Antes mesmo do tempo previsto, a sucessão municipal em Aracaju começa a esquentar. Surgem algumas divergências e/ou posições, que podem mudar os rumos do projeto traçado, embora ainda haja muita conversar, alguns contatos e até possíveis dissidências. Há uma sinalização de que as coisas não estão arrumadas e que tudo pode descambar para disputas eleitorais, fora do âmbito dos blocos formados em 2002 para apoio à candidatura ao governador do Estado. As lideranças começaram a falar linguagens diferentes. E os partidos se movimentam ao sabor do que pensam os seus presidentes. Muito embora nem sempre a voz do político que ocupa o comando do Diretório Regional, seja a mais ouvida entre os filiados. Teoricamente deveria ser, mas nem sempre os interesses individuais são compatíveis com as determinações grupais e, daí, se começa a ouvir notas destoantes na orquestração dos planos para as eleições municipais, principalmente em Aracaju. Não é a primeira vez que o presidente do PMDB, advogado Benedito Figueiredo, levanta a voz para anunciar que o seu partido não servirá apenas para suporte, na eleição, de nomes de outras siglas. Já na semana passada, em e-mail enviado ao comentarista, ele assegurava que o PMDB não seria alavanca para apenas dar força a outras candidaturas, porque há alguns anos não apresenta nomes para disputa eleitoral majoritária.Benedito acha que agora será diferente: o PMDB tem bons quadros para disputar a Prefeitura de Aracaju e não ficará refém de compromissos assumidos em 2002. Na visão do presidente Benedito Figueiredo, o PMDB cumpriu rigorosamente a aliança formada em 2002, para apoiar a candidatura de João Alves Filho (PFL) ao Governo do Estado, inclusive abrindo mão do vice, que já detinha. Acha que está na hora de merecer apoio dos partidos aliados, para chegar à Prefeitura de Aracaju e se manter como uma legenda de ponta no processo político municipal e estadual. O PMDB tem história, é um partido de grandes embates e hoje não pode servir apenas de escada, para levar ao alto, políticos de outros partidos. Em nenhum momento o presidente regional do PMDB fala em apoio a outros candidatos. Sustenta que sairá com um nome próprio para tentar um confronto com a oposição. Rechaça qualquer compromisso com a deputada estadual Susana Azevedo (PPS) para apóia-la à Prefeitura de Aracaju: “O PMDB tem nomes e vai à disputa”, decidiu. Mas, não é segredo para ninguém que o secretário geral do partido, deputado Augusto Bezerra, já declarou compromisso de apoiar a candidatura da deputada à Prefeitura, na certeza de levar com ele o PMDB. E é exatamente aí que as coisas mudam. Para fazer isso, Augusto Bezerra precisa de uma decisão do Diretório Municipal do partido. O que não será difícil porque ele tem a maioria dos seus filiados. Caso haja a insistência dos dois lados, está caracterizada a dissidência, um incidente político que sempre aconteceu com o PMDB e mexeu diretamente com a sua força, como sigla, para fazer exigências em termos de posições majoritárias. Na realidade, o PMDB precisa se reestruturar, ter um comando único e decidir, de forma coesa, as suas metas e programas. Se não for assim, continuará, ainda por mais alguns anos, servindo de trampolim para outros partidos e integrando as composições políticas sem a influência e o respeito que sempre teve. Passará a ser apenas mais um, como o são os partidos pequenos, que entram só para compor. O PMDB precisa retomar o trem da sua história, sem perder o prumo dos seus compromissos com o Estado e o País… VIAGEM Na próxima semana o governador João Alves Filho volta a viajar a Portugal, para encontro com empresários do setor turístico. Nesta próxima viagem, o deputado federal Jorge Alberto (PMDB), Susana Azevedo (PPS) e o senador Almeida Lima (PDT) foram convidados para integrar a comitiva. MINISTRO A pré-candidata à Prefeitura pelo PPS, Susana Azevedo, admitiu que o prefeito Marcelo Déda (PT) seria o melhor ministro que Sergipe teria em Brasília. Segundo Susana, o presidente Lula precisa de um ministro como Marcelo Deda: “ele estaria em Brasília trabalhando por Sergipe”. RELAÇÃO Todas as secretarias tiveram prazo, até ontem, para enviar, à Casa Civil, a relação de pessoas que realmente comparecem ao expediente e são de utilidade para as Pastas. O governador determinou uma redução de contratados, priorizando aquelas que não comparecem ao trabalho. Ninguém sabe como ficará quem tem padrinho político forte. FARRA O governador João Alves Filho também vai acabar com a farra dos telefones celulares que são distribuídos pelo Governo a determinados funcionários. Os secretários devem indicar o mínimo de pessoas que precisam de telefone celular e recolher aqueles que estão em mãos de servidores comuns. ECONOMIA O Governo também quer saber das contratações de empresas que prestam serviço ao Estado e se não seria mais barato contratar diretamente. Se fizer uma análise de quem são essas empresas o governador vai descobrir que se tratam de pessoas diretamente vinculadas ao Estado. É gente da cúpula. VEÍCULOS O governador deveria, também, procurar saber o uso indiscriminado de veículos e a utilização de combustíveis por parte de carros oficiais. Tem gente enchendo tanque de veículos particulares como se fossem oficiais. Tudo isso é dinheiro que sai pelo ralo e precisa de providências urgentes. TETO O Supremo Tribunal Federal só vai decidir a questão do teto do judiciário em sessão plenária no dia 4 de fevereiro. Segundo avaliação dos ministros, o teto ficará entre R$ 17 mil a R$ 23 mil, dependendo da classe que servirá de base. SERGIPE Os desembargadores ganham 90% do salário dos ministros e o teto vai depender do que for decidido pelo STF. Em Sergipe tem desembargador que ganha bem mais que outro. Com o teto salarial a maioria vai perder dinheiro. O salário de janeiro não terá alteração. ANDRÉ BARROS Circula com insistência a informação de que o ex-secretário da Comunicação, André Barros, voltará definitivamente para Sergipe. Estaria assumindo a direção comercial da Gazeta de Sergipe. Sem dúvida seria uma boa aquisição para a empresa, que precisa sair do sufoco. PONTE O deputado federal Jackson Barreto (PTB) informou que o governador João Alves trabalhou para que não fosse aberta a concorrência para a ponte que liga o Mosqueiro à Caueira. João Alves queria que os recursos dessa ponte fossem transferidos para a ponte que liga Aracaju a Barra dos Coqueiros. Não foi possível porque se tratava de recursos do Prodetur. GLÓRIA O PTB, partido do prefeito em exercício de Nossa Senhora da Glória, Anselmo Correa, não está trabalhando nas eleições indiretas daquela cidade, para que ele se mantenha no cargo. Ele vai concorrer a Prefeitura com o vereador Zico (PFL) que, apesar de ter a minoria, pode surpreender, principalmente depois do retorno de João Alves Filho. CHUVAS Quando chove forte em Aracaju é que se põe às vistas a deficiência do trabalho de infraestrutura da Prefeitura de Aracaju. Até hoje os prefeitos, sem exceção, só se preocupam com praças, avenidas e limpeza pública. É preciso ir mais a fundo e limpar o sistema de canais que cruza a capital. CONTRA A deputada Ana Lúcia (PT) não concorda com a convocação extraordinária da Assembléia, que deve acontecer na próxima semana. Ela acha que o projeto de reforma administrativa não pode ser votado em tão pouco tempo. Defende que tramite na Assembléia a partir de 15 de fevereiro. Notas PROPOSTA Os peixinhos do Partido Social Cristão (PSC) não estão querendo uma ampla composição para as eleições proporcionais, porque temem servir de isca para os peixes graúdos e morrer na praia. O deputado estadual Antônio dos Santos (PSC), tem fé que seu partido elegerá, no mínimo, dois vereadores em Aracaju. Quanto à sucessão municipal, o deputado não fala nada. Espera as coisas se arrumarem, porque é prematura qualquer declaração, principalmente quando parte de uma legenda pequena e de pouca força política. CONVOCAÇÃO Parte dos deputados da oposição tem se declarado contra a convocação extraordinária, que será proposta pelo governador João Alves Filho, possivelmente na próxima segunda-feira. Três deles acham que o projeto de reforma administrativa poderia ser apresentado em 15 de fevereiro, quando se retornasse do recesso. Mas a maioria quer e a convocação já se transformou em praxe, como uma espécie de 13º dos parlamentares. Os deputados recebem um salário bruto de R$ 9 mil reais, que se transforma em pouco mais de R$ 6 mil líquido. HIPOCRISIA Há um excesso de hipocrisia nessa questão da construção de motéis no centro de Aracaju, principalmente na praia de Atalaia, onde já funcionam várias pousadas que fracionam as diárias. É muito mais racional o casal ficar no centro, do que se deslocar pela rodovia apenas para “namorar”, mais reservado. Para falar a verdade, políticos conhecidos, empresários, pessoas do nível de um juiz e desembargador não freqüentam nem motéis e muito menos pousadas. Reservam apartamentos nos bons hotéis e namoram a valer. É fogo As chuvas estão caindo intermitentes em todo o Estado, para alegria dos sertanejos, que já começaram a arar a terra. Os tanques estão praticamente cheios e o sertão ri à toa com as chuvas que geralmente caem neste período, num prenuncio de bom inverno. O ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis (PTB), ainda não definiu a candidatura a vereador, mas acha que isso poderá acontecer. Segundo Jerônimo, sua candidatura só acontecerá em caso de necessidade de composição para a reeleição de Zezé Rocha (PTB). As chuvas que caíram em Aracaju fizeram transbordar os canais, alagaram ruas e avenidas e invadiram casas, inclusive no centro da cidade. É numa chuvarada do tipo, que se vê da necessidade da Prefeitura de Aracaju trabalhar mais no serviço de esgotos e limpeza de canais. Ontem, o governador João Alves Filho se reuniu em Madrid com os representantes do grupo espanhol interessado em fazer parceria para construção da refinaria. Hoje o governador João Alves Filho e comitiva se encontram em Washington para audiência com o Bird. Amanhã à noite desembarcam em Aracaju. O deputado estadual Mardoqueu Bodano avisa que o PL continua apoiando a administração do prefeito Marcelo Déda e que não tem dúvidas que o partido marchará junto com o PT. Dentro de mais 13 dias completa o primeiro ano do assassinato do deputado Joaldo Barbosa. A justiça ainda não foi feita. O índice de devolução de cheques sem fundos aumentou 13.9% em 2003, na comparação com o ano anterior, segundo levantamento feito pela Serasa. É inconstitucional a nova portaria do Ministério da Previdência Social que determina o recolhimento dos novos contribuintes do INSS a partir de fevereiro. Quem informou a inconstitucionalidade, foi o advogado Cássio Mesquita Barros. Ele diz que a cobrança não pode incidir sobre os salários de abril. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br