Há alguns dias atrás recebi de um amigo uma apresentação em slides que faz uma correlação entre os professores e os BBB´s[i]. Engraçado que eu nunca tinha parado antes para fazer essa correlação, mas tirando a emoção do texto fiquei pensando de grandes verdades e comecei a lembrar das minhas primeiras professoras, ainda no primário em Campina Grande, Paraíba. Embora muitos anos tenham se passado, mas eu me lembro como se fosse hoje dessas duas maravilhosas pessoas as quais com sua ajuda e cobrança me fizeram sempre valorizar o estudo e aproveitar ao máximo uma aula. Era uma tradicional escola particular da minha cidade e um seleto grupo de crianças passava as tardes lá estudando e apreendendo. Passei cinco anos nessa escola e só saí dela para fazer o exame de admissão ao ginásio e, a partir daí, iniciar novo ciclo da minha vida. Engraçado que essas professoras dona Dirce e Dona Dizinha acompanharam todas as fases importantes enquanto estudante: o exame de admissão ao ginásio, quando passei no vestibular e na minha formatura. Tempos diferentes aqueles, que os nossos mestres tornavam-se nossos guias e mentores por uma longa jornada das nossas vidas. Mas, os tempos mudaram. Os professores começaram a ser chamados de “tios” e “tias” e, o que deveria ser muito legal, parece que não foi. Os livros se modernizaram e passaram e ser rabiscados, usados para se escrever e, por esse motivo, não era possível o irmão mais novo usar o livro do irmão mais velho e que havia sido cuidadosamente “encapado” e estava impecável para o outro irmão usar. Todavia, os livros também ficaram diferentes, agora os alunos escrevem nos espaços em branco deixados com pontinhos para serem preenchidos pelo estudante. E o que parecia ser uma inovação fantástica, a meu ver, causou um problema de sem precedentes na educação brasileira: as crianças começaram a deixar de pensar, de imaginar, de criar cenários na mentes, pois tudo já vem prontinho para ser escolhido com os textos de múltiplas escolhas. O reflexo disto continua até hoje. Somos líderes em copiar modelos de educação internacionais, mas esquecemos de que o país de onde copiamos possui conceitos de educação, valores humanos e cidadania completamente diferentes e, além de todo pagam muito bem e respeitam seus educadores. Hoje em dia, como resultado da “modernização” sem precedentes no ensino, constatamos a dificuldade que as pessoas, mesmo as ditas mais preparadas, têm para preparar um texto por mais simples que seja. A maioria diz que dá um branco e, certamente, é isto mesmo que acontece. Como as pessoas foram preparadas apenas para responder nos espaços existentes nos quadradinhos é praticamente impossível para elas que foram acostumadas, habilitadas e treinadas para as respostas prontas, de uma hora para outra poder escrever um texto. E, o que aconteceu? À medida em que o ensino se “modernizou” os professores foram ficando em segundo plano, a cada ano que passava. E hoje em dia cansamos de assistir nos telejornais as notícias de professores ameaçados, agredidos e desrespeitados em sala de aula. O célebre “colar e copiar” com a chegada da internet. Não significa que a internet seja a vilã, nada disto; mas o seu uso indevido sim. Lembro de um caso que aconteceu comigo quando dava aulas de Pensamento Criativo no Curso de Administração da Faculdade São Luis de França. Precisava fazer a avaliação da turma e dei um material sobre liderança da Peter Drucker Foundation para os alunos lerem e a partir daí prepararem as suas apresentações. Alguns grupos fizeram apresentações brilhantes, mas lembro muito bem que outros deixaram de lado o rico material que lhes foi ofertado e trouxeram apresentações sobre liderança copiadas da internet de conteúdo fraco e inexpressivo. Portanto, esse é o mundo que vivemos atualmente. Os alunos, muitas vezes cansados de serem repositórios de conhecimento, de aulas nas quais os professores falam sem parar e não deixam os participantes colocarem os seus pontos de vista ou fazerem inquisições. Embora tudo tenha mudado na educação, o cenário da sala de aula mudou muito pouco ao longo de todos esses anos. Por outro lado, os professores deixaram de ter o seu lugar especial, e passaram a ser meros transmissores de informação. E aí? Esse é um caminho reversível? Ou irreversível? O que poderemos fazer? O que poderemos esperar? Quem pode ajudar? (*) Fernando Viana
www.fbcriativo.org.br
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários