Saudades de Lula

O livro que o médico Marcelo Ribeiro lança hoje, revelando sua passagem como deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores, trás um discurso do então presidente nacional do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que é um delírio em relação aos seus pronunciamentos do presidente Lula da Silva. Aconteceu em Aracaju, no dia 6 de setembro de 1987, quando ele corria o Brasil em defesa das eleições diretas para o cargo que hoje ocupa. Logo no início ele faz uma premunição: “O povo brasileiro, a dona de casa, o adolescente, o aposentado, o chefe de família, ele hoje está desacreditado em tudo, ele não acredita em nada. E por que ele não acredita mais em nada? É porque muitas mentiras foram contadas para cada um desses 40 milhões de brasileiros e na medida que foi se acumulando um processo um processo de mentiras, o povo chega em 1987 desesperançado, desacreditado e sem esperança em nada e ninguém”. Não estaria Lula, hoje, inserido neste processo de mentiras, que levou um eleitorado bem intencionado, esperançoso e confiante nas mudanças a elegê-lo presidente da República? Outro primor extraído do discurso do Lula de antigamente: “Nós hoje somos um país aonde o Nordeste clama, como clamava há 50 anos, por indústria, por emprego, por reforma agrária, e não tem emprego, não tem indústria, não tem reforma agrária porque não tem vergonha na cara daqueles que governam esse país nos últimos 20 anos. Nós somos um país aonde a grande maioria da classe trabalhadora brasileira que trabalha 30 anos, ao se aposentar pensando que vai descansar os últimos dias de sua vida com a sua mulher, ele percebe que a aposentadoria corrói e come mais de 50% do seu salário e ele é obrigado ou a arrumar um outro emprego ou a vender bilhete de loteria ou fazer bico na rua”. É uma riqueza de incoerências com o que pensa o Lula presidente. O projeto de Reforma Tributária aprofunda o abismo das diferenças regionais e, se for aprovada da forma que está, esse mesmo Nordeste vai continua como o Lula de antigamente previu: sem indústria, sem emprego e sem reforma agrária e, também, poderá imagina que “falta vergonha na cara dos governantes”. Sobre a defesa dos aposentados, que tinha seus salários corroídos, a Reforma da Previdência, apresentada pelo mesmo Lula, impõe taxação nos parcos vencimentos do cidadão que trabalhou mais de 30 anos para ganhar uma miséria. No seu discurso de 6 de setembro de 1987, em Aracaju, Luiz Inácio Lula da Silva denuncia que “nossa independência ainda não chegou aqui porque ficou na conta dos banqueiros internacionais; porque um país que deve 110 bilhões de dólares não tem independência e nós sabemos que o Governo brasileiro não tem alternativa, ele vai ter que escolher: ou ele enche o rabo dos banqueiros de dinheiro do nosso sangue, do nosso suor, porque o dinheiro que ele ta pagando de juros aos credores internacionais daria para construir 3 milhões e meio de casas populares, daria para construir hospitais, daria para construir ruas, daria para construir escolas, daria pra matar a fome da maioria de nossas crianças que hoje mendigam na rua”. O Lula presidente reza na cartilha do FMI e faz uma política econômica voltada exatamente para “encher o rabo dos banqueiros internacionais”. Tem mais preciosidade no pronunciamento: “nós sabemos que antigamente se dizia que o Ademar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão, pois bem: Ademar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz”. Ironicamente, o “governante”da época era o atual senador José Sarney que hoje é aliado do presidente Lula. O ex-governador Paulo Maluf, que foi chamado de “ladrão”, está se alinhando ao Planalto, pondo em dúvida a alteração de comportamento. Afinal, quem mudou Lula, ou Sarney e Maluf? Ainda no pronunciamento, Lula denunciou que o Governo da época estava querendo impor um limite de idade para cima de homens e mulheres e disse que e deixa claro: “eles querem criar o limite de idade para que a classe trabalhadora morra antes de se aposentar, e nós não poderemos permitir isso”. No mesmo discurso Lula ainda critica que “o Governo, com a maior cara de pau vai para televisão e diz que não tem dinheiro; e não tem é verdade, dinheiro eles têm porque agora mesmo o ministro da Previdência Social pegou 1 bilhão de cruzados (moeda da época) e ao invés de aplicar no salário dos aposentados, comprou 328 apartamentos para 328 marajás em Brasília”. É louvável a forma como Lula defendia os trabalhadores, principalmente os aposentados, mas vamos deixar a critério dos leitores a avaliação do Lula que eles elegeram presidente, para o Lula que sempre se mostrou como a voz em defesa do povo e a perspectiva de mudanças de um país cujo Governo sempre se voltou para as elites. PS – as frases e palavras aspeadas estão escritas da forma que Lula pronunciou no discurso. REMESSA Está provado que o indiciado Floro Calheiros enviou para Marcos Munganga, no final de dezembro, a importância de R$ 7.500. Segundo versão policial, o crime teria custado R$ 5.000 e os R$ 2.500 excedentes seriam para operacionalizar o crime do deputado Joaldo Barbosa. NÃO SABE A fonte disse que a Polícia, e nem a Justiça, ainda comprovaram que esse repasse financeiro para Marcos Munganga de financiar do deputado. Só com a prisão de Munganga é que se pode chegar a essa conclusão. Floro Calheiros também fez mais duas remessas de dinheiro para Munganga: R$ 2.000 em janeiro e R$ 1.500 em fevereiro. Poderia se destinar à fuga… KÉRCIO O superintendente da Polícia Federal, Kércio Pinto, declarou ontem que em nenhum momento disse que o deputado Antônio Francisco é inocente no caso Joaldo Barbosa. Disse que estava depondo sob juramento e apenas declarou o que está no inquérito policial, de que não há provas de que o deputado Antônio Francisco tenha participado da trama. INQUÉRITO O inquérito assinado pelo delegado Arquimedes Marques, página 23, diz que Antônio Francisco “foi indiciado em razão dos depoimentos dos soldados PMSE Emilio e Michel”. E continua: “contudo nas provas técnicas até então coletadas não aparece o seu envolvimento, em razão pela qual deve haver uma melhor investigação a seu respeito”. ULICES O relator da Comissão Processante, deputado Ulices Andrade, reconhece que Kércio Pinto teve acesso apenas ao inquérito Policial, mas não participou do processo que corre na Justiça. Segundo Ulices apareceram fatos novos no processo, como bilhetes para Floro e um novo telefone, cujo relatório da Telemar mostra provas contra Antônio Francisco. BRITO O jurista Carlos Brito agira cai esperar o resultado da votação em plenário, no Senado Federal, para confirmar a decisão da Comissão de Constituição e Justiça, que o aprovou na sabatina. Na realidade, a deliberação é através do voto secreto, por maioria absoluta, em sessão pública, que deve acontecer nesta ou na próxima semana. SABATINA Segundo informação de um parlamentar, a parte mais complicada já passou, que foi exatamente a sabatina, onde Carlos Brito teve aprovação quase por unanimidade. Embora nunca tenha havido uma rejeição, teoricamente o plenário pode desaprovar a decisão da Comissão de Constituição e Justiça. POSSE Caso tudo saia dentro dos conforme, com a nomeação pelo presidente da República e publicação no Diário Oficial da União, a posse ocorrerá em 30 dias. Segundo informação de Brasília, o atual presidente do Supremo, ministro Marcos Aurélio, pretende dar posse aos novos ministros antes de concluir o mandato e está marcando para dia 2 de junho. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) declarou ontem que o precatório da Tratex é uma decisão de Justiça e, quando deputado estadual, sugeriu ao ex-governador Albano Franco que não pagasse. Segundo Machado, era mês de setembro, período de eleição e o pagamento não seria oportuno. “Tanto que o governador Albano Franco não efetuou o pagamento”. PAGAMENTO O deputado José Carlos Machado explicou que o pagamento agora, segundo consulta ao procurador Antônio João, foi em cumprimento à determinação da Justiça. O Ministério Público também teria sido ouvido, explicou José Carlos Machado, e recomendou o pagamento em parcelas, como fora sugerido pelo Estado. ENTREVISTA Ontem pela manhã, quando no aeroporto, o repórter de uma rádio que faz programa político matinal, perguntou ao deputado José Carlos Machado: “Por que o senhor não denunciou agora?” Espirituoso, o deputado respondeu com uma nova pergunta: “Por que Jackson Barreto não denunciou em setembro?” JACKSON O deputado Jackson Barreto (PTB) passou todo o dia de ontem recebendo telefonemas sobre a repercussão do programa do seu partido, exibido na segunda feira à noite. “Estou rindo demais, nunca tive tão bem humorado com a confusão criada”, disse. Jackson Barreto acha que ninguém faz oposição nesse Estado e é preciso que o Governo perceba que tem políticos vendo o que está acontecendo em Sergipe. IRRITADOS Jackson Barreto acrescentou que muita gente ficou irritada com as denuncias que “fizemos e chegaram a considerar o programa grosseiro”. O deputado diz que ri com isso: “passei o tempo todo levando porrada, acusação de que recebi dinheiro de Albano, e agora estão achando ruim. Vão ter que me agüentar!” Notas RELATÓRIO O deputado Ulices Andrade (PSDB) já concluiu o relatório da Comissão Processante e pede a cassação do deputado estadual Antônio Francisco, acusado de participar da trama para assassinar Joaldo Barbosa (PL). O relatório tem 20 laudas e é um resumo de todos os depoimentos prestados aos membros da comissão. Ulices está pedindo a cassação por quebra de decoro parlamentar. Ele acha que o simples fato de Antônio Francisco ter assumido o mandato pelo assassinato de um parlamentar que teve a participação do seu filho, já é motivo de cassação. TUCANOS Os tucanos estão preparando programa de televisão para segunda-feira próxima. O objetivo do PSDB é mostrar o trabalho realizado pelo ex-governador Albano Franco na área social, além de outras obras que importantes de sua Administração. A coordenação do programa não fará críticas ao atual Governo, embora declare sua condição de oposição. Durante todo o dia de ontem foram discutidas imagens que serão utilizadas e feitas gravações de integrantes do partido. O pessoal pretende mostrar realizações do Governo anterior, sem precisar entrar no debate político. Considera que ainda é cedo. CHEQUES Um dos membros da Comissão Processante revelou, ontem, que em poder do acusado Floro Calheiros foram encontrados vários cheques de altos valores, inclusive de “políticos importantes de Sergipe”. Disse que não entende porque a Polícia ainda não divulgou isso, já que desconfia da forma utilizada por Floro para ganhar dinheiro. Setores da Polícia, entretanto, garantem que, nos documentos encontrados em poder de Calheiros, havia muitos cheques, mas todos de Prefeituras importantes da Bahia. Assegura que não existe nenhum de políticos ou empresários. CASO TRATEX O Governo do Estado distribuiu, ontem, com a imprensa, documentos que comprovam a transação feita para pagamento de um precatório em favor da Construtora Tratex, levantado como um “escândalo” pelo programa do PTB. Em documento foi mostrado que não houve quebra da ordem cronológica, estabelecida pelas Constituição e que os valores apresentados decorreram de sentença judicial, onde o juiz da 12ª Vara condenou o DER ao pagamento da dívida atualizada, com juros de 1% ao mês. Ressaltou que o crédito foi parcelado em 15 prestações iguais e fixas, o que significou benefícios para a Fazenda Estadual. A Procuradoria Geral de Justiça deu parecer, de nº 40/2003, sobre o precatório e se manifestou pela homologação do acordo entre o DER e a Tratex. O procurador de Justiça, Darcilo Melo Costa, com aprovação do procurado geral, Luiz Valter Rosário, revela que “foi acordado desconto favorável ao devedor (DER) na considerável importância de R$ 1.215.908,21, parece-nos que a avenca ou transação atende aos interesses da Fazenda Pública”. O acordo foi finalmente homologado pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pascoal Nabuco, no dia 27 de fevereiro de 2003”. O pagamento que vem sendo feito à Tratex está baseado em documentos jurídicos que dispensam críticas e comentários que ensejem uma transação que vislumbre benefícios duvidosos, porque se isso fosse comprovado comprometeria seriamente o judiciário. brayner@infonet.com.br

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