Semi-oração para Levy Fidelix

Ainda que eu vague pelo vale da hipocrisia, nenhum respingo da vaidade alheia manchará minha alma, queimará minha paz. Direi de mim mesmo: sou meu próprio Senhor e suas doenças sociais não se criarão sobre meus pés, pois os mesmos possuem pequenas asas, feitas de papel machê e sonhos.

Direi para o olhar torto do outro: não me afligirá um centímetro (mesmo que mentindo eu possa fraquejar e por dentro ter me desestabilizado inteiro), darei para o infeliz, de opinião torpe, um aceno de desprezo com todo o meu desencanto por ele, porém, maquiarei meu gesto com desejos de amor ao próximo.

Mesmo que sorrindo você possa me atingir, cumprirei o meu dever de aceitar sua opinião contrária. O Deus que vem do ódio não pode luxar sobre o Ser que nada tem a temer, pois este sabe que viver cercado de tolos é o maior dos riscos.

Dez mil cairão a tua esquerda. Outros dez cairão a tua direita, mas nenhum tijolo será plantado no caminho de quem nada fez, a não ser ser quem é. A Glória (que não é a Gaynor) tem palco fixo na ilusão real de nossa vida moderna.

Quantos likes merecem seu amor? Não sei! Quantos des-likes merecem seu ódio? Também não faço ideia, mas sua opinião desfavorável precisa morrer a cada dia, para que o amor ao outro nasça a cada segundo.

Renascer é um dom, uma dádiva que só os inteligentes compreendem. Não é preciso ser forte, basta pensar. Uma vez ouvi numa canção que “o novo sempre vem". Estou contando os minutos para que isso aconteça. Será uma pena apenas não encontrá-lo, Levy, para rirmos do seu tempo gasto semeando o mal, em nome de um Senhor que você julga existir. O seu deus-do-ódio-não-vive-mais.

O Senhor que mora em mim não vê o diferente como ameaça. Não considera o diferente uma facção maligna. Ele aceita o diferente porque Ele também é diferente e ao mesmo tempo igual, porém, este Senhor deixou de morar em você, Levy, no mesmo dia em que você usou o nome Dele em favorecimento de sua cegueira-burra.

Não é preciso ser gay para levantar a bandeira da igualdade. Não é preciso ser trans pra encarar a sociedade de frente, com seios siliconados e abertos. Não é preciso ser lésbica para ter convicções feministas. Basta ter caráter e ser humanamente viável (algo difícil nos dias atuais, reconheço).

Ainda que eu vague pela sombra do globo de vidro de uma boite de quinta e te encontre na bilheteira para entrar no clube, fungando no cangote de um michê, eu jamais apontarei o dedo pra você, Levy, pois o nome do meu Ssenhor-todo-poderoso é RESPEITO!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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