Árvores dividem mão e contramão em ruas ainda sem calçamento |
A Vila Operária da Passagem fica situada no município de Neópolis (SE), a poucos 119km da capital Aracaju, às margens do rio São Francisco. Trata-se de um complexo residencial para os operários da fábrica de tecidos Peixoto Gonçalves & CIA LTDA, fundada em 1907, e que até hoje mantém tradições e regras próprias. Vale a pena fazer uma visita em busca dessas tradições, conversar com seus moradores e clicar as casas pintadas em branco e azul.
Cinema, igreja, salão social, clube de festas, campo de futebol, creche e outros serviços para ser ali um povoamento com serviços próprios e independente. Assim é a Vila Operária da Passagem, fruto do empreendedorismo e visão de futuro da família Peixoto, empresários alagoanos que além de construir o empreendimento em solo sergipano, em 1907, também empreenderam alguns dos patrimônios econômicos e sociais em municípios alagoanos, a exemplo do hotel São Francisco, em Penedo.
Praça principal homenageia família Gonçalves |
Seus mais de 900 moradores residentes em casinhas enfileiras pitadas de branco e com detalhares em azul, que remontam às cores do município e da fábrica, são funcionários, filhos, netos ou pais de operários da fábrica de tecidos Peixoto Gonçalves & CIA, até hoje em funcionamento.
A localidade não tem tradição nem infraestrutura a contento, turisticamente falando, mas as histórias e a arquitetura urbanística fazem como que a Vila Operária sejam um forte apelo para visitá-la.
Tranquilidade no povoado |
Pertinho do rio São Francisco, localizada no município de Neópolis, à frente da histórica Penedo (AL) e ao lado da Prainha da Saúde e da cidade de Santana do São Francisco – polo e entreposto de artesanatos e objetos de barro – quem visita a Passagem parece que observa um povoado que parou no tempo.
Poucos moradores nas ruas, alguns deles sentados à porta de casa, animais pastando livremente, morador tirando uma soneca em baixo da frondosa amendoeira. A igreja ao centro, e a partir dela, ruas que muitas nem chegaram a ganhar pavimentação, fazem do bucolismo local uma atração. Uma venda de produtos de cosméticos, bodega aos moldes de antigamente, árvores dividindo a mão dupla das ruas.
Antigo cinema da comunidade |
Descrever a Vila Operária da Paisagem é um modo de socializar um passado que Dona Luiza (84), mãe de 11 filhos e uma das moradoras mais antigas da localidade. Na casa 26 ela viu crescer todos os filhos para depois ganharem o mundo. Filha de pais operários da fábrica, também trabalhou lá e uma de suas filhas trabalha até hoje, o que garante que a casa continue a ser habitada pela família. “Só pode ser morador quem tem familiares na fábrica”, explica.
Ela lembra com muito respeito e saudosismo das festas, eventos e prédios construídos no povoado e diz que ali viverá sempre. “Nunca sairia daqui. Tenho filhos em São Paulo, em Aracaju, mas aqui é que viverei até o final”.
Dona Luiza |
Quase que vizinha a ela mora a telefonista da fábrica, Edinéia da Silva, que para completar a rende, vende produtos de cosmético como consultora. Por conta disso, a casa vive sempre cheia de vizinhos em busca dos famosos produtos de beleza.
Dia de festa – Em dia de jogo, a Passagem recebe moradores de toda a região graças ao título que o pequeno estádio ostenta em ser o melhor de todo o Baixo São Francisco. As arquibancadas ficam pequenas e o vilarejo em festa, bem como em dias de Desfile Cívico, aniversário da fábrica e festas santas em homenagem ao padroeiro …
Telefonista da fábrica de tecidos, Edinéia da Silva |
Conta o estudioso do Baixo São Francisco, Luiz (Lulinha) que todas as imagens sacras da igreja são portuguesas trazidas pelo engenheiro da família Peixoto que arquitetou a vila. De grande beleza e com respeito que merece a construção secular, a igreja é também o centro social onde acontecem, com orgulho dos moradores, os casamentos e batizados em dia de festa. Com festa ou sem festa, a tranquilidade da Vila Operária da Passagem, com suas casinhas brancas e janelas azuis, são um forte apelo para que o turismo aporte o quanto antes por ali. Vale a pena conhecê-la.
Igrejinhas com imagens de Portugal |
Dicas de viagem
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Caso queira se hospedar-se na região, a dica é o Privê Rio Belo localizado a 7km depois de Neópolis, no sentido Betume. Há uma placa indicado a esquerda o estabelecimento. As diárias com café da manhã para duas pessoas variam de R$ 200 a R$ 400, a depender se é chalé completo acoplado para duas pessoas ou para cinco pessoas. As reservas podem ser feitas diretamente no site do estabelecimento http://priveriobelo.com.br/ ou através dos telefones (+55 79) 99902 0005 / 99972 3925 / (82) 98176-9004 priveriobelo@gmail.com.
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É permitido ao hóspede levar sua própria bebida e comida, a ser consumida nas instalações dos chalés.
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Casas branca e azul Há passeios no catamarã Olímpio Tour até a prainha Rio Belo e panorâmica pelas cidades ribeirinhas partindo do Privê com, no mínimo, 20 tripulantes e custa R$ 50. Há também a opção de só realizar o passeio até a praia ao custo de R$ 30. A consumação é a parte e dispõe de um cardápio com um bom custo/ benefício, a exemplo de refrigerantes e cervejas no valor de R$ 4 e pratos que variam de R$ 5 a R$ 20.
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Soneca Varal colorido Comunicação e transporte Tranquilidade Também é oferecido uma lancha para, no máximo, dez pessoas, alugada por R$ 1200 e que vai até a foz do São Francisco. É permitido o turista levar sua própria bebida.
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O passeio pode ser consultado através dos telefones 79 99823 -9662. Grupos terão valores e negociações especiais.
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Não deixe de conhecer também alguns atrativos da sede municipal, em Neópolis, como as Igrejas de Nossa Senhora do Rosário e de Santo Antônio, localizadas na praça central, a casa onde Maurício de Nassau morou por três meses e o mirante de Padre Cícero, onde se tem uma vista privilegiada da região do rio São Francisco com panorâmica da Vila Operária.
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Beleza Vila de operários Há também passeios terrestres para as praias fluviais de Piaçabuçu (AL), Foz do São Francisco por Brejo Grande (SE), city tour por Neópolis e Santana do São Francisco (SE). Consultar a recepção
Vila -
do Privê.
Gastroterapia
Guisado de carneiro ou escondidinho de charque? Um café da manhã para dar sustança e se energizar para conhecer o dia a dia dos ribeirinhos no Baixo São Francisco. Mas se preferir, gentilmente a equipe do Privê disponibiliza tapioquinhas de queijo coalho, cuscuz de milho feito na hora, bolos, pães e sucos. Na hora do almoço, não titubeie em solicitar o cardápio e escolha os frutos do São Francisco como ingredientes. Afinal, estar ao seu leito e não degustá-los em todos os seus sentidos é como ir à Bahia e não desfrutar das comidinhas baianas. A dica é o robalo ao camarão ou o surubim ao camarão, um dos carros-chefes da cozinha Riobelense, mas também há o salmão com ervas, entre outros pratos que podem ser individuais ou para até três pessoas.
O ensopado do robalo com camarão acompanha a farofinha d’água são-franciscana, com molho vinagrete, arroz e, se preferir, solicite outros acompanhamentos. Com gosto apurado dos temperos verdes e do coco, o ensopado pode ser pedido sem pestanejar. Há também uma carta de sobremesas que não deve ser desprezada como o pudim de coco com frutas da terra e a mousse de maracujá com geleia.
Surubim em posta do Privê Rio Belo |
Catadinho de charque |
Ensopado de carneiro |
*Viagem realizada a convite do Privê Rio Belo e Catamarã Olímpio Tour
Fotos: Silvio Oliveira