Software como serviço

Quando me mudei do Brasil a pouco mais de três meses, tive que contratar alguns serviços “básicos”, como por exemplo, TV a cabo, internet e telefone. Foi relativamente fácil, fui à empresa, preenchi uma ficha e alguns dias depois já estava usufruindo dos serviços que solicitei. Moral da história: serviços standard funcionam muito bem. Entretanto, se eu desejasse um serviço personalizado, como por exemplo, eu quero uma TV a cabo, mas que tenha os canais X, Y e Z, com controle de conteúdo, que as legendas dos filmes sejam na cor azul ou qualquer outra coisa personalizada, teria que esperar um bom tempo e, em alguns casos, talvez não conseguisse.

Fazendo uma analogia com software vemos que temos situações semelhantes. Existem processos em que usar softwares standard não funciona bem. Isso normalmente acontece nos processos chamados de core business, que normalmente é o diferencial competitivo da empresa. Nesses casos o software precisa ser bastante personalizado. Entretanto, existem vários programas standard, isto é, que podem ser instalados e usados para automatizar a tarefa que pretendemos realizar, sem ter que personalizar nada. Tem desde exemplos simples, como controlar nossos gastos pessoais até alguns um pouco mais complexos como controle de frotas de carros.

Para os vários processos que funcionam de forma standard existe um novo modelo de comercialização de software. Atualmente o modelo adotado é de venda da licença e cobrança de manutenção anual. O software é instalado nas dependências do cliente (que precisa preparar uma infra-estrutura mínima), que passa a usar da aplicação. Esse modelo, usado a varias dezenas de anos, tem vários problemas, principalmente do lado administrativo. O cliente passa a ter que lidar com backups, falta de energia, espaço em disco, instalação de atualizações do software, entre outros.

Sinceramente, o cliente não deveria se preocupar com isso, mas o modelo atual acaba forçando que o usuário passe a ter essas responsabilidades. Dois anos atrás visitei uma empresa de um colega que nunca tinha tirado backup. Falei para ele que era importante e que ele podia perder tudo o que tinha. Ele falou que ele tinha um contrato com a empresa que desenvolveu o software e que “estava coberto”. É claro que nada disso estava no contrato, mas serve para ilustrar como é a relação fornecedor-consumidor. Dor de cabeça dos dois lados.

O novo modelo proposto é chamado de SaaS (software as a service) ou software como serviço A idéia é disponibilizar o software na web como um serviço que pode ser assinado no momento que o cliente desejar. Isso evita que o cliente tenha que estar preocupado com toda a infra-estrutura para rodar a aplicação. Conseqüentemente, do lado do cliente esperasse uma maior independência da área de TI e o que todo mundo quer: redução de custos.

Para o lado do desenvolvedor a balança pende para o lado das vantagens. Tudo passa a ficar centralizado, facilitando a administração dos diversos componentes: servidores, bancos de dados, middleware, backups, etc. Não será necessário ter uma versão para cada cliente, será possível atingir muito mais empresas e, se acertar “o” serviço é capaz de ficar rico. Idéias para software como serviço valem ouro. Se você tem alguma é melhor começar a implementá-la antes que alguém o faça.

Entretanto, existem alguns problemas. Como podemos, por exemplo, integrar aplicações SaaS com sistemas legados? Ou tratar da questão de segurança? Bem… Esse é papo para outro dia.

Até a próxima semana!

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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