O governador João Alves Filho (PFL) dá os primeiros passos para se aproximar dos prefeitos eleitos nos municípios sergipanos. Dedicou três dias para um almoço com os novos administradores e seus vices. A conversa é amena e descontraída. Nada de reuniões ou convocações. Apenas o aperto de mão, o sorriso largo e a gentileza de colocar o Governo à disposição. Aparentemente o encontro tem pouca importância, mas é o início de um relacionamento que pode somar politicamente e, evidentemente, acrescentar pontos para o governador. Teve gente de todos os partidos, porque se tratava de uma informalidade que não incomodava a ninguém. De qualquer forma, deixa o pessoal da oposição de orelhas em pé, porque essa aproximação despretensiosa pode se transformar em uma vinculação política que põe em risco as conquistas das lideranças adversárias.
O governador João Alves Filho tem consciência de que precisa fazer um novo mapeamento da sua força política no Estado. Perdeu posições importantíssimas, principalmente no alto sertão, onde sempre contou com um eleitorado cativo, cujo voto descia de enxurrada na hora da contagem das urnas. Alguma coisa mudou na tendência política dessa gente, em razão do trabalho exaustivo de novas lideranças que lá se fixaram e alteraram o pensamento do homem do campo. Esse novo quadro eleitoral que se pintou preocupou o governador João Alves Filho, que iniciou o trabalho político antes mesmo do que se imaginava. A possível indicação do ex-prefeito João Barbosa de Deus, candidato derrotado à Prefeitura de Canindé do São Francisco, para administrar o projeto Califórnia II, em construção pelo Governo, é uma demonstração de que João Alves pretende recompor as forças no sertão e se manter forte naquela região.
Os almoços com os prefeitos e vices eleitos sinalizam para outras providências políticas. Na próxima semana, possivelmente nesta segunda-feira, o governador João Alves Filho vai se reunir com secretários de Estado e deputados estaduais. O convite é amplo, mas é muito possível que os parlamentares de oposição não compareçam. Sabe-se apenas que será uma palestra seguida de jantar, onde o governador deve fazer um demonstrativo da situação do estado. Há quem desconfie que seja um ato político. Primeiro para reaproximar auxiliares e deputados, em razão de algumas reclamações de mau atendimento. Segundo, para ficar mais à vontade com a Assembléia Legislativa onde, dentro de mais dois meses, terá que construir uma nova mesa para o legislativo, possivelmente apoiando a reeleição do deputado Antônio Passos. Como há sinais de incêndio nessa disputa, não seria exagero imaginar que João Alves Filho já estaria começando a fabricar uma estratégia de entendimento amplo, inclusive com parlamentares que estão ressentidos com derrotas nas eleições municipais.
A própria oposição está começando a ficar mais atenta. Ontem, um deputado da oposição comentou que essa movimentação discreta do governador João Alves Filho tem objetivos definidos. Considerou que as lideranças oposicionistas já deveriam ter feito uma reunião longa, para fazer uma avaliação realista do novo quadro eleitoral e da força que adquiriu para enfrentar um pleito em 2006. Concorda que o prefeito Marcelo Déda (PT), com a votação que obteve em Aracaju na disputa pela reeleição, se credenciou para disputar o Governo do Estado, sem a necessidade de análise para escolha de candidato. Entretanto, é preciso reconhecer que o interior, principalmente as cidades de pequeno e médio portes, geralmente se curva ao Governo do Estado, pela necessidade permanente da presença de órgãos públicos estaduais para ajudar na administração. O Governo Federal demora muito a chegar nas cidades do Nordeste, o que facilita a ação do estado, que abre um vinculo político eleitoral com os prefeitos e, principalmente, com aqueles que precisam de uma ação emergencial para solução dos problemas que afetam diretamente a vida de cada um.
Claro que não existe nada que identifique um início de projeto eleitoral, mas ninguém imagine que o almoço com os prefeitos eleitos e o encontro com os secretários e deputados estaduais sejam uma rotina. Não! É o princípio de uma abertura política que vem sendo reclamada por segmentos importantes que acompanham o Governo do Estado. Demonstra, também, que o próximo ano será mais político do que técnico, principalmente depois que se fizer alguns ajustes na máquina administrativa. Claro que a oposição não vai cruzar os braços e, depois do carnaval, deve iniciar um trabalho para manter o pessoal unido em torno de um objetivo, que é chegar ao Palácio dos Despachos. Também outros segmentos vão se manifestar para o fortalecimento de uma nova tendência política que chegue ao poder e assim se passará por um período de evolução de um processo que sempre se manteve fincado em dois pólos, mas que tende a se expandir rumo a outras opções.
O próximo ano não tem eleição, mas será de ajustes e reconhecimento do campo, numa preparação para a disputa de 2006. Será um período de certa turbulência em todas as bases políticas, quando se criará a expectativa para uma nova eleição.
JACKSON
Segundo um conhecido advogado, dentro de mais alguns dias vai surgir uma série de novas informações sobre os processos do então prefeito Jackson Barreto. Alguns processos realmente foram arquivados, mas outros deram continuidade e começarão a explodir na justiça e serão de conhecimento público.
INTERVENÇÃO
Jackson Barreto responde a vários processos desde 1986, quando deixou a Prefeitura de Aracaju, que sofreu intervenção para apuração de irregularidades administrativas. De lá para cá foi vereador, voltou à Prefeitura para administrar por 16 meses e de 1994 a 2002 ficou sem mandato. Quase 10 anos depois, ainda responde a processos.
ALMEIDA
O secretário geral do PSDB, senador Leonel Pavan (SC), evitou informar sobre a filiação do seu colega José Almeida Lima (PDT) no seu partido. Pavan disse apenas que está no meio das negociações, mas não existe nada definido. Almeida está em silêncio e evita falar no assunto.
FONTES
O deputado federal João Fontes insiste que ouviu do senador Tasso Jereissati (PSDB), que o senador Almeida Lima se entraria para o tucanato na segunda quinzena deste mês. João Fontes, com a saída de Almeida, passaria a ocupar o seu lugar no PDT, desde que se afastasse do governador João Alves Filho (PFL).
ULICES
Ontem, o deputado estadual Ulices Andrade (PSDB) repetiu a Plenário o que disse há 20 dias atrás: “não há problema que Almeida Lima se filie ao PSDB”. Ulices insistiu que apenas não aceita o seu comando e lembrou que é preciso consultar lideranças do interior sobre o assunto.
BOIADA
O governador João Alves Filho (PFL) está chateado com a notícia de que um dos seus auxiliares comprou uma boiada e pagou com dinheiro da Secretaria, através de notas para peças de veículos.
Uma fonte do Governo informou que João Alves pretende identificar o secretário e vai demiti-lo sumariamente.
ELIMINAÇÃO
Por eliminação, apenas um auxiliar é proprietário de três fazendas, cria gado e em sua pasta tem carro suficiente para compra de peças que atinja o preço de uma boiada. Mas seria uma transação extremamente perigosa, porque envolveria muita gente e as peças adquiridas teriam que aparecer. A não ser que houvesse formação de quadrilha.
MARGINALIDADE
Um pensador francês dizia que não sabia como tantos homens caiam na marginalidade, “se existiam várias forma de se roubar com honestidade”. Na secretaria que daria chance à transação para a compra da boiada, “existe muitas formas de roubar honestamente”.
PAULO
O ex-prefeito de Paulo Afonso, Paulo de Deus, deve ser convidado pelo governador João Alves Filho para administrar o projeto Califórnia II. Em um discurso na cidade de Canindé do São Francisco, o governador João Alves Filho anunciou que criaria um cargo para isso, inclusive com salário superior ao de secretário.
ESTIAGEM
A seca no alto sertão sergipano começa a fazer vítima. Uma criança já teria morrido de sede em um dos povoados de Poço Redondo. A denúncia foi feita pela prefeita eleita Iziane (PL). A cidade está em estado de emergência, decretado pelo prefeito Enoque Salvador (PL).
ALMOÇO
O prefeito e a vice-prefeita eleitos de Tobias Barreto, Airton (PTB) e Marli (PSDB) participaram de almoço com o governador João Alves Filho (PFL). Há compromisso para que os dois ingressos no PFL, logo depois de tomarem posse e arrumar a casa.
ALBANO
O ex-governador Albano Franco (PSDB) tem viajado muito a São Paulo, Rio, Brasília e Recife, mas afirma que não está tratando de política. Há informação que o ex-governador estaria montando uma nova empresa na área industrial em sociedade com o empresário João Carlos Paes Mendonça.
SEGURANÇA
Surgem os primeiros sinais de insegurança em apartamentos, inclusive de luxo, a começar o de cobertura do empresário Raimundo Juliano. Outros apartamentos foram assaltados como do edifício “Michel Ângelo”, cuja proprietária pediu omissão do nome. A segurança dos edifícios está sendo ameaçada.
RECUSA
A Procuradoria de Justiça está recusando o trabalho de promotor Antônio Carlos Nascimento, que se encontra encostado, recebendo sem trabalhar. Antônio Carlos quer voltar, mas a cúpula que comanda a Procuradoria não quer. O procurador Walter Luiz é quem deve explicar as razões.
Notas
CANCELA
O prefeito reeleito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), cancelou a viagem que faria hoje à Holanda, onde trataria sobre a reciclagem do lixo. Déda preferiu ir a Brasília, segunda-feira, para participar de reunião da Frente Nacional dos Prefeitos, cujo objetivo é integrar os novos prefeitos à luta municipalista organizada. A viagem para a Holanda ficará para outra oportunidade, porque Déda considera a reunião de Brasília muito importante. Hoje, durante todo dia, ao lado do secretariado, Marcelo Déda visita obras nos bairros.
ESTIAGEM
O deputado estadual Mardoqueu Bodano (PL) passou um dia em Poço Redondo e constatou que a situação é de calamidade. Acusou o Deso de não estar tomando as providências necessárias, para que a população tenha o direito à água para beber. Na rua Bahia, lá em Poço Redondo, há dois meses não tem água na torneira. O deputado lembra que o governador João Alves Filho, durante a campanha no município, prometeu que não faltaria água para os moradores daquela cidade. Bodano acha que não há vontade política pra resolver o problema.
FONTES
O deputado federal João Fontes está conversando seriamente com a direção do PDT, para ingressar na legenda em Sergipe e, possivelmente, ser o seu presidente. Segundo Fontes, caso se comprove a transferência de Almeida Lima para o tucanato, ele tem interesse no PDT, desde que se afaste do Governo do Estado. João Fontes explica que se ficar no PSol corre o risco de não conseguir quociente eleitoral para se manter na Câmara Federal. O seu objetivo é fazer um partido de esquerda, sem o radicalismo que tinha o PT de antes.
É fogo
O governador João Alves Filho voltou a almoçar com um grupo de prefeitos e vices prefeitos reeleitos em outubro.
O ex-prefeito de Pirambu, André Moura (PFL), vai permanecer em sua cidade e deve participar da administração municipal.
O ex-deputado federal Augusto Franco Neto está pensando em candidatar-se e tentar retornar a Brasília em 2006.
O ex-deputado estadual Carlo Alberto (PFL), distante da vida pública há vários anos, passa a ser primeiro suplente da senadora Maria do Carmo Alves (PFL).
Depois da retirada da resolução que antecipava à eleição da mesa diretora da Assembléia Legislativa o assunto esmoreceu.
A maioria dos prefeitos que deixam a Prefeitura dia 31 de dezembro está correndo para ajustar o caixa e cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Alguns prefeitos que fizeram sucessor estão conseguindo negociar para deixar parte das contas para a próxima administração.
A deputada Ana Lúcia Menezes (PT) espera aprovar o projeto de lei de sua autoria, que institui a disciplina “História da África” na rede estadual de ensino.
Dezenove municípios nordestinos foram sorteados pela Corregedoria Geral da União para serem investigados na devassa de novembro.
Os fiscais da Corregedoria viajam nos próximos dias para as cidades – 60 em todo o País. Em Sergipe o município sorteado foi Cristinápolis.
As vendas pela Internet somaram, nomes de agosto, R$ 655,7 milhões, valor equivalente a 3,7% do varejo total no país.
Os analistas financeiros projetam novo aumento de 0,50 ponto percentual no juro básico da economia pelo Copom na reunião de novembro.