Os deputados estaduais, agora com a participação da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Se, vão ouvir o secretário da Segurança, Luiz Mendonça, nestes próximos 15 dias. A sua convocação é uma sinalização de que há uma preocupação do poder legislativo com a violência que começa a assustar a sociedade sergipana. Como já se falou nesta coluna, a prisão de Floro Calheiros foi a glória e a desgraça de um aparelho policial que se iniciou com a cara de quem vinha para mostrar serviço. É possível que essa falha gritante tenha desgringolado um projeto, porque houve muitos envolvimentos, dúvidas não esclarecidas e posições incompreensíveis. Não se pode entender porque até o momento o ex-deputado Antônio Francisco não foi encontrado e preso, mesmo que possa permanecer solto depois, já que não pode mais influenciar junto às testemunhas. Antônio Francisco está a um palmo do nariz da Polícia e a impressão é que há influência política para que não seja cumprido o mandado de prisão. O procurador de justiça Luiz Mendonça não teve jogo de cintura para acomodar a cúpula policial e traze-la para o seu lado. Ele sabia que havia uma dicotomia entre delegados e promotores. Os primeiros não se viam sob o comando do Ministério Público. Isso, certamente, atrapalhou o relacionamento e o secretário teve que conviver em um ninho de cobras, atuando sem comandar e sendo boicotado em suas ações. Ninguém tenha dúvida que muita gente, integrante da Polícia, vibrou com a fuga de Floro Calheiros, porque ela representou um chute nos “pulmões” do comando da Pasta. Outro equívoco foi Luiz sempre se arvorar de um valentão. Um secretário não precisa usar colete a provas de balas, como fazia o ex-secretário João Guilherme, mas atuar politicamente para manter uma polícia unida, corajosa e eficiente. No início até que pareceu assim, mas a fuga de Floro fez despencar toda a credibilidade no novo modelo que se implantava. A Secretaria de Segurança sempre foi um local de muita dificuldade administrativa. Politicamente é uma das pastas mais cobiçadas. Tanto porque tem bons recursos, quanto pela influência que exerce em todo o estado, através dos delegados. A cúpula que coordena a Secretaria, ocupando pontos chaves na administração, é independente e limitada. Cada um obedece a alguma liderança política, deseja o cargo de secretário ou defende outro nome para comandar a pasta. Esse saco de gatos piora quando um começa a boicotar o trabalho do outro, exatamente para que haja um fracasso na área que ocupa. Com isso a bandidagem vibra, porque vive absolutamente livre para praticar assaltos, crimes de mandos e roubos de gado. Além disso, ainda existe a banda podre que atua nos quadros policiais. São vilões. Aliados do crime organizado, mas que o fazem com a força de uma função policial. E tudo isso precisa acabar. Mas, cadê peito? O assassinato de uma senhora de 92 anos em Boquim demitiria do policial ao secretário. Mas não se houve notícia de qualquer ação que sirva de exemplo para uma sociedade assustada. Ninguém tem nada contra o cidadão Luiz Mendonça, mas se tem tudo contra um secretário que não está sabendo organizar o sistema policial, coloca-lo nas ruas e projetar a segurança do cidadão que paga impostos e tem direito de se sentir protegido pelo Estado. Luiz precisa dar explicações, muitas explicações, para que a Segurança de Sergipe, que já está no Ministério da Justiça com um dossiê enviado pelo fugitivo Floro Calheiros, não retorne a Brasília com outro documento desfavorável assinado por deputados e membros da Ordem dos Advogados do Brasil. Está na hora de se levar segurança a sério… CONVERSA O deputado federal Heleno Silva (PL) terá uma conversa com a ex-primeira dama Leonor Franco, para que ela vá para o partido com o seu grupo. Heleno está confiante nesta conquista, porque já conta com a presença do frei Enoque, que é um nome vinculado a Leonor. CANDIDATURA O deputado Heleno Silva também disse que Frei Enoque deve fazer uma composição com Paulo Barbosa de Deus, para disputar a Prefeitura de Canindé do São Francisco. Até o momento não há nada certo, mas já houve conversa. Falta decidir quem será o prefeito e quem fica como vice. BOMBA O senador José Almeida Lima (PDT) ainda não fez o pronunciamento bombástico contra a administração Marcelo Deda. Seria ontem, mas a bomba deu xabu… Almeida Lima revelou que vai se inscrever na próxima semana e possivelmente entre quarta e quinta feiras joga lama no ventilador. MUDANÇAS Segundo um influente auxiliar do Governo, todos já sabem que a partir de janeiro ou fevereiro, o governador João Alves Filho fará mudanças profundas na equipe. Trata-se de um ano eleitoral e o Governo precisa azeitar a máquina para enfrentar um páreo duro na disputa pela Prefeitura de Aracaju, sem abandonar os demais municípios. RELATÓRIO O governador João Alves Filho (PFL) não chegou a ler o relatório enviado para ele pelo fugitivo Floro Calheiros: “não dou ousadia a bandido”. Disse que mandou o material para a Procuradoria Geral do Estado. Quanto a Luiz Mendonça garante que ele continua prestigiadíssimo. FÁBRICA O empresário Ricardo Franco vai voltar a residir em Recife, onde cuidará da instalação de uma fábrica de cerveja, que estava projetada para Propriá. Segundo uma fonte bem informada, a cervejaria só não foi instalada em Sergipe, porque não houve incentivo do Governo. BISCOITO O Grupo Empresarial liderado pelo ex-governador Albano Franco também vai instalar uma outra fábrica: a de biscoitos em Laranjeiras. A fábrica de cerveja, entretanto, tem prioridade e está começando a ser construída. O produto ainda não tem marca. POLÍTICA Quanto aos contatos políticos, o governador Albano Franco revelou que está apenas visitando amigos e tentando manter o PSDB em boa posição. Embora se mantenha discreto nesta área, foi Albano Franco que influenciou a permanência do deputado federal Bosco Costa no ninho tucano. COMISSÃO Membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB vão participar das declarações que o secretário de Segurança, Luiz Mendonça, prestará na Assembléia Legislativa. O pessoal terá direito à voz. A decisão foi tomada ontem, durante reunião realizada na OAB, com a participação de deputados. JUSTIFICA Os deputados querem que o secretário Luiz Mendonça justifique a fuga de Floro Calheiros e diga porque não puniu os responsáveis. Vai também querer saber das medidas adotadas para punir os assassinos de uma mulher de 92 anos em Boquim e como vai extirpar a banda podre existente na polícia. PROVIDÊNCIAS O pessoal já disse que não vai aceitar saídas evasivas, porque precisam de dados concretos para ver como a Polícia de Sergipe está funcionando. Caso Luiz Mendonça não explique nada disso, os problemas serão levados para a Comissão Nacional dos Direitos Humanos e Ministério Público. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado foi escolhido, por unanimidade, coordenador da bancada federal para as emendas do orçamento. Na próxima semana já está marcada uma nova reunião, quando será iniciada as discussões para as prioridades das emendas coletivas. Notas SUSANA A deputada estadual Susana Azevedo (PPS) tem trabalhado muito na periferia de Aracaju, como se estivesse em campanha. Ela é candidata à Prefeitura pelo seu partido e diz que está animada com a receptividade que vem obtendo: “afinal seria a primeira mulher comandando Aracaju”, argumenta. Na próxima sexta-feira, com a presença do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, o partido fará uma convenção e o nome de Susana Azevedo será lançado como pré-candidata e iniciará a campanha. CHUVA Uma frente fria que chegou na Bahia, também atingiu o litoral sergipano e Aracaju passou o dia embaixo de água. Uma coisa fica clara: as chuvas na capital são prenúncio de sofrimento para quem mora nas periferias, porque não há escoamento das águas e tudo fica absolutamente inundado. O centro de Aracaju também sofre com um problema que já ultrapassou a dezenas de administrações. Está na hora de algum prefeito (ou futuro) cuidar da infra-estrutura urbana, para que a chuva não seja um drama. BANESE O deputado Francisco Gualberto disse, ontem, que não acredita na tentativa de privatização dos bancos oficiais, por parte do Governo Federal. Para ele, as declarações do ministro José Dirceu, na semana passada, foram mal interpretadas pela oposição ao Governo Federal. Acha que o Banese não foi inserido. Segundo Francisco Gualberto, o que o ministro José Dirceu declarou é que os bancos que estão, atualmente, sob intervenção do Governo Federal. Mesmo assim nenhuma decisão foi tomada pelo Governo Lula. É fogo O deputado Belivaldo Chagas diz que não comenta mais a CPI do Fundef, que foi abortada: “não sou médico para estar receitando defunto”. O deputado Gilmar Carvalho apresentou projeto de lei impedindo a comercialização, em Sergipe, de produtos geneticamente modificados. A CPI da Telemar deve ser ligada e o presidente da comissão, deputado Augusto Bezerra (PMDB) vai começar a convidar os primeiros depoentes. Os funcionários do Banese começam a se preocupar com esse início de surf sobre as ondas da privatização. Os jornalistas vão dispostos às perguntas mais complicadas ao secretário Luiz Mendonça, no café da manhã de terça-feira. O pessoal vai cobrar muita coisa da Secretaria de Segurança. Querem saber do caso Floro e da violência que aflora em Sergipe. As chuvas que estão caindo em Aracaju não são uma invernada que anime o sertão. Será passageira e deixará rastros na periferia. O governador João Alves Filho retorna a Brasília na próxima semana, para dar continuidade ao trabalho junto aos senadores, para fortalecer as mudanças na reforma Tributária. O ex-prefeito de Pacatuba, Luiz Carlos Santos trocou o PSDB pelo PFL e vai tentar retornar à Prefeitura. O comércio começa a se preparar para as vendas de final de ano e os lojistas pretendem fazer uma grande campanha para movimentar o centro. O grande problema do centro comercial de Aracaju ainda é o estacionamento com seus parquímetros. A quem interessa essa máquina de fazer dinheiro? O deputado estadual Gilmar Carvalho continua muito animado com o seu trabalho no PV e a pré-candidatura à Prefeitura de Aracaju. A oposição em Sergipe, entretanto, não parece preocupada com o pleito. Considera que tem melhores quadros para disputar ou se manter na Prefeitura. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br