Uma publicação de mais de setecentas páginas que perpassa a cultura literária de Sergipe a partir de 1929, ano da fundação da Academia
José Anderson Nascimento, à direita, autografa Perfis… |
Sergipana de Letras até os nossos dias, trazendo quase noventa anos de produção de 167 personalidades que tiveram (e muitos ainda têm) ligação intrínseca com a vida do sodalício, quer como patronos, alguns outros fundadores e os demais sucessores, nas suas atuais 40 cadeiras. Refiro-me ao livro Perfis Acadêmicos, lançado no último dia 19 de março com todo o júbilo devido.
O autor dessa façanha é o jurista, educador e escritor José Anderson Nascimento, presidente da Academia Sergipana de Letras, ele mesmo ocupante da Cadeira 20, que tem como patrono José Luiz Coelho Campos, na sucessão do inolvidável intelectual sergipano Jorge de Oliveira Neto. Não fosse o destemor e a implacável persistência do autor, essa obra fatalmente iria dormitar nas gavetas da burocracia ou penar por desinteresse de alguns, privando a sociedade de conhecer na sua integralidade, a produção literária da nata da intelectualidade sergipana. Por uma feliz decisão do Governo de Sergipe, através da Segrase e da Editora Diário Oficial, os Perfis Acadêmicos vêm à tona, finalmente.
A notável publicação, pioneira no Brasil no âmbito das academias congêneres nacionais, analisa a contribuição dos acadêmicos para a difusão da cultura sergipana, a partir do final dos anos 20, com a fundação da Academia Sergipana de Letras. Antes disso, um grupo de intelectuais se reunia em torno de uma sociedade lítero-artística – a Hora Literária General Calazans – uma precursora, digamos assim, da nossa atual Academia. Logo na Introdução, o autor lembra Machado de Assis: “Uma Academia tem de ser integrada por três espécies: literatos, personalidades – para conferir visibilidade à instituição – e jovens, para trazer alegria”.
Com comentários do poeta Hunald Fontes de Alencar, de saudosa memória e prefácio do escritor e folclorista Jackson da Silva Lima, Perfis Acadêmicos chega aos leitores após dez anos de intensa pesquisa e mais dez, pelo menos, de entraves burocráticos. A demora no lançamento da obra, infelizmente, deixou alguns participantes no meio do caminho, entre eles o próprio Hunald Alencar, falecido em 2016. Apesar de tudo, a publicação traz valiosíssima contribuição para a preservação da memória cultural de Sergipe e como instrumento de manuseio importante para as novas gerações, preenchendo um vazio enorme nas letras sergipanas. Por isso, vamos comemorar!