O governador João Alves Filho (PFL) colocou o bloco na rua. Ontem mesmo, 30 minutos depois de uma reunião decisiva com auxiliares do primeiro e segundo escalões, onde anunciou que só despacharia com secretários no carro, João Alves Filho já estava no interior e telefonava para que fossem adotadas algumas providências. A partir de agora será “chão, muito chão pela frente”. A reunião foi demorada, começou cedo e o governador chegou a ser duro: “quem não quiser vestir a camisa e arregaçar as mangas para o trabalho pode pedir para sair”. João cobra participação, definição e coragem: “ninguém pense que se escondendo vai se manter no poder em caso de acontecer uma mudança de governo”. É como se quisesse mostrar que não dá para se acender uma “vela para Deus e outra para o diabo”. Também na reunião, o governador determinou que os auxiliares recebessem bem as lideranças políticas do interior e capital, mesmo que não pudessem atender ao pleito. Segundo um dos secretários, a turma saiu animada do encontro e disposta a iniciar esse trabalho para a reeleição. A mesma fonte disse que em nenhum momento foi tratado do tema alianças, “que é assunto exclusivo do governador e do partido”. Todos sabem, entretanto, que ainda se discute a formação de composições e que há dificuldade para um entendimento com o PSDB, que é o partido que faz coligação nacional com o PFL para apoiar Geraldo Alckmin presidente da República. A decisão do governador em deixar o gabinete também animou aliados do interior e parlamentares do seu bloco que tentam a reeleição, porque todos reclamavam dessa mobilização política, que tinha de partir do candidato majoritário, porque é ele que tem poderes para fechar acordos. A maioria estava em desalento, porque achava que João Alves estava cuidando exclusivamente da administração, quando precisava iniciar a campanha. A partir de agora muitas águas vão rolar. É que além dessa presença no interior, o governador João Alves Filho deve concluir, pelo menos até o final do mês, a política de alianças com outros partidos, inclusive o PSDB. Com esta última sigla, as dificuldades se aprofundam porque o ex-governador Albano Franco não abre mão da candidatura ao Senado e tende a fazer uma aliança branca com o Partido dos Trabalhadores, o que tem revelado preocupação da cúpula tucana a nível nacional. Albano Franco e João Alves Filho já conversaram para tentar uma solução do problema, mas até o momento a situação é aparentemente insolúvel, porque a proposta do PFL – deputado federal e indicação do vice – não satisfez ao tucanato. Uma aliança branca passará por uma série de ajustes, porque ela pode prejudicar os proporcionais. É exatamente por isso que o ex-governador está levando, segunda-feira, todos os candidatos a deputado dos tucanos para uma conversa definitiva com a direção nacional do PSDB com a presença do presidenciável Geraldo Alckmin. A senadora Maria do Carmo Alves (PFL), que está se saindo bem em todas as pesquisas de opinião pública, deseja a reeleição e vai disputá-la, independente das alianças partidárias. Isso já é ponto consumado, tanto quanto o do PSDB também insistir em ter Albano Franco disputando a mesma vaga no Congresso Nacional. Já o ex-prefeito Marcelo Déda (PT), que também disputa o governo do estado, trabalha por uma composição com o PSDB, mesmo que não seja oficial e sirva apenas para o majoritário, porque há dificuldade em se formar um chapão para eleger o maior número de parlamentares. Diz que ele e o ex-governador Albano Franco sabem que vão enfrentar um período de dificuldades e conversas muito cansativas e sofríveis: “tanto eu como o ex-governador temos o controle relativo em relação à questão nacional, mas vamos tentar”. Albano Franco já sentiu a reação contrária quando avisou ao presidente Tasso Jereissati que está conversando com o PT. Lógico que isso vai abrir precedente para que o PFL recuse votar em Alckmin para presidente. Com tantos contratempos e pela qualidade dos candidatos, não há dúvida que as próximas eleições serão as mais difíceis dos últimos 20 anos. O próprio Marcelo Déda reconhece que “João Alves é um candidato muito forte”. CAMISA O governador João Alves Filho (PFL) foi duro, ontem, com os seus secretários e membros do segundo escalão: “quem não tiver coragem de vestir a camisa pode sair”. Deixou claro também que ninguém pense em ficar escondido, porque não será aproveitado caso outro candidato seja eleito: “Quem agradar a Deus e ao diabo está liquidado”. ÚLTIMA João Alves Filho também disse aos seus auxiliares que “esta será a última reunião que estamos realizando nesta sala. Não haverá outra daqui para frente”. E foi mais adiante: “a partir de hoje qualquer um dos senhores só vai despachar comigo dentro do carro”. Quis dizer que a partir de agora é pé na estrada. VIAGEM O governador avisou que a partir de hoje qualquer secretário só viaja, a qualquer lugar, com a sua determinação. Quer todos trabalhando intensamente. Acrescentou que não vai admitir indiferença com as lideranças políticas. Algum pedido pode até ser negado, o que não pode é ser mal recebido. URGÊNCIA Coincidentemente, um parlamentar aconselhou, ontem, o governador João Alves Filho a vir imediatamente para as ruas e manter contatos com a população. Acha que há necessidade de mais conversas com lideranças do interior e mais ação por parte do seu pessoal da área política. SIMPATIA O ex-prefeito Marcelo Déda (PT) disse ontem que a lembrança de Lula para que ele seja candidato a presidente, “foi um gesto de simpatia”. Marcelo Déda disse que sabe medir o tamanho dos seus passos e que no momento pensa exclusivamente na disputa pelo governo do estado. COM LULA Marcelo Déda terá um encontro hoje com o presidente Lula da Silva (PT) para comunicar da possibilidade – “que chega a 90%” – de fazer uma coligação com o PSDB. Déda vai avisar que o ex-governador Albano Franco (PSDB) decidiu ser candidato ao Senado: “Se Lula disser que não tem problema, será mais fácil”, disse. BERZOINI Marcelo Déda também vai falar com o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini, e com o senador Aluísio Mercadante sobre o mesmo assunto. Quer que a cúpula petista considere Sergipe uma exceção, para uma composição com o PSDB. Diz que Albano também está em Brasília procurando o mesmo caminho. DUTRA Ao retorna de Brasília, Marcelo Déda vai conversa com José Eduardo Dutra (PT) que lançou sua candidatura ao Senado Federal e a mantém. Lembrou que Dutra abriu para Albano, mas o ex-governador não deu resposta. Déda acha que Dutra não será problema e admite que ele é uma liderança importante no processo. BARBUDO Uma fonte de Brasília disse ontem que “o barbudo daqui não quer nada com o PSDB e não vai permitir essa coligação”. Adiantou que “tudo indica que haverá uma nova reunião hoje em Brasília para resolver a questão de Sergipe”. CONVERSA O ex-governador Albano Franco conversou com o deputado federal Heleno Silva (PL) e lhe avisou que tinha 90% de chances de ser candidato ao Senado. Os dois marcaram um novo encontro para dentro de mais 15 dias. Heleno revelou que ainda não tem uma idéia de como as coisas vão ficar. ENCONTRO O ex-governador Albano Franco, mais os parlamentares do PSDB (incluindo José Teles) terão um encontro, segunda-feira, com a cúpula do partido, em Brasília. Dessa vez estarão presentes o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, o senador Sérgio Guerra e o candidato a presidente Geraldo Alckmin. DETALHE Tasso Jereissati e Sérgio Guerra, que conversaram com Albano Franco terça-feira, não gostaram quando ele disse que estava conversando com o Partido dos Trabalhadores. Na conversa uma coisa ficou clara: a cúpula nacional do PSDB também quer que Albano dispute o Senado. Hoje Albano terá encontro com o senador Valadares (PSB). PAIXÃO O candidato a deputado federal Ivan Paixão (PPS) defende uma aliança entre o governador João Alves Filho e o ex-governador Albano Franco. Acha que a capacidade do governador João Alves Filho em realizar obras de interesse das populações fortalece muito o seu nome como candidato à reeleição. Notas REPASSES Oito dos 29 partidos políticos registrados no TSE estão sujeitos à suspensão do repasse das cotas do fundo partidário por não terem prestado conta no prazo legal. São eles: PPS, PP, PV, PCB, PTdoB, PMN, PCO e PTN. As legendas tinham até o dia 30 para apresentarem à Justiça Eleitoral os seus balanços. Como a data caiu no domingo, o prazo final foi transferido para terça-feira, conforme o artigo 32 da Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos). Os repasses devem ser suspensos até que esses partidos regularizem suas situações. EDUCAÇÃO A Comissão de Educação do Senado aprovou, em caráter terminativo, projeto que facilita o acesso de alunos de famílias de baixa renda ao ensino superior. A matéria segue agora para a Câmara, onde pode ser votada apenas na CCJ, salvo requerimento das lideranças que podem levar a plenário. APOSENTADORIA Foi adiada para a próxima quarta-feira a leitura do relatório sobre a PEC, do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que eleva a idade para aposentaria obrigatória dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dos tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU) de 70 para 75 anos. É fogo Acontece dia 8 próximo o julgamento, através de júri popular, do ex-deputado Antônio Francisco Garcez, acusado de participar do assassinato de Joaldo Barbosa. O advogado Saulo Eloi vai funcionar como auxiliar da acusação no júri popular do ex-deputado Antônio Garcez. O abastecimento de gás natural não será afetado em Sergipe, em razão do decreto de nacionalização do presidente boliviano Evo Morales. A esquerda festiva que se manifesta através do populismo de Hugo Chaves, da Venezuela, pode prejudicar o Brasil. É que para esses países, apesar do bom relacionamento que demonstram, o Brasil é o país dominante da América do Sul. O deputado Mardoqueu Bodano (PL) está certo de que a implantação da Lei Seca contribuirá coma redução da violência em Sergipe. O deputado estadual Walmir Monteiro (PSC) disse ao deputado Jorge Araújo que não vai demorar muito e ele (Jorge) deixará de ser oposição ao governo. Segundo o deputado Walmir Monteiro, a Sergiportos está elaborando licitação para colocar em funcionamento uma balsa na travessia Indiaroba-Estância. A deputada estadual Lila Moura (PFL) reconhece que o Governo Albano Franco fez obras importantes em Pirambu, quando André Moura estava à frente da Prefeitura. O engenheiro Luiz Rodolfo Landim, além de pedir demissão da BR-Distribuidora, deixará Sergipe. A greve dos funcionários da Anvisa, que já dura dois meses, vem acarretando prejuízos que excedem a U$ 1 bilhão para as empresas médicas. A Varig recebeu quatro propostas de compra, que seriam apresentadas entre ontem e hoje à assembléia dos credores. brayner@infonet.com.br
O projeto vai abrir polêmica no mercado das instituições de ensino superior. O projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) obriga faculdades particulares a conceder bolsas para alunos impossibilitados de pagar mensalidades.
A reunião da comissão especial que analisa a matéria foi encerrada ontem por solicitação da maioria dos integrantes do colegiado. Eles também pediram a realização de novas audiências públicas para discutir o tema.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários