Roteiro estudantil/50 anos

Professor Jouberto Uchoa de Mendonça
Grupos de jovens estudantes, quase sempre estimulados por professores, editaram pequenos jornais, nos quais deixaram a seiva da juventude e o espelho dos interesses que moviam aqueles rapazes. O Ateneu, a Escola de Comércio Conselheiro Orlando, que eram escolas públicas, viram circular e desaparecer os jornais estudantis, redigidos como símbolo de um esforço grandioso, que marcou gerações. Escolas particulares, como o Tobias Barreto e o Salesiano também tiveram suas publicações, associadas aos movimentos públicos que davam inspiração permanente aos estudantes.

Talvez o primeiro dos jornais alternativos, de estudantes, tenha sido Século XX, de 1916, redigido por Péricles Muniz Barreto, promessa de intelectual desaparecido ainda jovem. E daí seguiram, desde 1930, jornais como O Estudante, dirigido por José Pinheiro Lobão, daquele ano; Voz do Estudante, reuindo, em 1931, Lauro Fontes, Joel Silveira e José Calsans Brandão da Silva; O Porvir, do Grêmio Literário Pedro II, redigido por Emílio Gentil e Carlos Garcia, em 1932; A Juventude, da Escola de Comércio Conselheiro Orlando, também de 1932, e que tinha entre os seus redatores José Aloísio de Campos; A Tebaidinha, do Colégio Salesiano Sagrado Coração de Jesus, no qual colaboraram Francisco Leite Neto e Manoel Cabral Machado, ainda em 1932; O Labor, de 1934, órgão do Grêmio Lítero-Científico Tobias Barreto, dirigido por Edio Vieira de Azevedo; A Voz do Ateneu, de 1934, tendo como redatores Lauro Fontes, Joel Silveira e Lises Campos, outro jovem que morreria poucos anos depois; O Colegial, que na segunda fase, em 1934, era editado por José Barreto Fontes, o Barretão; Canaan, também em 1934, redigido por Jaguanharo Passos e Lises Campos; Evolução, de Joel Silveira, em 1935; Folha dos Novos, sob a responsabilidade de Alfredo Gomes, em 1935; Símbolo, de 1939, conforme testemunho de Nunes Mendonça; Tribuna Estudantil, de 1946, redigido por Tertuliano Azevedo e Núbia Marques; Unidade Estudantil, também redigido por Tertuliano Azevedo, contando com Luiz Carlos Fontes de Alencar, em 1950; O Academus, órgão editado pelo Centro Acadêmico Sílvio Romero, da Faculdade de Direito de Sergipe, em 1951; O Ateneu, editado por Antonio de Souza Ramos, em 1953; O grêmio, também de 1953, dirigido por João Costa; e O Eco, jornal do Grêmio Estudantil Clodomir Silva, do Ateneu, editado por Juarez Ribeiro, em 1959.

É de 1959, o primeiro número saiu em 25 de maio, o jornal Roteiro Estudantil, ligado ao Grêmio Cultural e Esportivo São Pio Décimo, do então Ginásio Pio Décimo. O jornal, de quatro páginas, sem periodicidade definida, nasceu da iniciativa do professor e Secretário daquela escola, Jouberto Uchoa de Mendonça, e sua gerência estava entregue a José Everaldo de Araújo, funcionário administrativo da casa. O Ginásio Pio Décimo era dirigido pelo seu proprietário, o professor de Matemática José Joaquim Soares de Lima, casado com a professora de Canto Ofeônico Letícia Sobral, filha do veterano professor Joaquim Vieira Sobral. Outros professores – Maria Augusta Lobão Moreira, História, Jugurta Franco, Latim, João Costa, Português, Jouberto Uchoa de Mendonça, Matemática, José Walter Soares de Lima, Matemática, Severino Uchoa, Geografia, Félix d’Ávila, Educação Física – davam fama ao ensino ministrado naquela escola, que foi vendida, anos depois, ao professor Jamissom Carlos do Amaral, e, depois, ao professor José Sebastião dos Santos, que consolidou o nome do Pio Décimo, ampliando sua atuação com o Ensino Médio e especiualmente com o Ensino Superior, contribuindo grandemente para a formação do magistério em todo o Estado, com seu curso de Pedagogia. Na Bahia, onde morreram há poucos anos, Manoel Joaquim Soares de Lima e Letícia Sobral mantinham o Colégio Nobre, escola que também se tornou uma grife pedagógica entre os baianos.

Jouberto Uchoa de Mendonça, que empalmava as principais atividades do Ginásio Pio Décimo, algum tempo depois de lançar o jornal Roteiro Estudantil, saiu para fazer carreira solo, fundando o Ginásio Tiradentes, depois Colégio, depois Faculdades Integradas e por fim uma Universidade, grande e respeitável, atuando em Sergipe e em Alagoas, formando quadros num variado conjunto de cursos, incluindo o de Jornalismo. A UNIT tem sido, em Sergipe, o maior dos empreendimentos escolares, que requereu diversos Campus e que projeta uma imagem sólida e responsável, aliada a qualidade do ensino que oferece a sergipanos e a brasileiros de várias partes próximas do País.

Pelas mãos de Jouberto Uchoa de Mendonça, com 15 anos, na segunda série ginasial, comecei no jornalismo no Roteiro Estudantil, do Ginásio Pio Décimo, há 50 anos.


 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais