Afeito às sessões de exorcismo praticadas pela igreja Universal, o deputado federal pastor Heleno (PL), nos últimos dias, tem dado um duro danado para tentar afastar de “seu” partido uma ameaça – a seu ver – muito mais perigosa que qualquer entidade do sincretismo religioso: o ex-governador Albano Franco e seus fiéis seguidores.
Mas esse “trabalho” não vai ser fácil. O ex-governador tem um santo forte – o vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva – e, se realmente quiser tomar de assalto o “terreiro” liberal, não será o pastor sergipano quem vai impedir. Aliás, o deputado Heleno Silva conhece muito bem a força do ex-governador, a quem serviu como auxiliar no governo passado, na pasta da Agricultura. Pastor Heleno sabe como ninguém que, mesmo esperneando, seria preciso muito mais que reza para conseguir mudar a opinião da alta cúpula do partido em Brasília.
No entanto, nada ainda está sacramentado. O desfecho dessa história vai depender da chamada verticalização. Se ela não for mantida, o ninho tucano está de bom tamanho para o ex-governador. Ou, se preferir, pode ainda se dar ao luxo de escolher o PMDB como pousada. Todo mundo sabe que Albano Franco tem preferência por partidos “parrudos”, com densidade e recursos suficientes para enfrentar campanhas eleitorais.
Está claro também que Albano pretende ingressar numa sigla onde possa marchar lado a lado com Marcelo Déda, seu provável candidato ao governo. Digo provável pois sabemos das dificuldades de diálogo existentes com o atual governador João Alves. Há, entre eles, um grande entrave: total falta de confiança. Mesmo estando em jogo grandes interesses pessoais, Albano e João se detestam. E têm as suas razões para isso. (Não vou aqui julgar o mérito das acusações recíprocas).
Quanto ao deputado Heleno Silva, que, por sinal, vem representando muito bem Sergipe na Câmara Federal, resta apenas continuar rezando. Não adianta blasfemar. O homem lá de cima, Heleno, sabe o que faz. Que tal um bom banho de descarrego?