O prefeito Marcelo Déda (PT), candidato à reeleição, em nenhum momento, pelo menos até agora, declarou que cumprirá todo o mandato. Sempre se adubou a informação de que ele ficará à frente da Prefeitura, em caso de ganhar as eleições, até o dia 30 de abril de 2006. São 16 meses apenas. Desincompatibiliza-se e está livre para disputar o Governo de Sergipe, provavelmente com o governador João Alves Filho (PFL), que tentará a reeleição e poderá ficar mais quatro anos à frente do Estado. Todos já sabem que, no afastamento de Déda, o prefeito passa a ser o seu vice, Edvaldo Nogueira, que permanecerá como titular do mandato por 32 meses, sem direito à reeleição. Isso é hipótese que tem tudo para se transformar em fato.
Embora não se refira a possível disputa pelo Governo do Estado em 2006, o prefeito Marcelo Déda deixa isso nas entrelinhas, quando faz pronunciamentos nos comícios: “a nossa vitória significa a caminhada para um projeto maior”. Esse “projeto maior” citado pelo prefeito, não pode ser uma candidatura em 2008 para a sucessão estadual. Certamente será mais presente e tudo indica que vai tentar o Governo já nas eleições de 2006. A oposição, inclusive, tem discurso pronto para isso. Vai mostrar que o prefeito está na disputa apenas para eleger Edvaldo Nogueira (PCdoB) prefeito de Aracaju, porque Déda dará o salto maior de disputar o mandato de governador. Tudo isso para forçar o prefeito a se comprometer com o eleitorado, de que ficará à frente da Prefeitura até o final do mandato.
Os aliados políticos do prefeito Marcelo Déda, entretanto, não escondem, em suas reuniões partidária, que ele vai disputar as eleições majoritárias de 2006 e está no rumo do Palácio dos Despachos. Um dos políticos mais ouriçados e próximo ao prefeito, não tem a menor dúvida de que todos já estão na luta pela conquista do Governo. Fala em renovação, refere-se ao fim de um ciclo que vem desde 1982 e sugere que o governador João Alves Filho não será eleito pela quarta vez. Não é isso que o grupo que está no comando do Estado imagina, mas também se prepara para essa possibilidade de enfrentar o prefeito em 2006, embora não há sinal de qualquer trabalho para fazê-lo desviar dessa rota. O Governo não entrou para valer na campanha a prefeito, tanto que não existe qualquer entusiasmo dos seus auxiliares diretos por uma candidatura à Prefeitura da Capital.
Dentro do diretório do Partido dos Trabalhadores e na opinião de outras lideranças petistas que não integram a tendência Articulação, hoje liderada pelo prefeito, o melhor nome para disputar o Governo do Estado não é o de Marcelo Déda, mas do presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT). Acreditam que haverá um desgaste dentro do partido, caso o prefeito não cumpra o seu mandato integralmente, porque cometerá dois pecados: O de passar a Prefeitura para outro partido e de não ter sido correto com a sociedade, que vai elegê-lo para ficar à frente da capital por mais quatro anos. Um membro do diretório afirmou que seria muito triste ver o PT descumprir uma atribuição que o povo lhe concedeu e até acredita que Déda não seria capaz disso.
Há indícios de que setores do Governo do Estado, integrantes do PFL, já tenham percebido essa tendência a favor da candidatura do presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra. Nota-se, claramente, que ninguém mexe no prefeito Marcelo Déda, suscitando até uma suspeita de acordo de cavalheiros para esse pleito municipal. Entretanto, nenhuma crítica é poupada ao ex-senador José Eduardo Dutra, eternamente acusado de não corresponder ao que Sergipe fez por ele. Recentemente houve o episódio da refinaria e constantemente se registram críticas de parcialidade de Dutra em relação à participação da Petrobrás em Sergipe, que seria apenas para ajudar a municípios do partido do seu presidente. Pode haver até exagero na unanimidade dessa ativa defesa dos interesses do PT em Sergipe, mas há indícios de que, quem não é PT, se ajuda muito menos ou quase nada.
Dentro da atual frente de oposição no Estado, também tem liderança de olho em 2006. Certamente será um dos pleitos mais difíceis para deputado federal e senador. Ao lado de Déda tem dois nomes que desejam o Senado Federal. Um deles já conversa nos bastidores que não dará tudo ao Partido dos Trabalhadores e que os petistas precisam entender que uma boa composição tem mão e contra-mão. Em política a mão única nunca deu resultado, porque sempre termina isolando algumas pessoas ou toda um legenda, para sufragar apenas membros de uma sigla só. As eleições para a Prefeitura serão um quadro primário do que será 2006 e o prefeito Marcelo Déda pode chegar à Prefeitura, já com um projeto maior bem traçado.
METADE
O senador José Almeida Lima (ainda PDT) já está com a metade do corpo no PSDB. Para entrar o resto, falta apenas uma conversa com o ex-governador Albano Franco (PSDB).
Almeida já jantou com o presidente nacional do partido, José Serra, em São Paulo, e já está definido o seu ingresso no ninho tucano.
AGENDA
Segundo uma fonte vinculada ao senador, o encontro com o ex-governador está dependendo de uma conversa com o presidente regional do PSDB, deputado Bosco Costa.
Albano já está informado disso e também espera conversar com Almeida ainda esta semana. Ele não deixará o tucanato.
E O PDT?
A mesma fonte diz que o senador Almeida Lima não pretende manter o comando do PDT em Sergipe, porque não correto esse procedimento.
Um bom grupo do PDT também pode se transferir para o PSDB, mas o vereador Vovô Monteiro pensa em permanecer no partido e comandá-lo em Sergipe.
BELIVALDO
O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) disse que não tem nenhuma intenção de manter qualquer inimizade com o seu colega Ulices Andrade (PSD). “Quero a união das oposições”, disse Belivaldo.
Belivaldo confirmou que ficou chateado com o resultado da votação do PEC, mas não com que votou no projeto enviado pelo Governo.
TRABALHO
O deputado Belivaldo Chagas reconhece que a votação do PEC era o momento da oposição dar um certo trabalho ao Governo do Estado.
Explica: “O Governo precisava de 15 votos para aprovação e tem esse número na bancada, teria que trabalhar muito para não acontecer nada com seus parlamentares”.
CAMPANHA
O ex-prefeito João Augusto Gama (PTB) está participando ativamente da campanha de reeleição do prefeito Marcelo Déda (PT), inclusive fazendo panfletagem.
Gama acha que a campanha em Aracaju está fria, porque há um indicativo de vitória do prefeito Marcelo Déda no primeiro turno.
BLITZ
Reconhecido em uma blitz quando foi parado, o ex-prefeito perguntou a dois soldados que conversavam com ele: “E as eleições para prefeito?”
Ouviu uma resposta que lhe fez sorrir: “vamos votar em Marcelo Déda para prefeito e para governador”.
CONFIRMA
Um político experiente confirma que, neste momento, a tendência é que o prefeito Marcelo Déda seja eleito no primeiro turno, caso se mantenha na posição que está.
Acha que tudo depende dos demais candidatos e lembra que o próprio Déda estava perdendo feio para o senador Valadares em 2000 e ganhou no primeiro turno.
SURPRESA
Três vereadores que vêm acompanhando a deputada Susana Azevedo (PPS) pelos bairros, garantem que o prefeito Marcelo Déda (PT) terá uma grande surpresa na periferia.
Um deles revela que os moradores dos bairros mais distantes não foram beneficiados com obras da atual Prefeitura e reclamam de atendimento nos postos médicos.
OPOSIÇÃO
Numa reunião informal em Campo do Brito, o deputado federal José Carlos Machado (PFL), perguntou ao deputado Fabiano Oliveira (PTB) se ele estava bem na oposição.
Fabiano teria respondido que ser da oposição é bom porque podia fazer críticas. Um vereador, animado pela bebida, interferiu: “realmente é bom, principalmente quando se dá o voto ao Governo”.
CONFUSÃO
Confusão em Socorro: Macedo Brilho retirou a candidatura, mas o presidente do Diretório Municipal do PSB quer colocar outro nome para a disputar a Prefeitura.
O Diretório Regional não aceita, inclusive o senador Valadares participou do comício de Adelson Barreto (PTB), terça-feira passada.
HELENO
Candidatos a vereador pelo Partido Liberal, da capital e interior, estão chateados com o deputado federal Heleno Silva (PL).
Reclamam de sua ausência, principalmente em Aracaju, e da falta de material para divulgação. Sequer receberam santinhos.
TIRADENTES
A Universidade Tiradentes (Unit) não assinou o convênio com a Caixa Econômica Federal, para o crédito educativo.
Segundo o ex-deputado Nelson Araújo, isso impede o acesso de estudantes que não podem pagar a mensalidade, o que seria feito através do crédito educativo.
EXPLICAÇÃO
A assessoria de comunicação da Unit explica que o Governo mudou as regras do crédito educativo a ponto de deixar a inadimplência para a Universidade.
Depois de concluir o curso, se o aluno não pagar as prestações à CEF o débito vai para a Universidade. Uma observação: o convênio do crédito educativo é opcional.
Notas
CAMPANHA
O vereador Antônio Góis (Goisinho), do PT, fez duras críticas à campanha eleitoral de candidatos a vereador, feita à base do “toma lá, dá cá”: Goisinho diz que “não podemos ir para uma eleição municipal, trocando voto por cadeira de rodas, comprando votos nos bairros mais carentes de Aracaju”, disse.
”Se queremos ser vereadores, não podemos estar trocando o voto do eleitor por botijão, pagamento de conta de água ou de luz, na compra de um remédio ou usando a máquina pública, para fazer campanha”, disse o vereador.
PROGRAMA
Os programas eleitorais, exibidos ontem na televisão, não foram além da apresentação de cada candidato, mostrando a experiência política de cada um e procurando se qualificar para merecer o voto do eleitorado, hoje mais consciente e bem informado sobre a política municipal, estadual e nacional.
Ninguém mostrou programa de Governo e nem críticas pesadas aos concorrentes. Os programas vão evoluindo de acordo com os acontecimento do dia a dia. Apenas a candidata do PSTU, Vera Lúcia, deu o tom de sua campanha.
BANCADA
Toda a bancada federal de Sergipe se encontra no Estado, participando da campanha política em seus municípios. As lideranças da oposição ao governador estão também em Aracaju, onde ajudam na candidatura do prefeito Marcelo Déda à reeleição. Ainda não há nada marcado para a Câmara Federal.
De todos os membros da bancada de Sergipe em Brasília, apenas dois parlamentares disputam as eleições: deputado Jorge Alberto (PMDB), a prefeito de Aracaju, e o senador Renildo Santana (PFL) a prefeito de Itabaianinha.
É fogo
Todos os candidatos que foram impugnados pela Justiça Eleitoral vão recorrer até a última instância e permanecem em campanha normalmente.
Os partidos têm até 48 horas antes da realização do pleito, o direito de trocar candidatos que não tenham condição de disputa.
A disputa em Itabaiana, entre as candidaturas de Carlinhos da Atlética e a deputada Maria Mendonça está acirrada. É impossível qualquer avaliação neste momento.
Em Japaratuba a candidatura da Lara Moura se mantém na frente, porque ela trás um projeto novo para aquela cidade.
Em Nossa Senhora da Glória, o ex-prefeito Sérgio Oliveira está segurando bem o seu candidato, apesar das dificuldades financeiras.
Em Canindé do São Francisco apenas Paulo de Deus (PHS) está sem problemas na Justiça. Sua candidatura não foi impugnada.
Em Poço Redondo o prefeito Enoque Salvador está conseguindo manter em boa posição a sua candidata à prefeitura.
Os vereadores de todas as coligações, em Aracaju, reclamam da falta de ajuda por parte dos candidatos proporcionais.
O governador João Alves Filho até o momento só compareceu a um único comício, o de Renildo Santana, em Itabaianinha.
Walker Carvalho pediu ao Governo do Estado que não multe os estabelecimentos comerciais que ainda não estão usando o sistema TEF.
O vice-presidente da Associação de Varejo, Edson Machado Monteiro, anunciou a entrada do Banco do Brasil na área de consórcios.
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – Ecad – trava uma batalha milionária na Justiça, contra as emissoras de TV por assinatura.
Por Diógenes Brayner