Preciso dizer que estamos mudando de ano? Claro, não posso ser otimista. Seria trágico. Brasil é um país de sacanas. Difícil mesmo você conseguir ser você mesmo. Entramos em 2013 como o país que menos lê, menos tem saneamento básico e não acredite que foi o raio que provocou o apagão, foi falha humana, falou nossa Margaret Tatcher, dona Dilma, mais astuta e máscula que eu em toda minha esquizofrenia de macho. Ufa! Pra mandar, tem que vestir tailleurs parecendo ternos. Ui! Mas o que tem o tailleur com as calças? Nada. Convenhamos, chandon não é 51, veuve de cliquot não é coca-cola. Matamos mais no trânsito que qualquer guerra do Golfo. E é. Não dá para lembrar Truman Capote. Então música para camaleões.
Estou absorto. 2013 é a mesma farsa de 2012. Pobres, pobretões, pobrinhos. Todos nós, brasileiros. O STF protagonizou o maior clássico novelístico de todos os tempos. Ganhou de “O Astro”, com Francisco Cuoco, e Joaquim Barbosa disse que na falta de heróis, elegeram ele. Ui! Eu, particularmente, prefiro a falsa paz que me desejam em torpedos e no facebook. Prefiro as prefeituras com seus prefeitos e licitações marcadas dentro da legalidade (?). E é? Ex-pobres governantes pagam diária de R$ 5 mil na orla de Copacabana e ainda levam a amante para o hotel ao lado. E dá um salário de executivo para pagar isso tudo: colégio, viagens, plano de saúde, hilux, academia e inglês pras “crionças”?
Ui! A música de fim de ano da rede Globo é patética. Aquele senhor calvo, Alex Escobar, querendo ser engraçadinho e feliz. Não! Pior que ele só a TV Xuxa. Não é possível aquela senhora estar no ar e Luciano Huck de terno Armani com a voz rouca e sua maior conquista: seus filhos terem brincado com os filhos da Madona que trocou Jesus Luz pelo negão bailarino. Também, qualquer troca ali é bem vinda. Por razões óbvias. E não é que Madonna pensou que era Michael Jackson? Lenços Louis Vuitton faltaram para ela cobrir a cara e aí jogou o casacão feio e de mau gosto igual a ela. Mas tudo bem. Minha maior frustração é não dar pros negões da Madonna.
Passado o introito psicanalítico, véspera de prefeituras com novas caras e velhos (ban)mandos. Estou mesmo o mesmo. Aquele morador de uma quitinete no Copan, ali Niemeyer que conseguia fazer o que queria, apartamentos com banheiros imensos no fim do corredor. Único. Mas o bom mesmo é que a Anatel não está nem aí para as FMs. Elas viraram palanques e MPB que é bom, nada. Mas isso é apenas um detalhe. O que tem de TV de Cristo no ar vendendo a medalha de Manzotti, com cota acabando, não está no gibi. Não verás país nenhum, no dizer de Loyola. Nunca vimos taxas tão cruéis como a dos juros neste país. É o saldo do jogo do bicho, da mega-sena, da bala perdida.
Ainda bem que Carla Perez foi substituída por Cláudia Leite e Marília Gabriela no Roda Viva. Até que enfim minha casa, minha dívida é uma realidade. As construtoras enriqueceram em tempo recorde. Pombo também come alpiste. Ui! Acomodo-me no vão da minha insignificância, eu que pensava ser o Truman do “A Sangue Frio”. Paulo Francis morreu, Darcy Ribeiro não suportaria Belo Monte e a TV que poderia nos ajudar a sair da fossa, é vitrine de pessoas pobres que têm o seu dia de princesa do Gugu e Netinho de Paula (e mandaram Netinho de Paula pra onde?) Hum!
Estou entrando 2013 correndo de mim mesmo. 2012 foi um ano de Guantánamo. O pior: Fidel Castro está vivo, Hilary foi internada, Obama reeleito, Sarney continua presidente do Senado. A Anatel deixa tudo como está e não acredite em raio, foi falha humana – diz a moça de tailleur vermelho. É isso. Bem vindo a 2013, se for capaz.