Pré-Caju e política

O Pré-Caju, uma prévia carnavalesca que se tornou uma das maiores atrações turísticas de Sergipe, agita a população de Aracaju – e de outras cidades do estado e do país – há exatos 13 anos. Começou tímido, com dois pequenos blocos, que percorriam a orla, invadiam a avenida Beira Mar e terminavam em uma concentração na área externa do Augustu’s. Não durava cinco horas e parecia brincadeira de um menino que tinha tendência para empresariar shows para a juventude. Cinco anos depois o que era brincadeira foi se transformando em coisa séria, bem organizada e administrada como se fosse uma empresa, sem perder as características da espontaneidade, da alegria de um carnaval fora de época, que fez atravessar as fronteiras da cidade e invadir outras capitais.

 

Não se pode negar que a maioria das pessoas que freqüenta o Pré-Caju desde o seu início, sente saudades do período em que ele acontecia na avenida Beira Mar, com início na praça da Bandeira. Era um percurso extenso que, por exigência das bandas, passou a sair do Iate Clube, agitando uma das áreas mais importantes de Aracaju. Havia o charme do corredor da folia e tantas outras vantagens, que seria bom analisar se não merece um estudo para que se encontre uma forma de trazer a festa para um local que tivesse o mesmo espaço da avenida. Há uma certa unanimidade de que a forma encontrada para promover a prévia carnavalesca no mercado, não agradou aos foliões e nem a muitas pessoas que todos os anos dedicam quatro dias de lazer a essa agitação que lota hotéis, cria empregos diretos e indiretos, mobiliza a economia informal e eleva o turismo estadual.

 

Ao lado do São João, o Pré-Caju é a festa que marca turisticamente a capital sergipana…

 

Mas, enquanto a folia rola solta nas ruas a política embala os bastidores dos camarotes. Há vários anos que a prévia carnavalesca serve para as primeiras conversas sobre disputas eleitorais e expõe pretensos candidatos a cargos majoritários e proporcionais. O Pré-Caju de 1996 foi marcante na sucessão municipal. Vários nomes pretendiam a Prefeitura de Aracaju e disputavam o apoio de Jackson Barreto. Um deles foi o então deputado federal Bosco França, que se aliou a Jackson e imaginou que teria o seu apoio para a Prefeitura de Aracaju. Jackson ficou ao lado de França, inclusive no Pré-Caju, onde fez ponto no seu camarote, jogando milhares de copos de água mineral para a população. Foi uma loucura! Logo depois Jackson abandonou Bosco e apoiou João Augusto Gama: uma surpresa que provocou o rompimento e a inimizade do ex-deputado.

 

Em 1998, o então governador Albano Franco tentava a reeleição e estava no Pré-Caju certo de que manteria o entendimento com João Alves Filho (PFL), que indicaria o vice e trabalhariam juntos. Também não aconteceu: numa ação que pegou todo mundo de surpresa e deixou a sociedade sergipana perplexa, Albano Franco se uniu ao grupo de Jackson Barreto e o teve como companheiro de chapa ao Senado Federal. Mudava a história que separava dois adversários ferrenhos. A jogada valeu a Jackson a derrota e a vitória de Maria do Carmo Alves ao Senado. Foi uma resposta das urnas a um acordo mal feito. João Alves Filho, que não seria candidato, foi para a disputa e levou o pleito para o segundo turno. Em 2002, também no Pré-Caju, aconteceu um tumulto político. O governador Albano Franco chegou a vestir a camisa do seu vice-governador, Benedito Figueiredo, como candidato à sucessão. A confusão foi tamanha que o camarote quase vinha abaixo, provocando pânico por alguns minutos. Enquanto isso, praticamente só em um camarote, João Alves Filho dava pequenos acenos para a multidão, tendo ao seu lado apenas o técnico Norman de Oliveira.

 

Resultado: o candidato de Albano Franco foi primeiro Bosco Costa e depois Francisco Rollemberg. Enfrentaria João Alves Filho e José Eduardo Dutra. Deu o que está aí: João governador, Benedito, José Eduardo, Albano Franco e Francisco Rollemberg sem mandatos, esperando por 2006, onde Marcelo Déda e João Alves devem se enfrentar, o que já é assunto para o próximo Pré-Caju.

 

E assim é o Pré-Caju. Uma bagunça organizada que agita a multidão, mexe com a política e faz a história do Estado. Essa festa, não vai acabar…

 

 

VALADARES

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) disse, ontem, que assumiu compromisso, nas eleições municipais de 2002, sobre a sucessão estadual em 2006.

“O prefeito Marcelo Déda (PT) sendo candidato a governador, todos nós que integramos o bloco de oposição, vamos apóiá-lo”, afirmou.

 

PREOCUPAÇÃO

Valadares diz que, neste momento, o prefeito Marcelo Déda está mais preocupado em realizar uma administração eficiente, em continuidade à que realizou no primeiro mandato.

“Entretanto, se sair para disputar o Governo será um bom candidato”, diz Valadares, acrescentando que ele “é a bola da vez e está afinado com o Palácio do Planalto”.

 

RAZÕES

O senador Antônio Carlos Valadares acha que o seu nome está surgindo por várias razões: “uma delas é de conturbar o processo das oposições”.

Admite, também, “alguns amigos têm simpatia por meu nome para o Governo, mas não deixarão de votar em Déda caso ele se candidate”.

 

ACESSO

Uma liderança do interior, vinculada à oposição, disse que o prefeito Marcelo Déda é de difícil acesso, se comunica pouco individualmente, apesar de ser bom no discurso.

Para a fonte, o senador Antônio Carlos Valadares sempre foi mais aberto às lideranças interioranas e tem, reconhecidamente, melhor jogo de cintura.

 

RETORNO

O governador João Alves Filho (PFL) retorna de sua viagem ao exterior no dia 25 e inicia imediatamente contatos políticos com parlamentares.

Ele vai trabalhar a formação da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa com cuidado, pra evitar surpresas. João é experiente nessa área.

 

POLÍTICA

Depois do carnaval o governador João Alves Filho reiniciará suas atividades políticas, para fortalecimento do seu grupo e preparando as bases para mais um mandato.

O pessoal de marketing já tem elaborado um projeto que será seguido pelo governador, além do seu trabalho pessoal na conversa com lideranças do interior e da capital. 

 

CHUVAS

Choveu bem em todo o Estado, na madrugada de ontem e animou os sertanejos. De Tobias Barreto a Canindé do São Francisco foi um temporal só.

As chuvas, com trovoadas, minimizaram o receio de seca este ano e a Defesa Civil vai fazer avaliação da necessidade do funcionamento de caminhões pipas.

 

GRANIZO

Na região de Carira houve chuva de granizo e provocou alguns danos em poucas casas, já atendidas pelo pessoal da Defesa Civil.

Em Aracaju, rajadas de vento de até 70 km destelharam prédios no Conjunto Santa Lúcia. O portão do cemitério Colina da Saudade voou.

 

TUDO BEM

O deputado federal João Fontes (PDT) está em lua de mel com o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda. Quinta-feira, Déda reconheceu que Fontes foi o deputado que mais trabalhou para a prefeitura.

O deputado retribuiu o reconhecimento e disse que “Déda é um prefeito sério e sem conluio com o setor privado”. Causou ciúme a Jackson Barreto, que assistiu a troca de afagos.

 

CORDIAL

Também na quinta-feira, Marcelo Déda revelou que tem uma relação cordial e respeitosa com o governador João Alves Filho (PFL).

Reconheceu que João Alves era um homem fino e que socialmente se dão bem, inclusive com brincadeiras entre ambos, embora mantenham as divergências políticas.

 

VIOLÊNCIA

Continua a violência em Aracaju e não se tem notícia de um plano da Secretaria de Segurança para frear a ação dos marginais.

Os assaltantes descobriram agora a fragilidade dos bares e restaurantes, que passaram a ser alvo principal. Uma pizzaria na Coroa do Meio foi assaltada.

 

FRANCO

Um grupo político do PPS está pensando em defender o nome do prefeito de Socorro, José Franco, para um mandato majoritário em 2006.

O prefeito tem popularidade, mas precisa de um intenso trabalho de marketing para dar-lhe uma postura de candidato majoritário em uma chapa estadual.

 

DETRAN

São fortes os comentários de que o ex-prefeito César Mandarino assumirá o Detran a partir de março. O atual diretor, Itibira, vai ocupar um cargo no Tribunal de Contas.

Ontem, um diretor do Detran informou que Mandarino não deseja o Detran. Quer ocupar uma Secretaria de Estado.

 

DOCUMENTOS

O ex-governador Albano Franco (PSDB) explicou ontem que não guarda a documentação do partido. Toda ela está com o deputado Bosco Costa, que é o presidente regional.

Albano diz que Bosco é um político cordato e que saberá tomar a atitude que for necessária, caso seja preciso,

 

 

Notas

 

SALÁRIO

O deputado Mardoqeu Bodano (PL) defende um salário mínimo de R$ 500,00, que não seria justo, “mas pelo menos daria mais dignidade ao trabalhador, que já não agüenta mais tanto arrocho salarial”. Bodano diz que o salário de 300 reais não dá para suprir as necessidades do trabalhador brasileiro.

Bodano defende que o Governo Federal reduza os gastos públicos e não remeta pra o FMI todas as riquezas produzidas no Brasil. Acha que com um pouco de boa vontade o governo poderia dar melhores salários.


PASSAGEM

Segundo o Setransp reajustar tarifa dos transportes não é o melhor meio para repor as perdas, mas torna-se o único jeito, porque propostas para baratear o sistema, defendidas tanto pelo setor público como pelas empresas, continuam somente em nível de discussão e não se coloca em prática imediatamente.

Entre as medidas, estão aquelas que podem ser tomadas na esfera municipal, como combate mais efetivo ao transporte clandestino, à gratuidade, à fraude na venda do passe escolar e uma revisão na cobrança de impostos ao setor.

 

PREÇOS

A direção do Setransp, o atual valor de R$ 1,30, que passou a ser praticado no início de 2003, já nasceu defasado. A tarifa técnica calculada na época, com base numa lei municipal que define os critérios de estabelecimento do valor a passagem era de R$ 1,45 e há uma necessidade de recuperar danos.

Além disso, a passagem de R$ 1,30 gera uma tarifa real média por passageiro de R$ 1,13, uma perda de R$ 0,17, base outubro, que quando multiplicado pelo passageiro pagante ocasionou uma perda de R$ 9.830.843,64.

 

 

É fogo

 

As fortes chuvas que caíram na madrugada de ontem em Aracaju reduziram a animação do Pré-Caju, embora não houvesse nenhum problema.

 

Segundo Fabiano Oliveira, a estrutura montada suportou bem as chuvas. Houve apenas um pequeno problema no PlanetAju, imediatamente resolvido.

 

O ex-governador Albano Franco (PSDB) participou ontem do Pré-Caju e levou alguns amigos do Rio de Janeiro.

 

O prefeito Marcelo Déda (PT) também desfilou ontem, acompanhando a banda Chiclete com Banana, como faz todos os anos.

 

O comercio amargou sério prejuízo ontem, com a decretação de ponto facultativo para os servidores públicos.

 

O deputado federal José Carlos Machado (PFL) já está em Aracaju. Repousa de um tratamento a lazer para um problema de coluna.

 

Na próxima segunda-feira começa, para valer, as conversas para eleição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa.

 

Como o governador João Alves Filho ainda está viajando, os contatos sobre a Mesa Diretora serão mais fortes a partir do seu retorno a Aracaju.

 

Prefeitos de vários municípios querem agilidade de deputados e vereadores na liberação de recursos das emendas orçamentárias.

 

A maioria dos prefeitos que tomou posse em primeiro de janeiro está atarefada em arruma as casas, principalmente o setor financeiro.

 

O vereador Vinícios Porto (PFL) tem mantido contatos com lideranças comunitárias que trabalharam em sua campanha.

 

Uma liminar obtida na 2ª Vara Federal de Itajaí (SC) proibiu a Brasil Telecom de cobrar assinaturas básicas de seus clientes em toda a sua área de cobertura.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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