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Atalaia dos anos 70 |
Você sabia que o maior cartão-postal de Aracaju foi um pequeno vilarejo longe do centro da Capital e que lá estava instalado um mirante para avistar embarcações? A praia do Atalaia ou praia da Atalaia tem uma história bem interesse e é lá onde se concentra um dos principais polos de interesse turístico da capital e produto turístico de Sergipe. De mirante “Atalaia do Cotinguiba” a vilarejo de pescadores, de farol do Atalaia a região mais turística da cidade, o bairro Atalaia é um dos que mais cresce e se verticaliza na atualidade, possuindo bons restaurantes, rede hoteleira, agências de viagens e uma das orlas mais estruturadas do Brasil.
O Tô no Mundo faz um passeio pela origem do nome da praia e mostra como a construção da orla à beira-mar é considerada um dos principais indutores de turistas para Sergipe.
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Monumentos, lagos, calçadões, aparelhos de ginástica e de lazer, melhor rede hoteleira do estado, nada tem a ver com a Atalaia de outrora. Conta a história que o topônimo (nome de um lugar) Atalaia remete a pessoa que ficava a postos em um mirante a observar as embarcações que entravam e saiam na denominada barra do rio Cotinguiba. Nos idos de 1848 um “atalaia” (homem) ficava de espreita, de guarda e de guarida em uma plataforma coberta, visualizando um local ainda ermo, sem atrações e com um mar que sem ele prever seria um dos principais atrativos da localidade. Daí o nome de mirante do “Atalaia do Cotinguiba”.
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Antigo cartão-postal da praça da Atalaia |
Em 1854, por necessidade de resguardar a segurança da localidade, o presidente da Província de Sergipe, Inácio Barbosa, remeteu ao Governo Geral uma planta com o orçamento para construção de um farol na foz e margem direita do rio Cotinguiba.
Em 1860, foi encomendada da Inglaterra uma lanterna e acessórios para serem colocados em uma torre de madeira que servia de sentinela no mirante do Atalaia do Cotinguiba. A lanterna foi instalada em 17 de janeiro de 1861, sendo inaugurada no dia 12 de outubro do mesmo ano.
Em 1881, a atalaia de “madeira pintada de preto” ameaçou ruir. O diretor de Faróis, capitão-tenente Pedro Benjamim Lima, solicitou a substituição por uma torre de cantaria ou alvenaria com 25 metros de altura. O pedido não foi atendido.
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Atalaia na transição dos anos 80 para 90 |
Em 27 de março de 1884, um incêndio consumiu o mirante de madeira. No mesmo ano foi providenciada uma torre provisória que funcionou até 1886, quando teve início a construção de uma torre metálica que receberia um aparelho luminoso, ambos (ferro e equipamentos) oriundos da França. A nova estrutura foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1888, denominada de Farol da Atalaia, hoje fincado no bairro da Farolândia.
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“O farol consistia numa torre metálica de forma troncônica sob esteios de rosca (sistema Mitchel), tendo na base a casa dos faroleiros e no cume um aparelho lenticular que utilizava o querosene como fonte de energia. A luz branca cintilante poderia ser vista a 17 milhas da costa em tempo claro”, conta os pesquisadores Amâncio Cardoso e de Francisco José Alves no texto “Memorial da Atalaia”.
Aos poucos, a região paradisíaca do final do século XIX transformava-se numa povoação de casas de palhas de pescadores, lavradores, colhedores de coco, vendedores de beijus das feiras da Aracaju de outrora, que atravessavam de barco o rio Poxim para chegar na região mais central.
É somente a partir da década de 1930 que a bucólica Atalaia se transforma em frequentado balneário, e muitos afortunados da época passaram a construir suas casas na localidade para veranear.
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Com as mudanças econômicas e culturais das décadas de 50 e 60, além da considerada transformação social do hábito de tomar banho de mar na cura das enfermidades para somente banhar-se por lazer e diversão, a região litorânea passa a ser mais valorizada e frequentada. Essa mudança de hábito ocorria em todo o mundo, não somente na pequena atalaia de outrora; e o que antes eram pontos de convergência de cidadãos querendo a cura de seus males, transformava-se em um grande ponto de convergência de pessoas procurando a balneabilidade por lazer.
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A praça Alcebíades Paes, localizada ao centro do povoado da Atalaia, atraiu habitantes nas primeiras décadas do século XX e infraestrutura para mantê-los não veraneando, mas morando na localidade. Nesse local, o governo de Sergipe construiu o Palácio de Veraneio projetado pelo arquiteto alemão Altanech, que se estabeleceu em Aracaju e construiu diversas casas, mudando a face do pequeno povoado e até da cidade de Aracaju.
Uma construção de uma ponte velha de madeira sobre o rio Poxim, que futuramente daria estrutura para a construção da ponte que é hoje, na região do Parque dos Cajueiros, encurtou as distâncias e favoreceu a elite econômica, que tinha transporte, a iniciar também o processo de povoamento do povoado para transfigura-lo como o bairro Atalaia.
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Só em 1954 que o povoado Atalaia, de sob jurisdição de São Cristóvão, passa a pertencer a Aracaju. A estrada e a ponte aquecem cada vez mais o balneário de veranistas e logo o que era um povoado de pescadores se transforma em um bairro de Aracaju, com relativa infraestrutura urbana.
Nos anos 70 e 80, a expansão urbana se deu por conta da instalação do Tecarmo – Terminal Marítimo de Carmópolis, além dos conjuntos habitacionais Beira-Mar e Santa Tereza. O loteamento Aruana e a Coroa do Meio vieram depois e são marcos também para a habitação do bairro Atalaia. Em 1977, a construção da ponte Godofredo Diniz foi erguida cortando o rio Sergipe para encurtar a distância de chegada do Centro para a Atalaia por um novo bairro a surgir na época, o bairro Coroa do Meio.
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Entre os finais do século XX e início do século XXI, a Atalaia movimenta a construção civil com o aporte de hotéis, restaurantes, reurbanização de ruas e construção da orla, hoje considerada a principal área pública de lazer, tanto de sergipanos quanto de turistas.
O mirante do Atalaia deu lugar a outros equipamentos: à região dos Lagos, os monumentos dos Descobridores do Brasil, Passarela do Caranguejo, além da urbanização mais proveniente por conta da zona de expansão de Aracaju, já que o povoado Atalaia iniciava na margem do rio Poxim e ia até a desembocadura do rio Vaza-Barris.
Do Oceanário do Tamar a hotéis estrelados, de restaurantes com cozinha criativa internacional à regional, a Atalaia passa de reduto de pescadores à atração turística de Sergipe. Eis um bom motivo para conhecê-la.
Fonte principal: “Memorial da Atalaia”, artigo publicado no Jornal da Cidade de autoria dos pesquisadores Amâncio Cardoso (professor dos cursos de Turismo do IFS e sócio do IHGS) e de Francisco José Alves (professor do Departamento de História da UFS e sócio do IHGS).
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Especulação imobiliária cresce |
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Portal de entrada da Atalaia |
Fotos: Domínio público/ Internet/ acervo sergipeantigo.com.br. Atuais: Silvio Oliveira
Contato: silviooliveira@infonet.com.br
Face: @tonomundo
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Rede hoteleira e infraestrutura |
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Passarela do Caranguejo |