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Ricardo Leite, advogado com passagem na política, tem revelado uma enorme capacidade para fazer biografias. Primeiro traçou a vida pessoal, empresarial e política do seu avô Júlio Leite, influente líder do extinto Partido Republicano – PR, que em Sergipe abrigou grande parte dos quadros da muito antes extinta União Republicana, liderada pelo seu irmão Augusto César Leite. A propósito, Ricardo Leite está com uma biografia quase pronta, sobre o grande médico, cirurgião, Augusto César Leite, cujo nome é uma legenda na história da medicina em Sergipe. Enquanto isto, o autor lançou, perante grande público, nas dependências da Assembléia Legislativa do Estado, o livro Um homem chamado trabalho (Aracaju: SULGIPE, 2008), retratando a figura de Jorge do Prado Leite, filho e sucessor de Júlio Leite no comando da empresa fabril Santa Cruz, de Estância, e uma das glórias da indústria têxtil de Sergipe.
Jorge do Prado Leite, que vive para acompanhar o sucesso político, eleitoral, e administrativo do filho Ivan Leite, participou da festa de lançamento do livro que rebusca sua vida e sua contribuição a Sergipe, é uma das personalidades singulares, dedicada a levar adiante um projeto econômico, representado tanto pela fábrica de tecidos, como pela venda de energia, através da SULGIPE, experiência exitosa, e até aqui única, atendendo a diversas comunidades do sul do Estado. Vivendo seu tempo, com intensa e até algumas vezes turbulenta relação com a cidade e seus líderes, Jorge do Prado Leite conquistou uma imagem forte, muitas vezes implacável, com a qual tem caracterizado o seu trabalho.
As novas gerações conhecem o homem por algumas de suas atitudes que repercutem, ainda hoje, na vida local e estadual, como é o caso exemplar da Mata do Castro, tratado por Líliam de Lins Wanderley e por Myrna Landim, com palavras de justo destaque. O livro de Ricardo Leite procura, em todas as suas 432 páginas, focar com precisão a vida do seu biografado, fixando para os tempos o perfil com o qual o autor identifica o homem. Mesmo sendo um livro escrito por um sobrinho, não há, em qualquer das abordagens, o ranço apologético. Tanto o escritor, quanto o objeto do seu trabalho independem de elogios graciosos, o primeiro pelo talento e domínio da escrita, já demonstrado no livro anterior, o biografado porque tem um acervo de vida presencial na Estância, garantidor de méritos inegáveis.
Com Um homem chamado trabalho (Jorge do Prado Leite), Ricardo Leite dá seqüência a uma série de biografias familiares, todas, no entanto, desconotadas da louvação sentimental e familiar. A família Leite, nos seus cruzamentos com os Rollemberg, com os Prado, e com outros ilustres sobrenomes, tem grandes vultos que merecem a glória das biografias e que têm em Ricardo Leite o perfeito biógrafo.