No dia 1º de dezembro de 1990, aposentei-me. A partir daquela data eu não mais prestei meus serviços profissionais, nem sob vínculo empregatício, nem por conta própria. Por isto quando me perguntam o que estou fazendo agora, eu respondo: NADA.
De tanto responder nada, passei-me a questionar: Será que o que estou fazendo é nada? O que eu fazia antes era tudo? Não é possível fazer-se algo entre o nada e o tudo?
Procurando respostas para estas questões, eu descobri que antes eu apenas trocava meus serviços profissionais pela minha subsistência. O que ocorria fora daquele âmbito, eu pouco ou nada percebia e, consequentemente, mínima era a minha contribuição para tornar mais equânime à vida daqueles que viviam fora do meu universo.
A partir do momento que fiquei livre, passei olhar ao redor e consegui enxergar um mundo muito maior do que aquele em que eu vivia. Então, apesar de reconhecer minha pequenez, certifiquei-me de que tenho, não só o direito, mas principalmente o dever de manifestar-me, de participar, de tentar fazer algo que possa contribuir, mesmo que discretamente, para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas.
Assim, através dos meios de comunicação, passei a escrever posicionando-me sobre questões políticas, econômicas e sociais. Passei a questionar pessoas e entidades por atitudes correspondam àquilo em que acredito. Enfim, sobre tudo o que acredito ter condições de opinar, agora eu faço.
O que agora estou fazendo será nada? Sei lá. Apenas sei que pretendo continuar fazendo o que hoje estou fazendo.