Previdência, um problema do século passado

Desde 1998, com Fernando Henrique Cardoso, os gastos com previdência social vêm comprimindo o orçamento público e evidenciando como um grande problema. Entretanto, apenas, nos últimos anos, passamos a ter uma discussão mais acentuada em torno do delicado tema. O custo com aposentadorias foi abordado por todos os presidentes que passaram pelo planalto desde então, de FHC até Bolsonaro. Independente do viés ideológico todos discutiram o assunto, inclusive Lula e Dilma, que hoje criticam o projeto.

As despesas com previdência, atualmente, compõem 53,4% das contas da União. Esta elevada participação inviabiliza os investimentos em outras áreas essenciais como saúde, educação, segurança. Hoje, gasta-se 3,36x mais com previdência do que com os serviços essenciais citados. Além de consumir uma grande parte do orçamento, as contas da previdência não fecham. O regime é deficitário, os valores arrecadados para cobrir os benefícios pagos são menores do que o que se gasta. Em 2018 o rombo foi de R$ 192,2 bilhões, crescendo 7% em relação a 2017.

A crescente acentuada chama, ainda mais, atenção pois indica trajetória da dívida. As despesas previdenciárias do RGPS (setor privado), saíram de 4,9% PIB em 1997 para 8,6% em 2018, praticamente dobrando em 21 anos. Os R$ 876 bilhões gastos com a esfera pública e privada, em 2017, representam 13,4% do PIB, ou seja, passamos quase 2 meses do ano trabalhando para pagar aposentadorias.

Outro agravante para a situação previdenciária é que o bônus demográfico está ficando para traz, as pessoas estão vivendo mais e tendo menos filhos. O aumento da expectativa de vida e a redução da natalidade implica em mais aposentadorias para se pagar e menos pessoas ingressando no mercado de trabalho. O cenário que se desenha é que, em 2060, haverá 2 trabalhadores ativos para bancar 1 aposentado, hoje essa relação é 7 para 1. Esta inversão da pirâmide inviabiliza o atual modelo, pois ele precisa de uma base larga para sustentar o topo.

Este já foi o problema de vários outros países, como Japão, Reino Unido e praticamente toda Europa, é o preço que se paga por viver mais. O atual formato é insustentável e tem impedido o país de crescer. A reforma da previdência é um desafio que temos que encarar, digamos que, é um mal necessário. Devemos ser responsáveis e tratar a sangria, não empurrar com a barriga como tem sido feito há anos.

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