A imprensa tem constatado o que toda a sociedade vem notando: um tempo gélido na candidatura para a Prefeitura de Aracaju. Aliás, estendendo um pouco mais a visão do quadro eleitoral, as candidaturas proporcionais também estão em um imenso iceberg, que flutua entre a baixa temperatura do tesão do eleitorado e a escassez de dinheiro de quem pretende conquistar um lugar nas câmaras de vereadores. Ontem, um assessor político que gosta de analisar esse comportamento que antecede o pleito verificou que, de todos os nomes que disputam a Câmara Municipal de Aracaju, apenas três garotos, filhos de pais ricos, que querem vê-los iniciar-se na política, é que estão gastando aos tubos. Um deles, inclusive, sai oferecendo emprego adoidado a todos que o pedem, e tem até conseguido isso através de alguns deputados que têm compromissos financeiros com o seu pai. Fora esses três novos personagens da política sergipana, há muito pouco material de publicidade em circulação. Até as velhas e horríveis inscrições em muros e paredes desapareceram. Não se tem certeza se é por receio de uma ação do Tribunal Regional Eleitoral – TER – ou porque não têm dinheiro para comprar tintas e pagar a um pintor qualquer. De qualquer maneira ganha a cidade, que fica protegida dessa poluição visual. Essa frieza atinge a periferia da cidade e entristece os eleitores profissionais, que aproveitam o período de campanha para arrancar algum trocado de vários candidatos, sob a promessa de lhes darem os votos. Já no interior, o clima está esquentando e a movimentação começa a ser de que, dentro de mais dois meses, todos estarão nas seções eleitorais cumprindo o dever de escolher um nome para a Prefeitura e uma representação para a Câmara Municipal. O prefeito Marcelo Déda, de quem se esperava uma campanha milionária para a reeleição, não está exibindo qualquer excesso. Embora o material publicitário esteja nas ruas e os candidatos a vereador estejam com cartazes e outdoor cobrindo toda a cidade (até Fome tem um deles), não se vê fartura de santinhos e nem grandes shows artísticos para os comícios. Aliás, esse tipo de manifestação de campanha nenhum candidato pretende mais fazer. A não ser alguns, assim mesmo em pontos estratégicos, onde a comunidade pode participar e depois cair na folia ao som dos trios elétricos. Mas perder tempo em falar para multidões, sem que alguém alcance os seus projetos e intenções, é coisa do passado e que não faz mais a cabeça de nenhum eleitor. As passeatas ou carreatas, com comícios relâmpagos, ainda fazem efeito para um pequeno número de pessoas que ainda tem saco para ouvir o blá-blá-blá dos políticos. Marcelo Déda acha que os termômetros da campanha só chegarão aos 45º, quando se iniciarem os programas de televisão, dia 17 próximo. Aliás, todos os candidatos já estão com os seus programas de aberturas gravados nas produtoras e trabalhados pela equipe de marketing. Marcelo Déda disse que vai mostrar o que fez por Aracaju nestes quatro anos de mandato, para que o povo aceite a sua permanência. O prefeito diz que seus adversários estão se preparando para bater no óbvio, que é culpá-lo por omissão a alguns projetos que cada um deles imagina. Considera que nada melhor do que mostrar as realizações para respondê-los e calar a todos. Alem disso, Déda vai enveredar pelos caminhos da contribuição que o Governo Federal tem dado a Sergipe e que precisa do apoio do eleitorado para prosseguir com as mudanças. A deputada Susana Azevedo, candidata à prefeita pelo PPS, vai exibir um bem organizado programa de governo, baseado exatamente no que sua equipe técnica considerou absolutamente necessário a Aracaju, e que não foi realizado pela Administração do prefeito que deseja a reeleição. Mostrará, por exemplo, que durante este período Marcelo Déda não construiu uma única creche, que não visitou os bairros da periferia e que construiu obras de fachadas, aproveitando o que já estava pronto, como o asfaltamento de grandes avenidas já abertas e construídas há vários anos. Fará propostas e não deixará de mostrar o equívoco do Governo Lula e da desesperança do eleitorado com o resultado da administração petista no Planalto Central. O candidato Jorge Alberto (PMDB), candidato a prefeito, não vai criticar o Governo Federal. O apóia na Câmara Federal. Mas vai relatar os recursos que já conseguiu trazer de Brasília para Sergipe, inclusive Aracaju. Terá sempre em mãos um projeto de Governo elaborado, com o qual pensa convencer a população de que sua proposta é a melhor, inclusive exaltando o fato de ser do PMDB, partido que sempre esteve à frente dos grandes embates no Estado. O candidato José Renato Sampaio (PPR) vai federalizar a campanha e mostrar que o prefeito Marcelo Déda tem sua parcela de culpa nesse processo nacional, já que é um dos homens de confiança do presidente Lula, inclusive consultado para as decisões políticas e econômicas. Realmente será depois do início dos programas de televisão que a campanha vai ferver, porque o eleitorado terá consciência, dentro das propostas de cada um, qual deles será o melhor para administrar a Capital. Por enquanto, nota-se apenas uma melhor condição de Marcelo Déda, mas não dá para mensurar que ele ganha no primeiro turno. CODISE O governador João Alves Filho mandou demitir Norman Oliveira, da Codise, independente da empresa ser autarquizada ou extinta. A informação é do secretário da Indústria e Comércio, Tácito Faro, que garante: “a decisão não foi para preservar Norman, evitando que a Codise fechasse em suas mãos”. DETALHE Tácito Faro não quis entrar em detalhes sobre a causa da demissão, apenas disse que recebeu a determinação do governador e a cumpriu. A partir de agora a Codise passa a ser administrada diretamente pelo secretário Tácito Faro, até que se resolva como ficará a empresa. DECISÃO Segundo ainda Tácito Faro, a Codise não vai fechar: “ainda está em discussão se ela será extinta ou autarquisada”. Pelas informações do secretário, a demissão de Norman ocorreu pelas denuncias de excesso de gastos, que chegou ao governador através de carta. PETRÓLEO Os deputados federais e senadores sergipanos devem participar de uma sessão especial na Assembléia Legislativa, para discutir um problema que afeta o Estado. Vão tentar uma estratégia para tentar barrar o leilão de áreas para exploração de petróleo, que deverão ser arrematadas por multinacionais. PASSIVO O senador Almeida Lima (PDT) disse, ontem, que em relação à política do Estado está preferindo observar, sem dá lances. Ficar de forma passiva. Deus um exemplo: “o governador João Alves me bateu e dei a outra face, não mudei em nada, nem vou dizer nada, mas continuo contrariado”. DÉDA O prefeito Marcelo Déda (PT), candidato à reeleição, estava em São Paulo e reuniu-se com a Direção Nacional, para tratar da campanha. Déda evitou entrar em detalhes, disse apenas que foram contatos dos mais amplos possíveis, inclusive ajuda para campanha em Aracaju. CONFORTÁVEL Marcelo Déda diz que não tem dados de pesquisa, mas recebe informações de que a situação é confortável e que ganharia no primeiro turno. “Independente disso vou trabalhar para ganhar, sabendo que têm os adversários que merecem o meu respeito”, disse o prefeito. BOQUIM Está certo que a cúpula das oposições em Sergipe vai a Boquim, sábado, para participar do comício de Pedro Barbosa à Prefeitura daquela cidade. O prefeito Marcelo Déda, por exemplo, terá um comício em Aracaju, mas as 21 horas que chegar em Boquim para prestigiar Pedro Barbosa, irmão do ex-deputado Joaldo Barbosa. PROJETOS Todos os projetos de reforma do Estado retornaram às comissões na Assembléia Legislativa, para regularização de suas identificações numéricas, Só depois vão a plenário pra discussão e votação. As emendas apresentadas podem passar, desde que sejam consensuadas. A votação deve acontecer na terça-feira. OPOSIÇÃO Apesar do papel que a oposição está fazendo junto aos processos, todos eles serão aprovados pela maioria do Governo e com a ajuda de deputados que não são do bloco. Há certeza de que os deputados Ulices Andrade (PSDB), Fabiano Oliveira (PTB) e Mardoqueu Bodano (PL) votam a favor de algum projeto da reforma. BRONCA Candidatos a vereador de todas as coligações que apóiam a reeleição de Marcelo Déda a prefeito, reuniram-se ontem, no comitê central do candidato. Foi uma bronca geral. Todos querem a material de campanha, como os candidatos petistas, inclusive outdoor. Teve candidato que ameaçou abandonar a coligação. DISCUSSÃO O deputado Ulices Andrade não gostou da forma como seu colega Belivaldo Chagas (PSB), denunciou em público o voto que ele e mais dois deputados deram ao PEC. Os dois se encontraram nos corredores da Assembléia e Ulices expôs sua contrariedade. Disse a Belivaldo que a partir de agora sua atitude será outra naquela Casa. BOATO Circulou boato ontem, em Aracaju, que o empresário Macedo Brilho (PSB), candidato a prefeito de Nossa Senhora do Socorro, havia desistido da disputa. Macedo Brilho continua com sua campanha e conta com o apoio total do partido, principalmente do senador Antônio Carlos Valadares. ENCONTRO O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vai reunir simpatizantes, sexta e sábado, no primeiro Encontro Estadual de Sergipe, para discutir diversos assuntos da legenda. O pessoal vai discutir reformas trabalhistas, sindical e universitária, o leilão da Petrobrás e a participação do partido nas eleições municipais. Será na sede da CUT. Notas COMBUSTÍVEL O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, afirmou que, apesar da alta recorde dos preços de petróleo no mercado internacional, a empresa não vai aumentar, no momento, os preços da gasolina e do diesel: “Estamos esperando a definição do novo patamar de preços do barril de petróleo”, disse. Segundo Dutra, a Petrobrás não repassa para ao consumidor brasileiro a volatilidade do mercado internacional, seja para cima ou para baixo. O aumento do combustível pode acontecer se houver novo aumento do petróleo. “BOCAS” O candidato a vereador pelo PDT, Fabio Henrique, vai fazer uma campanha contra a prática de “boca de urna” nestas eleições. Ele considera que esse pessoal contratado descaracteriza a democracia, porque há uma comercialização do voto. Tem candidato que paga R$ 50,00 por pessoa pelo voto e trabalho de boca de urna. Fábio acha que os poderes públicos têm instrumentos suficientes para coibir a “boca de urna” e que vão fazê-lo, mas acredita que é preciso que a população ajude, para que não eleja candidatos que compram votos. TRANSPOSIÇÃO O deputado Augusto Bezerra (PMDB), continuando o seu trabalho contra a transposição das águas do Rio São Francisco, destacou a coragem do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que conseguiu adiar esse procedimento do Governo Federal, sem o processo de revitalização necessário. A transposição do rio São Francisco, que vai atingir mais cinco Estados do Nordeste, já foi determinada pelo presidente Lula e será executada Através do Ministério de Desenvolvimento Nacional, que tem à frente Ciro Gomes. É fogo O candidato a prefeito pelo PMDB, Jorge Alberto, fez uma caminhada pela Terra Dura e ficou muito animado com a receptividade da população. Na periferia de Aracaju sempre é uma festa a presença de candidatos, porque movimenta o bairro e sempre se consegue alguma coisa. A maioria dos candidatos proporcionais, membros de partidos que apóiam candidaturas majoritárias, está sofrendo com a falta de ajuda para campanha. O Senado Federal deu uma semana de recesso branco aos senadores, para compensar o período que tiveram em convocação extraordinária. O material de campanha da candidata Susana Azevedo (PPS) está começando a aparecer agora em Aracaju. O deputado Fabiano Oliveira (PTB) tem dado uma grande força ao seu colega Adelson Barreto, como candidato à Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro. A turma de apoio ao candidato Carlinhos da Atlética (PMDB). A sucessão de Itabaiana, está reclamando da falta de dinheiro para levar a campanha. O ex-deputado Jorge Araújo (PSDB) continua de olho no desenvolvimento da campanha de Maria Mendonça à Prefeitura de Itabaina. Jorge Araújo até está dando uma mãozinha para ela, porque se Maria for eleita ele assume a vaga na Assembléia Legislativa. O ex-vereador Pedro Firmino (PSDC) bota os pés no chão e começa a pedir voto nos bairros e no centro de Aracaju. A indústria brasileira mantém seu forte ritmo de recuperação e neste ano deve crescer 6%, muito acima dos 4% previstos para toda a economia. O empresário Gilson Figueiredo, presidente da CDL, submeteu-se a uma cirurgia, mas já está se recuperando muito bem. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br