PT e as carícias e afagos administrativos de Belivaldo para Bolsonaro

“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

A frase que muita gente atribui ao ex-governador mineiro e conspirador do Golpe Militar de 1964, José Magalhães Pinto, de que “política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”, é sempre atualíssima. Dita por um dos fundadores da UDN (União Democrática Nacional), lá em meados do século XX, é um axioma presente no mundo político brasileiro e sergipano contemporâneo. Por quê? É só analisar alguns aspectos discursivos das eleições passadas em Sergipe.

No palanque de Belivaldo e Eliane tinha gente da base do então presidente Michel Temer, a quem os petistas acusavam de golpista; tinha Bolsonarista claramente declarado; tinha gente que não votou em Rogério Carvalho para o Senado; tinha gente que fazia chacota de Eliane Aquino. Nada disso, nada, fez o PT espernear. Nem um pio.

Pelo contrário, os petistas foram altamente complacentes, condescendentes e omissos. O silêncio do PT foi mais do que conivente. Foi oportunista. Noutro ponto, acusavam raivosamente quem votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e estavam em palanque diferente, mas escondiam os mesmos que votaram para afastar a petista, mas como eram aliados de momento silenciavam. O PT vem pagando caro pelas suas opções.

Agora a plêiade petista se afasta de Edvaldo alegando que o a proximidade do comunista com o empresário-deputado Laércio da Multiserv, mas não cobram esta mesma coerência de Belivaldo Chagas que passou a ser o governador queridinho de Bolsonaro. De todos os governadores nordestinos, base eleitoral do “Lulapetismo”, Belivaldo é quem tem portas abertas no palácio do Planalto.

Belivas tá errado? Não. Mas os petistas precisam decidir qual o peso e medida para medir Belivaldo e Edvaldo. A incoerência está clara para o eleitorado.

Vergonha para Prefeitura de Aracaju: moradores do conjunto Paulo Barreto fazem bingo para quadra de esportes E no último sábado, 18, foi realizado um show bingo beneficente para arrecadar recursos para reformar a quadra de esportes do conjunto Paulo Barreto localizada na Praça Horário Martins em Aracaju. Cansados de esperar a reforma por parte da Prefeitura os moradores se moblizaram. E mais: receberam o apoio do ex-deputado Robson Viana, da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura que cedeu as traves e da Inclusão Social também do governo estadual que doou brindes para o sorteio.

Apostas de prisões de prefeitos do interior A sabedoria popular é atemporal. Antecipa-se aos fatos e mantém a tradição em garantir sempre que o pitoresco, o inusitado ou mesmo o comum seja previsto com antecedência. Em muitas cidades do interior de Sergipe a cultura das apostas não é mais para saber quem ganha ou perde as eleições de 2020. Dizem que os palpites agora são para saber quais prefeitos serão presos ao se aproximar do pleito municipal. Tem gente apostando que os esquemas de transporte escolar virão à tona, esquemas de shows, enfim muita coisa a ser explicada. Mas os apostadores, dizem, escolhem os que são ligados à oposição: acham mais fácil que um opositor do sistema durma no xadrez. Deve ser apenas especulação desse povo, só pode!

Braço direito de André Moura é nomeado no gabinete do Senador Alessandro E no fim de semana circulou nos grupos de whatsApp, principalmente do interior, que Itamar Santana, ex-secretário de Indústria e Comércio de Lagarto, por indicação do ex-deputado André Moura, foi nomeado “Ajudante parlamentar intermediário” no gabinete do senador Alessandro Vieira. A notícia circulou como se fosse uma indicação de André Moura.

Barra dos Coqueiros: Toinho da Toyota se consolida E o vereador Toinho da Toyota está consolidando o nome dele junto as lideranças do município da Barra dos Coqueiros como pré-candidato a prefeito. Ele é do agrupamento do prefeito Airton Martins, que já foi reeleito e está surpreso com o desempenho do vereador que vem recebendo apoio da maioria das lideranças locais. Os aliados e a comunidade contam como certo o apoio do prefeito ao vereador.

Bucho de cachaça no expediente E um jornalista que estava no Museu da Gente Sergipana na sexta-feira a tarde ficou estarrecido com o que viu. Um ex-político que trabalha no local chegou dirigindo o veículo dele e parecia que tinha bebido na hora do almoço. Arrancou uma das placas do estacionamento e saiu do carro como se nada tivesse ocorrido. Péssimo exemplo…

Nitinho é prefeito por duas semanas E desde sábado, 18, o presidente da Câmara de Aracaju, Josenito Vitale, o Nitinho, assumiu o comando da Prefeitura de Aracaju com as férias do prefeito Edvaldo Nogueira por duas semanas numa viagem fora do país.

Em boas mãos “Deixo a Prefeitura em boas mãos. O vereador Nitinho Vitale, que é um amigo, uma pessoa por quem tenho carinho, admiração e que tem dado grande colaboração à gestão municipal, nos ajudando no parlamento a aprovar os projetos que beneficiam os cidadãos”, disse o prefeito afirmando que Nitinho dará continuidade ao trabalho.

Voto de confiança Para Nitinho, assumir a prefeitura representa “um voto de confiança” de Edvaldo. “Fico muito feliz, pois temos origem parecida: viemos do mesmo povo, trabalhamos sempre com seriedade e respeito. Será um trabalho de continuidade. Edvaldo está fazendo uma administração maravilhosa, transformando nossa cidade e surpreendendo muita gente. Pode viajar tranquilo, prefeito. Você tem um amigo que não criará nenhum problema”, disse.

Situação das casas localizadas na Praia da Caueira Desde que o Ministério Público Federal (MPF/SE) impetrou ação proibindo a construção de casas e determinando a paralisação das obras em curso na Praia da Caueira, o deputado estadual Luciano Pimentel tem intermediado o diálogo entre a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) e os proprietários de imóveis situados na localidade.

Processo Na sexta-feira, 17, o parlamentar esteve novamente na sede do órgão, responsável pela fiscalização de atividades que impactam o meio ambiente, para ter mais informações sobre o processo que atinge diretamente os moradores da região, localizada em Itaporanga D’Ajuda.

Propriedades regularizadas “Estamos falando de propriedades regularizadas perante ao próprio poder público. De famílias que construíram suas casas por terem sido levadas a acreditar que poderiam investir naquele local. E isso aconteceu porque o Estado ofereceu infraestrutura na região, com rede de água, energia e até posto policial. Não é justo que agora essas pessoas precisem lidar com o receio de perder sua moradia”, destaca Luciano Pimentel.

Andamento Procuradora-chefe da Adema, Samira Daud, esclareceu de que maneira será conduzido o processo. “Essa semana participamos de uma audiência de conciliação em que foi estabelecido um prazo de 60 dias úteis para que os órgãos se integrem e apresentem um cronograma de ações a serem executadas por cada ente. Junto com ele, devemos encaminhar uma proposta de como resolver esse conflito de forma consensual. Acredito que assim estamos mais seguros em obter uma solução efetiva para essa problemática”.

Olhar diferenciado De acordo com o diretor-técnico da Adema, Romeu Boto, o Governo do Estado está realizando um estudo para o gerenciamento costeiro que servirá de base na elaboração de uma Minuta de Lei para o zoneamento econômico ecológico da zona costeira de Sergipe. “Nós, da Adema, comungamos da ideia de que só ao final desse estudo, e com a publicação da lei, poderemos fazer um juízo de valor sobre o que efetivamente é área impedida e área a ser regulamentada como para construção. Hoje conseguimos esclarecer esse ponto de vista, alertar do andamento da lei e verificar que a Caueira, em particular, é um loteamento muito antigo e que por isso é preciso um olhar diferenciado com relação aos demais praias da região sul de Sergipe”, ressaltou.

Audiência e moradores Diante das explanações, Luciano Pimentel se comprometeu a promover uma audiência pública, na Assembleia, para debater a temática. A ideia foi bem vista pelos proprietários de imóveis que foram presença marcante na reunião. “Temos travado uma verdadeira batalha em defesa das demandas da Caueira. Hoje fizemos questão de estar em grande grupo e saímos com uma sugestão positiva, feita pelo deputado, que é a realização de uma audiência pública para tratar desse tema de maneira mais ampla. Ficamos felizes e agradecemos o comprometimento de Luciano Pimentel com essa causa”, enfatizou Emanuel Barbosa, representante dos moradores da Caueira.

Participação popular na formulação dos instrumentos orçamentários do Estado O governo do Estado promoverá na próxima quarta-feira (22), uma audiência pública para discutir a elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 e a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2020 em Sergipe. A participação do cidadão é de extrema importância, pois ambos os instrumentos estabelecem diretrizes, metas e objetivos relacionados a políticas públicas a serem executadas pelo Estado.

Público alvo A audiência pública será aberta às 9 horas, no auditório da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), e é destinada a representantes de órgãos de governo, sindicatos e demais instituições representativas da sociedade civil. Nela, os técnicos farão uma apresentação sobre como o cidadão poderá enviar sugestões para contribuir com a elaboração do PPA e da LOA.

II Seminário dos Auditores de Controle Externo O Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE) realizará no próximo dia 22 de maio, das 8h às 13h, o II Seminário dos Auditores de Controle Externo. O evento reunirá especialistas do controle externo, autoridades, estudantes universitários e a sociedade civil, com o objetivo de difundir o papel constitucional dos Tribunais de Contas do Brasil na condição de indutores de políticas públicas.

Temáticas Aberto ao público, o Seminário abordará temáticas como a estrutura, funcionamento e reflexos do processo de controle externo na esfera jurídica, a função de controle externo da Administração Pública na perspectiva do Direito Administrativo Moderno, o uso das técnicas avançadas de auditoria e o fortalecimento das instituições republicanas serão outros aspectos abordados.

Palestrantes Serão palestrantes o procurador do Estado, Tiago Bockie; o delegado da Polícia Federal, Márcio Alberto; e o auditor de controle externo do TCU, Jackson Luiz Araújo Souza. Haverá ainda um talk show com o promotor de Justiça, Augusto Cesar, e do procurador do Ministério Público de Contas, Eduardo Côrtes. Todas as explanações terão também participações de auditores de controle externo do corpo técnico do TCE/SE.
As inscrições para o II Seminário dos Auditores de Controle Externo do TCE/SE estão abertas e devem ser efetuadas por meio do site da Escola de Contas (Ecojan): www.tce.se.gov.br/ecojan.

Prêmio para micro e pequenos empresários em Sergipe Amanhã, 21, o BNB realizará a quinta edição do Prêmio Banco do Nordeste da Micro e Pequena Empresa 2019, que reconhece a ação de empreendedores de destaque em Sergipe, nos setores da indústria, comércio e serviço. O evento tem início às 8h, no auditório da Superintendência Estadual do Banco, em Aracaju.

FNE O propósito da premiação é contribuir para ampliar a cobertura do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e incentivar as empresas a buscar crescimento e desenvolvimento no campo de desempenho econômico-financeiro, qualidade da gestão e iniciativas de inovação.

Práticas “O prêmio reconhece excelentes práticas desenvolvidas no Estado de Sergipe. Além de premiar essas iniciativas, contamos a história de sucesso de cada empresário, que acaba por servir de inspiração para outros micro e pequenos empreendedores”, disse o superintendente estadual do Banco do Nordeste, Antônio César de Santana.

Critérios As micro e pequenas empresas selecionadas obedecem a critérios como ter faturamento anual de até R$ 4,8 milhões; pelo menos 12 meses de atividade; crédito do FNE vigente; e sede na área de atuação do Banco do Nordeste, que inclui os nove Estados nordestinos e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Fim de lixão A Prefeitura de Lagarto já conseguiu controlar os focos de incêndio no lixão local e agora estuda uma maneira para acabar com o despejo de resíduos no terreno. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas. Noel Sousa, as atenções estão redobradas para um projeto que pretende extinguir o lixão e criar um aterro sanitário no município. “Já estamos vendo com técnicos e Ministério público. Queremos priorizar a saúde, o bem-estar e a segurança da população que reside perto”, disse o secretário.

Mudança O lixão do município de Lagarto foi instalado na região próxima ao Alto da Boa Vista e o povoado Santo Antônio há muitos anos. Enquanto isso o local foi se urbanizando e agregando cada vez mais moradores. A Prefeitura de Lagarto pretende agora criar um aterro sanitário, realizando o trabalho de coleta seletiva e cumprindo à risca a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Presidente da ASSEDIS avalia cenário após hibernação da Escurial Cerca de 200 empregos diretos e indiretos perdidos, ônus tributário ao município de Nossa Senhora do Socorro e impacto social a ser calculado, causado por diversos fatores e agravado pelo custo do gás industrial em Sergipe. Assim, o presidente da da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Socorro (ASSEDIS), Celso Hiroshi Hayasi, avalia os fatores que ocasionaram na abertura do processo de hibernação da Cerâmica Sergipe Ltda, também conhecida por Escurial, após 26 anos de histórias e investimentos na região de Nossa Senhora do Socorro, sem deixar de acreditar em boas perspectivas para o futuro.

Motivos A Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE) procurou a ASSEDIS para avaliar o contexto e corrobora com as pautas e reivindicações apresentadas pelo seu presidente, que apontou, entre diversos fatores, o preço do gás foi determinante, mas não foi o único motivo. Em sua avaliação, o processo está relacionado também à estagnação da economia e da Construção Civil. “A Escurial é fabricante de pisos para a indústria de construção civil, então a gente tem um fator macro, que é a conjuntura econômica, e aos altos custos industriais, relacionado diretamente ao consumo do gás, que foi determinante para que houvesse uma deficiência financeira, o negócio perdeu competitividade. O gás foi a gota d’água nesse processo”, explicou o presidente.

Custos Em termos comparativos, segundo dados apontados pela ASSEDIS, os gastos que a Escurial tem em Sergipe são 13,3% maiores que os custos na Bahia, por exemplo, Estado onde a Escurial compete com empresas e sofre com a perda de competitividade. Comparado a outro Estado do Nordeste como o Ceará, o valor do gás para empresas em Sergipe é 16% superior, levando em consideração o mesmo volume que a cerâmica consumiria para fabricar os pisos.

Empecilho Esses fatores tornam-se um empecilho para o desenvolvimento de um parque industrial sólido em Sergipe, na visão de Hiroshi. “Com o gás mais caro, não é possível atrair novos investimentos e a tendência é que empresas que usam o gás natural como insumo industrial tenham mais dificuldade de sobrevivência”, lamenta.

Nota Em nota, divulgada na última sexta-feira, 17, a Cerâmica Sergipe Ltda. apontou o custo do gás determinante para sua hibernação. Para Hiroshi, uma perda para o Distrito. “A trajetória da Escurial é de sucesso desde sua implementação. Ela foi uma das empresas pioneiras aqui no Distrito. Foi a cerâmica que instalou a tubulação de gás no Distrito Industrial de Socorro, hoje mantido e operado pela Sergás. E essa história fica prejudicada, mesmo tendo investido e acreditado bastante em Sergipe”, explicou.

PELO ZAP DO BLOG CLÁUDIO NUNES – (79) 99890 2018

Prefeito Diógenes Almeida tem patrimônio penhorado por conta de mau aplicação de recursos públicos. Em decisão da juíza Lívia Santos Ribeiro, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto o atual prefeito, Diógenes Barreto, teve rejeitado a exceção de pré-executividade oposta numa ação de ressarcimento ao erário público. A juíza determinou a parte exequente que apresente os cálculos atualizados do valor devido para as devidas providências. Ainda cabe recurso.

PELO E-MAIL E FACEBOOK

O jornalista Márcio Rollemberg Leite  –  Centenário 1919-2019

por GILFRANCISCO: jornalista e professor universitário
gilfrancisco.santos@gmail.com

 

O nome de Márcio Rollemberg Leite me intriga desde 2008 quando iniciei as pesquisas sobre a formação do Partido Comunista em terras sergipanas. Foi seu companheiro de militância, o jornalista Célio Nunes (1938-2009) quem me contou algumas histórias e seus encontros políticos em uma de suas residências, localizada na Aruana. Mas seu nome era um mistério, ninguém tinha notícia do seu paradeiro. Então, passei a colecionar textos do homenageado publicados em diversos periódicos, desde a época estudantil iniciada em 1934, alguns dos textos incluídos no livro Agremiações Culturais de jovens intelectuais na Imprensa Estudantil, publicado pela EDISE, 2019.

Nascido em Riachuelo (SE) há 29 quilômetros de Aracaju em 14 de abril de 1919 no Engenho Angico. Márcio Rollemberg Leite, intelectual importante na formação das ideias políticas no Estado, estudou as primeiras letras em escolas particulares, em Riachuelo e em Aracaju, fazendo o curso secundário no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, passando pelo Colégio Tobias Barreto, em 1935, onde dirigiu com outros colegas o jornal estudantil Boletim nº2 órgão do Grêmio Lítero-Científico Tobias Barreto, e finalmente matricula-se no curso complementar do Ateneu, onde teve como colegas Joel e seu irmão Paulo Silveira, João Nou e outros. Bacharelou em Direito pela Faculdade Nacional, do Rio de Janeiro, tendo atuação de destaque na União Nacional dos Estudantes – UNE. Regressando a Sergipe, fixa residência em Aracaju, onde inicia sua carreira de advogado e jornalista.

 

Militância Estudantil

Desde muito cedo, iniciou-se nos movimentos de agitação política estudantil, escrevendo artigos e poemas para os jornais estudantis, pessoa ligada ao estudo e à inteligência de um modo geral. O Boletim nº2, Aracaju, Ano I, outubro, 1935, 4 páginas, dirigido por José Barreto, Márcio Rollemberg, Sindulfo B. Filho, Gustavo Dantas, Paulo Garcez e Durval Maynard. Vejamos o editorial, Umas Palavras:

“Parece que dentre todas as classes sociais a estudantina é a que mais possui representantes da inconstância. Isto, ao menos em Sergipe, passa na fechadura da observação tal qualmente a chave das afirmações. Serve de exemplo aos vistos períodos, o caso deste Boletim que possui atrasadíssimo o seu segundo número.

Entretanto, não se culpe a diretoria. O desânimo dos colegas que em maioria desprezam a leitura e, portanto, não chegam a assinar um jornalzinho recreativo isto é que detém a marcha do órgão fundado para defesa e honra da mocidade.

Contudo, agora, com a prematura morte de Lyses não podia deixar de sair a luz este novo número do Boletim, que dará habilmente ao ilustre extinto o adeus saudoso dos sócios do G.L.C.T.B. E sai o número, ainda que sem o auxílio daqueles tão números alunos que não são principais leitores. Sai com o auxílio infalível das nobres autoridades do Colégio Tobias Barreto.
A morte que levou ao saudoso Lyses, não sabia talvez que inúmeras eram as pessoas que iriam ao enterro dele. Na verdade este foi descomunal. Pela manhã da sexta-feira, a pé colegiais e gente de várias classes prestaram homenagem ao morto em o acompanhando ao cemitério.

Aqui, antes do sepultamento, falaram pelo Ateneu (lugar onde estudava Lyses) Abelardo Horta, Rivaldo Oliveira, Gerson Pinto, Lauro Fontes, Adalberto Campos, Neide Albuquerque e Julieta Dias pelo Salesiano. Raul Leite e José Bittencourt, pelo Tobias Barreto, José Barreto Fontes (representando o Colégio) e Márcio R. Leite (representando o Grêmio a quem pertence este Boletim). Todos os discursos pronunciados mostraram ao público quanto Lyses, era querido por qualquer um dos oradores. Aqui vai um dos lidos discursos, e que, portanto, encerará as mesmas palavras que encerrou à hora fúnebre.

Aliás, é o do representante do Grêmio Lítero-Científico Tobias Barreto (1).

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Vejamos o Discurso sobre o jovem poeta Lyses Campos (1918 -1935) pronunciado por Márcio Rollemberg Leite, representando o Grêmio Lítero-Científico Tobias Barreto, publicado no Boletim nº2:

Não se admirem, senhores da pobre pessoa que ousa falar em um momento como este. Ela dará só e humildemente ao jovem extinto o adeus fúnebre e mais sincero dos membros do G.L.C.T.B.
Voz que noticia a morte parece pronunciada pela própria morte.
Concebem isto ao menos para mim que, mais de uma figura mitológica que de um colega amigo ouvi atônito a notícia: É morto o jovem Lyses. Para mim, disse eu, porque sou destas muitas pessoas que perdem a ciência de si e das outras e de tudo quando se lhes digam ter um conhecido deixado este mundo para ir-se para os aposentos ignorados de outro. Ah! Lyses fostes um ente que não provou do fel nem sentiu as causas da desditosa velhice. Entretanto mesmo em tua mocidade deste as mãos a um companheiro do homem: O sofrimento. E mesmo sofrendo, enquanto vivias tiveste amigos, admiradores. Julgo, porém, que me não colocaste na dourada lista deles. E sei que a causa disto não eram as intrigas que entre nós surgiram.

Inteligente como eras não te deixavas malhar pela venenosa linha da intriga.
A causa disto, que as penso, foi principalmente a minha escassez de merecimento, a escassez que jamais me permitiu ser eu considerado admirador de alguém.
Todavia, vendo-te agora arrebatado pela morte monstruosa, mostro-me o teu admirador, expondo aqui num momento o que sinto, desde a vez primeira que me mostrei feliz em te conhecer, até o momento saudoso em que vi o retrato último da tua inteligência lúcida. Companheiro que te foste, queira ouvi de onde estiverem teus ouvidos, o adeus daqueles que represento e que comigo se ficaram. Eles, e com eles eu, não estiverem teus ouvidos, o adeus daqueles que represento e que comigo se ficaram. Eles, e com eles eu, não estivermos por pensar que tão cedo viesses tu a desaparecer. Mas, isto são caprichos do destino. A morte, fechando os olhos de indiferente, não se importa de esgarrear ou sucumbir a esta ou aquela pessoa. O que, no entanto, ela não leva, são os olhos dum homem. Enquanto houver vácuo no cérebro do vivente a que o culpe a memória do extinto, as obras deste sempre e sempre viverão na recordação daqueles.
É o teu caso Lyses. Sem condescendências para contigo, levou-te em suas garras a Hidra da morte.
Contudo, ficaram as lembranças da tua inteligência e da tua bondade. Em vida, no pouco que viveste, retrataste, embora em miniatura, o talento do teu pai, que é o distinto deputado Adroaldo Campos, falecendo tão cedo não deixaste, todavia, de deixar os homens cientíssimos do perfeito desenvolvimento das tuas obrigações. Foste bom e inteligente, tiveste amigos e admiradores, cultivaste com proveito a prosa e a poesia. Ah! Com este termo almejo consolar os que te lamentam o falecimento. Companheiro do romântico Álvares de Azevedo na questão de morrer moço mereces o epitáfio do poeta paulista.
Foi poeta, sonhou e amou na vida (2).

***

Provavelmente no início de setembro de 1937, os colegas Wilson Lima, Paulo Silveira, Abelardo Horta e Márcio Rollemberg Leite, alunos do Ateneu Pedro II, enviaram carta ao poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975), questionando alguns pontos sobre o integralismo. Católico ligado ao grupo do sergipano Jackson de Figueiredo (1881-1928), o poeta Murilo Mendes responde carta datado de 6 de outubro (Rio de Janeiro) a qual foi publicada no Correio de Aracaju com o seguinte título: “Carta aos jovens estudantes que combatem os extremismos”:

Vocês me desculparão por eu não lhes ter respondido há mais tempo. Ultimamente minha vida está complicadíssima. Além de tudo sou sujeito a uma gripe medonha que, quando me pega não quer largar nem a pau, e que me impossibilita e escrever nem que seja uma linha. Tanto assim que nos dois últimos números de Dom Casmurro não publica coisa alguma.

Não me tratem de Senhor, deixem a solenidade de lado. A carta de vocês me tocou profundamente – tanto mais quanto não os conheço pessoalmente. Vejo assim que meu esforço não tem sido útil. Tem repercutido e talvez possa causar utilidade aos outros. Não me move nenhum interesse subalterno, nem paixão partidária ou pessoal. Não conheço nenhum dos chefes integralistas. Move-me somente o respeito às instruções da Santa-Sé, guia seguro da Igreja Católica, depositaria da verdade total que não é outra senão a doutrina de Jesus Cristo, Deus encarnado o “único” Redentor da humanidade. O catolicismo não se identifica com nenhum partido, regime ou doutrina política, por mais aperfeiçoados que sejam. O primado da vida católica não reside na moral, mas sim na transcendência as virtudes teológicas, a Fé, a Esperança e a Caridade. A política – como a própria moral – é um aspecto secundário do catolicismo. A maioria dos integralistas são maurrasianos – partidários da fórmula “politique d’abord”, condenada pela Igreja.

Por outro lado, o comunismo é uma doutrina perversa, errada, unilateral – que não se sustenta hoje nem ao menos diante da ciência positiva. Se fosse aplicada, aumentaria o desespero n coração humano. Seus criadores são homens falíveis como nós, e se contradisseram muitas vezes. Só em Jesus Cristo o caminho, a verdade, a vida em Jesus Cristo cujas palavras não passarão, embora passem o céu e a terra – Só nele os homens poderão encontrar orientação definitiva para a sua vida total. O comunismo vive das parcelas cristãs de verdade que encerra. Mas quem possui o todo, não precisa de uma parte. Eis porque não sou comunista.
Agradeço-lhes com toda sinceridade este movimento espontâneo de vocês. Ele calou profundamente no meu espírito. Tenho-os desde já como amigos.
Aqui fico ao dispor de todos, enviando-lhes um afetuoso abraço.
Murilo Mendes (3).

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A militância na imprensa estudantil fez com que Márcio Rollemberg Leite participasse de inúmeras publicações. Em 1944 ele escreve especialmente para A Voz do Estudante o artigo Recordando o Ateneu:

Começo pedindo a vocês, os colegas de hoje, que o clamem sempre “velho Ateneu”. Os ecos saudosos de uma longínqua opinião pública me disseram no Rio que estudantes desta geração sergipana avançam e trunfam como os seus colegas de outrora. Não foi em vão que uma plêiade de moços fez o Grêmio Clodomir Silva um estudium de ruídos libertários. A Voz do Estudante já falava naquele tempo. Suas colunas adolescentes marchavam como átomos brilhantes do movimento modernista. Digo apenas pelo reflexo magnífico que me chegou daquela quadra do Ateneu. Não fui dos que se deixaram abalar de perto por aquelas primeiras emoções da cultura. Mas o Colégio Tobias Barreto, a despeito de todas as ressalvas, era o maior aliado do Ateneu. Os dois velhos estabelecimentos mantinham um intercâmbio, quase inacreditável, em Aracaju. Infelizmente, no Tobias, dominava, a princípio, a mística dos bons alunos, filatelistas de vários sem todos os meses. Não era possível organizar o Grêmio sem destacar-se à frente um estudante de boas notas. O Grêmio tinha de esperar que o mocinho retirasse os pés da bacia onde espinhava a memória e a força de vontade. Foi com muito trabalho que fundamos o “Silvio Romero” e lhe imprimimos um programa sem qualquer subordinação às cadernetas de notas nos estudos.

No Ateneu, ninguém queria saber se um Célio Araújo ou Joel Silveira tinha credenciais como “bom aluno” para escrever ou discursar. O Grêmio Clodomir Silva era um misto de idealista e foliões que falavam em solenidades e davam gargalhadas no oitão do Palácio. Realizavam mesmo um programa de cultura moça. Ninguém podia com eles. O Joel regou-se na presidência do Grêmio. Queria ser um presidente perpétuo, um Machado de Assis. Levantou-se contra ele uma oposição. Até o irmão Paulo Silveira falava nas retretas em dar um tombo no jovem caudilho as letras. Na hora ninguém o derrubava Joel prosseguia dando vida ao Grêmio com o apoio traquina da oposição. Entre os oposicionistas, estava Célio Araújo com a sua cabeleira romântica e a sua pena simples de ensaísta prematuro. Célio merece a nossa recordação mais avançada. Doente retirou-se do Ateneu em Maruim pouco depois que sumira das letras, sumia para sempre da vida. Teve a mesma sorte de Lyses Campos, o poeta jovem que sorriu até a morte. Estes dois amigos da cultura moça merecem ter os seus retratos na sala do Grêmio Clodomir Silva. São dois sócios de honra que muito fizeram por ele.

Quando saiu a turma de Joel e Lauro Fontes, o Grêmio continuou marchando com o mesmo espírito de luta. Ao matricular-me no curso complementar do Ateneu, encontrei Paulo Silveira, João Nou e outros à frente. Havia lá dentro gente de ideias desencontradas. Gente de ideias que em todo o Brasil se atracavam nas ruas. Paulo e João Nou, com rapidez elétrica, arrancaram-me um trabalho sobre Santos Dumont. Mas o momento virava s olhos para outras bandas. O Centro aparentemente arrefeceu a sua luta. Na verdade, ele mudou o seu campo de batalha para a praça pública. O nazi-fascismo que, sondava o destino de todos os povos, tinha-se azougado, ao extremo, como um decifra-se ou devora-te contra a cultura. Os estudantes foram em massa ao encontro do monstro verde. Professores mal orientados quiseram reprimir o Clodomir Silva. Foi inútil. Ele ressurgiu dos escombros da crise moral como a cultura vai restaurando-se gloriosa, de sob as ruínas da velha Europa libertada. O mesmo diretor que os alunos do Ateneu reconquistou é um grande amigo do Grêmio. O Estado, pela primeira vez, patrocina A Voz do Estudante, custeando-lhe as despesas. Compreendeu-me mesmo que os moços idealistas querem somente construir e que os moços destemidos em todo o mundo se molham de suor e de sangue para a redenção da liberdade e da cultura (4).

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Após o falecimento do poeta Enoch Santiago Filho (1919-1945) em 7 de fevereiro de 1, o Grêmio Cultural Clodomir Silva para homenageá-lo, promoveu um Concurso de poesia social, para incentivar a cultura no meio estudantil, patrocinado pelo Dr. Enoch Santiago. A comissão julgadora do Concurso foi composta pela professora Ofenísia Soares Freire, Walter Sampaio e Márcio Rollemberg Leite e a entrega dos prêmios marcada para outubro. O aluno vencedor foi Florival Ramos de Souza que arrebatou a 1ª e 2ª colocação com os poemas: Despertar da Manhã e Canto da América. O amigo Mário Rollemberg, abatido pela perda escreve, Adeus, Enoch:

Os seus amigos não queriam que você fosse além da Bahia. E você foi para muito mais longe de nossa convivência. A traiçoeira injeção de cálcio prometia-lhe a saúde e lhe trouxe a morte. Os que viveram e lutaram com este irmão de Neruda, jamais esquecerão que a sua musa libertária os inspirará sempre em todos os momentos de novas ofensivas de ideias e atitudes a serviço da libertação universal. É que aquele temperamento modesto de introvertido melancólico se desdizia quando a quando com os gestos emocionantes, humanos do lutador social. Desde cedo, ainda ginasiano, ele esteve nos comícios populares do antifascismo que tangeu as galinhas verdes das praças públicas do Brasil (5) . Quando o nazifascismo atropelava povos inermes com suas botas de fogo, sangue e infâmia foram à voz quase interior de Enoch Filho que saudou o antifascista Jorge Amado, numa homenagem dos estudantes da Sergipe a este romancista da democracia. Aquela sessão do Centro Estudantino Sergipano foi uma das demonstrações da mocidade antinazista contra as Gestapos estranguladoras do pensamento democrático. Enoch naquela ocasião era entre os estudantes daqui o que lera e se familiarizara mais com a obra de Jorge Amado. Ele comprovou algum tempo depois como vinha de longe o seu espírito de lutador contra a opressão totalitária.

Levantou-se como um dos líderes estudantis da Bahia que tocam para as ruas e as praças públicas gritar declaração de guerra ao lixo e expulsar e prender os Herbert Fortes e outros traidores sórdidos da terra de Rui e Castro Alves.

Onde se achava este estudante estava também um defensor modesto, mas incansável dos direitos da inteligência e da dignidade dos homens e dos povos. Nos seus livros inéditos como “Harmonia Perdida”; “Poemas de Desintegração e Revolta”; “Poemas de Amor”; “Atualidade de Castro Alves”, os seus amigos e correligionários de luta pela libertação do pensamento universal podem antever todas as notas do afeto humano mais delicado até a imagem triunfante do artista revoltado incansavelmente contra todas as hipocrisias e constrangimentos que tentam minar a consciência da humanidade. Seus amigos, em Sergipe ou em Bahia, poderão dizer muito deste poeta que foi sempre buscar na luta em favor dos oprimidos a maior inspiração de sua musa, a própria razão de ser dos seus versos nesta etapa histórica de combate final contra o imperialismo nazifascista que ameaçava todos os povos de uma dominação econômica, política e até cultural. O artigo dele, publicado recentemente no Diário de Sergipe intitulado “Nova França” foi um poema épico de energia e beleza democrática. A sua apóstrofe recentíssima sobre “O Perigo Hespanhol ou a Hispanidad” foi um argumento de aço contra a quinta-coluna espanhola (6) . Uma demonstração contra o pensamento falangista para o qual “a humanidade começou a regredir com o Renascimento” e para o qual a Idade Média foi a era de apogeu espiritual. Sim, Enoch, você pode ainda cedo repousar das opressões materiais ou morais contra que sempre levantou a sua pena de combate e a inspiração de sua musa.

Seu distinto Pai, sua dileta esposa e todos que o conheceram intimamente lhe dizem que sua morte o libertou, que nós que ficamos é que somos infelizes em ficar sem este companheiro de luta espiritual.

Você, como Valtécio, foi um mártir da contraofensiva aos traidores da humanidade. Ele morreu como náufrago do Benévolo (7), quando retornava a sua terra natal. A classe operária, sobretudo em Sergipe, não pode esquecer Valtécio. Você, Enoch, morreu também quando lutava de pena em punho contra os que tentaram destruir a ferro e fogo os monumentos da cultura democrática.

Os estudantes do Brasil não o esquecerão. Porque você lutou em Bahia ao lado daqueles que transformaram a União Nacional dos Estudantes no maior baluarte da mocidade brasileira contra os mitos da opressão totalitária. Quando você sumia do seio dos seus colegas, ninguém receava que fosse um desertor a mais. Você voltava com um poema ou um artigo que acendia até o entusiasmo democrático daqueles que sofreram muitas decepções e não raro tiveram que ficar sozinhos no campo da luta. E ficaram mesmo como certos povos num instante tenebroso e quase fatal desta guerra da mocidade antifascista de que você, Enoch, foi um exemplo despretensioso e sublime (8) .

Colaboram na edição de A Voz do Estudante (Ano I, nº9 – 17 de março, 1945) dedicada ao poeta social, seus companheiros de tertúlia, seus amigos Paulo de Carvalho Neto, Walter Sampaio, Florival Ramos, Antonio Clodomir, Márcio Rollemberg Leite e admiradores de sua poesia. Vejamos mais um texto de Márcio Rollemberg sobre o amigo, Um Poeta da grande libertação:

Enoch foi sempre expedicionário de mundos inquietos e rebelados. Desde o colégio, a arte seduziu a sua imaginação. E sua imaginação governou sua vida. Temos de o recordar sempre como um tipo imaginativo artístico que não fazia versos para brilhar na vitrine e sim para superar suas vigílias entulhadas de angústias e de sonhos de renovação. 1937 e 1938, companheiros íntimos.

Depois, rumos distantes. Ele em Bahia. Eu no Rio. Tínhamos de viver a fermentação das ideias e aspirações de uma era de revanche secreta contra o exibicionismo dos mitos totalitários. Enoch não quis mesmo contemporizar o nosso distanciamento, enviando-me pelo correio os recortes fulgurantes de suas composições poéticas. Seu escrúpulo não transigia sequer com esse orgulho ingênuo.

Walter Sampaio me disse, ultimamente, que Enoch escondia seus poemas do público. E dava mesmo trabalho conseguir-se um deles para publicação. Felizmente o determinismo da vida, não raro, reaproxima, ao menos por algum instante, aqueles que se identificaram numa quadra de luta pelo mesmo ideal e depois se despediram por muitos anos com a mesma consciência de reivindicações.

A profissão jurídica me colocou ao lado do Dr. Enoch Santiago, pai do poeta, mal estreei as primeiras audiências da minha carreira. Nos intervalos do sumário, o nosso melhor assunto, mais saboroso que um café pequeno, foi conversarmos sobre o seu filho, então acadêmico em Bahia.

Certa feita, o distinto magistrado mostrou-me um poema de Enoch, me deixou a consciência em barricada. Poema grandioso. “Poema”, este o seu próprio título no livro coletivo dos poetas moços de Sergipe organizado atualmente e para breve prometido ao público. Ao ler aqueles versos, quis surpreender-me com o triunfo emocionante de um novo poeta revolucionário.

Foi inútil. O Enoch de 1937 e 1938 ressurgiu em minha imaginação. Era um novo Chenier (9) que a ausência, como a guilhotina de Robespierre, apenas engrandeceu e imortalizou. Já naquele tempo, sem conhecer qualquer verso dele, eu o julgava um poeta como nenhum dos refugiados em minha estante. É que somente Enoch, em seus devaneios filosóficos pela Rua da Frente, me respondia em linguagem pessoal e sublime as interrogações destes últimos quinze anos.

Eu precisava de amigos que sentissem e pensassem fora de arrodeios e mistificações à verdade mundial daquele terrível 1938. O nazifascismo queria estrangular o operariado internacional e a cultura revolucionária nos campos de concentração. Em todo o mundo, e não menos no Brasil, as classes conservadoras e burguesas com seus intelectuais à frente aderiam ou colaboravam de forma passiva com a nova ordem da borracha, do alicate e da fome em cima do povo. Tudo isto, sobremodo. Em cima do proletariado. Eram raros os espíritos como Enoch que confiavam na vitória final de uma democracia das massas. Até nas escolas, nestes últimos redutos dos anseios libertários, muito se cortejou o autoritarismo clerical e policial, latifundiário e capitalista.

Eu procurava tipos como Enoch para caminhar naquele momento histórico. Caminhávamos pela Rua da Frente num diálogo espesso como o sofrimento dos povos traídos que perderam ou iriam perder o governo de si mesmo. Nossos raciocínios avançavam mais que os nossos passos. Quando menos supúnhamos, estávamos junto à capitania dos Portos. Voltávamos. E não se esgotava o assunto. Junto ao Mercado Municipal nos despedíamos. Ele voltava até a Rua de Itabaiana, perto da Praça Tobias Barreto. Eu seguia até a Praia do Bairro Industrial. Cada um trilhava rumos diversos desfiando sozinho as mesmas reflexões que antes atiçamos em conversas.

Até os bondes dormindo. A cidade deserta. Como que tinham evacuado a população. Ou a mandaram lutar na Abissínia ou na Espanha? Grande utopia de um estudante. O aterro do Bairro Industrial não estava ermo como o corpo burguês da cidade. Operários ou operárias por ali passavam ou permaneciam parados, como o sexo no centro da noite. Depois um silêncio encheu os descampados do apicum.

Depois, um latir preguiçoso que não metia medo a ninguém. A palavra com Enoch já estava resumida em índice mental. Receios e aspirações como duas pontas de lança não queria conciliar-se. Competiam teimosamente. Primeiro, o receio da vitória do nazismo sobre os povos. Segundo, a esperança na democracia igualitária. Mas o pensamento revolucionário não desmaia, não cede. Triunfou a síntese. As duas pontas de lança um dia se transfigurariam numa verdadeira força expedicionária. E esta decisiva, radiosa como a vitória da democracia.

Era assim a vontade de lutarmos, de toda forma possível, até a grande libertação. Enoch soube cumprir este compromisso. O compromisso único dos moços democratas. O compromisso de tudo sacrificarem pela democratização das pátrias fascistizadas. Enoch morreu quase tranquilo. Porque na sua imaginação raiava uma nova humanidade. Vivesse mais, ele participaria do retorno do povo brasileiro à sua autodeterminação. Sua visão de poeta o levaria até o ponto mais alto do Gigante de Pedra (10) . O ponto mais alto de nossa história.

E deste páramo revolucionário, ele descortinaria em toda orla atlântica um novo movimento de bandeiras. Bandeiras pela completa garantia do sufrágio universal. Bandeiras pela liberdade da imprensa em todo o Brasil. Bandeiras para o entrelaçamento de relações com as Nações Unidas, inclusive com a União Soviética. Bandeiras pela anistia geral. Bandeiras pela liberdade de organização partidária e sindical. Bandeiras pela ressurreição do direito de greve que triunfou na Conferência do México, com o apoio final do representante brasileiro.
Bandeiras pela realização de tudo isto com fraternidade e não com fratricídios (11).

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Entrevista no Diário Carioca

Em 1943, em meio à repressão exercida por Getúlio Vargas, a UNE promove mobilizações estudantis em todo o país. A UNE realiza, entre outros movimentos, a Campanha Universitária Pro-Bonus da Guerra, Campanha Pro-Banco de Sangue, e o combate à Quinta Coluna. A Faculdade Nacional de Direito sofrerá a influência da dicotomia esquerda-direita que reinava na instituição, com a disputa entre os partidos acadêmicos “Movimento pela Reforma” de cunho socialista, e a “Aliança Liberal Acadêmica”, de direita.

Na edição de 22 de agosto de 1942 do jornal carioca entrevista o acadêmico Márcio Rollemberg Leite que fala sobre a ação dos estudantes na hora presente, alertando o povo contra o perigo da 5º Coluna e afirmam que os acadêmicos de Direito pretendem destruir o nazismo no Brasil. Vejamos na intera:

Os alunos da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, foram os primeiros a erguer a sua voz de protesto contra as ideologias totalitárias que principiavam a penetrar as nossas fronteiras, ameaçando as instituições democráticas do país e procurando perturbar a paz da família brasileira, até então ligada pelos laços poderosos de um são patriotismo.
E foi na defesa desses princípios que os estudantes brasileiros querendo demonstrar claramente sua repulsa pelos perigos quinta colunistas levantaram-se em massa dos bancos escolares para organizar comícios e passeatas, desmascarando com esse gesto de patriotismo, os agentes secretos do nazismo que pretendiam apunhalar a Pátria pelas costas no momento propício para em seguida, entregá-la aos “quislings” que reduziriam o Brasil à simples condição de satélite do Eixo…

Sobre as atividades dos estudantes nesse momento de grande agitação nacional, Diário Carioca ouviu a palavra do acadêmico de Direito Márcio Rollemberg Leite.

Os Quinta-Colunas são os Mutiladores da Nação

Nessa guerra que romperá e esmagará o Eixo-totalitário, principia o estudante Rollemberg, dois regimentos invencíveis devem permanecer unidos como a conduta da nação. O primeiro deles, a consciência nacional, em protestos invencíveis, desde o Amazonas até os Pampas, ressurgiu à flor de nossa História como os corpos dos brasileiros que pereceram, há pouco, no eterno seio do Atlântico. O segundo, a organização nacional encontra em nosso Governo, em nossos chefes militares e civis providências urgentes e superiores e não dispensa ao povo no sentido amplo e a cada classe particularmente o trabalho patriótico dos que não esperam por um decreto-lei para agir no Brasil.

Continuando a sua palestra, frisa o nosso interlocutor:

– Triunfante o espírito nacional, nem por isso podemos encerrar combates aos quinta-colunistas, a estes mutiladores da nação. Prossigamos a combater a quinta-coluna, a traição, a espionagem, a covardia, dizendo como se originam e se identificam como se lhes mede a periculosidade, e como se punem estes assaltadores multiformes do Brasil, da América, da Humanidade. Fujamos a demagogia das palavras ocas e das imagens românticas que deveriam permanecer muito longe da hora presente. A demagogia é o oportunismo, é a ideia fixa da glória e do sensacional. Favorece a quinta-coluna, parece mesmo uma forma de quinta-colunismo, às vezes disfarçado, às vezes involuntárias. A par destas medidas, em favor da consciência nacional, cumpre aperfeiçoar-se a organização do nosso povo e de cada classe ou grupo, com o objetivo da guerra, ouvindo sempre a voz da Guanabara, a voz da Bahia, a voz dos nossos mártires submersos, a voz de todo Brasil.

Nesses dias de após-naufrágio, justo foi que a efetividade brasileira enchesse as ruas e as praças públicas. Agora chegou a vez de a razão dominar a bem de nossa Pátria.

– Qual a posição da Faculdade Nacional de Direito em face da presente situação? – Perguntamos ao jovem acadêmico.

– O estudante brasileiro que não pode fugir ao instantâneo supremo os protestos levantados pelo sentimento nacional, não receia falar em reflexão, porque nesses últimos dias não menos do que outrora, refletiu muito e muito realizou. Antes do afundamento monstro dos nossos navios costeiros no Distrito Federal e em vários Estados, sem falar no Nordeste, trabalhou a mocidade estudantil em prol da nossa defesa. Não quisemos ficar no circulo dantesco da exceção os acadêmicos da Faculdade Nacional de Direito. Após o manifesto do Rureau Anti-Nazista e a nossa colaboração na passeata gigante, colegas nossos se alistaram no curso de defesa passiva antiaérea. Os bombardeios que saírem dele não deixarão desaparecer sob as chamas totalitárias o velho prédio onde falou Rui Barbosa. Ultimamente, graças ao trabalho do nosso Departamento Feminino, poderemos participar do curso e Enfermeiras Universitárias, organizado pela Escola Nacional de Filosofia, como para cumprir os princípios filosóficos da Liberdade e da Fraternidade Humanas. Em nosso comício do dia 18 promovido pelo Diretório Acadêmico, o quintanista Oliveira Belo, incansável líder do Bureau Antinazista, sugeriu aos colegas bacharelandos, entregar ao Brasil a quota da formatura. Precisamos ir adiante, aderindo à campanha do mil réis, das barras de metal que outras escolas sugeriram. Precisamos providenciar festas de todo povo ou de certa esfera social que melhor possa contribuir economicamente.

O Fim do Estudante Brasileiro é Destruir o Nazismo

Passando a comentar o perigo das ideologias estrangeiras que em nossa terra são apresentadas sob diversas cores, o nosso visitante acrescentou, terminando a sua entrevista:
– O nazismo branco ou amarelo é irremediável como um novo criminoso nato jamais sonhado por Lombroso. Para este monstro coletivo destituído de todo sentimento de piedade ou humanidade, a história reserva uma pena máxima: o aniquilamento. O campo de batalha é o campo de concentração onde o Eixo se condenou a si mesmo e onde tombará vencido pela dignidade humana (12).
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O Jornalista polêmico

Em Sergipe, Mácio Rollembeg Leite divide a direção do Diário de Sergipe com João Maynard Barreto, desde 1944 até a edição de 3 de março de 1945 e passa a militar no Jornal do Povo (órgão ligado ao Partido Comunista) a partir de janeiro de 1946 permanecendo até a edição de 12 de agosto do mesmo ano. Em junho de 1948 Márcio Rollemberg trava polêmica com o jornalista udenista Paulo Costa, diretor do Sergipe-Jornal, através do Diário de Sergipe. Vejamos o artigo Paulo Costa e o furto da Malaria – dança de protelações suspeitas:

Final de contas, o Sr. Paulo Costa não teve mais para onde correr, sentiu-se obrigado a oferecer a denúncia no processo de furto e receptação de medicamentos do Serviço Nacional de Malária neste Estado.

De 18 de dezembro de 1946, data da primeira vista que teve dos autos, até 12 de abril do corrente ano, quando ofereceu aquela peça, ele passou o tempo a fazer cera, em dança ligeira de diligências, as mais das vezes visivelmente protelatórias. Requereu-as em penca e de uma só feita. Sim aos pingos, de tabela, como quem saboreava a dilatação do tempo. Tanto demorou nisto que duas vezes entrou de férias e não ofereceu a denúncia. Nem era de reconhecer que se limitava a insistir em requerimentos não cumpridos. Quando foi ele substituído a primeira vez por outro promotor, este de uma tirada requereu tudo que julgava imprescindível inclusive a apreensão de medicamentos e a apuração da responsabilidade de indiciados receptadores, isto é, que se comprometeram na compra ilícita dos referidos produtos de furto.

O Sr. Paulo Costa que nada requerera neste sentido passou por cima do requerimento do seu substituto legal, acoitando acintosamente a receptação, um crime a vários respeitos muito mais grave e danoso que o furto. Enquanto simulava interesse em abreviar feita, insistia numa tecla predileta para as suas protelações: ouvir o Procurador Regional da República.

Este que era então o Dr. Afonso Ferreira, devolveu os autos dizendo que nada tinha a requerer. O Sr. Paulo Costa sentiu-se então obrigado a requerer a identificação de alguns dos compradores dos medicamentos. Esqueceu, porém, de pedir diligências que concluíssem pelo comprometimento destas. E também de outros.

E porque não requerera antes tais identificações? Simples interesse em protelar. Enquanto dispensava até que fossem ouvidos esses indiciados de receptação, voltava ao teclado de vista à Procuradoria Regional da República. O Dr. Osmar Fontes que então já respondia pela mesma, reptou sucintamente que aguardava apenas a iniciativa da ação penal pelo Promotor Público, “a quem cabe, pela legislação em vigor, funcionar nos crimes contra o Estado e a administração federal. (Temístocles Brandão Cavalcanti, Tratado de Direito Administrativa, vol. VI, pg. 202). Este repto, em bons termos é o melhor atestado de quanto vinha o Sr. Paulo Costa no intuito de tirar o corpo fora em processo de tamanha importância. E o pior é que depois de tantas delongas, ele sabotou, sobretudo, a produção de prova de receptação, ou compra de objetos furtados. E, sem ouvir sequer os únicos receptores que considera indiciados, ele, ainda lhes deu uma “chicleta” para se distraírem durante o processo. Sim, ele se limitou a considerá-los preliminarmente autores de simples receptação culposa. É um sumo pontífice como este que publica destacado do processo parecer de um seu colega em banal caso de furto. Publicou apenas para verberar porque não foi pedida a Penitenciária para um miserável analfabeto, mas, em lugar da mesma o reajustamento do delinquente ao trabalho com uma liberdade vigiada. O Sr. Paulo Costa que omitiu esta solução sugerida, esqueceu-se também que já esteve num cubículo do xadrez estadual. Para ele não presta, mesmo como transitório e incompleto, o aproveitamento dos gatunos no esquadrão e serviços congêneres. Ele receia acabar por ali como um promotor malandro que grita contra o furto e protege os folgados compradores de objetos furtados (13).

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Jornal do Povo (1945-1948)

Tendo iniciado a sua publicação no final do mês de novembro, o semanário sergipano foi dirigido por vários jornalistas, começando pelo advogado Márcio Rollemberg Leite seguido pelo filósofo João Batista Lima e Silva e finalizando com o advogado Carlos Garcia. O periódico alcançou em edição de abril de 1946 uma tiragem de dois mil exemplares, caso raro para um semanário. A única coleção existente no Estado, pertencente ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, encontra-se incompleta iniciando a partir do número 7, Ano I, 3 de janeiro de 1946 indo até o nº279, Ano III, 31 de dezembro, 1947 (14). Foram muitos os seus colaboradores durante os três anos de existência, vejas alguns: Austrogesilo Porto, Aluysio Sampaio, Armando Domingues, Astrojildo Pereira, Antonio Clodomir, Bonifácio Fortes, Camilo de Jesus Lima, Carlos Garcia, Franco Freire, Florival Ramos, Hugo Tavares, Hernane Prata, J. Santiago, José Waldson Campos, João Batista Lima e Silva, Luiz Carlos Prestes, Mauricio Grabois, Márcio Rollemberg Leite, Monteiro Lobato, Nélson de Araújo, Pedro Pomar, Robério Garcia, Santos Morais, Walter Sampaio e outros.

Fechado pela polícia em 14 de maio de 1945, o Jornal do Povo impetrou uma ordem de habeas-corpus ao Egrégio Tribunal de Apelação, tendo como advogado da defesa o militante comunista Carlos Garcia. O jornalista Paulo Costa, diretor do Sergipe-Jornal, contesta a invasão do jornal popular, através do artigo “Uma Medida Arbitrária”:

“Tivesse o cuidado de verificar o registro do Jornal do Povo e logo se aperceberia, a polícia sergipana, que ele não é propriedade de nenhum partido político.

Consequentemente, mesmo houvesse ordens para fechar os órgãos do Partido Comunista, ainda assim o Jornal do Povo estaria à margem dessas determinações, não podendo ser invadido pela polícia, nem fechado, arbitrariamente ao exclusivo talento das interpretações tendenciosas.

Um jornal, é uma comeia de trabalho, é uma tenda onde se confundem, na azafama diária da luta pela vida, os trabalhadores intelectuais e os trabalhadores manuais, e, se mais não fosse, seria sempre uma forja de ideias, a que a violência e o prépotismo nunca darão cabo.

Invadir um jornal é crime, máxime quando se o invade a revelia dos seus proprietários, devassando as suas oficinas e os seus gabinetes, penetrando os seus segredos e as suas particularidades, sem ao menos a presença de testemunhas idôneas (15)”.

Quando da reabertura do Jornal do Povo foi publicado esclarecimentos aos leitores e população em geral os motivos das constantes perseguições por parte do governo:

“O fechamento do Jornal do Povo foi uma medida desesperada do pequeno grupo fascista que senha o retorno de nossa Pátria à ditadura estado-novista e, principalmente, de serviçais do Estado Novo enquistados no Governo do Sr. José Rollemberg Leite, que se prevalecendo de uma circular capciosa, inconstitucional e ilegal do ministro de chumbo Costa Neto, apressaram-se em ultrapassar as sugestões ditatoriais do Ministro da Justiça, a fim de fazer média perante o ditador Dutra e sua “entourage” de banqueiros e tubarões dos lucros extraordinários, a serviço do imperialismo ianque.

Mas a reabertura deste jornal das massas populares é uma provo evidente de que somente a luta firme e intransigente dos patriotas e democratas em defesa da Constituição e das liberdades democráticas fará o grupo fascista morder o pó da derrota. Não foi a atitude capitulacionista dos pseudodemocratas, que desejam um conchavo com a ditadura, que obrigou o “ministro de chumbo” a recuar na sua investida contra a liberdade de imprensa; mas foi, sem dúvida, a posição vigilante e firme de protesto dos verdadeiros democratas que deteve a ditadura em seus assaltos contra a imprensa popular, o que demonstra que não é capitulando que se defende a democracia, mas lutando, com firmeza em defesa da Constituição, exigindo-se a punição de todos os violadores de nossa Carta Magna – à frente dos quais se encontra o Sr. Eurico Dutra – que evitaremos o retorno do país aos negros dias de 1937 (16)”.

Quando o Jornal do Povo completou dois anos de existência, publicou o seguinte Manifesto:

Manifesto

Na data de hoje, quando o “Jornal do Povo”, completa o seu 2º aniversário, dois anos de luta decidida e enérgica em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, em defesa da Constituição e, da Democracia, pelo progresso e pela paz, neste momento em que o grupelho fascista do governo, apoiado no pior inimigo de nossa pátria – o imperialismo ianque – tenta rasgar a nossa Carta magna e liquidar por completo a Democracia, a Comissão Central de Ajuda ao “Jornal do Povo” dirige-se aos trabalhadores e ao povo sergipano para se congratular com o êxito da manutenção durante esse período do jornal mais querido de nossa terra.

Sem grupos econômicos para mantê-lo, só com muito sacrifício e muita luta, e enfrentando as mais sérias dificuldades, o “Jornal do Povo” continua circulando. Não fosse o apoio que o povo sempre lhe deu – apoio moral e financeiro – e aqui não estaríamos orientando os trabalhadores e o povo na sua luta pela Democracia.

Além dessas dificuldades o Jornal do Povo sofreu tantas outras, sendo, em determinada época, inclusive fechado pelos prepostos estaduais da ditadura, em flagrante atentado à nossa Constituição.

Mas, apesar de tudo, apesar do desespero e o ódio dos senhores da reação aqui está o Jornal do Povo, continuando firme nas suas diretrizes democrática. E isso acontece porque contra a vontade do povo nada podem os seus inimigos, os inimigos da Constituição.

Agora, com o Governo incapaz de resolver os problemas do povo, e, traindo o juramento que fez de cumprir e fazer respeitar a Constituição, tentando-a rasgar para se transformar em uma ditadura terrorista, fechando e empastelando jornais tudo fazendo para cassar os mandatos de parlamentares, é necessário que o povo aumente o vigor de sua organização, para, organizado, poder resistir às manobras ditatoriais em amplo e enérgicos movimentos de massa.

Nessa luta em defesa da democracia todos devem ter em mente que, em nossa terra, muito representa o “Jornal do Povo”. Devem lembrar que os inimigos do povo tudo fazem para cerrar as portas do órgão que pertence aos trabalhadores e ao povo, porque por eles construindo e mantido. Deve lembrar-se, ainda, que, sem grupos econômicos, a sua existência depende do próprio povo.

Por isso, confiante na decisão do povo sergipano de luta contra a cassação dos mandatos, contra todos os atentados à Constituição e à Democracia, pelo progresso e pela paz, a Comissão Central de ajuda ao “Jornal do Povo” manifesta a sua certeza de que todos os democratas sergipanos continuarão firmes na orientação que até aqui tem revelado – a de manter o seu jornal – e, ainda mais, a decisão de intensificar a luta no sentido de transformar o” Jornal do Povo” em um poderoso órgão independente.

Contra a Ditadura!
Contra a cassação dos mandatos! (17)

Vejamos dois textos de Márcio Rollemberg publicados no Jornal do Povo:

Uma das teclas da reação anticomunista

Uma dona de casa, pessoas da classe média, residente no centro da cidade, pergunta ao Jornal do Povo. “O Partido Comunista adota uma ideologia estrangeira? ” A reação anticomunista dos restos desesperados do nazi-integralismo prossegue em sua tática de confusões com fundamento no ambiente de ignorância política que a era de Hitler tentou perpetuar no mundo com o apoio da Gestapo e suas irmãs de crime. Esquecem os “Goebelzinhos e Himierzinhos” de hoje que a derrota militar do fascismo e a luta dos povos pela liquidação dos seus restos políticos e de sua base econômica significam a marcha de todas as nações para a vitória da democracia. Um dos remanescentes a liquidar imediatamente está nas falsas noções espalhadas pela reação a respeito da linha, da doutrina e do programa do Partido Comunista.

A ideologia do P.C.B. é o Socialismo Científico, o marxismo-leninismo. Este representa uma síntese e um desenvolvimento dialético de todas as conquistas científicas da humanidade. Noutras palavras, é a expressão mais avançada da ciência moderna. Os sábios burgueses e os sábios socialistas estão acordes em um ponto: o conhecimento científico é universal. A teoria da revolução democrático-burguesa foi construída por filósofos e ensaístas da França, Inglaterra e outros países. Estes autores de várias pátrias receberam influência não somente de sua época, mas ainda do passado greco-romano para não dizer do passado fenício, judaico, persa, etc. O mesmo sucedeu com Marx e Engels, Lenine e Stalin, Prestes. Thorez e tantos outros pensadores do socialismo e teóricos da revolução proletária. Eles vêm dos “dialetos natos” da velha Grécia, daqueles gênios que pensavam de acordo com as contradições e o movimento eterno da natureza. Eles situam Demócrito entre os seus precursores. Bem assim, na filosofia, os precederam Hegel, Fuerbach, na Alemanha. Na teoria do socialismo, Saint-Simon, Fourier e Proudhom na França e Robert Owen na Inglaterra. Na teoria econômica, os clássicos do liberalismo, especialmente Ricardo. Baseados nas opiniões positivas destes pensadores e repudiando as suas opiniões reacionárias, Marx, Engels, Lenine e outros foram incalculavelmente muito além deles. O marxismo-leninismo tornou-se uma ciência nova em seu método e em suas conclusões, não apenas como síntese de conhecimentos anteriores, mas, sobretudo, como interpretação do desenvolvimento histórico dos modos produtivos e das lutas de classe correspondentes. Esta é a sua grande força, o seu invencível sentido revolucionário. Marx e Engels interpretam especialmente o período do florescimento capitalista. Lenine e Stalin, o período imperialista. Quando o mundo imperialista é cada vez mais o “velho” em desespero e declínio. Stalin, ainda, o período do desenvolvimento pacífico do socialismo. Prestes estuda o período de marcha pacífica do proletariado e do povo do Brasil para a liquidação dos restos feudais e o progresso capitalista e parlamentar, como condições essenciais para a vitória ulterior do socialismo em nossa pátria. Como grandes pensadores e grandes líderes das massas operárias e populares, os marxista-leninistas do tipo do Cavaleiro da Esperança, não copiam fórmulas, não macaqueiam instituições estrangeiras, a exemplo dos integralistas, dos estado-novistas e outros imitadores. A reação nada argumenta em sua imprensa e em sua “Cruzada” anticomunista, quando afirma desconhecer a relação entre os problemas vividos pela Coluna Prestes e a sua solução marxista-leninista. O marxismo-leninismo é o único sistema teórico prático que baseia suas conclusões e seu programa econômico e político no estudo das condições e das forças sociais em jogo, relativa a cada país. Ele somente apresentou para os problemas do Brasil uma solução brasileira, isto é, baseada em nossa realidade de país semifeudal e semicolonial. Foi com a maior independência crítica e autocrítica que Prestes e seus companheiros dirigentes concluíram a linha política e o programa do PCB, depois de uma análise rigorosa das condições objetivas e subjetivas referentes ao nosso povo no Brasil e no mundo. Acusar os comunistas de adeptos de uma doutrina internacional é desconhecer a universalidade da ciência. Acusá-los de imitadores do estrangeiro é negar o realismo do PCB na observação, análise e proposição de medidas para solvermos os nossos problemas fundamentais e imediatos (18).

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1º de Maio, e a fome

O dia do proletariado mundial é também o dia da gloriosa história da luta contra a inflação, a miséria e a exploração de todo o nosso povo. Focalizemos trechos desta caminhada heroica para a democracia em nossa pátria. A classe operária organizada e conduzida pelo PCB e pelas organizações sindicais é o “novo” cada vez mais forte na sua luta contra a reação imperialista e semi-feudal. O reacionarismo dia a dia se mostra mais “um velho”. A reação é o imperialismo em desespero, é a nossa estrutura econômica estalaudo cada vez mais apodrecida e atrasada em relação às novas forças do trabalho que se desenvolvem d se organizam em nossa terra. Não subestimamos o poder da reação como frisou o companheiro Prestes no Comício da Esplanada do Castelo: “Infelizmente, porém os reacionários e fascistas são ainda muito forte, estão ainda acastelados em importantes postos do aparelho do Estado. Muito podem fazer, ainda, contra a marcha da democracia no Brasil”. Mas o Cavalheiro da Esperança é quem nos mostra que esses senhores da reação não conseguem deter com as suas cabeças a marcha de nossa história. Os fatos estão aí: o aumento do número de sindicalizados, as eleições sindicais de legítimos líderes da classe operária; a fundação de uniões sindicais e Federações em vários estados; o desmascaramento dos falsos dirigentes de sindicatos e dos policiais dos Pereira Lira, Oliveira Sobrinho e Negrão de Lima. Como informe Prestes: “Nosso Partido cresceu muito nas últimas semanas nos campos nas fazendas mais que nas cidades. São as massas camponesas que já não podem mais morrer de fome e procuram a direção do Partido porque se querem organizar”. As organizações populares mais amplas, os comitês democráticos também respondem aos vampiros dos lucros extraordinários, aos agentes mais diacarados do capital colonizador e aos esbulhadores dos colonos ou camponeses que plantavam com os maiores sacrifícios e colhiam sem recompensa. O proletariado e o povo que passaram ainda há pouco por uma prova de fogo da sua capacidade política democrática, saíram das provocações ateadas contra Prestes e o seu Partido, ainda mais decididos a lutar contra a crise econômica em marcha e contra as manobras da reação tendentes a conduzir-nos ao sorvedouro da guerra civil. Mas os reacionários têm que tremer quando os camponeses começam a se unir aos operários e asseguram deste modo a vitória próxima da revolução democrática burguesa.

As massas das cidades e dos campos conduzidas por legítimos dirigentes, não deixarão mais as forças latifundistas e imperialistas fecharem o nosso caminho para a democracia, o progresso e a paz. Diante de sua pressão colossal, o governo Dutra, ou se entregará definitivamente aos braços da reação ou terá que resolver com o proletariado e o povo os seus problemas fundamentais e imediatos. Desde mais de um ano, Prestes e os comunistas advertem que os paliativos, os “Panos-quentes” não ajudam sequer o ganhar tempo. Isto é agora tanto mais verdade quanto se verificam a agravação da crise econômica e a crescente responsabilidade do governo eleito para resolvê-la, mas que até agora depois de seis meses persiste desligado das massas populares e cada vez mais em ligação com os reacionários, com os maiores inimigos do nosso povo, com os piores despistadores as soluções mais adequadas aos nossos problemas. A verdade é que a reação não deixou por enquanto as forças majoritárias na Constituinte tomaram conhecimento das medidas fundamentais e imediatas propostas pelo Partido Comunista no seu Programa Mínimo.

Tudo foi feito para arrancar desta Assembleia a atribuição de legislar contra a crise inflacionária e a carestia de vida. O Executivo continuou a rodar à manivela fascista dos decretos leis. O recente decreto sobre a “pomposa” Comissão Central dos preços é bem outra prova que o Governo está legislando para o que há de mais reacionário nas classes dominantes e não para o povo das cidades e dos campos.

A solução dos problemas da terra e da produção agrícola, dos intermediários estrangeiros, dos impostos de consumo, de trocas internas, e sobre o capital, dos salários e vencimentos, e de nosso sistema monetário e bancários, tudo ficou sem solução efetiva, o que é ainda pior que antes porque a crise não pára por si mesma. O decreto é contra os pequenos plantadores e a favor dos tubarões dos lucros extraordinários. Segundo o camarada Prestes; “se agravar ainda mais o problema, não mais serão suficientes às medidas por nós indicadas, mas além delas outras mais enérgicas. Nesse caso indicamos ao Governo a organização da produção e do consumo, o controle dos lucros comerciais e industriais. Mas isto exige o conhecimento dos segredos comerciais, o controle pelo Estado de todo o sistema bancário, a nacionalização dos bancos, a extinção, portanto dessa enorme quantidade de pequenos bancos surgidos com a inflação. Isto não é um ataque à propriedade privada, mas a defesa dos interesses do nosso povo”.
Este o caminho que o proletariado indica ao Governo para livrar-nos, de crise econômica, com a união de todas as forças progressistas. Se os governantes insistem cada vez mais em servir à reação, a responsabilidade deles se agravará com o maior descontentamento popular. Não é com decretos contra o direito de greve e as piores provocações policiais que se impedirá o proletariado e o seu Partido de conduzirem os acontecimentos para a solução dos problemas fundamentais e imediatos de nosso povo, com a revolução democrática – burguesa.
A nossa história entra agora em novo ritmo. Mais a mais se fortalece a unidade da classe operária. Sob a direção desta, e de seu partido as massas da cidade e do campo começam a por em prática sua invencível aliança contra a inflação e a fome (19).

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Após o Golpe militar e civil de 1964, quando o juiz de Gameleira (PE) Márcio Rollemberg Leite foi preso, assumiu o exercício do cargo de juiz de direito desta Comarca, como segundo substituto, o bel, Claudio Américo de Miranda, da Comarca de Cortês. Segundo informa o Diário de Pernambuco em sua edição de 23 de maio “Três juízes de Direito enquadrados na Lei de Segurança: 21 processos” entre eles estavam os nomes de Márcio Rollemberg Leite (juiz de direito da Comarca de Gameleira, na zona da Mata), Edgar Homem de Siqueira (juiz de Direito da Comarca de Olinda) e João Batista Neto (juiz de Direito de Barreiros).

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Flagelos e Esperanças

Em 1978 Márcio Rollemberg Leite publica pela Revista Continente Editora (RJ), 204 p. o livro de poemas Flagelos e Esperanças e fez lançamento em Aracaju conforme registro da Gazeta de Sergipe em 27 de dezembro deste ano:

“Com a presença do Governador José Rollemberg Leite, do governador eleito, Augusto Franco e do Prefeito João Alves Filho, além de mais de uma dezena de autoridades e intelectuais sergipanos, o escritor Márcio Rollemberg Leite lançou em Aracaju o seu livro Flagelos e Esperanças. A solenidade de lançamento foi realizada às 17h30min horas de ontem, na Galeria de Artes Álvaro Santos, numa promoção conjunta da Universidade Federal de Sergipe, Conselho Estadual de Cultura e Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Na oportunidade em nome dos promotores falou o Presidente do Conselho de Cultura e Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UFS, Dr. Antonio Garcia”. O livro é uma coletânea de poemas que retrata em versos a realidade nordestina, um poema de amor e patriotismo, e sobre a obra assim se expressou Othon Garcia na época Presidente da Academia Carioca de Letras e da Academia Brasileira de História: É, como já foi dito, uma cartilha cívica e humana do Nordeste. O lançamento atraiu grande número de intelectuais.

Sua irmã, a Desembargadora Clara Leite Resende em discurso de posse na cadeira nº 7 da Academia Sergipana de Letras realizada em 24 de novembro de 2004, não se esqueceu dos versos escritos pelo irmão Márcio Rollemberg Leite, em seu livro “Flagelos e Esperanças” (1978), ao afirmar que esses versos “cantam esse sertão, no diálogo travado entre os personagens de “Flagelos Esperanças”:

Mostre agora por onde a seca se inicia
O culto sertanejo assim responde:
– Ela começa onde o sol e o céu primeiramente
Unem o fogo, o raio mais ardente
E o azul que nega nuvem para a chuva.

Militante comunista, tanto Márcio Rollemberg quanto João Batista de Lima e Silva, figuram que já desapareceram, mas que exerceram influência muito grande nas ideias da esquerda em Sergipe. Márcio colaborou em alguns periódicos: Revista Época (SE); Diário de Sergipe; Correio de Sergipe; Boletim nº2; O Seminário (RJ); A Juventude (SE); Voz do Estudante (SE); Diário Carioca (RJ), Jornal do Povo (SE) e outros. Márcio foi casado com Haydée Gouveia Leite, pais do Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe – TJSE Alberto Romeu Gouveia Leite.

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Militância Política

De 1945 a 1964, a política sergipana era dominada por dois partidos – o PSD – Partido Social Democrático (em aliança com o PR – Partido Republicano) e a UDN – União Democrata Nacional. N os primeiros dez anos do período, o comando do governo do Estado foi de José Rollemberg Leite (1912 -1996) e depois Arnaldo Rollemberg Garcez (1911-2010), pessedistas. Os udenistas assumem em 1955, com Leandro Maciel (1897-1984) e prosseguem, em 1959, com Luiz Garcia (1910-2001), Seixas Dória (1917-2012), uma dissidência da UDN, substituiu Luiz Garcia, mas logo é derrubado pelo golpe civil militar de 1964. Preso, foi levado para Salvador, depois para a ilha Fernando de Noronha, passando ao vice-governador Celso de Carvalho (1923-2009).

Após 1964, quando o juiz de Gameleira (PE) Márcio Rollemberg Leite foi preso, assumiu o exercício do cargo de juiz de direito desta Comarca, como segundo substituto, o bel, Claudio Américo de Miranda, da Comarca de Cortês. Segundo informa o Diário de Pernambuco em sua edição de 23 de maio “Três juízes de Direito enquadrados na Lei de Segurança: 21 processos” entre eles estavam os nomes de Márcio Rollemberg Leite (juiz de direito da Comarca de Gameleira, na zona da Mata), Edgar Homem de Siqueira (juiz de Direito da Comarca de Olinda) e João Batista Neto (juiz de Direito de Barreiros).

Segundo depoimento de Fernando Augusto de Mendonça Filho, preso em 8 de abril de 1964 em Pernambuco diz que:

“Nas masmorras da velha Casa de Detenção, a única coisa boa, foi a convivência, naquela triste situação, com homens da estirpe e do caráter de um Jáder de Andrade, Miguel Dália da Silveira, Zanoni Lins, Drumond Xavier, José Bonckvis, Luiz Iglésias de Holanda Cavalcanti, Jarbas de Holanda Cavalcanti, Márcio Rollemberg Leite, Edgar Sobreira Moura, Gerson Maciel Neto, Bianor Silva Teodósio, todos os companheiros de cela e de tantas outras insignes figuras da militância política e da intelectualidade pernambucana (20).

Outro companheiro de militância foi o Desembargador Edgar Sobreira, que em depoimento de 19 de novembro 2013 – Comissão Estadual da Memória e Verdade – Dom Helder Câmara – Pernambuco, diz que “lá atrás, há alguns anos passados, Márcio Rolemberg Leite, tinha sido estudante na Universidade do Rio de Janeiro, e talvez um dos fundadores da UNE. Eram tidos como revolucionários e comunistas, o seu passado deve ter influído nessa senda de crimes e ele foi preso, não sei o destino, se ele foi morto ou para onde foi”.

O pernambucano Aldo Lins e Silva, militante comunista e amigo de Luiz Carlos Prestes e Carlos Marighella, formado pela Faculdade Nacional de Direito do Rio em 1943, foi colega de Márcio Rollemberg e ambos foram convocados para a guerra, no instante em que se formava a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Ambos escaparam por pouco de enfrentar os nazifascistas na Europa.

Militante comunista, tanto Márcio Rollemberg Leite quanto João Batista de Lima e Silva, figuram que já desapareceram, mas que exerceram influência muito grande nas ideias da esquerda em Sergipe. Márcio colaborou em alguns periódicos: Revista Época (SE); Diário de Sergipe; Correio de Sergipe; Boletim nº2; O Seminário (RJ); A Juventude (SE); Voz do Estudante (SE); Diário Carioca (RJ) e outros. Márcio era casado com Haydée Gouveia Leite, pais do Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe – TJSE Alberto Romeu Gouveia Leite.

Desquitado e domiciliado no Rio de Janeiro, Márcio Rollemberg Leite faleceu aos 61 anos, as 10h00min horas em 25 de maio de 1980 num hospital de Aracaju, vítima de carcinomatose, Ca de próstata, sendo seu corpo sepultado no Cemitério Santa Isabel.

1 - Boletim nº2. Aracaju, Ano I, nº2 de outubro, 1935, p.1.

2 - Boletim nº2. Aracaju, Ano I, nº2 de outubro, 1935, p.1.
3 - Correio de Aracaju. 28 de outubro de 1937.
4 - A Voz do Estudante. Aracaju, Ano I, nº6, 30 de novembro, 1944.

5 - Galinhas Verdes – nome popular dos membros da Ação Integralista Brasileira - movimento de inspiração fascista fundado em 1932 por Plínio Salgado e transformado em abril de 1933 em Partido Político.

6 - Quinta-coluna é uma expressão originada na Guerra Civil Espanhola (entre 1934-1936), que designava os anti-republicanos de Madrid, os quais simpatizavam com as colunas franquistas que marcharam sobre a cidade.
7 - A cidade de Aracaju encontrava-se inquieta e revoltada com o torpedeamento, na costa sergipana, de vários navios brasileiros: Baependy, Aníbal Benévolo e Araraquara. A partir de 17 de agosto de 1942, acontece uma verdadeira romaria ao Palácio do Governo, quando, Augusto Maynard Gomes era interventor. Gente de toda parte participou das manifestações de pesar pelo lutuoso e bárbaro atentado de que foi vítima a Marinha Mercante Brasileira. Fonte: Professor Luiz Antônio Pinto Cruz.

8 - Aracaju. Diário de Sergipe, 8.fev.1945.

9 - André de Chenier. Poeta francês, nascido em Constantinopla, em 1752, morreu em Paris em 1794. Jornalista político militou na “Sociedade dos 89”, de tendência moderada. Mas seus panfletos, publicados eno Lê Moniteur e no Lê Journal de paris, e seus poemas antijacobinos logo o tornaram suspeito. Foi preso e condenado à guilhotina dois dias antes da queda de Robespierre.

10 - É provável que o autor esteja se referindo ao Colosso de Rodes, estátua de Hélio (o deus Sol), em bronze, de 30 metros de altura, de autoria do escultor grego Haris, que levou 12 anos para construí-la. Erguia-se à entrada do porto de Rodes e foi considerada uma das Sete maravilhas do Mundo Antigo. Em 225, caiu no mar, após, como se pensa, um terremoto.

11 - Aracaju. A Voz do Estudante nº9, 17. Mar.1945.

12 - Diário Carioca. Rio de Janeiro, Ano XV, nº4351, de 22 de agosto de 1942.

13 - Diário de Sergipe. Aracaju, Ano V nº1.726, 5 de junho de 1948.

14 - Uma coleção bastante incompleta do Jornal do Povo, encontra-se na Hemeroteca da Biblioteca Epifânio Dória que inicia a partir do nº251, Ano II, 25 de abril, 1946, indo até o nº281, Ano III, 3 de janeiro, 1948.

15 - Sergipe-Jornal. Aracaju, 22 de maio, 1947.

16 - Jornal do Povo. Aracaju, 3 de junho, 1947.

17 - Jornal do Povo. Aracaju, Ano II, nº 359, 28 de novembro, 1947.

18 - Jornal do Povo. Aracaju, Ano I, nº16, 6 de março, 1946.

20 - Requerimento pleiteando indenização – Proc. 26/01-OG. Secretaria da Justiça e Cidadania – Governo do Estado de Pernambuco.

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