Se minha memória não estiver falhando, o salário mínimo foi criado em meados do século passado no governo do presidente Getúlio Vargas. Quando chegar em terra firme vou conferir a informação na internet, mas só abrindo um parênteses, porque é que nenhuma companhia aérea colocar acesso à web na sua frota? Garanto que teria muita gente pagando pelo serviço. Acho que isso vai render uma coluna em outra oportunidade. Mas, voltando ao salário mínimo… A medida foi um grande avanço para os trabalhadores, já que passou a existir uma referência para as negociações salariais. Entretanto, eu considero que o salário mínimo tem dois grandes problemas: (a) seu poder de compra e (b) a referência para baixo. O primeiro item é claro, se o governo estipula um salário mínimo muito baixo o poder de compra fica bastante comprometido, ou seja, não dá para se viver com dignidade. Quando falo em referência para baixo no segundo item estou me referindo ao fato que a classe patronal sempre vai puxar os salários para o piso. Se existe um mínimo, porque pagar mais? Já escutei várias pessoas falando que chegaram a ganhar cinco salários mínimos e hoje ganham pouco mais de um. Com a regulamentação em pauta, um dos pontos que começa a ser discutido é o piso da categoria para os diversos cargos. Fiquei sabendo que em Aracaju os valores propostos são de R$ 800,00, R$ 900,00 e R$ 1.600,00 para os cargos de técnico em informática, programador de computadores e analista de sistemas, respectivamente. Algumas pessoas acharam uma boa proposta e outras acharam muito ruim. Eu me encaixo no segundo grupo. Pegando o caso do analista de sistemas, que muitas vezes faz análise de requisitos, desenvolve e ainda gerencia uma pequena equipe, o salário é incompatível com as funções atribuídas. Para quem está no início da carreira o salário ainda pode ser considerado bom, porém, para quem tem um pouco mais de experiência o salário é muito baixo. Tendo um piso único, como o que foi proposto, os salários tenderão, como no salário mínimo, a ser puxados para baixo. Numa categoria que experiência conta muito, ter uma uniformização dos salários é prejudicial. O que tenho visto nas mais diversas empresas é uma divisão por experiência, os nomes variam um pouco, mas normalmente temos os pouco experientes (Junior), experientes (Pleno) e os muito experientes (Sênior). Se fosse para regulamentar seria muito mais coerente ter pisos para cada categoria dessas, é como se fosse um plano de carreira. As pessoas saberão que com o ganho de experiência chegarão a outro patamar e que não ficarão eternamente ganhando o piso estabelecido. Muitas empresas já trabalham com o sistema de divisão por experiência. Porém, com uma regulamentação como a que está sendo discutida várias empresas vão repensar a forma de contratação, principalmente aquelas que fazem somente body-shop, em que a rotatividade é grande. Sem contar as empresas que estão por surgir que, não tenho dúvida, já entrarão “regulamentadas”. É claro que tudo tem seu lado positivo. Pensando coletivamente fica mais fácil discutir propostas de aumento do piso e muito mais gente sai ganhando. Pensando de forma individual as propostas têm menos chances de sucesso e o número de pessoas atingidas é bem restrito. Sei que parece discurso de sindicalista, mas acho que a única coisa que não devemos fazer é cruzar os braços e esperar para ver o que vai acontecer. É o futuro da nossa profissão que está em jogo. Não deixe que outro decida por você. Até a próxima semana!
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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