O que está acontecendo nestas eleições, em relação à divisão das lideranças políticas do interior, não se trata de qualquer mudança ideológica, consciência política ou desejo de levar à frente um projeto de oposição. A política em Sergipe ainda é levada dentro do conceito de “lado”. Esses “lados” são heterogêneos: não se misturam jamais. E quando o fazem a formula explode. Foi assim em 1998, por exemplo, quando o “lado” de Luciano Bispo e o “lado” dos Teles de Mendonça se uniram para reeleger o então governador Albano Franco. Foi mal. Franco perdeu em Itabaiana e foi preciso ter coragem de romper com um dos seus aliados tradicionais, ex-deputado Chico de Miguel, para ter o resultado positivo naquela cidade. Cada município sergipano tem o seu “lado”, o do prefeito e o de oposição a ele. De um dos dois “lados” a liderança estadual era o governador João Alves Filho (PFL) ou o ex-governador Albano Franco (PSDB), que este ano voltaram a se coligar para disputar as eleições estaduais, obedecendo a verticalização e atendendo à necessidades eleitorais absolutamente compreensíveis por uns e contestadas por outros. Por trás de toda essa efervescência, não está o interesse por alterações na estrutura de governo, mas na manutenção da posição no município. Ou para se fortalecer onde está, ou para derrotar o adversário nas eleições de 2006. O quadro, olhando friamente por um prisma de divergências crônicas, é o mesmo que vem se registrando há muito tempo na política sergipana. Quem prestar bem atenção nas figuras políticas que estão no epicentro desse burburinho eleitoral, à exceção das lideranças petistas – e só delas – todos os outros já estiveram em algum “lado”. O senador Valadares (PSB), o deputado federal Jackson Barreto (PTB), o governador João Alves Filho (PFL), o ex-governador Albano Franco (PSDB), o presidente do PMDB, Benedito Figueiredo e todas as demais lideranças eleitoralmente fortes do interior, já estiveram juntas ou separadas, sempre dependendo das conveniências políticas. E o importantes, pode-se perceber, essa oscilação de “lados” sempre dependeu de como estavam João Alves Filho e Albano Franco ou o senador Antônio Carlos Valadares. Em 2002 foi que se fez um movimento na oposição que se mantém até hoje sem alteração, apenas o afastamento do ex-governador Albano Franco, que durante parte do período deu asas para uma aproximação com o Partido dos Trabalhadores. Não se pode discutir, sob nenhuma hipótese, a liderança do candidato a governador pelo Partido dos Trabalhadores, ex-prefeito Marcelo Déda. É, naturalmente, o líder de um grupo que tem nomes como o senador Valadares e o deputado federal Jackson Barreto, que hoje lhe têm lealdade. Mas no interior, onde ainda prevalece “os lados”, ninguém tenha dúvida: o eleitorado divide-se entre Albano e João. Hoje o pessoal que diz que não tem condições de votar na reeleição do governador de João Alves Filho é exatamente quem antes estava diretamente ligado ao ex-governador Albano Franco. Não porque tenha problemas pessoais com João, mas por questões absolutamente paroquiais, que nenhum dos dois conseguiu remover como um todo. O grupo liderado pelo governador João Alves Filho sempre foi muito forte no interior e os resultados das urnas prevalecia sobre a capital, onde a oposição conserva um eleitorado qualificado. Com a manutenção das rivalidades no interior e um posicionamento diferenciado na capital, as eleições de outubro ainda continuam imprevisíveis, porque os candidatos que polarizam estão cada vez mais presentes nas áreas de cada um dos adversários. É uma eleição difícil. Tão difícil que ainda não dá para vislumbrar possibilidade de vitória. Uma avaliação que se aproxime a algum resultado só poderá ser percebida depois de 15 dias de programa nas rádios e emissoras de TV. Quem tiver melhores projetos e bons argumentos, vencer as eleições. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) apresentou ontem a sua defesa à CPMI das Sanguessugas mostrando que em Sergipe a Planam não superfaturou ambulâncias. Heleno lembra que o empresário Luiz Antônio Vendoin diz que “me pagou R$ 50 mil e ao mesmo tempo alega que não conseguiu venda por falta de empenho meu”. DIFERENÇA Heleno Silva espera que o relatório que será divulgado pela CPI no dia 10 faça algumas diferenças de pessoas envolvidas na questão das sanguessugas. “É bom que diferencie quem participou e se beneficiou daqueles que participaram, mas não se beneficiaram”, sugeriu o parlamentar. COM ALCKMIN O empresário José Amorim (PSC) disse ontem que não recebeu nenhuma orientação para que o partido apoiasse Heloisa Helena (Psol) para presidenta da República. Acrescentou que o PSC segue orientação do governador João Alves Filho e vai votar em Geraldo Alckmin para presidente. PACOTE Amorim acrescentou que não recebe “pacote pronto”, porque esse apoio não estava nos planos do PSC, que fechou uma coligação em Sergipe. O partido se tornou um dos mais fortes do Estado, com nomes competitivos, inclusive o de Eduardo Amorim, que trabalha por uma vaga na Câmara Federal. GARIBALDI O deputado estadual Luiz Garibalde (PMDB) diz que manteve o seu pessoal na disputa pela reeleição e está viajando muito pelo interior. A partir da próxima semana começa a visitar os bairros de Aracaju. Diz que seu comportamento não mudará nada e manterá sua posição de independência. DISPUTA Garibalde reconhece que será uma disputa muito grande no interior: “nos 60 municípios que visitei o páreo é duro”, explicou. O deputado acha que a campanha vai começar a partir de agora e as definições virão a com os programas de televisão. ASFALTO Garibalde fez ontem um apelo ao governador João Alves Filho para que faça o asfaltamento do trecho de dois quilômetros que liga a Escola Agrotécnica à BR-101. Já houve uma promessa do governador em asfaltar o trecho e os estudantes já fizeram paralisação para que a obra fosse feita. EXPULSÃO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse ontem que a Executiva do PFL resolveu aguardar a divulgação do relatório da CPMI dos Sanguessugas. “Depois de votado, qualquer deputado do PFL que estiver envolvido será aberto processo para expulsá-lo do partido”, será a decisão. ESFORÇO José Carlos Machado revelou que a oposição concluiu que o esforço concentrado é melhor para derrubar o presidente Lula do que a campanha nas ruas. Hoje termina o esforço concentrado e durante 30 dias o Congresso fica vazio e o presidente não se preocupa com os discursos e denuncias dos parlamentares. SEPARAÇÃO Um dos motivos que levaram o candidato a deputado federal Albano Franco (PSDB) se separar do deputado federal Bosco Costa (sem partido) não foi a saída do PSDB. Albano ficou muito chateado porque Bosco Costa fechou com o senador Valadares (PSB) para votar em seu filho para deputado federal. APOSENTADORIA A PEC que altera a idade de aposentadoria dos 70 para 75 anos não foi votada neste esforço concentrado que termina hoje. Dificilmente entrará em pauta no esforço já marcado para setembro, o que poderá provocar a aposentadoria do presidente do Tribunal de Contas, Hildegards Azevedo. COMÍCIOS Só com a presença dos candidatos a presidente da República é que serão realizado comícios para candidatos majoritários e proporcionais nos estados. Os candidatos estão preferindo as carreatas com corpo a corpo ou falar para grupos sociais e apresentar os seus projetos. O pessoal convenceu-se que comício não atrai mais ninguém. PASTORA A pastora Cláudia Andrade é candidata a deputada estadual e trabalha muito porque sabe que a disputa será acirrada para conquistar o mandato. É a segunda experiência política de Cláudia: a primeira quando foi candidata a vice-prefeita, em 2002, e mostrou quem tem condições de enfrentar uma campanha. Notas VALADARES O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) pediu ao presidente Renan Calheiros e ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que intercedam junto ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para que baixe resolução regulamentando a Lei que trata da renegociação de dívidas dos produtores rurais. “Sem a regulamentação, milhares de produtores estão inscritos no Cadin sem poder regularizar sua situação nos bancos. Vários deles estão sendo acionados pela Justiça e suas terras estão indo a leilão”, afirmou Valadares. APOSENTADOS Não foi possível obter quorum suficiente para validar a votação em Plenário da Medida Provisória que reajusta os benefícios de aposentados e pensionistas. Após 35 minutos de votação, apenas 212 dos 410 deputados que compareceram votaram, e seriam necessários 257 para viabilizar o quorum. O que estava em análise era uma emenda do PFL que elevava o índice de reajuste de 5% para 16,67%. Como a MP tranca a pauta, nenhuma outra matéria poderia ser analisada e as votações foram encerradas. REAÇÃO O presidente da CPMI das Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), reagiu, na tarde de ontem, à proposta de modernização do funcionamento das CPIs do Congresso Nacional, apresentada por uma comissão especial de juristas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É fogo Nelson Araújo (PMDB) é candidato a deputado estadual e está fazendo uma campanha de conscientização do voto. Nelson acha que chegou o momento dos políticos reagirem a qualquer tipo compra de votos para conquistar uma vaga na Assembléia. O deputado federal Heleno Silva (PL) diz que está tranqüilo em relação ao processo da compra de ambulâncias. O senador Almeida Lima (PMDB) está apertando para que os senadores envolvidos em qualquer tipo de crime sejam divulgados pela Corregedoria do Senado. O candidato a governador pelo PDT, João Fontes, está engajado no movimento para que não se vote em pessoas envolvidas nas sanguessugas. O deputado federal João Fontes não tem a menor dúvida de que a quadrilha das sanguessugas começou a se organizar no governo FHC. No próximo domingo é dia dos candidatos prestarem contas dos gastos de campanha junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Os integrantes do PCB decidiram manter a candidatura do comerciante Milton Neto ao Governo do Estado. O PCB aguarda apenas o resultado do julgamento do Tribunal Regional Eleitoral, que detectou problemas no prazo de filiação de Milton ao PCB. As indústrias fecharam o primeiro trimestre com lucro líquido de 8,5% no faturamento, de acordo com estudo do Serasa. A candidata a presidente da República pelo Psol, senadora Heloísa Helena, está crescendo muito junto ao eleitorado. brayner@infonet.com.br
Para Biscaia, não é necessário alterar a lei, mas sim o comportamento dos integrantes da comissão. “O que é preciso é que as CPIs não sejam transformadas num palco de vaidades e de disputas político-partidárias”, disse.
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