A luta para evitar a transposição do rio São Francisco, tendo como referência a sessão especial realizada ontem pela Assembléia Legislativa, é inconsistente, sem entusiasmos e com pouca perspectiva de vitória. A princípio houve uma presença tímida de parlamentares e prefeitos de cidades banhadas pelo rio São Francisco, além da falta do interesse popular, em repudiar um ato insano do Governo Federal, que vai prejudicar mais diretamente às populações ribeirinhas, que vivem do que o rio oferece. Claro que há o esforço de um grupo expressivo que caiu na luta contra a transposição e levantou a bandeira do seu impedimento a qualquer custo, como é o caso de João Fontes, José Carlos Machado, Augusto Bezerra, Gilmar Carvalho e alguns outros que estão à frente desse movimento. Mas há uma maioria acomodada, que se declara contra a transposição, mas não comete um único gesto para mostrar que está falando com determinação.
O povo brasileiro não tem tradição de grandes movimentos políticos. Se uma barbaridade dessas tivesse acontecendo na Argentina, ou até mesmo no Paraguai, os estados que servem de leito para o São Francisco estavam nas ruas, com a força do bairrismo, para impedir que o Governo fizesse alguma coisa que fosse de encontro aos interesses da sociedade. Há uma consciência, nos demais países da América do Sul, que o Governo está a serviço do povo e quando comete insanidades que prejudicam a população, as manifestações geralmente têm o fervor desse sentimento, de que só se pode administrar com o aval da população, que concede ao líder através do voto popular, mas que sente o mesmo direito de derruba-lo quando o eleito contraria a vontade do povo. Evidente que ninguém está pregando um levante armado contra a transposição do rio São Francisco, mas é natural que se defenda a participação da sociedade e de suas representações, para que se pratique o poder de pressão, a fim de conseguir barrar um crime premeditado que está prestes a acontecer com o rio que desce de Minas Gerais e atravessa cinco estados do Nordeste. Em Sergipe ele entra na fronteira com a Bahia, no alto sertão, e desemboca no atlântico, percorrendo toda a extensão do estado. É um patrimônio nosso.
Evidente que é legítimo que o Nordeste Setentrional reivindique água para banhar suas terras secas. Mas não se pode satisfazer uma área em detrimento do massacre de outra, que sentirá os efeitos de um projeto que vai terminar não servindo para ninguém. A transposição do rio São Francisco, insiste-se, é uma obra faraônica que lembra os projetos mirabolantes da ditadura militar, que queria mostrar serviço a um povo oprimido. A Transamazônica, por exemplo, não leva a lugar nenhum. E quantos bilhões foram aplicados de forma equivocada, em uma rodovia que também representava a insanidade dos ditadores de plantão? Trata-se de obra para dez anos, que vai consumir outro rio de dinheiro. É impossível imaginar quanta corrupção vai se praticar em nome dessa transposição. O Brasil não está bem. A miséria está presente inclusive às margens do São Francisco e não se pode assistir, impunemente, esse esbanjamento de recursos, para atender a interesses eleitorais de um grupo que está no poder e se acha dono das decisões.
Basta que Lula da Silva não seja reeleito, que esse projeto pode ser engavetado. Caso tenha sido iniciado, serão registrados apenas perdas e danos, sem que haja qualquer ato punitivo a quem jogou o dinheiro do povo fora.
Mas o Governo está decidido e forte. E será através da força que vai transpor o rio, fazendo uma revitalização de faz de conta, apenas para justificar alguns milhões que reservou para isso. A transposição do rio São Francisco é um crime, uma barbárie, um gesto de loucura absoluta, que só uma participação mais ativa do povo, com a participação dos seus líderes mais expressivos, poderá conter. A sessão especial da Assembléia, ontem, foi microscópica para a dimensão do problema, o que demonstra a necessidade de uma mobilização maior, para que a reunião de sexta-feira, na escola técnica, não se realize e Sergipe consiga derrubar esse plano de destruição do rio que lhe dá vida.
RETORNO
O governador João Alves Filho (PFL) retornou ao Brasil, procedente dos EUA e Europa, mas só desembarca em Aracaju por volta das 22 horas. Hoje pela manhã está agendado audiência com o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT), com a participação do deputado José Carlos Machado (PFL).
REFINARIA
A informação é que o assunto a tratar será a instalação da refinaria de petróleo em Sergipe, que tem parceria com um grupo empresarial espanhol. Segundo um dos seus auxiliares, o governador está demonstrando que vai lutar para que a refinaria seja instalada em Sergipe: “fará a sua parte”, disse.
REUNIÃO
A bancada do Governo na Assembléia Legislativa espera que o governador João Alves Filho converse com os parlamentares sobre a Mesa da Assembléia na quinta-feira. Dificilmente haverá alguma mudança, porque a maioria da Mesa está disputando a reeleição, à exceção da quarta secretaria, que fará rodízio na oposição.
DISCUSSÃO
Vários deputados do bloco governista defendem um rodízio nos cargos de secretário, mas mantendo o presidente Antônio Passos (PFL). A oposição, entretanto, vota fechada na reeleição da Mesa Diretora. O certo é que não haverá disputa, depois da orientação do governador.
BOSCO
O deputado Bosco Costa (PSDB) participa hoje de reunião da Executiva Nacional, para a
posse do senador Eduardo Azeredo na presidência nacional do partido. O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), licenciou-se da presidência por 90 dias, para arrumar a Prefeitura de São Paulo.
DESISTE
O prefeito de Nossa Senhora do Socorro, José Franco (PPS), não gostou porque vazou o projeto que setores do partido adotariam para revitalização da legenda em Sergipe. Com o recuo de José Franco, a nota que seria publicada nas primeiras páginas dos jornais foi suspensa. O documento se encontra em mãos de Wellington Mangueira.
EXPLICA
José Franco explicou que é a favor a uma reciclagem dentro do PPS, mas que não participou de nenhum complô contra o presidente regional Ivan Paixão. Franco, inclusive, se encontrou com Ivan e tiveram uma conversam. O deputado se mostrou chateado com o advogado Wellington Mangueira.
INCLUSÃO
O prefeito Marcelo Déda (PT) defendeu, ontem, em Porto Alegre, a construção de um acervo de experiências de inclusão social, com destaque para a inversão de prioridades. Segundo Déda, isso se caracteriza na destinação de mais recursos para as áreas e regiões mais pobres e excluídas. O prefeito expôs no Fórum de Autoridades Locais (FAL).
SANCIONA
Sexta-feira, em Aracaju, durante coletiva à imprensa, o prefeito Marcelo Déda sanciona a Lei de Licitações para Transportes Públicos. Na próxima semana Déda abre o carnaval de Aracaju com a presença de Márcia Freire, do bloco baiano Cheiro de Amor.
FÉRIAS
Em seguida o prefeito viaja em férias e passa o carnaval no Rio de Janeiro, onde assistirá o desfile das escolas de samba, no camarote da Petrobras. Marcelo Déda vai desfilar na Estação Primeira de Mangueira, que é a escola de samba do seu coração. Conseguiu a fantasia com um amigo da direção da escola.
FONTES
O deputado federal João Fontes (PDT) fez um pronunciamento emocionado, ontem, na sessão especial sobre a transposição do rio São Francisco. Para demonstrar a admiração que tinha por Lula e a vontade dele presidir o Brasil, lembrou: “a primeira palavra de minha filha não foi papai, foi Lula”.
FILIAÇÃO
O deputado Augusto Bezerra está esperando o governador João Alves Filho para filiar-se ao PFL, o que deve ocorrer na próxima semana. Augusto deixou o PMDB porque estava sendo investigado pela Comissão de Ética do partido, sob acusação de ter ficado contra a legenda nas eleições do ano passado.
TORRE
Foi fechada a venda da Liberdade FM à Empresa Torre na tarde de segunda-feira, com papel passado em cartório. A Torre já está no comando da emissora desde o dia da compra, feita ao senador José Almeida Lima (PSDB).
E-MAIL
Plenário recebeu e-mail, intitulado “Um Caminhão de Problemas”, com uma grave denuncia que envolve um auxiliar da Prefeitura. O e-mail fala de extorsão e outras falcatruas, dando inclusive nomes. Deixa de publicar porque a mensagem não foi assinada.
Notas
AMORIM
Através de uma rede com 14 emissoras de rádio, o empresário José Edivan Amorim respondeu a todas as perguntas sobre a questão judicial que foi divulgada no início desta semana, se colocando à disposição para qualquer dúvida em torno de um assunto que ele considerou absolutamente superado. Segundo Amorim, tudo não passou de um equívoco e o assunto está sendo retomado agora com o único objetivo de macular sua imagem. O empresário desconhece as razões que levaram a essa tentativa de desgastá-lo.
LEITE
O deputado Mardoqueu Bodano (PL) esteve reunido com o presidente da Deagro, Martinho Bravo, segunda-feira passada, para pedir que ele resolvesse o impasse criado com as empresas de laticínios, que estavam ameaçando não fornecer mais o leite ao sertanejo por falta de pagamento, o que seria grave. Segundo o deputado, Martinho Bravo garantiu que o dinheiro estará na conta das empresas ontem, até às 13 horas: Martinho explicou que a demora no pagamento se deu por causa da mudança da empresa para autarquia.
PRESÍDIO
O secretário da Justiça, Emanoel Cacho, informou que enquanto um grupo em Sergipe está discutindo a construção de uma penitenciária em Aracaju, nos Estados de Tocantins e Pará já foram construídos presídios igual ao projeto apresenta para o da capital sergipana. O novo presídio virou questão política. Cacho disse que este ano serão gastos 20 milhões de reais no sistema penitenciário em Sergipe, para recuperação e melhoramentos dos presídios. Sergipe foi que melhor tratou o problema prisional no Brasil.
É fogo
O líder do Governo na Assembléia Legislativa, Venâncio Fonseca, mudou o visou a retirar o bigode que conservava há anos.
A sessão especial de ontem, na Assembléia Legislativa, sobre a transposição do São Francisco, contou com 11 deputados estaduais, três federais e quatro vereadores.
O deputado federal Jackson Barreto (PTB) diz que é contra a transposição sem revitalização, mas deixou a sessão à francesa.
Nenhum dos senadores esteve presente à sessão especial contra a transposição do rio São Francisco.
O ex-prefeito da Barra dos Coqueiros, Gilson dos Anjos (PSDB), poderá ingressar no PMDB, para fazer oposição ao seu sucessor Airton Martins (PT).
Os deputados federais que quiserem o apoio da população de Socorro vão ter que trabalhar para conseguir recursos, visando a construção de obras.
O ex-deputado federal José Teles de Mendonça (PSDB) pode retornar à Assembléia Legislativa. Será candidato a deputado estadual em 2006.
Caso seja eleitor, José Teles substitui a irmã, Maria Mendonça, que deixou o legislativo para assumir a Prefeitura de Itabaiana.
A revista de bordo dos aviões da Gol está “vendendo” Sergipe como um lugar especial no coração do Brasil.
A Caixa Econômica deu início ao novo modelo de gestão das loterias, com a revitalização do primeiro dos quatro pregões para prestação de serviços lotéricos em todo o país.
O Brasil tentará se tornar uma das principais atrações para os investidores presentes na edição 2005 do Fórum Econômico Mundial, que começa hoje em Davos, na Suíça.
As agências de correios no interior continuam sendo a principal opção de assaltantes no interior de Sergipe.