O governador João Alves Filho (PFL) realmente surpreendeu com o projeto de Reforma do Estado. Havia necessidade de mudanças em uma estrutura viciada, capenga, com excesso de gorduras e muitas facilidades. É possível que dessa vez a tentativa de reduzir gastos dê certo, porque foi bem projetado, dentro de critérios que não estrangulam ninguém, não pede sacrifícios. Simplesmente corta privilégios e dá uma nova sistemática a uma burocracia que emperrava e gastava em excesso. O projeto detectou vícios, atingiu pontos vulneráveis impostos por compromissos políticos e foi fundo no corte do supérfluo e dos exageros. Tudo sem prejudicar a continuidade administrativa, mas pondo um ponto final em algumas regalias que oneravam o Estado. O objetivo é cortar tudo isso, centralizar as compras e evitar distorções nos preços. As empresas vendem mais caro para o Estado. Mas isso tem uma razão: a demora no pagamento. O projeto não prevê agilidade nisso, porque se paga em dia, o Governo tem melhores condições de barganhar preço e ganhar muito com isso. O projeto também prevê corte de 30% de funcionários contratados em regime de Cargo em Comissão. Quer também que devolva às Prefeituras quem foi transferido para o Estado. A medida. Há um excesso de funcionários, é verdade, porque o Estado cumpriria o seu dever apenas com o pessoal que está trabalhando. O grande problema é que o número de pessoas que não trabalham, é igual ao que vai todos os dias às repartições e fazem os serviços que realmente são necessários. E é um número suficiente de trabalhadores. O resto é excesso… O problema maior do Estado é que os compromissos políticos atingem o financeiro. Aliás, sempre foi assim. Os cargos em comissão, na sua grande maioria, são preenchidos por familiares de pessoas importantes ou de lideranças políticas da capital e interior, que sequer sabem onde ficam as repartições. Não precisa cortar ninguém que comparece ao trabalho, mas ir fundo exatamente naqueles que sequer precisam dos salários que recebem. É bom que o governador João Alves Filho tenha conhecimento, que há um clima de tensão entre os servidores que vão trabalhar e uma tranquilidade naqueles que só recebem o salário. Os ausente confiam nos padrinhos e se acham acima de qualquer projeto de contenção de despesas. Também é bom ressaltar que os CCs mais baixos estão com pessoas que realmente trabalham. Dão duro mesmo, porque precisam do emprego para sobreviver. Os CCs mais altos são presenteados a filhos de autoridades, a parentes de deputados, a mulheres e genros de altas patentes da cúpula administrativa do Estado e a afilhados de empresários, que ao invés de justificar os altos salários, administram as empresas do pai. Pelo projeto que o governador João Alves Filho vai enviar para a Assembléia Legislativa, a impressão é que se dará um basta nisso e que, obviamente, terá que contar com a compreensão dessa gente que não precisa do Governo. Certamente isso vai acontecer. Para que se faça justiça com quem precisa trabalhar. Com quem ganha minguados CCs para sustentar a família. Os próprios secretários, responsáveis pela indicação dos servidores que devem ser demitidos, vão optar pelos funcionários fantasmas, porque não podem dispensar quem está trabalhando, sob pena de emperrar o bom andamento de suas Secretarias. TEIXEIRA O secretário da Cultura, José Carlos Teixeira, estranhou a informação da demissão do cargo, anunciada por esta coluna. Disse que desconhece isso e que está em paz. Acrescentou que não vive do cargo: “vivo de servir a coletividade sergipana, mas não me sirvo dela”. BRIGAS José Carlos Teixeira acrescentou que não tem nada a ver com as brigas de ninguém e citou algumas pessoas que lhe fazem críticas. Referiu-se também ao ex-secretário Ivan Valença: “não tenho culpa se não pude arranjar alguma coisa para ele”. CONFIRMA Plenário confirma a informação da demissão de José Carlos Teixeira, porque tem total confiança na fonte. O próprio governador João Alves Filho revelou, ontem, durante entrevista coletiva, que fará mudanças em sua equipe de Governo. LOCAÇÕES O Governo do Estado vai acabar com o sistema de locação de carros, que onerava os cofres públicos. Vai aceitar propostas para compra de veículos. Foi um dos melhores atos do governador João Alves Filho. As locações passaram a ser uma forma de assalto ao dinheiro público. EQUÍVOCO Segundo uma fonte influente do Palácio, as locações poderiam ser boas para o Governo, caso fossem pagos os preços que valem os veículos. O grande problema é que as locadoras entraram com dois pés nas Secretarias. Ganham fortuna, com a participação de muita gente. CHATEADO A fonte é da Assembléia Legislativa: o deputado Walker Carvalho (PFL) está “subindo as paredes” com a criação de uma Central de Compras. O parlamentar acha que isso prejudica os empresários locais, que não têm cacife para concorrer com grandes empresas de outros Estados. DEMISSÕES O governador João Alves Filho pode não exonerar os 30% de pessoas que têm cargo em comissão e optar por afastar 15% dos servidores de forma linear. A segunda opção evita que alguns servidores que prestam bons serviços e tenham CCs, percam a gratificação. Parece mais justo. VIAGEM O governador João Alves Filho viaja domingo para Portugal e Espanha e retorna na quarta-feira. Será uma viagem apenas para assinaturas. Em Portugal assina documento para vôos charters para Aracaju e em Madrid tem reunião com o grupo interessado na instalação da refinaria em Sergipe. AUDIÊNCIA João Alves Filho já marcou duas audiências com o presidente da Petrobrás, para falar sobre a proposta de refinaria em Sergipe. Ainda não aconteceu. Ontem ele brincou: “tem nada não vou procura em Japaratuba, onde ele costuma ir, ou no Pré Caju, que com certeza ele estará”. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse, ontem, que já está preocupado com o presidente Lula, porque determinou que em janeiro só pode gastar 6% do orçamento. Machado diz que o contingenciamento já iniciou em janeiro e tem receio que reduza os gastos na área de investimentos. GLÓRIA Apenas a chapa encabeçada pelo prefeito em exercício Anselmo Correia (PTB) foi inscrita na Câmara Municipal de Nossa Senhora da Glória. A eleição indireta para prefeito será realizada dia 29 próximo. Ontem era o último dia para o registro de chapas. EXPLICAÇÃO O advogado José Cláudio explicou, ontem, que o seu cliente, ex-deputado Antônio Francisco, não faz nenhum desafio à Polícia quando diz que “só se entrega morto”. “O que o filho de Antônio Francisco quis dizer foi o seguinte: se não for preso pela Polícia, o pai não se entrega e só sai de onde está em caso de morte”, explicou. ERRO Segundo José Cláudio, a família acha que houve um erro na apresentação do vereador Antônio Francisco Júnior, “que foi preso sendo inocente”. José Cláudio diz que quem procurou o secretário de Segurança para o filho se apresentar foi Antônio Francisco “e a família agora não quer cometer o mesmo erro”. Notas CRÍTICA O senador José Almeida Lima (PDT) criticou a nota oficial do ministro da Casa Civil, José Dirceu, lida em plenário pelo líder do PT, Tião Viana (AC), de desagravo ao deputado Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP), acusado de tortura por suspeito da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Para Almeida, a nota tem um perfil fascista por agredir as instituições democráticas, no caso o Ministério Público. Almeida lamentou que justamente o PT esteja apoiando a chamada “lei da mordaça”. EXAGERO O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) reconheceu que Almeida lima cometeu um exagero ao interpretar as palavras do ministro da Casa Civil, José Dirceu. Já o senador Demóstenes Torres (PFL-GO) concordou com o senador sergipano e disse que a nota demonstra a personalidade autoritária de José Dirceu. De acordo com a nota de José Dirceu, o país deve procurar fórmulas de evitar que o Ministério Público continue a acusar, de maneira deliberada, pessoas públicas e repassar assuntos investigativos não conclusos à imprensa. SERTÃO A situação no sertão continua inalterada, porque ainda não parou de chover. Embora em menor intensidade, não houve mudança do clima. Hoje o governador João Alves Filho vai visitar as áreas atingidas pelas chuvas, principalmente em Porto da Folha e Poço Redondo e manter as medidas para retornar a normalidade. O prefeito de Porto da Folha, Júlio Santana, disse que vai mostrar ao governador os pontos mais críticos. Segundo ele, a Prefeitura espera para hoje o fornecimento de medicamentos, principalmente antibióticos. É fogo O governador João Alves Filho (PFL) estava muito bem humorado, ontem, durante a entrevista coletiva aos jornalistas. Os empresários sergipanos continuam chiando com o site da Administração, que registra ofertas e compras de material para o Governo. O grande problema, considerado pelos empresários, é a concorrência desleal de empresas de outros Estados, que podem oferecer melhores condições de vendas. Aracaju continua sendo castigada pelas chuvas, que agora caem com menor intensidade. Não há previsão pra clima de verão. A maioria dos hotéis já está lotada para o Pré-Caju. Não há vagas suficientes para suportar o número de pessoas que procuram hospedagem para a semana da prévia. Apesar dos deputados da oposição se mostrarem contrários à convocação extraordinária, todos eles estão comparecendo e não recusarão um salário a mais. O deputado federal João Fontes não pode comparecer à reunião com a cúpula do PT, dia 19, no Rio de Janeiro, porque está no exterior. Os parlamentares que foram expulsos do PT esperam que até junho o novo partido esteja legalizado, a tempo de concorrer às eleições de 2006. O prefeito de Porto da Folha, Júlio Santana, passou o dia de ontem despachando na sede, mas à tarde visitou os povoados que foram isolados pelas chuvas. Alguns povoados da região centro sul também ficaram ilhados pelo transbordamento de lagoas e rios. A Prefeitura de Aracaju continua de plantão permanente em razão das chuvas que continuam causando pequenos problemas na periferia. O Parque de Exposição João Cleofas está acomodando algumas famílias que tiveram casas inundadas na Capital. O vice-prefeito de Divina Pastora, Carlos Augusto Cardoso Costa (PL) está mesmo decidido a disputar a Prefeitura daquela cidade. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br