A profissão de informática ainda não é regulamentada no Brasil. O que é que isto quer dizer? Que para atuar na área de informática não é necessário fazer um curso formal em alguma universidade. Fazendo uma analogia, é permitir que uma pessoa que não fez curso de Medicina possa atuar como médico. Quando a imprensa encontra este tipo de situação sempre faz uma divulgação enorme e ainda chama o “falso” médico de charlatão. A minha pergunta é a seguinte: por qual motivo isto não ocorre também com os profissionais de informática? A princípio pode parecer que estou defendendo que apenas os profissionais graduados possam atuar na área. Na verdade, eu sou contra uma regulamentação, desde que ela venha a impor uma reserva de mercado. Atualmente, temos uma carência grande de bons profissionais da área de informática e fechar o mercado só vai acabar piorando essa situação. Não custa lembrar que o Brasil precisa cada vez mais se modernizar tanto na iniciativa privada quanto na pública, ou seja, o país precisa de profissionais que possam acelerá-lo tecnologicamente. Por outro lado, não podemos desconsiderar a bagagem teórica que um curso de informática oferece. Muita gente diz que existem excelentes profissionais de informática que não são graduados na área. Concordo! Só que gostaria de complementar: se este mesmo profissional fizer um bom curso de informática ele deixará de ser excelente e passará a ser excepcional, já que ele terá o embasamento teórico para colocar as coisas em prática. O que quero dizer é que alguém que faz um bom curso tem mais chance, repito, tem mais chance, de se tornar um profissional de informática com maior competitividade no mercado. Entretanto, a regulamentação pode trazer alguns benefícios, como por exemplo a definição de papéis e responsabilidades de cada profissional. Atualmente, algumas empresas querem contratar pessoas que conheçam tudo, desde desenvolvimento em Javascript até configuração de roteadores. As contratações não deveriam ser dessa forma, elas deveriam estar bem definidas e regulamentadas, de forma que um programador não execute atividades de um administrador de banco de dados ou que um analista de suporte não execute atividades de webdesign. Enfim, não vai ser uma tarefa fácil regulamentar a profissão. O jogo de interesses é grande e o risco de errar é alto. É mais fácil deixar como está e ir “empurrando com a barriga”, do que ouvir a parte interessada e promover uma discussão realmente ampla. Existem várias questões que nem coloquei aqui, mas vou deixar que vocês tomem as suas próprias conclusões: (a) que tal fazer uma prova para permitir que o profissional de informática possa trabalhar (como faz a OAB)? (b) como vamos proteger a sociedade daqueles programadores que enviam spam ou fazem pishing? (c) vamos “caçar a licença” de um profissional que errou e um prejuízo milionário aos cofres do Estado? Pois é… Se fosse fácil a profissão já estaria regulamentada. A pedidos, semana que vem falaremos dos profissionais teóricos versus os práticos. Quem você acha que é “melhor”? Não deixe de mandar um email indicando a sua preferência.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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