Momento tenebroso para a política este que ora vivemos. Os partidos e os políticos há muito não andavam tão desacreditados e o descrédito se soma à ausência de nomes com consistência para provocar a renovação. A resultante dessa equação é válida para o Brasil e para Sergipe.
Pensemos numa questão simples: quem deve ser o próximo presidente da República? Observemos o partido que está no poder há 13 anos, o PT. Lula se insinua como candidato em 2018, mas se ele for mesmo impedido de disputar a eleição? Que nome o Partido dos Trabalhadores tem para apresentar como opção viável de candidatura?
Talvez Fernando Haddad, o bom prefeito de São Paulo, que primeiro precisa passar pelo teste da reeleição neste ano. Conseguirá? É o que veremos. Outros nomes que poderiam ser considerados até num passado recente hoje estão queimados, pela idade ou pelas diatribes que andaram aprontando, que parece não restar mais alternativa.
No principal partido de oposição, o PSDB, o problema não é menor. O desesperado Aécio Neves, frustrado por ter perdido a última eleição, aventurou-se com tanta voracidade a mostrar-se paladino da moralidade e salvador da pátria que acabou esquecendo de esconder o próprio rabo. E é uma cauda cabeluda, presa a artimanhas de um passado nada abonador.
O governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, também já teve sua chance perdida. Ao lado de Aécio, confirmou numa rápida passagem pelas manifestações do domingo que a popularidade deles despencou, sendo xingados e banidos da avenida por aqueles que supunham estariam prontos para carregá-los nos braços. Ledo engano. Se entre os seus já não são mais queridos, quem os acolheriam numa disputa à presidência da República?
A vacilante Marina Silva, novamente alçada a alternativa até que seu discurso raso a faça despencar novamente?
E o PMDB, o eterno partido do poder, teria finalmente um nome capaz de conquistar a maioria dos brasileiros? Olhe-se para os caciques do “maior partido do Brasil” e conclua-se que definitivamente não dá. Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Jader Barbalho, Romero Jucá… É um deserto de homens e ideias.
Então se analise o Congresso, vejam-se nome a nome os senadores e deputados. Que se vá ao mapa do Brasil e se examine cada governador. Sem querer desmerecer ninguém, não há um nome que empolgue, que possa unificar o país, que canalize sentimentos de mudança, de autoridade e austeridade.
Quem poderá vir a ser o presidente do Brasil? Está difícil responder.
A mesma dificuldade se aplica a Sergipe. Quem será o próximo governador? Não é questão de adivinhação ou loteria. Jackson Barreto não disputará a reeleição e terá que se esforçar muito para indicar o sucessor. Se o seu PMDB não dispõe hoje de um nome qualificado para candidatar-se a prefeito de Aracaju, quanto mais para governador daqui a dois anos.
No PT, a atribuição não é menos complexa. Rogério Carvalho, que é o político petista local com maior densidade eleitoral, parece estar convencido de que o governo é um passo muito largo para alguém cuja personalidade irritadiça restringe chances de vitória. Estaria mais encantado pela possibilidade de disputar o Senado. Ele bateu na trave na última eleição e agora a sorte aumenta porque serão duas vagas em jogo e o senador Antonio Carlos Valadares anunciou que não disputará mais eleição.
Com Valadares fora do embate, seu partido, o PSB, também fica sem nome de peso para dar conta de tamanha responsabilidade. O filho é muito jovem para a tarefa, mesmo que se saia muito bem na eleição para prefeito da capital.
Edvaldo Nogueira, do PC do B, é um ótimo candidato a voltar a dirigir Aracaju, mas ainda precisa trabalhar mais a penetração do seu nome nos rincões estaduais. E 2018 ainda é cedo para ele.
Da oposição ao governo, o nome mais forte continua sendo o prefeito João Alves Filho. Mas, realizando uma administração problemática, encontrará dificuldade para se reeleger. Às voltas com as limitações da idade, dificilmente terá fôlego e aceitação popular para encarar uma corrida que leva contendores à exaustão. E o eleitor certamente lembrará que os da geração dele, Albano Franco, Jackson e agora Valadares, já terão trocado o sapato de correr campanha pelo chinelão de folgar em casa.
Restaria quem? Eduardo Amorim, o senador que mal consegue emplacar a própria candidatura a prefeito de Aracaju e que sofreu uma derrota vexatória na última eleição? O deputado federal André Moura, também do PSC?
Quem poderia vir a ser o governador de Sergipe? 2018 terá que trazer a resposta.