A cada três minutos, um brasileiro sofre acidente vascular cerebral – popularmente chamado de derrame. Diagnosticar e tratar rapidamente o problema aumenta as chances de o paciente sobreviver e manter a qualidade de vida
Capaz de sentir, analisar e reagir ao mundo, assim é o cérebro humano, massa de tecido cinza, com cerca de 1,3 quilo , no qual estão presentes mais de 100 bilhões de neurônios e se escondem milhares de informações ainda não desvendadas pela ciência . É uma central de controle – dos movimentos, do sono, da fome, da sede e de todas as atividades vitais.
Até as emoções passam pelo cérebro, onde ficam registrados os sentimentos primários como medo, raiva, amor e dor. São arquivos específicos, acionados quando necessários. Qualquer pequena falha- causada em geral por falta de circulação sanguínea, hemorragias ou traumatismo – pode causar lesões e sérias implicações na qualidade de vida.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os distúrbios neurológicos atingem 400 milhões de pessoas no mundo, são responsáveis pela metade dos casos de perda de habilidade motora e, ainda, correspondem à segunda causa de morte – atrás apenas das doenças cardíacas
No Brasil, pesquisas do Ministério da Saúde (Data – SUS) apontam que a cada três minutos alguém sofre um acidente vascular cerebral (AVC), o mais comum distúrbio neurológico, popularmente chamado de derrame. Os casos de AVC só perdem em números para traumatismos cranianos, em função de acidentes, segundo dados mundiais da OMS. Em terceiro lugar, vêm às doenças infecciosas do sistema nervoso, como meningite e encefalite.
O acidente vascular cerebral acomete, em geral , pessoas com mais de 60 anos. Há dois tipos de AVC: o isquêmico, que representa 75% dos casos e ocorre devido à falta de circulação sanguínea nas artérias, podendo levar à morte de algumas células; e o hemorrágico, causado por hemorragia cerebral. Em ambos os casos, a hipertensão arterial sistêmica é o grande fator de risco.
Caso o AVC não seja tratado assim que se instala, aumentam as chances de que fiquem seqüelas graves, como dificuldades motoras, comprometimento da fala e dos demais sentidos. Além disso, um terço dos pacientes que sofreram AVC costumam desenvolver quadro depressivo, segundo pesquisas do Ministério da Saúde.
Uma pesquisa realizada há cerca de 04 anos mapeou o acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI)no município de São Paulo , com duração de quatro meses , a pesquisa cruzou várias bases de dados , incluindo informações como nível sócio econômico – cultural , idade, hipertensão arterial, diabetes e incidência do problema nos setores censitários.
Entre as principais conclusões, percebeu-se que a ocorrência de AVCI é duas vezes maior onde os níveis socioeconômicos são menos favorecidos. Assim, há mais casos de AVCI na periferia, particularmente em faixas etárias mais jovens que o normal – dos 45 aos 59 anos-, e menor número nos bairros da região Centro-Oeste. Há também uma importante correlação entre o número de casos da doença e a incidência de hipertensão arterial e de diabetes.
· Um estudo como esse possibilita a otimização de recursos sociais no âmbito da saúde e também pode servir como referência para outras capitais e regiões brasileiras.
5% do Orçamento de saúde pública mundial é destinado ao tratamento de AVC
Sinais e Sintomas do AVC:
· Fraqueza ou dormência súbita de um lado do corpo
· Desequilíbrio súbito, tontura
· Visão dupla, embaralhada ou perda da visão
· Alterações na fala, dificuldade para se expressar
· Confusão mental, alteração da memória
Como Prevenir
Apesar dos números alarmantes, há atitudes e precauções que podem ser tomadas para se tentar afastar um episódio de AVC. O primeiro passo é prestar atenção na saúde do corpo. Alguns neurologistas costumam fazer uma lista de boas condutas que mantém o cérebro em dia.
O primeiro aviso é direto: a mente saudável depende do bom funcionamento do corpo. Os hipertensos, por exemplo, têm maior risco de desenvolver um AVC. Então controlar a pressão arterial é a primeira lição de casa. Importante: um hipertenso não deve tentar baixar a própria pressão em casa, usando medicamentos por conta própria sem acompanhamento médico, pois pode aumentar o risco de comprometimento neurológico. A razão disso é que, durante o AVC, a pressão sanguínea pode subir como um mecanismo de defesa do organismo.
· A segunda lição é para os que fumam: apagar o cigarro ajuda a garantir a boa circulação de sangue nas artérias – essencial para o bem – estar.
É o aviso de sempre, que vale para todos: investir em exercício físico e na boa alimentação.
Isso contribui para evitar o acúmulo de gorduras nas artérias e ajuda a manter o colesterol sob controle.
Se atitudes preventivas diminuem os riscos de problemas neurológicos, agir rapidamente quando o distúrbio ocorre pode ser a diferença entre a vida com qualidade, uma deficiência grave e a morte.
O problema é que freqüentemente o paciente e os próprios familiares não reconhecem os sintomas do acidente vascular cerebral.
Algumas vezes, os sintomas são tão leves que não são notados ou levados a sério. Em geral, os casos de AVC têm início com a paralisia ou amortecimento de algum membro. Também pode ocorrer perda parcial da visão ou visão dupla e ainda dificuldade para falar. Quando esses avisos não são reconhecidos a tempo, o AVC pode evoluir para algo mais sério, com risco de seqüelas. Mas se o doente for atendido em até três horas após a instalação da doença, aumentam as chances de o tratamento ser simplificado, com medicação que restabelece a circulação sanguínea no cérebro – evitando-se assim, tratamento complexos e intervenções cirúrgicas.