável a Valmir. Vale a máxima: manda quem pode, obedece quem tem juízo.

O fato é que é tedioso assistir a uma campanha política sem emoção, grandes lideranças e, pior, sem esperança. Haja inspiração para os marketeiros políticos tornar atraente o que nos causa apenas fadiga e sono. Para o palácio do governo não há nomes com qualquer carisma ou espírito renovador

O candidato do PT, Rogério Carvalho, que tem sua eleição alicerçada na campanha de Lula e nos feitos passados de Marcelo Déda, foi flagrado em uma foto semana passada hostilizando um eleitor que o abraçava. Sua arrogância lhe acompanha como se fosse a própria sombra.

Sigamos.

Miúdas

… o horário eleitoral gratuito ainda está muito morno e sem repercussão, o que dá tranquilidade às assessorias jurídicas dos candidatos. Honestamente, tenho saudades das campanhas de outrora em que havia acirramento de ideias e propostas. Pedidos de respostas e redução do tempo eram constantes e, acima de tudo, faziam diferença na campanha. Nas próximas semanas tudo pode mudar.

… o deputado Fábio Henrique, que busca sua reeleição à Câmara Federal, conseguiu a liminar que o deixa elegível e toca com muita garra sua campanha no interior do Estado. Recentemente fez uma mega carreata em São Cristóvão, onde foi bem recebido.

… os irmãos “Reis” Fábio (federal) e Sérgio (estadual) estão em campanha frenética pelo Estado. O que mais chama atenção nas propagandas eleitorais é que os “fraternos” são bem parecidos. Outro ponto interessante é que os adversários – Gustinho Ribeiro (federal) e sua mãe Áurea Ribeiro (estadual) são do mesmo colégio eleitoral – Lagarto. Possivelmente os lagartenses elegerão os irmão “Reis” e a dobradinha dos “Ribeiro”.

… o prefeito de Nossa Sra. De Socorro, Pe. Inaldo, trabalha incansavelmente para eleger Carminha deputada estadual. “Prudente como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10;16), coordena com pulso firme a campanha, aceitando comentários dos aliados, sem deixar de dar as cartas.

… o pastor Jony Marcos busca reconquistar uma cadeira na Câmara Federal. Além de ter uma boa fotografia e domínio dos meios de comunicação, colhe bons resultados porque costuma cumprir seus acertos. Quando deputado federal foi o coordenador do orçamento e trouxe muitas emendas importantes para o Estado. Podemos dizer que foi um deputado nota 10 e merece ser reconduzido.

… quem imaginava que Tales de Bosco sairia a deputado estadual para marcar território enganou-se redondamente. O menino, de apenas 23 anos, é uma máquina para trabalhar e vem conquistando muitos simpatizantes. Com as características do pai – deputado Bosco Costa – e jovialidade política, deve figurar entre os três primeiros candidatos do PL e, cm certeza, deve chegar à Alese.

… Paulo Júnior, vice prefeito de São Cristóvão, deve ser o primeiro do PT a eleger-se pois tem o apoio do prefeito Marcos Santana que, em outrora, somava votos para a eleição de Chiquinho Gualberto. Este por sua vez deve servir de escada para a reeleição de Fábio Reis.

… a campanha da vice-governadora e viúva de Marcelo Déda, Eliane Aquino, foi a óbito. Impugnada no último dia 12, por não ter se afastado dos Conselhos Administrativos que faz parte, causa uma crise dentro do PT que pode ficar sem deputado federal. Possivelmente João Daniel deve chamar para o sacrifício Márcio Macedo para completar os votos.

… é bom deixar claro que o advogado Adir Machado (PL) não teve sua candidatura preterida pelo partido. Adir sabia desde o começo que os deputados Thalysson de Valmir e Valdevan Noventa, mesmo com os mandados caçados, lutariam até a data limite para conseguir seus registros. Não tem nem herói e muito menos vilão nesse litígio.

… o pastor Cleiton Souza foi chamado pela cúpula do PL para fazer parte da chapa de Eduardo Amorim para senado. Será o segundo suplente e esta semana já começa a rodar pelo interior do Estado, visitando as igrejas e lideranças políticas. Com certeza, deu um novo ritmo na campanha de Eduardo e João Fontes, o primeiro suplente.

… muitos políticos do parabenizaram Thaysson de Valmir pela atitude de grupo, quando achou melhor abdicar de sua campanha, por problemas jurídicos, e apoiar o irmão mais novo, Ícaro de Valmir. Mostrou que tem personalidade política, pois sabe a hora de ceder quando necessário.

… não há dúvidas que o povo de Sergipe pretende mudar o cenário político e não votar nos mesmos que aí estão desde a era Déda. Impressionante como Valmir de Francisquinho, o Pato, é ovacionado pelos eleitores sergipanos e, não é só nas feiras livres, mas sim em todos os lugares que passa, independente de classe social, credo religioso e preferência de gênero.

… o ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Clóvis Barbosa, que divide seu tempo entre o “Sebo”, localizado no JFC e um assessoria jurídica mais específica, resolveu esta semana entrar de cabeça na campanha de governo de Valmir de Francisquinho. Não deve gravar no horário eleitoral gratuito, mas conversa com amigos e lideranças políticas em busca de apoio.

… o prefeito de Santo Amaro das Brotas, Paulo César, que vem fazendo uma excelente administração, faz campanha todos os dias para os seus candidatos como se fosse para ele próprio. Vota para governo em Fábio Mitidieri, senado Laércio Oliveira, deputada federal Yandra de André e deputado estadual Adailton Martins. Com certeza é o prefeito mais engajado nas eleições de 2022.

… Ezequiel Leite, primeiro suplente de Danielle Garcia, anda preocupado com os índices eleitorais da delegada. O fato é que: com o efeito Valmir de Francisquinho, Eduardo Amorim cresceu; com o efeito Lula, Valadares Filho subiu; e com o efeito empresarial Laércio Oliveira tomou corpo político. Logo, as eleições precisam acabar, pois a gordura dos índices que tinha a delegada está se esvaindo.

… Sukita continua o mesmo. Na última semana colocou o deputado Gustinho Ribeiro para discursar no trio elétrico do deputado João Daniel em uma passeata pelas ruas de Capela. Como castigo, João Daniel mandou recolher o trio. Difícil saber quem esse rapaz apoia – Gustinho ou Daniel. Para senado ele deve votar em Laércio Oliveira, pois Danielle Garcia é votada pela sua ex e rival, Silvany Mamlak, e os outros – Eduardo Amorim, Valadares Filho e Henri Clay, não caem mais no canto da sereia.

… a campanha de Heleno Silva, que em tese seria o segundo dos Republicanos, está ameaçada pelo delgado André David que caiu no graça do povo. Quem pode salvar Heleno é Valdevan Noventa, caso consiga a liminar que busca no STF, pois ainda é o maior líder da região centro sul, onde David é bem votado.

… as apostas de Itabaiana para os deputados federais são: Gustinho Ribeiro e André David (Republicanos), Yandra de André (União Brasil), Bosco Costa e xxxx (PL), Thiago de Joaldo (PP), Fábio Reis (PSD). Possibilidades: Fábio Henrique (União Brasil), João Daniel (PT) e talvez Heleno Silva (Republicanos), caso ultrapasse André David. Para governo não tem nem aposta todos vão com Valmir de Francisquinho. Para senado Eduardo Amorim e Laércio Oliveira são os mais preferidos.

… melhorou sensivelmente a campanha Fábio Mitidieri no horário eleitoral gratuito. Nova postura, novos textos, pois os antigos em boa parte foram plagiados de Belivaldo nas eleições de 2018, enfim parece que agora engrenaram. O que está faltando mesmo é o discurso da mudança que não emplaca no PSD e PT. Só falta mesmo Lula gravar pedido por Mitidieri.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais