Políticos e jornalistas adoram cunhar frases de efeito sobre a arte de se fazer política, se é que podemos chamar de arte o que temos visto por aí. Mas, vira e mexe, ouvimos coisas do tipo “política é a arte do impossível”, ou “pensamento de político é como nuvem, uma hora está aqui, daqui a pouco não está mais”, enfim, uma série de metáforas e aforismos que dizem muito pouco, ou muitas vezes não dizem é nada mesmo. O que vemos nestes dias estranhos é a arte da incoerência, às vezes da indecência, e outras artes menos nobres, quando, por exemplo, apuramos a vista e observamos o comportamento de blocos políticos dentro de uma perspectiva histórica. A questão do salário-mínimo foi didática. Não se buscou em nenhum momento um debate sério, aprofundado sobre as questões técnicas que poderiam envolver um reajuste deste tipo. Isto a sociedade não viu, perdendo a grande chance de se abrir um canal permanente de busca de um caminho que possa viabilizar condições futuras de aprimoramento deste importante instrumento de distribuição de renda, que é o salário-mínimo, capaz de diminuir o fosso existente nesta cruel estratificação de classes do Brasil, onde poucos são muito ricos e muitos são muito pobres. Mas não. O que faltou de um lado, sobrou do outro. Foi mais uma vez a vitória da politicalha miúda, rasteira, que envergonha a nação, mas não a grande maioria dos nossos representantes. Estes, estão imunes a qualquer forma de grandeza de caráter. Foram vacinados com doses cavalares de cinismo e querem ver o circo pegar fogo. Assistir ao deputado federal, Lindemberg Farias, do PT carioca, discursando em defesa de um salário menor para o povo brasileiro foi intrigante. Ele, que foi presidente da UNE, ex-PCdoB, virulento e raivoso em todas as manifestações fora Collor, FHC, FMI e todo o resto. Na votação parecia um carneirinho domesticado na tribuna do plenário da Câmara Federal, falando quase que envergonhado, enquanto aos berros o deputado federal sergipano João Fontes chamava-o de traidor. As maravilhas da tecnologia e a democratização da informação, felizmente nos permite assistir, ao vivo, estas mazelas direto de Brasília, pela TV Câmara, que deveria ser aberta para todos os brasileiros e não por assinatura, mas pelo menos ela existe, o que já é um avanço. Da mesma forma que a nossa TV Assembléia Legislativa nos brinda, desde o início desta semana, com sua programação também via cabo, com os pronunciamentos dos nossos ilustres deputados estaduais. Impressionante o que um controle remoto nas mãos nos faz ver e acreditar, por que vemos. Enquanto lá em Brasília os deputados do PT, PL, PSB, PCdoB e demais partidos da base aliada governista defendem, com vergonha ou não, um salário mínimo de R$ 260,00, aqui em Sergipe, este mesmo bloco quer que o governo do Estado, que é do PFL, dê um aumento de R$ 275,00, usando como argumento o posicionamento do próprio PFL lá em Brasília, que votou a favor dos R$ 275,00 e contra os R$ 260,00 e que aqui fez, como eles, exatamente o contrário. É confuso, não? É Sim! Mas está todo mundo entendendo. Entendendo que os parlamentares brasileiros não têm uma opinião própria. Eles refletem apenas os gostos, e os “quero mais”, do executivo a quem estão ligados ou subordinados, e ainda falam da independência dos poderes. Se forem da situação, a onda que o governo lançar, eles surfam numa boa. Se de oposição, a ordem é ser contra tudo e contra todos, numa politicalha rasteira, que não contribui em nada com os avanços que o país precisa. Engana-se quem pensa que a eleição termina quando se abrem as urnas. Elas estão presentes diariamente nas vidas destes parlamentares, que ocupam todos os espaços possíveis para acusar ou defender, seja lá o que for, independente de ser bom ou não para o país. A sociedade confiou muito no governo Lula, tanto que o elegeu com folga. Entre as suas aspirações havia também embutida a esperança de que seu governo poderia modificar esta forma mesquinha de se trabalhar a política. Logo o PT que sofreu durante tantos anos na oposição, saberia elevar o nível dos debates, forçando inclusive a atual oposição a se qualificar melhor para enfrentar os problemas do país, dentro de um debate mais amplo. Mas não é nada disso que enxergamos. O que vemos são práticas políticas que perpetuam as mesmas e conhecidas ações que foram deixadas de herança pelos conservadores que foram substituídos por novos conservadores, só que agora é diferente. Antes sabíamos com quem estávamos lidando e agora temos que reaprender, conhecer e identificar quem é quem. Dentro desta estrutura toda, o que se lamenta é apenas o tempo perdido, mas é preciso ter um olhar mais adiante e perceber que até das coisas ruins se tira às boas. A boa, neste caso, é que a sociedade demonstrou que necessitava de um avanço e votou acreditando nisso. Se ele não veio, não foi culpa sua e se atingiu este estágio, é por que esta preparada para dar novos saltos em busca do seu aprimoramento. O que podemos temer neste caso, é que se este governo federal, com a ajuda dos santos e da turma do contra, piorar muito mais do que isso e causar um efeito contrário, matando a esperança e trazendo de volta o medo de voar mais alto, levando a sociedade a preferir a segurança de um abraço ainda mais conservador. Este seria o pior legado deixado pelo governo Lula, que como os outros, um dia vai passar, mas nós vamos ficar. LIBERAIS Segundo informação que circulou nos bastidores políticos, o Partido Liberal já estava conformado com a nova aliança fechada com o PTB, PSDB e PTN. Segundo o prefeito Marcelo Deda, já estava tudo fechado. Dentro desse fato, o deputado Gilmar Carvalho não será mais procurado pelo presidente do PL, Heleno Silva. NÃO GOSTOU Uma fonte do Partido Liberal garantiu que o vereador Sérgio Góis continua chateado com o Marcelo Deda, porque não cumpriu o que combinou para ele trocar o PSDB pelo PL. Na realidade o prefeito havia dado garantia de que haveria um chapão na coligação que ele lidera como candidato à reeleição. DÚVIDA O presidente regional do PL, deputado federal Heleno Silva, teria consultado um amigo para saber se o governador João Alves Filho ficaria chateado se ele mantivesse contatos com o deputado Gilmar Carvalho (PV). Conversaria com o parlamentar sobre uma composição para a disputa da Prefeitura de Aracaju. Heleno vem mantendo conversas com Gilmar. GILMAR LIVRE Gilmar Carvalho (PV), a partir de agosto, quando se reinicia o segundo semestre legislativo, tomará uma posição de total independência em relação ao Governo do Estado. Terá um comportamento sem vinculações e atuará sem compromissos de composição político ou vínculo com o Palácio dos Despachos. CONVERSA O deputado Gilmar Carvalho recebeu telefonema de importante membro do Partido Liberal, anunciando que a decisão de em não se apoiar o PT poderia sr antecipada para hoje porque a legenda não está satisfeita. Com isso fica em dúvida a informação passada, de que o PL tinha aceitado a composição com o PTB, PSDB e PTN. DÉDA E JOÃO O governador João Alves Filho (PFL) será recebido, dia 28, no camarote do prefeito Marcelo Deda (PT), para juntos assistirem ao show de Elba Ramalho. A cantora é admirada por João e foi o próprio governador quem sugeriu essa visita ao prefeito na véspera de São Pedro. A cordialidade sempre existiu entre os dois. VIRA FERA O governador João Alves Filho já declarou que, como governado, sabe que deve conversar com prefeitos adversários e manter essa posição de bom relacionando. A diferença será sempre política e no período de campanha eleitoral: “a partir de agosto, quando eu vestir a camisa do PFL, viro fera em favor dos nossos candidatos”, disse. MUDANÇAS O governador João Alves Filho vai promover algumas mudanças em sua equipe, reduzindo o número de secretarias e empresas, para reduzir o peso do Estado. O projeto administrativo da Fundação Dom Cabral estará pronto nestes próximos dias e recomenda um enxugamento da máquina para o Estado subsistir sem problemas graves. CONVOCAÇÃO O governador João Alves Filho vai convocar a Assembléia Legislativa para aprovação do projeto da fundação Dom Cabral, que sugere cortes de empresas e Secretarias. Com a extinção de diretores, secretários adjuntos e outros, o Governo economizará R$ 2 milhões de reais por mês. COLIGAÇÃO O presidente do Diretório Regional do PTB, Fabiano Oliveira, informou que o seu partido já aceitou uma coligação com o PSDB, PL, PTN e outros partidos, Acaba, assim, com o problema dos candidatos a vereador pelo seu partido. Fabiano diz que a partir de agora e procurar manter esse bloco de alianças. CONFERÊNCIA O Partido dos Trabalhadores faz conferência, hoje, para debater estratégia de campanha para todos os candidatos a vereador e para a chapa majoritária. O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra participa desse encontro, que vai mostrar as tendências do PT nas próximas eleições. FAGNER O cantor e compositor Fagner, ao se apresentar no Forrocaju, quinta-feira, deu uma fisgada no Governo Lula, tendo ao seu lado o prefeito Marcelo Deda. Ao encerrar Fagner bradou: “É país esta precisando de reformas, chega de promessas e corrupção. Lula fica voando de um canto a outro. É preciso que ele fique mais no Brasil”. JATINHO O deputado federal José Carlos Machado pegou carona no jatinho que vinha trazer o seu colega Heleno Silva (PL) a Aracaju, logo depois da votação. O jatinho ainda levou os deputados Wellington Ribeiro para o Recife e Paulo Marinho para Teresina. Tudo pago pelo Governo para manter o salário de R$ 260,00. Notas JORGE O deputado federal Jorge Alberto (PMDB) está mantendo a candidatura à Prefeitura de Aracaju e vem conversando com vários partidos para fechar uma coligação. Jorge ficou chateado ao saber que estão espalhando o boato que ele teria desistido de sua candidatura, o que não é verdadeiro. Segundo um aliado de Jorge Alberto, alguns partidos nanicos, mas com boa estrutura, são simpáticos à candidatura do deputado Jorge Alberto à Prefeitura. Querem fechar com ele, mas “quem decide é o governador”. ESPERA O PPS vai esperar o último dia permitido pela legislação eleitoral pra realizar sua convenção partidária. Só no dia 30, na Câmara dos Diretores Lojistas (CDL) o partido homologará a candidatura da deputada Susana Azevedo para a Prefeitura de Aracaju e dos candidatos a vereador. Susana diz que o seu candidato à vice sairá de um consenso entre os aliados: “como não existe briga entre as forças políticas que nos apóia, o vice pode ser de qualquer partido, desde que tenha bom nome”. PAINEL O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, chega hoje a Aracaju para participar do seminário eleitoral do Partido dos Trabalhadores e atuará no painel que tem como tema “Governo Lula, Balanço e Perspectiva das eleições 2004”. O objetivo é mostrar o que fez Lula e como deseja as eleições. O projeto de estratégia do PT terá como palestrantes o prefeito Marcelo Deda, os deputados estaduais Francisco Gualberto e Ana Lúcia. Sobre marketing que vai falar é Paulo Carvalho, que cuida dessa área dentro do partido. É FOGO O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, assina convênio, hoje, no valor de R$ 670 mil, com a Codevasfas para projeto no Baixo São Francisco. O Governo Federal pretende tirar a paridade entre os servidores da ativa e os aposentados. O presidente Lula massacra esta classe. O deputado federal José Carlos Machado diz que a deputada Susana Azevedo deve escolher o candidato a vice que considerar melhor. José Carlos Machado acha que não existe candidato imbatível e que Marcela Deda está bem nas pesquisas, porque ninguém ainda o marcou de perto. O detento Genivaldo Galindo ;e quem está formando a chapa da situação para disputar a Prefeitura de Xingo. O PFL pode apoiar o ex-prefeito José Nelson em Estância. Ele se apresenta em melhor situação do que o ex-deputado Ivan Leite. A cantora Clemilda gritou do alto do palanque do Forrocaju: “Como é o nome do nosso prefeito?” Um grupo de jovens respondeu: “Jorge Alberto”. O deputado Gilmar Carvalho ainda está esperando uma decisão do Partido Liberal. Segunda-feira ele anunciará sua posição. José Raimundo Ribeiro já marcou local e data da convenção que vai homologar o seu nome à Prefeitura de Lagarto. De acordo com o Serasa, muitos consumidores têm aderido ao crédito pessoal para complementar a renda familiar e pagar as dívidas. O Governo central registrou superávit primário de 4,196 bilhões de reais em maiôs, frente ao saldo positivo de 7,520 bilhões de reais em abril. João Fontes acha que frei Beto foi o bobo da corte durante a festa caipira no Planalto: foi ele quem fez o casamento matuto. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br