SAINT SEIYA

Manoel Messias Cardoso da Silva Moura.
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.
Integrante do GET (Grupo de Estudos do Tempo Presente).
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard.
Bolsista Voluntário PIBIC.
e-mail: manoel@getempo.org

Em setembro de 2014, completaram-se 20 anos da estreia do anime “Os Cavaleiros do Zodíaco” na televisão brasileira (o episódio inaugural foi ao ar em 1º de setembro de 1994). A série japonesa, originada do mangá Saint Seiya, publicada semanalmente pelo periódico Shonen Jump entre 1986 e 1991 e de autoria de Masami Kurumada, chegou aos brasileiros através da já extinta,TV Manchete. Com seu estrondoso sucesso, alavancou uma febre cultural nipônica no Brasil, principalmente no que se refere a animes e mangás, dando origem assim à primeira geração de “otakus” em solo verde-amarelo.

A série Os Cavaleiros do Zodíaco é, sem dúvidas, o maior fenômeno de audiência entre os animes no Brasil, chegando no ano de sua estreia à média de 8 pontos com picos de 14, números que não foram alcançados nem mesmo por “Dragon Ball”, outro anime de grande sucesso entre os fãs brasileiros

E como essa série japonesa, que mistura mitologia grega, astrologia, ação e aventura chegou à TV Manchete? A emissora passava por sérios problemas de audiência em meados de 1994, quando chegou às mãos de um dos diretores do canal Eduardo Miranda a proposta de uma empresa de brinquedos, que era a responsável pela distribuição dos produtos da empresa japonesa Bandai no Brasil. Em meio aos problemas financeiros que a emissora passava, foi proposto o repasse dos 53 episódios iniciais da série de maneira gratuita, desde que fossem disponibilizados pela rede televisiva 3 horários comerciais em sua grade para a propaganda dos brinquedos vinculados à série.

Os Cavaleiros do Zodíaco abriram um espaço inimaginável no mercado brasileiro para produções japonesas afinal, os animes que por aqui passaram antes não haviam obtido o sucesso que eles conseguiram. Abrindo o caminho para o sucesso dos desenhos japoneses no país nos anos 1990 e 2000. A “animemania” pode ser explicada pelo gosto e a empolgação da criança/adolescente em assistir aos heróis japoneses como Seiya, Goku, Naruto, Oliver Tsubasa etc. na televisão e compartilhar com seus amigos esse comportamento, que obteve seu auge, no Brasil, na virada do século, entre os anos 1998 e 2002.

O sucesso da produção mostrou que o mercado brasileiro era receptivo às produções orientais. O que favoreceu a chegada de outros animes como Sailor Moon, Shurato, Dragon Ball, Yuyu Hakusho, Shaman King, Super Campeões e tantas outras adaptações dos quadrinhos japoneses que se tornaram símbolos da infância e adolescência de muitos fãs brasileiros na segunda metade da década de 90 e no começo dos anos 2000 no mercado brasileiro.

As crianças e adolescentes dessas gerações tendem a receber muito bem, ainda hoje os novos animes, a comprar produtos, a estimular seus irmãos, filhos, sobrinhos e primos a lerem e/ou assistirem as aventuras japonesas. Essas histórias geralmente mesclam ação, aventura, comédia, política, mitologia e têm lições de moral incutidas em seus enredos, que proporcionam uma mistura muito instigante e cativante para aqueles que constituem seu público.

Curiosamente, em setembro de 2014, chegou aos cinemas brasileiros a primeira animação computadorizada dos “cavaleiros do astral”. O filme promete resumir a saga do Santuário, onde os cavaleiros de bronze de Atena, liderados por Seiya (protagonista e cavaleiro de Pégaso) duelam pelas 12 casas zodiacais em busca de salvar a vida de Saori (A deusa grega Atena, reencarnada). Uma curiosa coincidência é que esse longa-metragem foi produzido em comemoração aos 40 anos de carreira do seu autor, Masami Kurumada, e estreou no Brasil, no mesmo mês que se completam 20 anos de estreia da animação original no país. É a chance das novas gerações conhecerem um pouco de perto, num novo momento para as animações – recursos tecnológicos e financeiros muito maiores e melhores que nos anos 1980.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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