Que Filhos Queremos deixar para este mundo

Quando escrevemos sobre algo que, de fato, faz algum sentido, vai, junto com a nossa opinião, um pouco de nós mesmos representado por aquilo que temos de mais sublime que são as nossas idéias, os nossos dramas e as nossas experiências.

 

Isto, lançado nas ondas da web, chega naturalmente a um grande universo de pessoas. Alguns leem, outros não. Uns se interessam, outros não. Mas, sempre tem aqueles que se identificam e, além de lerem, preocupam-se em bondosamente manifestar as suas opiniões a respeito do assunto e, assim, de uma forma carinhosa, estas pessoas além de validar lendo aquilo que foi escrito, incentivam para que escrevamos mais. Receber um feedback daquilo que, como dizem os personagens da novela, “foi jogado ao vento” é um alento precioso para quem se aventura neste caminho solitário de dividir com os outros as suas ideias.

 

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a matéria postada no sábado que passou, “QUE FILHOS QUEREMOS DEIXAR PARA ESTE MUNDO”.

 

Fiquei muito feliz com as manifestações de três leitores: João Thiers, que já me premiou, noutras oportunidades, com as suas abalizadas observações, crítica e sugestões, as quais, com muito carinho, tento incorporar ao que faço. Obrigado, querido amigo, espero continuar contando sempre com as suas valiosíssimas intervenções. Elas, além de ricas, se prestam para balizar o que tento fazer.  

 

Pedro Silva que fez um elogio ao texto deixando-me, de certa forma, muito orgulhoso. Afirmou ele, ser “uma lição a ser seguida”. A você também, prezado amigo, penhoradamente agradeço pela bondosa amostra de carinho e admiração. Procurarei melhorar sempre na busca de atingir o carinhosamente demonstrado na sua interferência.

 

E, por fim, Dr. Spina que faz uma reflexão sobre o pouco caso que dispensamos ao que, de fato, acontece no nosso dia-a-dia. Ele faz uma referência, pelo que entendi, à lei do mais “sabido”, do “se colar, colou”, do famigerado “jeitinho brasileiro”. Ao ilustre Dr. Spina, com carinho e consideração eu também agradeço. Como agradeço a todos os que têm participado do blog www.infonet.com.br/domingospascoal.

 

Acreditem, as manifestações de vocês estimulam-me a prosseguir e, no caso específico, no mesmo rumo, falando um pouco mais, sobre: “QUE FILHOS ESTAMOS DEIXANDO PARA ESTE MUNDO.” Sei que o assunto é delicado e que certamente  estaria mais bem entregue a psicólogo do que a mim,

 

Peço desculpa se acaso não desenvolvi satisfatoriamente este tão delicado assunto.

 

A matéria não é nova. Desde as mais remotas eras é um assunto recorrente e que até hoje não apareceu ninguém para solucionar satisfatoriamente. É um enigma este relacionamento do pai/filho, no quesito formação, construção.

 

Paulo Gaudêncio, médico psiquiatra, escritor e palestrante, dá uma dica: afirma ele que todo este desencontro, acontece pelo seguinte motivo: “quem chega traz a  ideia do novo, do olhar para frente, para o futuro e, quem está aqui, os pais e professores, estão focados no que já aconteceu, na experiência, no já testado, experimentado e concluído. Olham para trás”. Quem chega, olha para frente, pelo pára-brisa. Quem já está aqui, vê pelo retrovisor. Aí há o choque. Aí não se entendem, pois um tem a estrutura, outro a possibilidade da construção diferente.

 

Outros estudiosos do assunto aconselham que os pais procurem se emparelhar com os filhos que, com as experiências, olhem também para frente, busquem as realizações através do vir-a-ser e não do que-já-foi.

 

Aí, asseveram estes estudiosos, haverá sincronia facilidade do diálogo e da  “com-vivência” e a construção de personalidades mais éticas. Pois é mais fácil, falando a mesma língua, falar por exemplos do que tentar impor modelos.  

 

Uma criança, aprendendo o respeito e a honra dentro de casa moldando-se aos exemplos que vêm de seus pais torna-se naturalmente em um adulto mais consciente do mundo que a aguarda.

 

Por maiores que sejam as vicissitudes que poderão encontrar, estarão sempre preparados, pois viram como deve ser feito. Antes de escutarem assistiram a ação, a fórmula exitosa do fazer certo. É fazendo o certo que transmitimos, o que de melhor temos e fazemos à personalidade dos nossos filhos. O exemplo fala muito mais alto do que o conselho ou admoestação.

 

O grande problema, a meu ver, reside em dois momentos. O primeiro é: que tipo de exemplo nós, adultos, sobretudo os pais, estamos dando. Somos verdadeiramente éticos nas nossas ações, para que eles também aprendam a boa ética e possam dizer num futuro: eu faço o correto, pois foi assim que aprendi com o meu pai? Ou não. Imaginemos o filho que vê o pai dando dinheiro a um guarda de trânsito para não ser multado.

 

Ali ele aprende duas coisas. Ambas erradas. São elas: cometer infração de trânsito, pode; e que se acaso o guarda vir, é só suborná-lo, sai baratinho. Aí, ele imagina: quando eu estiver dirigindo, tenho que ficar “esperto”. Esperto, como o meu pai. Posso dar uma “robadinha”, entrar na contra- mão, avançar o sinal vermelho, ultrapassar por onde não é permitido, parar em fila dupla… Basta que eu esteja preparado para, se for o caso, dar uma gorjeta ao guardinha e pronto.

 

Falei de um exemplo apenas, mas, muito outros poderiam ser citados: no médico – com recibo ou sem recibo?  Na vaga do idoso, usando a licença da vovó, que, por sinal, nem dirige.  Aquele casal já com quase cinquenta anos mas têm, os dois, carteira de estudante, para comprar passe escolar e meia no cinema, um amigo conseguiu.

 

O segundo, porém não menos grave, é a delegação deletéria que forçosamente estamos fazendo da formação do caráter dos nossos jovens. A família está delegando esta missão, absolutamente familiar, à escola, à mídia aos não familiares e, às vezes, aos traficantes.

 

Aquela história que diz: eduque seu filho, senão outro o educará, é uma verdade que deve ser encarada e resolvida em família.

 

Deixemos para as escolas, para a mídia e para os outros, apenas a complementação desta formação, pois quando esta criança for ser testada lá fora já leva de casa uma ideia de segurança ética dos valores morais para solucionar os embates que se apresentarão no  seu caminhar.

 

São filhos assim que devemos deixar para este mundo.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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