QUEBRA DO SIGILO

Há alguns anos foi sugerido aqui que todas as pessoas que fossem escolhidas para o comando de órgãos públicos, do terceiro ao primeiro escalão, fossem obrigadas a anexar a declaração do Imposto de Renda – pessoa física – no ato da nomeação. Da mesma forma, teria que ser exibida a declaração no ato de demissão, depois de dois anos no cargo. Causou um mal estar muito grande em vários segmentos da administração pública, principalmente porque à época se desconfiava do enriquecimento ilícito de alguns integrantes do governo. A verdade é que seria uma saída para inibir a ação de determinados malandros que usam da força do poder para modificar a sua condição financeira. Hoje seria bom que se exigisse todos os documentos que comprovassem situações financeiras até mesmo dos eleitos para o executivo. Tanto na entrada, quanto na saída.

 

Evidente que o país está indignado com a sucessão de escândalos que estão surgindo no país, envolvendo membros da cúpula do governo federal. Indignação e surpresa. Não pelas transações que estão acontecendo ou pelo balcão de negócios que se escancarou para compra de apoio e votos a projetos de interesse do executivo. Apesar do ar de estupefação da república, quem convive nos meios políticos, financeiros e empresariais sabe perfeitamente que a remuneração em troca de benefícios, mesmo que lese a nação, o estado ou o município, é uma prática antiga no Brasil. Como disse o deputado federal Roberto Jefferson, mirando bem os olhos dos seus inquisidores, todos têm conhecimento de como se faz um parlamentar, da forma que se ganha uma concorrência, o que se faz para conquistar apoio político e o modelo de se adquirir votos suficientes para aprovar projetos direcionados a determinados segmentos. Principalmente quando os projetos são impopulares e podem arranhar quem vota com o eleitorado. Os valores são bem mais altos…

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou onde está através de financiamentos de campanha, adquiridos junto à iniciativa privada. Ele não é tão inocente para imaginar que percorreu esse país de jatinho, pago através da venda de estrelinhas para a militância. O fez como todos os demais subiram a rampa do Planalto: com o dinheiro grosso e sujo dos grandes empresários, dos banqueiros, das indústrias e das empreiteiras. Foi o próprio Lula quem permaneceu na Câmara Federal por apenas quatro anos e não quis mais retornar para lá. Ao sair disse que no legislativo haviam 300 picaretas. Depois que ficou sem mandato, o eterno candidato Lula da Silva viveu do partido e passou a residir em uma casa cedida por um empresário amigo. Vivia bem e não sabia quem pagava. É exatamente por isso que fica muito difícil acreditar que ele seja um ilustre inocente em toda essa bandalheira que banha o país e que está incrustada no modelo político administrativo brasileiro.

 

Embora tenha mudado muito, os brasileiros ainda consideram que no mínimo é idiota quem esteve no poder e saiu pobre. E por que se vê uma Nação indignada? Afinal esse tipo de barganha entre um executivo autoritário com um legislativo permissivo sempre foi de conhecimento de todos. O enriquecimento de personalidades antes insuspeitas que estão no poder também não é surpresa. Muito menos as transações financeiras espúrias que sempre se praticou nos sujos porões dos podres poderes. Tudo isso não é novidade no país da corrupção. A indignação vem da descoberta de que o Partido dos Trabalhadores não é diferente de nenhum outro e que o presidente Lula não terá mais condições de falar contra a gatunagem praticada por qualquer outro presidente que o antecedeu. Nesse quadro, Fernando Collor tem o melhor atestado de idoneidade. O PT que agora o povo vê, tem que refazer os seus conceitos, mudar o seu discurso e receber aulas de austeridade e honestidade com o ex-governador Paulo Maluf. É exatamente o esfacelamento moral da cúpula petista, que provoca tanta surpresa. Afinal, é triste constatar que a corrupção venceu a esperança.

 

Há muito que consertar, afinal nem todos são iguais e existe muita gente séria e honesta que pode atuar na política e restaurar a dignidade perdida.

 

ENCONTRO

O prefeito Marcelo Déda (PT) teve uma conversa longa, ontem, com o senador Valadares (PSB), sobre a situação política do país e em que atingiria Sergipe. Marcelo Déda está em Brasília desde quarta-feira passada, onde participa de articulações políticas do governo e cuida de interesses de sua administração.

 

REUNIÃO

Marcelo Déda viaja amanhã a São Paulo, para participar da Assembléia Geral do Partido dos Trabalhadores, que será muito movimentada. Desde ontem que circula informação que nesta reunião da Direção Nacional o ex-deputado José Genoino deixará a presidência do partido.

 

PETROBRAS

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra (PT) avisou ao presidente Lula da Silva que deixará o cargo porque será candidato ao Senado em 2006. Dutra acompanha o pensamento do presidente, que uma equipe formada por técnicos nas estatais que não precisem deixar o cargo para disputar as eleições.

 

CHAPA

A notícia da saída de José Eduardo foi publicada por jornais do Rio de Janeiro, mas já confirmada por um petista em Sergipe aliado de Dutra. Com a decisão de José Eduardo a chapa majoritária que terá Marcelo Déda como candidato a governador está faltando apenas o vice.

 

HELENO

Caso o deputado federal Heleno Silva (PL) mantenha a disposição de candidatar-se ao Senado Federal, terá que procurar outra alternativa. A cúpula do bloco de apoio a Marcelo Déda deve tentar convencer a Heleno que ele deve disputar a reeleição e se manter na coligação.

 

RECEIO

O deputado federal João Fontes (PDT) disse ontem que o deputado Geraldo Tadeu (PPS-MG) teve receio de falar tudo o que sabia sobre o publicitário Marcos Valério. Segundo João, foi Tadeu quem sugeriu que ele pedisse uma “Questão de Ordem”, para dizer Geraldo Tadeu tinha importantes fatos a revelar sobre Valério.

 

PREFEITO

João Fontes acrescentou que Geraldo Tadeu foi candidato a prefeito de Porto de Caldas e recebeu proposta de Marcos Valério para arrecadar fundos de campanha. Geraldo Tadeu recuou de abrir a boca em sessão secreta, como foi acertado, “porque a bancada do governo quase o enforcava”, disse João.

 

FACULDADE

O prefeito Marcelo Déda (PT) influenciou diretamente para que Sergipe fosse incluído, Pelo Ministério da Educação, na relação de extensão da Universidade Federal. Déda teve uma conversa com o presidente Lula, que telefonou para o ministro Tarso Genro, da Educação, e autorizou a imediata inclusão de Sergipe na ampliação da Universidade.

 

MENDONÇA

Marcelo Déda teria ido ao presidente Lula através de um pedido da prefeita de Itabaiana, Maria Mendonça, que defendia um núcleo da Universidade em sua cidade. A audiência com a bancada teria sido marcada pelo deputado federal Jackson Barreto e se deu a inclusão, beneficiando a Itabaiana.

 

POUCO

O deputado federal Heleno Silva acha que não dar para soltar fogos só porque o Ministério da Educação expandiu apenas um núcleo da Universidade para Sergipe. “Nós temos que lutar mais para que seja colocado pelo menos três dos seis núcleos que foram prometidos a Sergipe”, sugeriu Heleno.

 

BRASÍLIA

Sobre a movimentação em Brasília, o deputado Heleno Silva revelou que “aqui está um clima de terror, porque de repente pode surgir o nome de alguém”. Como exemplo, Heleno diz que “de repente o sujeito está almoçando com alguém que se descobre envolvida em alguma denuncia e o seu nome é posto sobre suspeita”.

 

ALBANO

Na opinião de um político experiente declarou que a política em Sergipe está paralisada por falta de definição do ex-governador Albano Franco (PSDB). Acha que até o momento ninguém ainda sabe o que ele vai disputar e isso preocupa prefeitos, deputados e vereadores que seguem sua liderança.

 

SILÊNCIO

Alguns políticos ligados ao ex-governador Albano Franco que têm denuncias contra o governo do estado não as faz porque estão aguardando a situação. Aliás, um dos parlamentares ri dessa situação e diz: “vamos esperar mais um pouco, porque há muita turbulência”.

 

ESCÂNDALO

A fonte é do Ministério Público: vai explodir um escândalo sobre estelionato, envolvendo “gente muito alta” de Sergipe e Brasília. Esse escândalo vai qualificar muita gente importante inclusive em formação de quadrilha. Ainda será este mês.

 

Notas

 

MENSALÃO

O deputado federal João Fontes (PDT) disse ontem que a apuração do mensalão deve se ampliar em vários níveis institucionais e não apenas na Câmara Federal. Segundo o parlamentar, existem mensalão em Assembléias Legislativas, Câmara Municipais e em vários outros segmentos políticos. Fontes disse que, assim como alguns parlamentares, existem também alguns jornalistas e outros profissionais que recebem mensalinhos: “o país convive com uma corrupção sistêmica que é preciso apurar”.

 

LEGENDA

Segundo o ex-membro do PRP o partido não está mais com o advogado Renato Sampaio, mas sob o comando do deputado estadual Ulices Andrade (PSDB), que teria pagado as mensalidades que os presidentes recolhem às legendas. Foram pagos os oito meses que estavam em atraso com a legenda. Segundo a mesma fonte, o deputado Ulices Andrade está indicando um nome para presidir o partido, enquanto José Renato Sampaio está se filiando ao PDT e deve disputar uma vaga na Assembléia Legislativa.

 

MOTORISTAS

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou substitutivo do deputado Carlos Mota (PL-MG) ao Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1554/05, que desobriga os motoristas de participar de cursos de direção defensiva e primeiros socorros na renovação da carteira de habilitação. O relator da matéria optou, porém, por suspender apenas a parte que trata do curso obrigatório de direção defensiva e primeiros socorros, uma vez que a resolução, com 45 artigos, trata também de outros assuntos.

 

É fogo

 

Já estaria sendo escolhido, nos bastidores, um novo nome para substituir José Genoino na presidência do Partido dos Trabalhadores.

 

O deputado Fabiano Oliveira (PTB) passou dois dias no Hospital São Lucas, tratando de uma queimadura na mão, provocada por fogos, quando brincava com um sobrinho.

 

Fabiano Oliveira lembrou que o próximo domingo era “o dia da pizza”. Não fez referência à CPMI dos Correios.

 

O secretário da Justiça, Manoel Cacho, é candidato a deputado estadual e já começou a trabalhar para tentar eleger-se.

 

A Secretaria da Fazenda já definiu os últimos detalhes para divulgação e apresentação das ações que envolvem o Programa de Regularização Fiscal (Profaz).

 

O ex-governador Albano Franco (PSDB) se encontra no Rio de Janeiro tratando de assuntos empresariais.

 

O PMDB está em crise interna. O Diretório de Sergipe acompanha a decisão da Direção Nacional de desligamento do governo.

 

Muita gente reclamando da situação das estradas que ligam Aracaju a várias regiões, principalmente ao sertão.

 

O governador João Alves Filho tem se comunicado pouco com seus auxiliares em Sergipe. O governador retorna das férias na Argentina terça-feira.

 

Vários secretários aproveitaram as férias do governador para também dar uma esticada a outros estados.

 

A Receita Federal já liberou a consulta ao segundo lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física 2005.

 

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou não ter visto ninguém propor que o país tenha déficit nominal zero.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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