PROCESSO SUCESSÓRIO

O governador João Alves Filho (PFL) ainda não anunciou oficialmente, mas Sergipe sabe que ele é candidato à reeleição. Está conversando muito e procurando lideranças importantes para integrar novos partidos ao seu bloco político. Além disso, começou a percorrer o interior, levando soluções para prefeitos que já não suportam a pressão dos habitantes de suas cidades, como foi o caso de São Cristóvão. Aliás, nos primeiros dois anos de administração, João Alves Filho não falou sobre política. Utilizou todo o seu tempo estruturando o seu projeto de governo para executa-lo, dentro das prioridades definidas. Projeto pronto, obras essenciais em andamento, passou a atuar mais politicamente, conversando com lideranças, conquistando aliados e inaugurando obras em cidades do interior, refazendo a sua imagem nas regiões em que ele sempre deteve um bom percentual de votos. Alguns prefeitos o procuram, uma forte liderança do sertão revelou que o eleitorado de toda aquela área já fala mais em seu nome e os aliados do governador já esboçam um sorriso diferente, pela perspectiva de se manter no comando do estado.

 

O prefeito Marcelo Déda (PT), que avançou muito com o seu potencial de votos na capital, que o reelegeu no primeiro turno e com deslumbramento do eleitorado em todo estado com a sua liderança, recuou em sua euforia com os escândalos que sacodem o país e enlameiam o seu partido. A esperança deu lugar à indignação e isso atingiu a disposição do prefeito, embora não lhe tirasse o projeto de disputar o governo do estado. Ontem ele demonstrou que está recuperando o ânimo, ao conversar com o ex-presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT), que será o coordenador político do município. Dutra retorna a Aracaju para disputar o Senado Federal e, com a influência adquirida durante o período que esteve na estatal, poderá fazer um trabalho importante no interior do estado e em Brasília, onde tem bom acesso junto à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Esse final de semana o prefeito Marcelo Déda fará viagens ao interior, praticamente reiniciando visitas que foram sustada durante o picos da crise política que ainda abala o seu partido e o governo federal, ao qual é vinculado. Dentro do PT uma pequena ala acha que Marcelo Déda deve manter-se à frente da Prefeitura e lançar um candidato ao governo do estado, de preferência o senador Antônio Carlos Valadares (PSB). Déda, entretanto, mensura bem as suas condições eleitorais e está mais eufórico do que nunca para encarar uma disputa a governador em 2006.

 

Uma informação importante, entretanto, chega de Brasília, passando por São Paulo. O PSDB, liderado pelo ex-governador Albano Franco, pode não participar do bloco de apoio à candidatura do prefeito Marcelo Déda. No início de agosto, quando ainda discutia a questão da mudança de comando do tucanato sergipano, Albano Franco jantou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu correligionário e amigo. Depois de discutir a situação crítica do governo Lula e falar sobre eleições para presidente e nos estados, praticamente convocou Albano a ser candidato ao governo do estado. Agora, no final do mesmo mês, o ex-governador teve uma longa conversa com o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), e ouviu o levantamento da perspectiva de Albano ser candidato a governador, porque seria importante para ajuda-lo na disputa pela Presidência da República. Aos dois, o ex-governador disse que iria analisar com as bases, para ver qual o destino político que traçaria. Mas, é também de Brasília que vem a notícia surpresa: “Albano é minoria na posição de se aliar ao prefeito Marcelo Déda”. Segundo a mesma fonte, a maioria deseja que ele dispute um mandato majoritário e um maior número de aliados o quer ver na luta pelo governo. Albano não divulgou o seu projeto político e um dos seus mais próximos amigos disse que a família defende que ele dispute uma vaga na Câmara Federal.

 

Esse novo quadro, inclusive com a possibilidade do PMDB também discutir o lançamento de um nome para o governo do estado, onde sugere uma terceira via, pode avançar até as convenções de junho do próximo ano, apresentando quatro fortes candidatos ao Governo do Estado, modificando as previsões feitas no momento para o pleito de 2006.

 

 

ESQUENTOU

O clima esquentou, ontem, na Assembléia Legislativa. O deputado Augusto Bezerra desafiou o seu colega Gilmar Carvalho e repetir o que dissera no seu programa. Gilmar, como radialista, teria insinuado em seu programa que Augusto seria autor da carta que denuncias irregularidades na Prefeitura de Pirambu e na Assembléia Legislativa.

 

ACUSAÇÕES

Augusto Bezerra exibiu uma fita, que continha declarações do repórter Anselmo Tavares, que fazia acusações graves ao radialista Gilmar Carvalho. Algumas pessoas já tiveram acesso à fita. O menor classificação é de “guloso”. Daí parte para uma série acusações morais e comportamentais ao radialista.

 

GILMAR

O deputado Gilmar Carvalho (PSB) disse que vai requisitar a fita ao seu colega Augusto Bezerra para tomar medidas judiciais imediatamente. Não a fará contra o parlamentar, mas contra o repórter que lhe fez acusações, “caso isso esteja constatado na fita apresentada”.

 

AÇÕES

Gilmar Carvalho também vai entrar com ações cíveis contra o deputado Augusto Bezerra. Uma delas porque Bezerra disse que ele fazia “um jornalismo bandido”. A segunda quando Augusto Bezerra o acusa de ter dito que a carta fora feita por um parlamentar do governo. Outra ação é de ameaça física.

 

SEM RECEIO

Augusto Bezerra diz que não tem receio dessas ações judiciais e revelou que vai divulgar a fita no plenário da Assembléia Legislativa quando ele a requisitar. O deputado disse que as declarações contra Gilmar foram feitas em um conhecido bar do centro da cidade e já está nas mãos de muita gente.

 

MACHADO

A Comissão de Seguridade Social aprovou ontem projeto do deputado federal José Carlos Machado, que eleva para 18 anos o direito de receber Salário Família. Pela lei atual, o só tem direito ao Salário Mínimo até aos 14 anos. O projeto agora vai para a Comissão de Finanças.

 

PROGRAMAS

O presidente regional do PSDB, Bosco Costa, fez dois programas do partido na televisão, denunciando a corrupção no governo e pedindo a punição dos culpados. Isso incomodou ao ex-governador Albano Franco, mas, ao falar com Bosco, ele disse que foi passado o recado para mostrar que a gente não está morto.

 

TELEFONEMA

O prefeito Marcelo Déda teria telefonado ao ex-governador Albano Franco reclamando do tom da fala de Bosco Costa na televisão. A questão é que nesse caso Albano Franco é minoria. Segundo um membro tucano, o PSDB não aceita essa unidade e não apóia o que está acontecendo no país.

 

CANDIDATO

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), ao jantar com Albano Franco, levantou a perspectiva dele ser candidato a governo de Sergipe. Admitiu que isso ajudaria muito para candidatura do PSDB a presidente da república. Albano disse que ia ver, concorda com isso, mas vai analisar com os companheiros.

 

TORCIDA

Dentro do PSDB em Sergipe a torcida é que Albano Franco seja candidato ao governo do estado, mas ele sempre coloca obstáculo para isso. O pessoal ainda aceita que ele candidate-se ao Senado. O ex-governador, entretanto, sofre pressão para disputar uma vaga na Câmara Federal.

 

ALMOÇO

O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT) almoçou ontem com o ex-presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT) e tratou sobre sua participação na equipe. Dutra aceitou a Secretaria de Coordenação Política da Prefeitura, substituindo ao deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB). A posse será segunda-feira.

 

DECEPÇÃO

O prefeito Marcelo Déda teria ficado decepcionado com a saída do presidente Tarso Genro da disputa das eleições internas do partido, que acontecerá dia 18. Marcelo Déda achava que Tarso era uma boa opção para a reorganização do partido, neste momento que a legenda passa por uma crise.

 

SUBESTIMA

O senador Almeida Lima (PMDB) diz os políticos brasileiros estão subestimando “a capacidade de reação do povo”. Almeida referiu-se  presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que chegou a defender punições brandas, para os políticos que cometeram “crime de uso de caixa-2 em campanha eleitoral”.

PRISÃO
Para Almeida, “o povo não entende porque Delúbio Soares e Marcos Valério ainda não foram presos. O momento não é para acordos e conchavos, mas para atitudes”. “Fechar os olhos agora pode ser muito ruim para o Brasil. Podemos ter convulsões sociais e, nessa hora, pode aparecer algum aventureiro interessado em subir ao poder” – advertiu o senador.

 

 

Notas

 

ADOTIVOS

Foi aprovada em primeiro turno no Senado, a PEC, da senadora Maria do Carmo Alves (PFL), que estende os benefícios da licença maternidade às mães adotantes. Com emenda do senador Aluísio Mercadante (PT) o benefício se estende à licença paternidade, com duração de oito dias, também para os pais adotantes. A PEC tramita desde 2000 e suprirá lacuna do texto constitucional, art. 7º, ampliando sua interpretação quanto à finalidade da licença e ajustando-o aos preceitos de igualdade entre filhos naturais e adotivos, expressos em outros.

 

CLEONÂNCIO

O deputado federal Cleonâncio Fonseca (PP) diz que “na verdade sou da velha UDN”, mas está satisfeito no seu partido. Diz que não ataca pessoas, mas fatos, idéias e posições. Mas vê políticos que pregam só virtudes. “O inferno está cheio de moralistas. O moralista quer sempre aparecer como o único honesto, salvador da pátria”. Admite que em todo lugar tem gente honesta e boa, mas também tem os espertalhões. Tem gente decente no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, na igreja etc. Mas também tem gente ruim, “é só acompanhar os noticiários para ver isso”.

 

MAJORITÁRIO

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 133/03, do deputado Jaime Martins (PL-MG), que cria o sistema eleitoral majoritário para cargos legislativos. Agora, a proposta deve ser analisada em uma comissão especial, que ainda vai ser instalada. A PEC altera o sistema eleitoral e acaba com o coeficiente eleitoral. Ou seja, as eleições deixam de ser proporcionais por partidos ou coligações e passam a ser majoritárias, de acordo com o número de votos de cada candidato.

 

É fogo

 

A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) recebeu muitos telegramas e telefonemas de cumprimentos pela aprovação, por unanimidade, de sua Emenda à Constituição.

 

Almeida Lima não revelou as razões de ter deixado o PSDB no seu discurso em que anunciou filiação ao PMDB.

 

Almeida Lima garante que o PMDB está preste a ser encorpado. Ainda este mês uma nova leva de integrantes está engatilhada.

 

A partir de hoje todos os partidos começam a se movimentar para fortalecer suas bases em cada estado. Todos têm necessidade de crescer.

 

A sociedade está começando a se movimentar para que as CPI’s que apuram corrupção não terminem em pizza.

 

Membros de partidos pequenos estão esperando a votação da reforma política. Dependendo da nova legislação é que vão ver como ficam suas siglas.

 

Há uma forte tendência em por um fim às legendas de aluguel, porque certamente não haverá partidos em condições para isso. Tudo depende da nova legislação.

 

Todos trabalham as eleições do próximo ano, o que é natural, mas tem gente se preparando para o pleito de 2008.

 

O policial militar Messias, que algemou um médico e o prendeu, deve ser punido disciplinarmente, com expulsão da corporação.

 

É que se isso não acontecer, os médicos podem se considerar ameaçados para atender familiares de policiais, o que não seria bom para os soldados que se comportam de forma diferente.

 

O deputado Walmir Monteiro vai se manter no PFL. Não tem manifestado qualquer desejo de trocar de legenda.

A Receita Federal do Brasil e as secretarias da Fazenda de Estados e municípios brasileiros prometem reduzir a burocracia do país.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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