Sergipe se une

O jurista Carlos Ayres Brito, indicado e aprovado para ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, não mudou o seu estilo modesto e simples, mesmo diante de uma platéia seleta que o sabatinava na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Respondeu com serenidade e sabedoria todas as perguntas, além de fazer um pronunciamento de abertura que mostrou toda a riqueza dos seus conhecimentos e a singeleza de um poeta que se transformava em ministro. Foi bonito vê-lo, diante de um plenário sério, competente e atento, exibir todo o seu talento de expositor. É isso que emociona Sergipe. Esse brilho de sua gente inteligente, trabalhadora e que se une nos momentos em que está em jogo o nome do Estado. Se antes Carlos Brito dignificava o judiciário sergipano, agora ele vai muito mais longe e, com certeza, será mais uma luz nas decisões macros do judiciário. Para o empolgado deputado federal João Fontes (PT), o pronunciamento de Carlos Britto foi o melhor que já teve no Congresso: “deu um verdadeiro show. Foi emocionante!” Jackson Barreto foi mais contundente: “discurso belíssimo”. No final a aprovação: 20 votos, com apenas um em branco. Para Almeida Lima, uma unanimidade, porque, com certeza, o branco foi um equívoco. O jurista Calos Ayres Brito, dentro da sua simplicidade natural, reconheceu que a classe política convergiu em defesa do seu nome: “o difícil é saber quem mais trabalhou”, disse. Para ele o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, foi o coordenador de tudo, mas estavam unidos em defesa da mesma causa adversários políticos como o governador João Alves Filho (PFL) e o ex-governador Albano Franco (PSDB). Nomes como Marcelo Déda, José Almeida Lima, Jackson Barreto, pastor Heleno, enfim, Sergipe todo junto para defender o Estado, que, naquele momento, se fazia representar pelo Jurista Carlos Brito. No percurso para a sabatina houve um pequeno “incidente diplomático”- como classificou o próprio ministro: “um jornal de Brasília publicou que Carlos Brito era um petista convicto. Isso criou um certo mal estar, porque algumas figuras importantes da cúpula decisiva começou a enxergar um ato político na nomeação. O equívoco foi desfeito pela ação da bancada sergipana, principalmente do governador João Alves Filho, que acompanhou os parlamentares até o gabinete do presidente do Senado, José Sarney e passou a contar com o seu apoio para os contatos diretos com senadores que tinham sido picado pela notinha maliciosa. Carlos Britto é do PT sim, inclusive com convicção, mas se dedicou tanto ao estudo e pesquisa de teses jurídicas e constitucionais, que a prática político-partidária ficou para trás… O caso de Carlos Britto, que nasceu de um movimento intelectual em alguns Estados brasileiros e se aprofundou em Sergipe, com a unidade de todos os políticos, momentaneamente esquecidos das divergências políticas e de tantos embaraços naturais a quem se dedica à vida pública, demonstra que “este Estado só se une quando está em jogo alguma pendência que possa prejudica-lo, enfraquece-lo ou evitar a sua magnitude. Esse dar as mãos em favor de um ministro sergipano no Supremo Tribunal Federal é um exemplo de que os mais diversos problemas do Estado, as dificuldades enfrentadas por sua gente teriam soluções mais rápidas se o gesto também se repetisse nesse momento”. Evidente que foi um exemplo de desprendimento, a ação dos homens públicos sergipanos, em defesa de um cidadão do tamanho de Carlos Ayres Brito. Mas também seria muito importante a unidade no combate à miséria, ao desemprego, à seca, à fome, à moradia e a todos os demais problemas graves enfrentados por Sergipe e sua gente. Mas, infelizmente, não é assim. Distante de fatos relevantes como a nomeação de um ministro para o Supremo Tribunal Federal, a maioria dos políticos sergipanos ignora a necessidade de união para defender seu povo. A luta pelo voto, a manutenção do mandato, a força do poder destroem o que existe de mais significativo entre os homens, que é a boa vontade em favor dos menos favorecidos. Em defesa dos oprimidos. No combate ao analfabetismo, na tristeza da falta de um prato para comer, no sofrimento de um longo período de estiagem. Tudo isso é problema de Governo e, para quem está na oposição, é nutriente para as críticas. A política torna o homem insensível, porque o pior se transforma em melhor para ele, quando o problema é do adversário. Assim se vive neste mundo em que o homem passa a ser apenas alguma coisa a mais, que vegeta neste mar de indiferença e crueldade, que banha toda a costa dos conglomerados políticos, que se elegem exatamente explorando a incompetência de uns, para resolver o problema de outros, quando a unidade seria a única e maior solução. Unir sempre para ser mais forte, seria um lema para um Estado mais feliz. Assim como está hoje o jurista Carlos Britto, que se tornou ministro pelas mãos entrelaçadas dos políticos sergipanos. Ótimo se tudo fosse resolvido assim… IIMPRESSIONOU O senador Almeida Lima (PDT), mesmo antes de terminar a sabatina, já previa que o jurista Carlos Ayres Brito seria aprovado por unanimidade. Brito impressionou pelos seus conhecimentos jurídicos e mereceu manifestações favoráveis de senadores de todos os partidos: “do PT ao PFL”. APROVAÇÃO A previsão de Almeida Lima fora praticamente correta. Carlos Ayres Britto foram aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça por 20 votos. Houve apenas um senador que votou em branco e o pessoal desconfia de que tenha sido do senador Arthur Virgílio. JOÃO O governador João Alves Filho (PFL) teve participação decisiva para que o jurista Carlos Britto não fosse bombardeado pelo Senado, na sabatina de ontem, que o indica para ministro do STF. João foi de jatinho para Brasília, levando Carlos Britto, e de lá telefonou para todos os parlamentares do seu partido, além de leva-lo ao senador José Sarney e pedir sua atuação. CONTRA Havia uma disposição dos senadores do PFL e PSDB, principalmente de São Paulo, em não aprovar Carlos Britto, por se tratar de um filiado do PT e do Nordeste. Segundo uma fonte do Governo, João Alves Filho se empenhou em reverter a situação dentro do PFL, e Sarney trabalhou o seu partido e setores do PSDB. BANCADA Toda a bancada de Sergipe trabalhou muito, em Brasília, para que o jurista Carlos Britto não tivesse problemas políticos na aprovação do seu nome pelo Senado. Os deputados e senadores sabiam da insatisfação de senadores do Sul que estavam dispostos a vetar Britto. Foi uma ação conjunta de Estado. PRESENÇAS Os ex-senadores José Eduardo Dutra (PT) e Albano Franco (PSDB) estavam presentes na sabatina do jurista Carlos Brito, cujo discurso foi considerado “belíssimo”. Também estavam lá o prefeito Marcelo Déda (PT) e toda a bancada sergipana, o que demonstra prestígio de Carlos Britto. GRAZIANO O ministro extraordinário da Segurança Alimentar, José Graziano, chegou ontem, às 17 horas, a Aracaju, para lançar oficialmente o programa Fome Zero em Sergipe. A solenidade será hoje no Palácio dos Despachos, com a participação de vários prefeitos da região. Por enquanto serão atendidos sete municípios. VIAGEM No período da tarde, o ministro José Graziano viaja a Poço Redondo, onde fará o lançamento simbólico do programa no alto sertão. O governador João Alves Filho não vai acompanhar o ministro até o sertão. Inicialmente o Fome Zero beneficia apenas sete cidades sergipanas. PROJETO A secretário do Combate a Pobreza, Maria do Carmo Alves, vai entregar o Projeto Taipa ao ministro Graziano, que sugere colocar blocos de cimento em casas feitas com taipas e barro. D. Maria já disse que não aceita a construção de casas tipo zero quarto, nem aquelas apenas rebocadas por fora. “Trata-se de uma moradia sub-humana”, considerou. CONVITE O deputado federal Jackson Barreto (PTB) foi convidado, ontem, pelo seu colega Renildo Calheiros (PCdoB) a ingressar no seu partido. Jackson agradeceu e recusou, avisando que já havia se filiado no PTB e estava começando a movimentar sua nova sigla em Sergipe. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PTB) está disposto a vasculhar todos os setores do Governo João Alves Filho, para levar à sociedade. O desejo de Jackson é reativar a oposição, denunciar o que considerar errado na Administração João Alves Filho. Para Jackson, não houve reciclagem. FLORO Em depoimento na Justiça, Floro Calheiros não escondeu que tem problemas pessoais com Djaniro, desde quando ele assinou os processos denunciando-o em Canindé do São Francisco. A raiva de Floro aumentou porque Djaniro também assinou o processo da morte de Joaldo. Revelou que sua mulher conhecia Djaniro e não sabe a razão dele sempre oferecer denuncia contra ele. E-MAIL Quanto ao e-mail, Floro confirma que realmente foi encontrado em sua bolsa, mas insiste que fora enviado por seu filho de 16 anos. Alegou que o jovem sabe da indiferença entre o promotor e o pai e lhe fez essa brincadeira. A Polícia ainda está investigando a origem da mensagem. CALÇADÃO Já foi concluído e entregue à Cehop para licitação, o novo projeto de reforma da orla de Atalaia, que trás novos equipamentos e total revitalização. A obra deve ser licitada no decorrer deste mês e iniciada imediatamente para, estar concluída no verão, período que atrai maior número de turistas. Notas FLORO Apesar do nome do indiciado Floro Calheiros ter aparecido pouco no processo policial e não constar nenhum telefonema para ele, nesse caso do assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa (PL), a informação de pessoas que acompanham os depoimentos é que ele está envolvido e também deve responder como participante do crime. Floro é um profissional competente e empresário organizado, que conseguiu enriquecer se envolvendo com Prefeituras e no trabalho para eleição de candidatos, através do empréstimo de recursos para campanha. ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) deixou o Congresso Nacional, ontem, antes do resultado final da sabatina do jurista Carlos Brito. Teve que retornar mais cedo para Sergipe. Sempre acompanhado do deputado federal Bosco Costa (PSDB), Albano disse que já tinha absoluta certeza de que ele seria aprovado na CCJ. Albano Franco elogiou muito o trabalho de Carlos Britto como jurista e disse que o seu nome para ministro do Supremo Tribunal Federal será de muita importância para a instituição e eleva, bem mais alto, o nome de Sergipe. JANTAR Depois de aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, que o sabatinou, o jurista Carlos Brito foi jantar acompanhado de parlamentares de Sergipe e amigos. Estava visivelmente emocionado e reconheceu que houve um trabalho de unidade em torno do seu nome, que terminou obtendo êxito e o tornando ministro do Supremo. Carlos Britto deixa bem claro que vai manter o seu estilo, receber sempre os amigos e trabalhar por uma instituição forte: “A única que tem o direito de errar”. O prefeito Marcelo Déda também retornou mais cedo. Tem compromisso em Aracaju. É fogo A Comissão Processante pode concluir os seus trabalhos na próxima semana e colocar em discussão a cassação ou não do deputado estadual Antônio Francisco. Segundo um dos membros da Comissão Processante, os advogados de defesa de Antônio Francisco já não se preocupam com seu filho, Antônio Francisco Júnior. Está já se tem certeza do envolvimento. O secretário da Justiça, Emanuel Cacho foi eleito, por 17 a 4, presidente do Fórum Nacional de Secretários de Justiça, ontem, em Brasília. A posse de Emanuel Cacho na presidência do Fórum será dia 30 em Aracaju, com a presença dos seus colegas de todo o país. O prefeito Marcelo Déda (PT) foi um dos responsáveis direto pela indicação de Carlos Ayres Brito para o Supremo. O deputado federal José Carlos Machado chegou, ontem à noite, para participar da solenidade do lançamento do programa Fome Zero. Atendeu a pedido do ministro José Graziane. O jurista Carlos Brito fez um profundo discurso de improviso, ontem, antes de ser sabatinado pelos senadores no Congresso. O deputado Augusto Bezerra (PMDB) acha que Lula está enganando o povo com essa história da transposição das águas do rio São Francisco. O deputado estadual Antônio dos Santos (PDT) acha que vem mais bomba na cabeça dos aposentados e pensionistas. Nenhuma profissão, seja ela qual for, deve ter regalias de pagar meia entrada em qualquer área de diversão ou cultural. É dever de todos pagar preços de tabela, à exceção de estudantes. A senadora Heloisa Helena e os deputados Babá e Luciano Genro, os radicais do PT, chegam a Aracaju dia 16, em companhia do deputado federal João Fontes. Os parlamentares dissidentes do PT vão fazer um debate sobre as reformas da Previdência e Tributária, no teatro Atheneu. O governador João Alves Filho almoçou, ontem, com secretários da Indústria e Comércio de todo o Nordeste, no Palácio de Veraneio. brayner@infonet.com.br

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