O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, não é homem de pavio curto. É possível que sequer ele tenha pavio. É um homem preparado, não se tem dúvida, mas extremamente temperamental, provocante e inconveniente. Perde-se nisso. Ontem, na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, o projeto de transposição das águas do São Francisco, ardorosamente defendida pelo ministro Ciro Gomes, provocou uma séria discussão entre ele e o deputado federal João Fontes (PDT), o único da bancada sergipana que estava presente. Ciro Gomes participava de uma audiência pública e, segundo o parlamentar, foi mais uma vez grosseiro com o governador João Alves Filho, com quem participou de um debate sobre a transposição, na segunda-feira passada. O deputado federal João Fontes disse que o ministro Ciro Gomes teria classificado o governador João Alves Filho de “charlatão e leviano”. É um insulto grave, lamentável, de alguma forma covarde, porque João Alves não estava presente para revidar, se defender e até devolver esse tipo de agressão, que não fica bem a um ministro. O deputado João Fontes confirma sua denuncia: “está gravado pra quem quiser ouvir”. Arrogante, o ministro Ciro Gomes também teria dito que “a partir daquele momento não aceitaria mais conversar com o governador João Alves Filho sobre o tema”. Na audiência pública realizada ontem, o ministro da Integração Nacional levou mais de 30 parlamentares das bancadas do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, que apoiaram o discurso favorável à transposição, feito pelo ministro da Integração Nacional. A revelação do deputado federal João Fontes é grave e denigre a imagem do Estado, independentemente de quem seja o seu governador. Foi uma referência infeliz, uma agressão perversa e imoral, que desnuda a compostura de um ministro de estado, cujo cargo requer respeito, equilíbrio, serenidade e sensatez, porque ninguém está em uma guerra, mas apenas defendendo interesses do seu Estado e de uma região que pode sofrer conseqüências irrecuperáveis caso o governo leve adiante o objetivo de transpor a água de um rio moribundo para o Nordeste setentrional. Além disso, o governador João Alves Filho e os governadores da região estão na luta por seus estados. Não se trata de posição pessoal nem atitudes eleitoreiras. As palavras insultuosas do ministro Ciro Gomes, se realmente proferidas com a contundência raivosa revelada pelo deputado João Fontes, merecem uma reação imediata de todos os sergipanos, independente do governador agredido ter sido João Alves Filho. Poderia ser qualquer outro homem público do Estado, que atingiria diretamente a Sergipe. Em Miami, o governador João Alves Filho já foi informado do incidente com o deputado e das afirmações do ministro Ciro Gomes contra ele. Cauteloso, não reagiu, mas vai procurar chegar ao fato. ENCONTRO O ex-governador Albano Franco e os deputados Jorge Araújo, Ulices Andrade e Bosco Costa (federal), do PSDB, tiveram uma reunião ontem com a Direção Nacional. Aconteceu em Brasília e o objetivo foi tentar que haja uma convivência com o senador José Almeida Lima em Sergipe. SOMAR O deputado federal Bosco Costa disse que o interesse do grupo é se manter no partido e somar, “só que o senador Almeida Lima entrou batendo”. O pessoal considerou que o processo foi mal conduzido pela Direção Nacional o que provocou uma crise dentro da legenda. NO MESMO A reunião foi concluída sem que fosse tomada alguma decisão por parte da direção nacional, que insiste na abertura do diálogo para entendimento. Almeida Lima anuncia sua candidatura a governador pelo PSDB e o partido precisa de um palanque no Estado. Mas, segundo Bosco Costa, “é aí que está a questão”. ALMEIDA Ontem o senador Almeida Lima (PSDB) demonstrou impaciência e até irritação quanto à morosidade da decisão do Diretório Nacional”. Em conversa com um aliado, foi claro: “ou se resolve isso hoje (ontem) ou tomo uma posição”. Almeida não participou da reunião e nem falou com Plenário. ESCLARECE O secretário de Comunicação do Município, Milton Alves, esclareceu que a secretária de Planejamento, Lúcia Falcón, não foi exonerada. Segundo Milton, a secretária Lúcia Falcón recebe do prefeito Marcelo Déda todo o “carinho, respeito e confiança”. RELAÇÃO Milton Alves esclarece que a relação entre o prefeito Marcelo Déda e seus auxiliares “e a mais urbana que se possa imaginar”. “No Governo de Aracaju não se travam discussões ásperas, não se trocam palavras agressivas porque têm consciência do papel que desempenham”, disse. RESPOSTA Explicou ainda que a resposta da funcionária da Seplan, de que a secretária poderia não ir ao trabalho na terça-feira é porque ela sabe que Lucia Falcón esta em tratamento médico. Acrescenta que os médicos que assistem à secretária recomendaram uma redução da carga de trabalho e que ela está cumprindo. CONFIRMA Plenário confirma a informação publicada ontem, de que a secretaria teria sido exonerada na sexta-feira passada, depois de uma discussão na Prefeitura. A notícia foi fornecida por uma fonte que está diretamente vinculada ao prefeito Marcelo Déda e tem o mesmo prestígio, confiança e importância dos seus auxiliares. GABINETE A funcionária da Seplan que atendeu ao telefonema do repórter disse que ela saiu chateada e não trabalhou na sexta-feira, na segunda-feira e nem na terça-feira. Perguntada se Falcón havia sido demitida, a funcionária disse: “deixe-me fora disso”. A informação de ontem é que houve um entendimento e a secretária teria retornado. DÉDA O prefeito Marcelo Déda (PT), defendeu ontem, em Brasília, que a revitalização do rio São Francisco deve ser feita antes do processo de interligação das bacias. Déda cobrou a apresentação de uma meta e um cronograma de intervenções de revitalização e um debate mais “desapaixonado” sobre o tema. RETORNO O governador João Alves Filho (PFL) retorna a Sergipe amanhã e concederá entrevista no aeroporto sobre o debate com o ministro Ciro Gomes e sobre a viagem a Miami. Alguns carros já circulam com o adesivo: “João é quem defende Sergipe – Transposição não. Revitalização sim”. SUSANA A deputada Susana Azevedo, que visitou o sertão no final de semana, ouviu do ex-vereador Cícero, de Monte Alegre: “a situação dos produtores rurais é de dificuldade”. E explicou: “quando temos sementes as chuvas não caem. Agora, Deus mandou as chuvas, mas não temos as sementes para o plantio, o que nos deixa desgostosos com os políticos”. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) defende que os deputados contrários à transposição obstruam as sessões plenárias. O parlamentar quer com isso que o governo federal convoque os governadores e bancadas dos estados doadores, para conversar sobre a transposição e revitalização. CONTESTA O deputado José Rocha (PFL-BA) contestou que a revitalização do São Francisco seja prioritária para o governo federal. Diz que dos R$ 56 milhões previstos, até agora apenas R$ 6 mil foram liberados: “Vamos cortar qualquer recurso para a transposição. Queremos recursos para a revitalização”. Notas ESPERA Por volta das 21 horas o senador Almeida Lima ligou para o colunista e disse que ainda estava no gabinete esperando um telefonema da Direção Nacional para algum comunicado ou uma conversa. Antecipou que não teve conhecimento do que aconteceu na reunião, mas sabia que ela tinha ocorrido. Almeida Lima acrescentou que “hoje ou amanhã eles devem me telefonar para informar alguma coisa e comunicar alguma decisão”. Por volta das 22 horas, Almeida foi ao Piantela, onde jantou com um amigo. DOTAÇÃO Deputados contrários à transposição das águas do São Francisco já se articulam para zerar a dotação orçamentária da obra. Essa estratégia deve ser adotada em reação à licença prévia concedida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na última sexta-feira. O presidente da comissão especial que analisa a revitalização do rio, deputado Fernando de Fabinho (PFL-BA), acusa o Ibama de ceder a pressões político-eleitorais do Governo Lula ao dar licença para fazer a obra. MINISTRO O ministro do Superior Tribunal de Justiça, o sergipano José Arnaldo da Fonseca, tomou posse ontem como ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocupando a vaga destina ao STJ. A solenidade de posse aconteceu no gabinete do presidente do TSE, ministro Carlos Velloso. Nascido em Pedra Mole, José Arnaldo da Fonseca militou durante 20 anos em todos os níveis do Poder Judiciário. Também trabalhou como jornalista no Correio de Aracaju, no Diário do Brasil e no Diário Carioca. É fogo O leitor Edson Júnior considerou que o debate sobre a transposição do São Francisco teve uma conotação política. Segundo Edson Junior, muitas pessoas assemelhavam o debate com uma final de campeonato de futebol, um Fla x Flu: “nesse clássico, segundo a maioria, o nosso governador saiu-se vitorioso”. Edson Júnior se revelou contra a essa conotação política do debate, “porque no final perdemos todos”. O pessoal vinculado ao prefeito José Almeida Lima começa a se preocupar com o pouco tempo disponível para a formação de um partido. A deputada Lila Moura (PFL) desmente o atrito com o secretário da Turismo, Pedrinho Valadares. O Palácio dos Despachos terá que correr contra o tempo caso queira convencer o PMDB a apoiar a reeleição do presidente Lula. Entre os lideres da ala do PMDB que apóia o governo está consolidada analise segundo a qual o partido tenderá a apresentar candidato a presidente. O deputado Edney Caetano (PPS), que assumiu em lugar de Belivaldo Chagas, ainda está se habituando ao clima do plenário. O deputado federal José Carlos Machado (PFL) está conversando com parlamentares para pressionar o governo federal a conversar com os governadores dos estados doadores. Um leitor mais curioso quer saber para onde vai o deputado Adelson Barreto (PTB) antes da sessão terminar. O consumidor brasileiro mostrou-se menos otimista pelo terceiro mês consecutivo em abril, de acordo com sondagem da Fundação Getúlio Vargas. O governo federal está começando a ficar preocupado com os empréstimos consignados em folha. Acha que poderá ter problemas futuros.
João Fontes diz que reagiu à altura às declarações do ministro classificando-o de covarde: “ele deveria ter chamado o governador de leviano e charlatão no debate da OAB, na presença dele, não na sua ausência, como o fez”, argumentou. O deputado também lembrou que, nas eleições de 2002, para presidente da República, “enquanto eu estava no palanque de Lula, Ciro Gomes e João Alves, que disputava o Governo do Estado, estavam no mesmo palanque”. Fontes lembrou que o programa de governo do então candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, também é de responsabilidade do governador de Sergipe. E perguntou: “como ele pode chamar um charlatão para fazer seu programa de governo”? O deputado mostrou aos membros da comissão, a forma truculenta com que o Governo Federal tem conduzido esse projeto, inclusive realizando licitações sem licença prévia do Ibama: “Exibi a representação do Tribunal de Contas da União, após o pedido de uma consulta pelo deputado José Carlos Machado (PFL), sobre esse procedimento. O próprio TCU considerou ilegal fazer as licitações sem a licença”.
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