A questão da segurança pública é grave em todo o país. Lógico que é um problema de Estado e deve ser tratado com o rigor que a violência merece. Mas o fato não está apenas na eficiência de um secretário da área ou do comando de uma Polícia Militar, mas na estrutura social de um país que promove a exclusão social, até mesmo ao liberar uma miserável quantia em dinheiro para famílias pobres. A violência é fruto do desemprego, da fome, da péssima condição de vida e da Educação. Tudo isso já foi dito pelas mais requintadas autoridades em comportamento humano do mundo, por sociólogos, assistentes sociais e até mesmo policiais mais gabaritados. Essa violência é fruto da má distribuição de renda e de um projeto avançado para reduzir o fosso social que separa os homens. Lógico que nenhum secretário de Segurança vai acabar com a criminalidade: o assalto, o seqüestro, o estupro e todo tipo de crimes e delitos que se pratica em qualquer cidade de médio porte.
Esta coluna já fez críticas fortes ao secretário de Segurança Luiz Mendonça. Inclusive sugeriu o seu afastamento, quando envolveram o seu nome na fuga de Floro Calheiros. E continuará fazendo quantas vezes se faça necessário, porque não dá pra se imaginar um fato como a fuga de um bandido da periculosidade de Floro, da forma tão suspeita como aconteceu. É bom deixar claro que Mendonça seria afastado da Segurança naquela época. Não o foi exatamente porque o governador João Alves Filho considerou que seria excessivo não estar ao seu lado em um momento tão difícil. Mas, chegou muito perto de fazê-lo. Na questão da violência, é preciso que se faça uma reflexão sobre o aumento da população, a revolta da periferia com as condições em que vive e o sentimento de fazer a divisão de renda ao estilo de cada um.
O bairro 13 de julho, onde se aglomera a classe média distinta, tem sido massacrado pela ação dos marginais. Todos os dias registram-se assaltos a residências, a pessoas que transitam nas ruas e a casais que namoram nos carros. De dia ou de noite é um inferno e por mais que os habitantes do bairro tenham reclamado, não se vê um único veículo da polícia fazendo alguma ronda pelas ruas que, à noite, ficam desertas. O calçadão da 13 de Julho também é ponto de assaltos constantes, independentemente de quem esteja passando e mesmo que seja filho de qualquer autoridade. Seria, então, um problema de Luiz Mendonça? Aparentemente sim. Entretanto, existe uma coordenação de Polícia da Capital que tem a responsabilidade de identificar os pontos mais vulneráveis aos assaltos na cidade e colocar um policiamento preventivo e ostensivo. Agora sim, cabe a Luiz Mendonça cobrar providências e tomar atitudes que evitem a continuidade do assalto, o que deveria ser feito já há algum tempo.
Aracaju já não é o paraíso da tranqüilidade e segurança. No feriado de 12 de outubro, que teve uma segunda-feira imprensada, a Delegacia de Homicídios trabalhou dobrado. Na quarta-feira, quando apenas três delegados pegam as ocorrências do plantão, se depararam com um número alto de homicídios. Nesse período, oito pessoas haviam sido assassinadas na periferia da capital, fora dezenas de roubos, furtos e assaltos que lotaram a delegacia especializada nesse tipo de delito. Culpa de Luiz Mendonça? Claro que não. O número de policiais é infinitamente inferior ao de marginais e não há como segurar todas essas ocorrências que acontecem em locais diversos de uma capital cercada de miséria por todos os lados. Há necessidade de se colocar o maior número de policiais possível nas ruas, circular por todos os bairros, penetrar mais fundo em áreas de risco e, paralelamente, contar com um trabalho de conscientização da população para denunciar a prática de qualquer tipo de crime, que vai do tráfico de drogas ao estupro.
Há também um fato que é da maior gravidade: o envolvimento de maus policiais com a criminalidade. Depois do sindicato da classe e do trabalho de delegados de carreira, houve uma certa dicotomia entre bandido e policial. Mas o próprio organismo de segurança tem conhecimento de alguma conivência de raros segmentos da polícia com o crime. E é aí que se precisa atacar, porque quando o policial é bandido a sociedade não tem a quem recorrer. Também é preciso avançar na busca dos chefões, alguns ilustres cidadãos que protegem marginais, que se servem dele, que alimentam o tráfico e estão ricos com a compra de cargas roubadas e com a venda de tóxicos. É preciso chegar na autoridade que tem um segurança para matar a um comando seu e a tantos figurões que freqüentam os mais requintados gabinetes, influenciam em decisões importantes e convive com o tráfico, assassinatos e contrabando. Essa banda podre da sociedade tem que ser posta à vista de uma comunidade indefesa.
O crime está no marginal esculpido por uma sociedade perversa e em segmentos da burguesia que serve a essa sociedade. Certamente nenhum secretário de Segurança Pública vai impedir a evolução do crime, porque ele está nas favelas e nos apartamentos de luxo…
ATÍPICO
Um desembargador do Tribunal de Justiça, que preferiu omitir o nome, considera que o concurso do Tribunal de Justiça é atípico.
Com os aprovados, 400 pessoas que estão em cargo de comissão serão demitidas e mais 400 devolvidas às Prefeituras do interior e terão salários rebaixados em até 70%.
DENUNCIAS
O desembargador admite a possibilidade de denuncias de irregularidades partir exatamente dessas pessoas que podem perder o cargo ou a requisição.
A mesma fonte diz que 80% dos funcionários que trabalham nos fóruns do interior são requisitadas das Prefeituras…
MUDANÇA
O governador João Alves Filho não pensa em fazer mudanças em sua equipe de secretário, logo após retornar da Europa.
Na realidade, o governador quer preparar uma equipe mais dinâmica e que vista a camisa do governo. A reforma deve ocorrer logo depois do carnaval.
NATURAL
A mudança que aconteceu recentemente, com o pedido de demissão do secretário da Fazenda, Max Andrade, não estava programada.
Aconteceu porque o ex-secretário já havia pedido demissão e se manteve irredutível ao apelo do governador para que ele esperasse o retorno da Europa.
MESA
Nos bastidores da Assembléia Legislativa, alguns deputados já estão discutindo as eleições para presidente da Casa. As conversas ainda são vagas.
Sabe-se que o deputado Luiz Garibalde (PDT) pensa em disputar o cargo, mas é possível que Antônio Passos (PFL) tente a reeleição e é um nome forte.
DIFÍCIL
Um deputado das oposições disse que a bancada não se movimenta, porque a situação tem maioria e elege quem indicar.
Acha que mesmo com a rebeldia de algum deputado desgostoso com o governo, a oposição votará em um membro da situação que está contrariado. “E isso não vale a pena”, disse.
PACOTE
Nesta próxima semana será votado mais um pacote da reforma do estado, em que transforma empresas em fundações ou autarquias.
A Sergiportos já foi votada pelas comissões e será autarquia. Quarta-feira chegou na Assembléia o projeto de transformação da Segrase.
CONTRA
A oposição manterá a sua posição de votar contra o projeto de reforma, principalmente o que transforma a Segrase em autarquia.
O pessoal considera que a empresa gráfica do governo é enxuta, está bem montada e dá lucros. Não oferece motivos para ser extinta.
MOVIMENTO
Há um forte movimento nos bastidores da oposição, com o objetivo de derrubar José Guimarães da Presidência do Sebrae.
Isso é muito difícil, porque os segmentos que elegem o presidente do Sebrae apóiam, com unanimidade, Zezinho Guimarães.
RAZÕES
Segundo os comentários, a razão para a retirada de José Guimarães seria o trabalho que ele realiza para conquistar o mandato de deputado federal.
Muito jeitoso, Zezinho Guimarães se fortaleceu juntos aos lojistas, associação comercial e a setores da indústria.
HOSPITAL
Ontem mesmo, o prefeito Marcelo Déda resolveu denominar de “Doutor Nestor Piva” o hospital de pronto socorro que a Prefeitura vai construir na zona Norte de Aracaju.
Piva morreu ontem e, em vida, foi um incentivador da carreira política de Marcelo Déda, além de ter uma postura progressista na Saúde e Educação.
CITADO
O prefeito Marcelo Déda participou ontem, pela manhã, de um comício da prefeita Marta Suplicy, que disputa a reeleição no segundo turno.
Marta citou a presença de Marcelo Déda, lembrando que, proporcionalmente, ele foi o prefeito mais votado do Brasil. Segunda-feira Déda viaja para Fortaleza.
LIBERAL
O deputado federal Heleno Silva (PL) já comunicou ao deputado Gilmar Carvalho (PV) que o ex-governador Albano Franco (PSDB) não vai se filiar ao Partido Liberal.
Heleno assegurou a Gilmar Carvalho o comando do Diretório Municipal do PL em Aracaju. Antes de aceitar, Gilmar vai conversar com o pessoal do Partido Verde.
COLEGIADO
O deputado Jackson Barreto foi convidado pelo líder do PTB, José Múcio, para integrar o colegiado de vice-líderes do PTB.
Jackson sentiu-se honrado com a indicação e está ponto a ir à luta em defesa dos objetivos do PTB e a ajudar o projeto político do presidente Lula na Câmara Federal”.
Notas
CONCURSO-I
O presidente da OAB-SE, Henri Clay Andrade, enviou ofício ao presidente do Tribunal de Justiça, Pascoal Nabuco D´Ávila, e aos demais desembargadores sergipanos, solicitando que o TJ, por decisão própria, anule o concurso público, realizado para preenchimento de vagas de técnicos e analistas judiciários.
“A OAB/SE entende que seria cauteloso que o Tribunal de Justiça optasse pela anulação do
concurso”, observa o presidente Henri Clay. Segundo ele, “seria uma forma de preservar a imagem do Poder Judiciário sergipano”.
CONCURSO-II
André Ricardo Araújo, um dos candidatos que concorre a uma das vagas de técnico administrativo, entregou documentos à OAB/SE que comprovam a existência de 36 questões idênticas para as provas de níveis superior e médio, ferindo frontalmente o princípio da igualdade.
Ele informa que um concurso realizado pela Fundação Getúlio Vargas em Brasília foi
anulado por ter aplicado as mesmas questões na prova para níveis diferentes. A justiça entendeu que o fato feriu o princípio da igualdade.
CONCURSO-III
A coordenação do concurso realizado pelo Tribunal de Justiça foi dos juizes Salvador Gonzalez e Luiz Manoel Pontes. Os dois percorreram todas as salas e não viram nenhuma irregularidade, inclusive a ausência de celulares e de qualquer movimento suspeito. Reconhecem que os fiscais foram rígidos.
A secretária de um dos desembargadores chegou para fazer o concurso na hora em que tocava a campainha para fechar os portões. Por mais que insistisse, não conseguiu entrar. O TJ não vê razões para cancelar o concurso.
É fogo
A campanha eleitoral em Nossa Senhora de Lourdes começa a esquentar e as coligações realizam suas convenções na próxima semana.
O ex-deputado Raimundo Vieira (Mundinho) vai trabalhar para eleger Ilzo Silveira a deputado estadual em 2006.
O ex-governador Albano Franco evita fazer comentários sobre mudança de sigla partidária. Está deixando primeiro as coisas acontecerem.
Um grupo de jornalistas, liderado por Ivan Valença, vai fazer retornar à circulação a Gazeta de Sergipe.
A nova Gazeta vai trabalhar como uma cooperativa de ex-funcionários. A primeira edição está prevista para este domingo.
Muita gente de Sergipe viajou a São Paulo para assistir ao final do circuito da Formula Um deste ano.
O presidente da Câmara Municipal, Sérgio Góes (PL), ficará de licença por 10 dias para se submeter a uma cirurgia da garganta.
Além de cuidar da Administração, o secretário Mendonça Prado recebe muitos políticos em seu gabinete.
Candidatos a vereador que não foram eleitos, mas obtiveram boa votação vêm sendo cobiçados por outros partidos.
O projeto do governo para popularizar o uso de microcomputadores e combater o mercado cinza de informática está praticamente fechado.
A Receita Federal liberou neste mês três lotes residuais de declarações do Imposto de Renda que estava na malha fina.
O presidente Lula deu sinal positivo à reivindicação da industria automobilística para que o governo dê incentivos fiscais para possibilitar o aumento das vendas.
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