Sorria. O sorriso é a menor distancia entre as pessoas.

O SORRISO APROXIMA AS PESSOAS

 

 

“Pascoal, que bom encontrar você, eu estava necessitando de um sorriso.”

                                                                                 Frase dita por um amigo, num encontro que tivemos na ante-sala de um dos Fóruns da nossa Cidade.

 

 

Ele certamente tinha sido muito mal tratado em algum daqueles protocolos tão cheios de “protocolos”. Percebi que estava bastante ofendido. Eu o conheço há muito tempo, tendo inclusive, trabalhado onde ele sempre freqüentou e posso afirmar tratar-se de uma pessoa que sabe usar a serenidade e o equilíbrio.

 

Repito, não foi por pouca coisa. Ele estava bastante ofendido e, por elegância e discrição, sequer informou-me o quê e nem onde aconteceu e, muito menos, quem cometeu tal grosseria.

 

Ao ser indagado, limitou-se a apenas dizer: “as pessoas não riem, não nos olham. O olhar destas pessoas é vazio, fixado num ponto que nos perpassa. Elas parecem temer nos mirar nos olhos, dão a entender que estão olhando através da gente e não para a gente; parece que receiam encarar as pessoas a quem estão atendendo, ou sentem-se muito mal em atender-nos. Doloroso isso, não é mesmo?”

 

Concordo com você, querido amigo. Devia ser terminante proibido fazer cara feia sem necessidade. Devia ser regra de conduta exigível pelas empresas e, sobretudo, repartições públicas, configurando ato punível o mau atendimento.

 

Os mal humorados, os emburrados, os amuados, os carrancudos, sem nenhuma causa determinante, deveriam, como punição, sofrer uma pena: fazer terapia do riso por uma semana, até amolecerem os músculos da face suavizando, assim, aquela mórbida expressão de quem está de mal com a vida.

 

Cara feia não paga dívidas, já diz um jargão popular muito conhecido.  Aqueles que não correspondem a um cumprimento, como bom-dia, boa-tarde, que fazem ouvido de mercador ao um pedido de atenção, que não sabem pedir licença e nem desculpas, que se encontram constantemente com aquela cara amuada nunca deveriam se aventurar a prestar os seus serviços num protocolo de atendimento, numa sala de recepção, num balcão de estabelecimento comercial, num caixa de supermercado…

 

Também seria bom não saírem de casa, do quarto onde dormem. Aliás, deveriam passar os dias exatamente lá, isolados de todos e, de preferência, dormindo. Pois, só assim, brindariam o universo com as sua tão desejada e cômodas ausências.

 

Atenção, não me a refiro à beleza ou a feiúra das pessoas, mesmo porque beleza e feiúra são conceitos relativos. Não há pessoas totalmente feias e nem exclusivamente belas. Quer dizer, pode até existir, porém, não determinado pelo estético somente.

 

A beleza transcende a aparência, ultrapassa aquilo que está visível, vai além. A beleza é um conjunto de atributos dos quais a aparência é apenas um dos componentes.

 

Refiro-me aos antipáticos, aos enfezados, aos ruins dos bofes, como eram chamados pelos nossos patrícios portugueses.

 

Reporto-me àquelas infelizes pessoas que mesmo mostrando uma estética apreciável carregam em seu semblante o peso da tristeza, da morbidez, da aparente insatisfação com o mundo.

 

A sabedoria lusitana sabia reconhecer, muito bem, a origem dessa “doença”. Para eles cara feia era sinal de mal-estar, incômodo, desconforto, enfado, moléstia e para caracterizar e, até ridicularizar, quando viam pessoas com tais sintomas, sem contudo encontrarem-se doentes, diziam, com muita propriedade, que aquele cristão estava Enfezado, era antipático ou ruim dos bofes.

 

Nós ainda usamos muito tais expressões, herdadas de além mar, para qualificar aqueles que fazem questão de ser ou agir assim: mal humorado, fechadão, chato, desatencioso, cara feia etc.

 

Para eles nós, brasilianos, ainda usamos as mesmas expressões dos nossos patrícios portugueses. Porém, poucos sabem que estas expressões significam, por exemplo:

 

Quem está “ruim dos bofes” padece com problemas nos pulmões (bofes), é um tuberculoso, tísico…

 

Já o antipático, sofre de problemas no fígado: cirrose hepática, hepatite…

 

 

A palavra antipático tem a sua origem no adjetivo “hepático”, (relativo ao fígado), no qual colocamos os sufixos “anti” para antipático e “sim” para simpático.  

 

Simpático quer dizer bom, de bem com a vida, saudável e, antipático, expressa doença.

 

O adjetivo “enfezado” também exprime doenças, ou seja, quem se encontra enfezado sofre de uma “baita” prisão de ventre.

 

Quer dizer, para todas as infelizes pessoas que ostentam uma cara de quem comeu e não gostou, devemos receitar, mesmo não sendo médico, uma destas meizinhas:

 

Para o ruim dos bofes, muito mastruz com leite é bom para mancha no pulmão;

 

Para os antipáticos, uma boa xícara de chá de boldo alivia ligeirinho o mal-estar; e,

 

Para os enfezados, um bom purgante, sempre resolve.

 

Amigo, sorria, receba bem, procure se interessar pelas pessoas; auxilie, se for possível, encare com brandura o seu interlocutor, seja cortês, olhe nos olhos, se interesse em fazer bem feito, responder as indagações, dar feedbeck, relaxe e participe.

 

Acredite, cara feia não aumenta salário, não diminui trabalho e nem constrói bons relacionamentos.

 

Se, efetivamente, estiver doente, procure resolver. Ninguém tem culpa pelo que você está passando e nem merece pagar por isso. A moléstia é sua e tem que ser resolvida logo para o seu bem-estar.

 

Lembre-se, aquele com quem você está interagindo é um ser humano como você com toda a carga de alegrias e tristezas, sucessos e vitórias, saúde e doenças. É uma pessoa que às vezes, está ali para resolver o problema de sua vida. Uma causa que para você pode não representar nada, mas, para ele é tudo.

 

Sorria. O sorriso é a menor distancia entre as pessoas.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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